Essa notícia tem amendobobo
no que se refere às habilidades
e à condição não humana de
Edward
Capitu.
Diferentemente
de Bento Santiago e, ao que parecia, da escola inteira, para Edward pouco
importava a interpretação que Cheryl dava à menina com olhos de ressaca. Os
efeitos da atuação pareciam não influir em seu espírito – ou na falta dele. O
problema era outro e, ouso dizer, pior. O problema era a própria Cheryl.
Voltemos
um pouco.
Natália
e Fernandinho insistentemente persistiram em uma ideia sem pé nem cabeça que só
surge na cabeça de pessoas entediadas e desocupadas. Quando se deu conta, o
projeto não só tinha esboço como prática. O vampiro não cedeu. Não era
influenciável como os outros. Para ele, não havia como forjar uma paixão. Ele
bem que já havia tentado durantes anos e anos sem sucesso. Resignado com a
situação, se acostumou a viver sozinho, diferentemente de seus irmãos que
encontraram pares. Tudo mudou quando conheceu Bella. A sensação que
sentiu ao finalmente amar alguém foi indescritível. Foi como um reencontro do
seu eu atual com a sua humanidade há tanto tempo perdida.
Certo
de que um raio não cairia duas vezes no mesmo lugar, Katie chegou para
mudar tudo o que acreditava. E por que não incluir Bia e Blair?
Não chegou a ser realmente amor, mas gostar delas foi bom.
Mas
tudo o que é bom tem um fim e Edward compreendeu que o seu tinha chegado. Foram
companheiras temporárias que subscreveram nele histórias muito bonitas e o ensinaram
algo que nunca mais se esqueceria. Havia uma ameaça de dor também que o ameaçava
constantemente, típica da fraca condição humana. Ele tentava não pensar muito
sobre o que seria delas e dele num futuro que para alguém como Edward não era
lá muito longe. Apenas sabia que se sentia feliz pelo privilégio de ter
experenciado não uma, mas duas vezes o amor. Posteriormente, até se sentiu
grato por não precisar mais passar por aquilo. A sensação era inebriante, mas a
finitude não compensava.
Por
essa razão, Zoe foi um bom alento. Era alguém com quem gostava de passar
o tempo sem querer se mergulhar nela ou fazer três, cem, mil coisas que a
fizessem feliz ou a impedissem de sofrer. Era também alguém com quem não
precisava se preocupar com a estupidez de se jogar de um penhasco por uma
miragem ou ser esfaqueada por um relógio que não era nada perto da vida, ou por
que não dizer, daquela vida. Seus amores, certamente, não eram saudáveis
nem para ele nem para as envolvidas. Era bom ter algo tranquilo.
Era.
Era até a estúpida ideia dos ditos cujos de fazê-lo carregar as memórias de uma
realidade paralela que nem foi controlada por ele.
Nela,
Edward e Cheryl eram namorados. Até aí nenhum problema. Ele gostava dela, ela
parecia gostar dele, aquilo não era real, fim.
E
teria sido o fim se ela não tivesse feito uma reunião-festa tosca para ele,
porque o achou triste. Mas
não, não foi só isso. Edward sobreviveria à festinha morta regada de Kings of
Leon, competição de xadrez, doces e confetti. Poderia ter sido somente uma
anedota engraçada que, no máximo, faria ele dar um leve e quase imperceptível
sorriso de canto ao ver a geordie. Mas não, ela tinha que ter dito que aprenderia
os passos do tipo de música que ele gostava para que ambos dançassem juntos. Ela
simplesmente propôs, sem saber, uma coisa que o vampiro miseravelmente sentia falta
de sua vida passada, que o lembrava da sua mãe, sua época, seu povo. Ele sinceramente
adorava dançar ainda que ninguém realmente soubesse disso. Foi aí que a
maldita sensação invadiu aquele falso Edward em cheio. Naquele momento, ele
descobriu que a amava profundamente. A deliciosa descoberta mudou tudo: o beijo
que eles deram, o sexo, posteriormente, que fizeram. Tudo era outro. Ele era
outro. Só que assim como tudo que não existe precisa ter um final, a festa
acabou, a luz apagou, o povo sumiu, a noite esfriou e o falso Edward desapareceu,
deixando com o verdadeiro todas as lembranças daquilo que nunca aconteceu, mas
que, ainda assim, estavam lá.

