Sebastian e Edward estavam sentados na bancada de um bar com uma caneca de cerveja na frente de ambos. Enquanto o marido de Luciana estava em sua terceira, Edward ainda enrolava a primeira.
— Cevada emagrece —, constatou Seb ao ver a cara de Edward para a cerveja. — E faz bem para o intestino!
Edward bufou com humor. A história da anorexia dele passou a ser uma verdade para todos. Ao mesmo tempo que era constrangedor, o vampiro não conseguia deixar de achar um pouco de graça, principalmente por ser homem.
"Acho que falei droga", pensou Sebastian.
Para aliviar um pouco a tensão do amigo, Edward logo falou:
— Felizmente meu intestino funciona bem.
— Ah, sim, claro. Comida vegana faz bem pro intestino... Eu acho... — Edward concordou com a cabeça. — E como é que estão você e a Cheryl? — Sebastian emendou rapidamente para mudar de assunto.
— Estamos bem. — Edward franziu um pouco a testa como que pensando. — E você e a Luciana? Já conseguiram aquela intimidade?
— Sim, sim! Finalmente!
— Ela não tem mais vergonha então?
— Não! Ela nem fecha mais a porta do banheiro quando vai tomar banho. Só algumas vezes, mas acho que é força do hábito.
— E agora está está mais... aberta?
— Totalmente! Assim, dentro do que se espera de garotas. Não é como se ela fosse adepta ao beijo grego.
— É, isso é mais difícil de achar. A maioria não é.
— A Margot era.
— Sério? — Edward pareceu surpreso. Sebastian assentiu com a cabeça. — Mas até contigo?
— Como assim até comigo, cara? Me senti um lixo agora.
— É que isso é bem íntimo. Tem gente que considera bem sujo até.
— A Margot é safada.
— Com todos?
— Não, com todos não, mas comigo era.
— Se o pessoal souber disso, aí que vão te chamar de gay.
— Cara, a Margot é muito chata, não retiro o que disse. No começo, a beleza compensa, mas depois você se dá conta de 'Hmmm, legal pegar essa garota, mas não namorar'. Você, dentre todos, deveria entender o que eu estou falando.
Edward sorriu e ficou quieto. Sebastian também sorriu. Papo de homem.
— Você ama a Luciana?
— Hoje sim.
— Sério? — Edward pareceu bem surpreso.
— Nós passamos por muita coisa juntos, sabe? Esse negócio da gente se casar, tipo, eu pensava que só eu estava sofrendo, só era difícil pra mim. Não, assim, eu sabia que era difícil pra ela também, mas pra mim parecia que era pior, sabe? Só que depois eu consegui entender que era difícil tanto pra mim quanto pra ela. Ela também teve que dizer adeus a muita coisa. Fora que agora eu tenho alguém que realmente está do meu lado o tempo inteiro, que se preocupa comigo, que me conhece. Não foi rápido, mas sim, eu amo a Luciana.
— Legal, cara! Fico feliz por vocês dois. De verdade.
— E você? Ama a Cheryl?
— Amo. Muito.
— Ela está bem melhor. O tempo fez bem pra ela. Antes ela era muito louca. — Sebastian sorriu com as lembranças.
— É, eu acho ela bem boazinha.
— Ela não era boazinha não.
— Acho que ela era imatura na época e muito influenciável. A verdadeira fruta podre daquela sala é o...
E os dois falaram em uníssono.
— Vincent!
— Pois é! Agora ela não tem mais esse fogo por poder, a turma dela é menos tosca, então ela está podendo ser quem ela é de verdade. Não to dizendo que ela é uma santa, não acho que ela seja isso, mas ela se preocupa com os dela e eu acho isso bastante louvável. Ela também é muito leal aos amigos. Eu, na verdade, tenho muita pena dela. Acho que ela sofre muito.
— Não sei como ela conseguiu perdoar o Vincent.
— Ela é super dependente dele. — Edward falou com raiva. — Ele fez ela ser dependente dele e agora ela não consegue sair.
— Tem gente falando que é castigo o que ela sofre...