Mesmo
que não quisesse, que tentasse achar explicações coerentes de que aquilo não tinha
sido real e de que nunca aconteceria naquela realidade, o inglês não conseguiu
se desvencilhar da promessa: a promessa de que poderia amar de novo. A promessa
de que suas idas ao Cavalinho Feliz poderiam se encher de significado
novamente, algo muito mais profundo do que só ver seus amigos que, claro, ele amava
deveras, mas que muitas, e por que não dizer, na maioria das vezes o deixavam
entediado com discussões que pouco o importavam. A Cheryl do sonho só fez
coisas que a Cheryl verdadeira faria, não? Aquela era a grande magia da
realidade criada pelo Fernandinho e pela Natália. Aqueles eram eles sem
ser eles, fazendo coisas que eles fariam. É claro que muitas
etapas foram puladas: a geordie tinha uma personalidade... complicada, digamos
assim. Edward também era caprichoso e, até admitia, desagradável em boa parte
do tempo. Suas personalidades não casavam uma vez que ambos tinham um ego elevado
e princípios diferentes. O negócio então era aceitar que aquilo nunca
aconteceria e que só deu certo porque etapas foram puladas. Mas ainda assim...
Ainda assim ela tinha dito que dançaria com ele. Por que tão pouco mexeu tanto
com ele? Ou era o somatório de tudo? A festa, a dança, a preocupação...? Seria puro
e simples egocentrismo de ser o centro dos cuidados de alguém? Mas todo mundo
gosta de se sentir cuidado. Aquilo estava somado a algo a mais. Era a sensação
de abandono que sentia? Edward não queria mais desenvolver. Pouco
importava! A realidade era outra, aquilo passaria. Na verdade, ele era um bobo,
pois caiu numa cilada muito parecida da do próprio Sebastian: realidade
paralela que resultou em sentimentos na vida real. Só que no caso do escocês,
Cheryl também havia sido afetada. No dele, Cheryl não só não se lembrava, como
se se lembrasse, não sentiria nada, porque o Edward daquele universo não tinha
feito nada de marcante para ela. Todos esses pensamentos conflitaram cerca de 1
minuto na cabeça do filho de Carlisle, quando ele decidiu deixar todos para lá.
Ele estava com Zoe e gostava da menina. Ela era divertida, agradável e o tirava
da zona de conforto respeitando também seus limites. Satisfeito, “venceu” o dilema
que se instaurou em sua mente.
Edward podia até ter achado aquilo, mas o mago é
implacável. Nesse caso, os magos. Natália e Fernandinho tiveram mais uma
estúpida ideia: 7 minutos no céu. Edward e Cheryl juntos. Um beijo de...
respire fundo... um minuto e meio. O vampiro ficou nervoso. Foi pouco tempo
depois da realidade. Os efeitos ainda estavam lá. Ele tinha que parecer que não
se importava. Ele estava com muita raiva, se sentindo um pião em um jogo que nunca
quis jogar. Edward gostava de se sentir no controle de suas ações, sua vida, e
não que alguém estivesse controlando situações por ele, condicionando
sentimentos nascidos de uma ilusão. Não havia organicidade, só tramoias. Para
finalizar, ele estava com Zoe. Aquilo não era legal nem certo. O vampiro ficou
nervoso. Alguém estaria o vigiando, analisando cada momento, cada resposta do
seu beijo. E lá estava ela.
E
a dança? Ainda está de pé?
Que
idiota! Se esqueça da dança.
Ela
era bonita. Ele sempre soube disso. Mas ela era rasa. Até que magicamente deixou de ser. As
pessoas que passaram a ser rasas, não se fixando em quem ela realmente era, por detrás de toda uma fachada. Ou o blog era raso e não a
desnudava em sua beleza interior. Claro, havia coisas feias, ele não podia
negar. Mas por quê? Qual vazio ela sentia para achar que sua única validade era
ser desejada pelos outros? Ela realmente achava isso? Quem era ela?
Edward
estava nervoso.
Eu
tenho namorada. Que tipo de homem eu sou se eu desejar outra garota? Isso não. Isso
não.
Ele
não queria beijar a Cheryl com a lembrança de uma festa, de uma dança, de
beijos na escola, de um sexo com muito significado e de um lual na praia. A
moralidade era tudo o que ele tinha. Sem a moralidade, ele só era um monstro
sugador de sangue.
Não
tinha jeito. Ele tinha que beijar. Mas ele tinha que parecer desinteressado
para ela e para os que estivessem observando. Ele tinha que ser um bom
namorado. Ele tinha que deixar de ficar intrigado com as respostas que ela dava para uma conversa que não levaria a nada e
acabar logo com aquilo.
–
Um minuto e meio é um minuto e trinta segundos.
Ele
sabia que tinha falado besteira assim que saiu da sua boca. Ele simplesmente
sabia. Não tinha mais o que fazer.
Já
foi. Não se importe.
Ela
não gostou.
Deixa
pra lá. Você já teve o seu fim. Foi ruim, mas foi pra melhor. Ela te odeia.
Você chamou ela de burra. Você é apenas um arrogante que se acha melhor do que
os outros. Siga a cartilha que todo mundo diz sobre você.
Ele
pediu desculpas e ela saiu muito irritada.
Não
se importe.
Ele
se importou.
Isso
foi muito rude. Eu fui mais um que subestimou a inteligência dela. Talvez quem
mais tenha subestimado.
Edward
estava muito nervoso. Ele odiava Fernandinho e Natália por se meterem na sua
vida. Ele queria ficar esquecido de novo. Era pedir muito?
–
Eu só queria provar um ponto.
–
Qual ponto?
–
Que eu não queria te beijar.
–
Por quê?
–
Porque eu queria te beijar.
Edward
franziu a sobrancelha. Isso estava fora de cogitação.
Zoe,
eu juro que não queria. Isso.
Ele
iria se esquecer. Ele iria superar.
E
ele superou. Só que não deu certo com a Zoe. Ele não estava mais entregue. Ela
percebeu. Fim.
E
tudo finalmente voltou ao normal. Ele se perdoou e se esqueceu. A realidade
alternativa parou de significar alguma coisa. Os sentimentos foram perdidos. Por
favor, não o entendam mal: ele não amava Cheryl depois das artimanhas daquelas
duas pestes. Ele só não era mais indiferente a ela. Mas tudo precisa ser
regado. Das poucas vezes que se falaram depois do incidente, a geordie ainda
estava muito ressentida, mesmo que pifiamente fingisse que não. Ele nem
precisava ler mentes para saber disso. Talvez ela quisesse que ele soubesse.
Ela queria que ele soubesse.
E
aí surgiu a peça. Edward conseguiu o papel de Bentinho. Cheryl de Capitu. O
vampiro sabia que aquilo poderia vir a ser um problema, mas só se ele tentasse
arrumar pelo em ovo. Mas ele não deixou de reparar em certas coisas. Pequenas
coisas. O modo como ela costumava franzir a testa lendo o roteiro algumas vezes.
Ela não entendia algumas palavras. Ele poderia responder o que significava. Ele
sabia. Quando ela perguntava, era para outra pessoa.
Claro.
Eu sou arrogante.
Quando
ele e Jesse ensaiaram pela primeira vez a cena patética da maldição do mendigo,
sua atenção foi desviada diretamente para um pensamento.
Olha
a cara dele.
Edward
olhou para Cheryl. Ela se segurava muito para não rir. Pelo o que ele percebeu
pelo olhar da mente dela, sua cara não estava lá muito boa, mostrando o quanto se
sentia bobo de estar encenando aquela cena. Outros também riam internamente. Edward
finalmente se lembrou de desviar os olhos.
Houve
muitas outras trocas de olhares. Trocas de olhares ordinárias. Houve também
cabeça jogada para trás do cansaço causado pela repetição, olhar perdido,
esboços de sorrisos por uma cena bem ensaiada com outras personagens que não o
dela e, particularmente, o seu preferido: um espirro.