— As pessoas são muito ruins.
— Olha, não vou mentir, eu acho que o que ela fez com a Kimberley foi bem... não foi legal, cara. Fora a Amara, que até hoje é bitolada. Mas isso não significa que ela mereça as coisas que aconteceram com ela, porque foram coisas muito pesadas.
— Ela era muito imatura, eu penso. Claro que causaram danos reais, mas, assim, falando da Amara, que foi o pior, ela não fez isso sozinha e acho que tem arrependimento hoje em dia.
— A Kimberley é bissexual até hoje por causa dela.
— Mas é aquela coisa, Sebastian, você pode até tentar me atiçar, mas se eu sei o que eu sou, eu não vou cair na sua lábia.
— Tem muita gente influenciável, Edward. A tv já fez muito estrago.
— Eu sei, mas eu não coloco as minhas mãos no fogo pela sexualidade de ninguém. Quem disse que no futuro outra pessoa não a influenciaria pra esse lado? Ela é carente, qualquer pessoa que desse atenção, ela poderia correr o risco de acabar se afeiçoando.
— Você virou um defensor da Cheryl mesmo. Olha, não me entenda mal, eu gosto muito dela, tenho muito carinho, mas reconheço os defeitos também.
— Eu também reconheço, mas do que eu vejo de agora, eu consigo olhar pra trás e compreender muita coisa de maneira diferente de quando elas aconteceram. Agora é uma Cheryl madura e essa Cheryl madura não faz as coisas que a Cheryl mais nova fazia, entende?
— O que uma b****a não faz?!
Edward pensou numa resposta pesada, mas respondeu, bebendo o último gole de sua cerveja.
— Que baixaria.
— Ficou com calor? — Sebastian riu, mas Edward continuou pleno olhando para o amigo. — Está bem, tenho outra pergunta: Dexter e Bella. Disserte.
— Disserte você.
— Não acho que eles combinem.
— Você é um hater solitário.
— Então você shippa?
— Não é isso, só não ligo.
— Eu não compro a sua impassividade. Ninguém fica impassível quando já amou alguém.
— Então você não é impassível a Cheryl?
— Nunca disse que era. Eu continuo me importando com ela, só que não mais romanticamente.
— Eu também me importo com a Bella, só que em coisas importantes. Quando o pai dela ficou doente, eu me importei, agora com quem ela namora, pra mim é irrelevante.
— Não é estranho pra você estar numa roda, você e um grupo de amigos conversando e você olhar pra uma garota e pensar 'Nossa, nós já nos beijamos, já dormimos juntos'?
— Isso foi bastante específico. Você está bem?
— Você nunca responde a pergunta. Sempre acha um jeito de desviar. Isso é muito suspeito.
— Eu realmente não entendi aonde você quis chegar com aquela pergunta.
— Você e a Bella. Ou você e a Katie.
— Eu não converso com a Bella.
— Por quê?
— Porque não temos mais nada em comum.
— Sabe o que eu acho? Eu acho que você tem medo de se aproximar dela, porque você sabe que se você se aproximar, você vai se apaixonar de novo.
— Bom, eu não sei da onde você tirou isso, principalmente porque você nunca testemunhou nós dois juntos, mas acho que a sua frase diz mais sobre você do que sobre mim.
— Como assim?
— Nada, deixa como está.
— Fala, cara!
— Está tudo bem, Sebastian.
Sebastian parou um pouco, mas depois começou a rir.
— Você é bom.
— O quê?
— Fale o que quiser, mas eu vi.
Edward ia perguntar o que ele viu, mas antes disso leu o pensamento de Sebastian e entendeu exatamente o que ele quis dizer. O vampiro se deteve um pouco. Era melhor fazer com que o inglês falasse, afinal poderia dar a sua explicação e mostrar que aquilo não tinha sido nada demais.
— O que você viu? — Edward perguntou cautelosamente.
— Megan botou o pé na frente para ela cair. Sua pupila dilatou quando se deu conta de que iria cair. Assustada, ela olhou. Foi quando ela viu.
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