Em
uma parte específica da história, depois de beijar Capitu, Bentinho volta para
a casa de Pádua e encontra sua amada. Eles têm uma breve conversa e um riso de
Capitolina faz com que a personagem principal queira beijá-la. Ele primeiro
segura tremulamente suas mãos, depois a puxa para si, mas a menina foge. Uma
verdadeira briga começa: Capitu tenta puxar suas mãos, mas Bentinho resiste
bravamente a puxando; ela se cansa e afasta o busto, porém o garoto continua
trazendo-a para ele; ela então joga a cabeça para trás e os dois continuam na
luta sem resistir e, também, sem fazer barulho para não serem vistos. Mais uma
vez se cansando, a menina com olhos de ressaca afasta a boca, fazendo movimento
inverso à boca de Bentinho, ainda que os dois estivessem muito próximos. Ambos
tomam um susto quando surge um barulho de uma porta sendo aberta seguida da voz do pai de
Capitu avisando sua chegada do trabalho. As mãos dos dois amantes ainda estavam
presas; eles não podiam ser descobertos. A mãe da garota e o pai chegam perto de
onde eles estavam. Capitu, então, antes que o pai acabasse de entrar no
ambiente em que estavam, faz um gesto inesperado, pousa a boca na boca de
Bentinho, e dá de vontade o que estava a recusar à força. Edward e Cheryl
estavam encenando exatamente a mesma cena, mas no momento em que sua personagem
vai beijar a dele, ela deixa escapar um espirro no meio do caminho, “estragando”
tudo. Enquanto Melissa e outros exasperaram pela expectativa frustrada,
o vampiro involuntariamente abriu um pequeno sorriso e disse:
–
Saúde.
Edward
se apegava justamente àquilo que era espontâneo, ou seja, as pequenas coisas
que formavam uma pessoa. Pouco importava a atuação dela. Sim, ela
era boa como Capitu, mas Capitu não era ela e isso já bastava para não chamar a
sua atenção comparado aos outros aspectos próprios da natureza da garota.
Só
que tudo que é bom dura pouco. A atuação de Cheryl, mesmo sem ter sido vista
por todos, começou a ser comentada. As pessoas que assistiam, pareciam vidradas
naquela Capitu, impressionadas como "uma estava dentro da outra, como a fruta dentro da casca". Para Edward, se
havia alguma semelhança, era ínfima. Todavia, o problema não era exatamente
esse. A grande questão é que as pessoas começaram a cobrar uma atitude dele, algo
que, como sabemos, ele odiava. A escola comprando um discurso falso de duas pessoas que
não entendiam de nada, fez com que ele se visse no meio de um furacão de cobranças e
expectativas. Novamente, assim como antes, é importante salientar que o inglês
não estava apaixonado por Cheryl, apenas não se sentia indiferente a
ela, aproveitando a oportunidade para conhecer um pouco mais a garota. Não que
ele fosse fazer algo. Essa definitivamente não era a intenção. O que ele queria
era compreendê-la, entender um pouco quem ela era sem a pressão de ter que ser
rainha de uma turma ou conquistar tudo e todos. Basicamente, ver o que havia de
apaixonável ou instigante nela que ultrapassasse a camada superficial da beleza
exterior. Ver um sorriso sendo dado sem a consciência de que aquilo era um de
seus charmes, mas só pela vontade de rir (aliás, não era difícil ver isso). Claramente,
sua tentativa não lhe dava muito material uma vez que a interação dos dois era
muito restrita, porém ele estava satisfeito com o que tinha. Agora havia uma cobrança
que estragava a magia das coisas. Chegaram a dar a ideia de ele colocar a
língua dentro da boca dela no dia da peça enquanto tivessem encenando. Aquilo
era degradante.
Sebastian
e Natália, principalmente, viviam dando pitacos que não eram bem-vindos. Um
boato de que ele ia beijar Cheryl na festa dela pairou sob a escola inteira. Se
tinha uma coisa que Edward sabia era que em nenhum momento isso passou pela sua
cabeça. Em nenhum momento ele pensou em beijar Cheryl além do combinado no
teatro. Por quê? Porque ainda não havia acontecido o estalo, simples assim. E
talvez nunca fosse acontecer, o que era mais provável.
Edward sabia que poderia amar a geordie por causa do que aconteceu no universo
paralelo, sabia que havia partes dela que poderiam fazer com que ele quisesse
viver dentro da garota, mas também sabia que o estalo não podia ser forçado,
que era preciso que fosse orgânico e que para acontecer, precisava de
reciprocidade, algo que duvidava que a menina poderia dar a ele.
Na
festa de Cheryl, Edward passou a noite inteira incomodado. Incomodado pelo
estilo da festança que não tinha nada de divertido para ele, incomodado pelos
seus amigos, pelas expectativas e até mesmo pela própria geordie. Havia algo naquele
dia, em particular, sobre ela que estava o irritando profundamente. Ele
posteriormente descobriu o que era, o que o deixou particularmente ainda mais
irritado.
Muitas
vezes, teve a oportunidade de desejar parabéns a ela. Não quis. Por ele, sairia
sem cumprimentá-la. Era tão rude, mas tão ele, porque Edward era rude. Decidiu
que falaria com ela, mas seria rápido, sem graça. Nenhuma piada, nenhuma
tentativa de puxar assunto.
Finalmente!
Feliz aniversário! Bela festa. Obrigado por me convidar.
Isso
tudo com um sorriso falso no rosto que parecesse verdadeiro.
Quando
descobriu que Ryan havia beijado Cheryl na festa, Edward se sentiu muito
aliviado.
Acabou.
Acabou. Estou livre!
Ele
rapidamente se lembrou do presente que comprou e se deu conta de que era
preciso trocá-lo para não mandar uma mensagem errada e parecer um idiota. É
preciso explicar o modus operandi de Edward rapidamente. Ele não gostava
de mostrar para certas pessoas que se importava, nem que fosse um pouco. Por
essa razão, quis dar o presente junto com Carlisle e sua família. Mas como não
estava pensando direito em toda a situação, acabou se deixando convencer pela
pressão dos outros.
Quando
eu me tornei tão frouxo?
Edward
odiava ser criticado pelos outros por tão pouco, como se ele fosse o estraga-prazeres
ou o super sem graça. Ele se lembrava de um episódio de New Girl em que Nick foi
obrigado a beijar Jess por causa de um jogo. Seria o primeiro beijo do casal.
Ela perguntou qual era o problema que ele tinha em beijá-la. Ele respondeu: “Not
like this”. Era exatamente o que ele queria gritar para as pessoas. Se fosse
para ser de um jeito que não fosse daquele jeito.
O
vampiro facilmente entrou na sala em que estavam os presentes e achou o seu. O
presente, na verdade, era besta. Era uma caneca escrita “A Love Yee Pet”, comprada
de uma loja geordie, de UK. O problema não era o objeto em si, mas a
importação. Edward revirou os olhos com raiva de si mesmo, foi até sua casa
rapidamente, pegou um hidratante fechado de Cupuaçu da Katie, embrulhou e
colocou no lugar.
Disponível em.: https://geordiegifts.co.uk/collections/geordie-mugs/products/a-love-yee-pet-mug
Tudo
enfim estava resolvido. A pressão acabada. Ele era um perdedor e estava bem com
isso. Ainda assim havia algo que o deixava tenso. Edward só queria que o
aniversário e a peça acabassem. Aí sim estaria 100% livre. Ainda tinha que
falar com Cheryl, mas deixaria isso para a hora de ir embora.
Enquanto
refletia sobre como os funks têm fixação por vaginas e sexo violento, foi surpreendido
pela morena apoiando as mãos em seu ombro e falando no seu ouvido em tom de
brincadeira:
–
Não vai falar com a aniversariante não?
Não,
não, não, não, não, não, não.
–
Ah, oi. Quer dizer, eu tava te procurando, mas nunca te achava. Feliz
aniversário. – Respondeu Edward rígido como uma pedra. Sempre que ficava
desconfortável, seu corpo agia de maneira menos humana, quase como se sentisse
ameaçado.
–
Obrigada. Sério que você não me achou? Eu te vi várias vezes. Os maníacos do
quinto andar foram os que eu mais vi. Acha que eu consigo ganhar um abraço seu?
Por
quê? Sério, por quê?
Mas
havia uma parte de Edward que se sentia lisonjeada de ter sido procurado pela
garota. Ele leu a mente da garota. Ela sabia dos rumores. Ainda rígido, ele
concordou:
–
Claro, claro. (Ele abraçou Cheryl). Parabéns. Bela festa. Dancei muito... pop. Por
quê? Você pediu pra gente dançar. (Ele franziu a testa). Pra que mentir
e ainda por cima parecer um cara que se lembra de todos os detalhes que ela
fala? Por que não falar: “Parabéns. Bela festa. Você é burra!”
Cheryl
abriu um grande sorriso:
–
Obrigada. Eu sou realmente uma pessoa de abraços. Você curtiu? Curti o quê? O seu abraço?
Tenho a impressão que esse não é muito o seu tipo de festa. Ah, a festa! Não, foi uma mer**! Pedi, né? Detalhista burro! E aí? Vai negar o
meu pedido ou vai me tirar pra dançar? Você vai dançar a dança que me
prometeu numa realidade idiota que nem existe?
–
Eu nunca achei uma festa que fosse o meu tipo. Eu não sou bom de dançar essas
músicas, mas sou bom de lentas. Lá vou eu. Enfim... Sim, eu danço com você.
Essa é ótima. Tem guitarra... não fala de vagina... (Edward franziu as
sobrancelhas de novo). Por que eu estou soando como um lesado? Cadê a minha
autoconfiança vampiresca? Já sei, eu estou numa situação que eu só quero que
acabe. Eu confesso que você me deixa nervoso. Ah, pronto! Edward
fireflies. Por que eu disse que gostava de fireflies? Eu nem gostava assim.
Cheryl
riu:
–
Você não gosta de músicas que falam de vaginas? Desculpa, eu falei que ia pedir
pra censurarem as músicas, mas meus amigos não deixaram. Agora eu pareço evangélico.
Jessica, vamos acabar com essa festa. Pode deixar que ninguém vai te
julgar. Essas músicas quem faz o maior trabalho são as mulheres. Ok... Vocês
podem fazer qualquer passo que ninguém liga. Não necessariamente. Tem um
passo que o homem finge que vai meter na mulher, movimentando os braços pra
frente e pra trás. É perturbador. Não tem como ninguém ligar pra isso. Eu
não sabia que eu te deixava nervoso. Ah, pronto. Agora parece que eu to
super apaixonado. A gente sempre tá junto na peça e você nunca tá nervoso. É
que a gente não conversa muito, né? Parece que em toda a conversa que eu tenho com
você, minha mente quer te ofender de mil maneiras.
–
Não tem problema, não sou tão puritano. Na verdade, não sou puritano. É que eu
costumo falar besteira quando falo com você. É, joga o balde. Já falou um
monte de droga mesmo, já parece super interessado. Vamos ver o que a gente tira
daqui. Ela apareceu pra falar com você por algum motivo. Já te chamei de
burra, pobre... Isso, bom movimento. Aproveita para relembrar todos os xingamentos
e já faz logo um novo. Eu nem deveria ter lembrado disso, enfim... E também...
sei lá. Eu sinto que eu pareço meio retardado às vezes. Verdade, mas não
deveria ter falado isso também. Mas você ta gostando da sua festa? Isso,
pergunta clichê. Muda o foco para ela.

–
Eu não acho que você parece retardado. Grosso, talvez. Sem noção, um pouco
também. Mas você não precisa ficar nervoso perto de mim. (Cheryl pegou as mãos
do Edward e colocou na sua cintura). É, ela gostou do fato de eu estar
nervoso. Me deixa mais humilde, mas eu também odeio soar humilde. Eu gosto de
soar confiante. Sim, estou. Gosto de ver todos que eu amo num mesmo lugar. Substancial.
– Fair enough. Copycat também. É,
você deve ter um coração enorme, porque é muita gente aqui. Piada péssima.
Melhor ir logo para o que interessa. Vamos acabar logo com essa tortura.
(Ele olhou pro chão). Você ouviu os rumores?
–
Sim, gosto de pensar que sim. Gostou dos meus amigos? Eu falei pra eles que
você era inglês também e eles ficaram doidos pra te conhecer. Acho que ela
não sabe o que falar, porque duvido que ela tenha feito isso. Um ou outro.
Tem algum que é verdade? (Ela levantou o rosto dele e o fez encarar seus olhos).
Nããããããããããããããão. Eu ia levantar o rosto. Eu pareço indefeso, muito apaixonado
e lesado. Po**a Cheryl, que m**da, eu ia encarar sozinho.
–
Sempre bom ver um conterrâneo. Mais ou
menos. Eu não ia te beijar hoje. Eu ia te beijar na escola quando você nem ninguém
esperasse. Não ia fazer nada disso, mas preciso recuperar minhas rédeas.
Eu sou meio rebelde. Roberta.
Cheryl
riu Por quê? Isso soou idiota? Não, não, ela viu que eu não tinha o que
falar sobre os amigos dela quererem me conhecer:
–
Sim, é sim. Depois eu marco pra vocês se conhecerem melhor. Eu gostei do seu
plano. Você acha que vai conseguir cumprir ou vai desistir na hora h? Eu
queria seguir o plano. Eu queria deixar esse beijo pra depois. Mas eu não posso.
Vou parecer muito frouxo. Um cara nunca faria isso. Eu faria. Eu quero fazer. Não
queria que fosse desse jeito. Todo mundo vai ver e vai achar que eu segui uma
cartilha. Eu deveria resistir e fazer do jeito que eu quero, mas gente demais
se intrometeu, você provavelmente vai entender outra coisa se eu recuar... É, é
isso. Vai ser aqui.
–
Eu acho que eu não vou conseguir esperar até lá. Eu conseguiria. Eu queria
esperar, mas vai ser agora. Que seja significativo. (Ele beijou Cheryl).
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH!
ELE FOI! ELE BEIJOOOOU!
Nossa,
não acredito. Vamos ver agora quem vai ganhar.
Finalmente
gripinha mostrando que é homem.
Que
desperdício de garota. Esse garoto é muito sem graça.
Mais
um fisgado pela Cheryl.
Edward
se esforçou para bloquear os pensamentos dos outros. Esse era um processo difícil
e que, apesar dos anos de prática, sempre o pegavam quando ele estava
vulnerável. Ele precisava focar em algo audível que não fizessem a mente dele vaguear.
A música estava fora de cogitação. Ele poderia ler o pensamento dela durante o
beijo, mas um lado dele tinha medo de surgir do nada um: “Com o Ryan tava
melhor”. Então o inglês decidiu focar a sua mente, além do beijo, nas batidas
do coração da geordie. No começo, claro, foi mais difícil. Um ou outro
pensamento tentaram invadir, mas depois só o que realmente ouvia era o
coração da garota. Ele ficou mais satisfeito e conseguiu se entregar ao que
estava vivendo. Ele aproveitou para agradecer pela reunião; censurar o Kings of
Leon em uma festa e os beijos na escola na frente dos outros, que o deixavam
tímido, mas que ainda assim ele não conseguia não deixar de dar; desejar que a realidade
tivesse durado um pouco mais para que eles, de fato, tivessem dançado; e dizer
que ela é muito mais do que só o exterior, porque ele é um cara que se apaixona
por almas, então se algum momento ele se apaixonou por ela, é porque ele tinha
enxergado algo muito lindo ali, não só daquelas situações específicas, mas de
outras que o Edward real não tinha visto, apesar de saber que existiram. A
situação não foi do jeito que ele queria, mas era alguma coisa e alguma coisa é
melhor do que nada.
Depois
de um tempo, Cheryl parou de beijar Edward e disse:
–
Acho melhor eu ir. Promete que se você souber de algo de mim que te desagrade,
você vem falar comigo primeiro?
Aconteceu
alguma coisa. Se Edward tivesse um coração que batesse, seria essa a hora em
que ele bateria rápido. Mas ele não poderia cobrar nada dela, porque ele não
era nada dela. Ainda assim, mostrava que ele tinha sido mais do que pensava que
seria para a geordie.
O
vampiro assentiu sem falar nada e deu um selinho nela a fim de prolongar nem
que por 2 segundos aquilo que podia ser a última vez. Ela saiu. Edward foi logo
depois se perguntando o que aquilo tudo significava para ele.