terça-feira, 14 de novembro de 2023

Banho de mangueira

O Rio de Janeiro estava pegando fogo, quase que literalmente. A sensação térmica estava ultrapassando a 50 graus, muito mais do que a inglesa estava acostumada em sua terra natal. O ar-condicionado na casa da Nicola estava no máximo, e ainda assim, não parecia o suficiente. Cheryl estava brincando com os irmãos da ruiva no chão da sala, enquanto a amiga beijava seu namorado no sofá.

“A gente pode tomar banho de mangueira?” Um dos irmãos mais novo de Nicola perguntou para a Geordie. “Tá muito calor!” Ele reclamou.

“Aqui dentro não tá quente. Lá fora tá bem pior. Fora que a água da mangueira vai sair pelando.” Cheryl passou a mão na cabeça ruiva do garoto, brincando com ele. 

“Mas vai ser divertido! Por favor! Depois a gente pode tomar sacolé.” O menino insistiu, se pendurando na inglesa, todo manhoso.

“Nicola? Uma ajudinha aqui?” Cheryl pediu para a amiga, que a ignorou e continuou beijando seu namorado.

“Por favor?” O outro irmão se juntou ao primeiro, e os dois fizeram beicinho para a Geordie.

“Eles tão fazendo aquela carinha fofa, Nicola!” Cheryl reclamou, já a um triz de ceder. “Tem como você botar juízo na cabeça dos seus irmãos e falar que tomar banho de mangueira nesse calor é uma péssima ideia?”

“Quem tá pronto pra tomar um banho de mangueira?” Vincent interviu, e as duas crianças começaram a pular comemorando.

“Vincent!” Cheryl reclamou.

“Que foi? É difícil dizer não pra eles. Eles são fofos!” Vincent se defendeu, rindo da cara de indignada que a inglesa estava fazendo.

“Quem viu as caras fofas fui eu! Você tava muito ocupado comendo o rosto da Nicola.” Cheryl protestou.

“Eca!” O menino mais novo falou.

“Olha o linguajar perto dos meninos!” Vincent advertiu.

"Melhor do que a imagem que você implantou na mente deles. E na minha também!" A inglesa reclamou. 

"Foi mal aí, princesa." Vincent falou presunçoso e foi para os fundos preparar a mangueira, com os meninos correndo atrás dele.

Nicola ajudou a inglesa se levantar do chão.

“Eu te empresto um biquini.” Nicola disse se sentindo culpada por não ter dado um basta na ideia dos irmãos.

“Great.” Cheryl falou sarcástica.

O banho de mangueira acabou sendo bastante divertido, apesar da Geordie ter sentido muito mais calor no quintal, do que dentro de casa, com ar-condicionado. Eles brincaram o restante da tarde inteira, e finalizaram a brincadeira tomando sacolé, a pedido dos meninos. 

Vincent estava particularmente feliz por poder passar mais um tempo de qualidade com a inglesa, apesar de diversas vezes que Nicola quis ficar de pegação com ele. Era ridículo o contraste que uma tinha com a outra. Cheryl tinha o rosto e o corpo perfeito, e a tatuagem e as covinha na lombar eram extremamente sexy, enquanto a Nicola era bem, a Nicola. 

Depois do sacolé, foi a hora de Vincent se despedir e ir para casa. Os pais da ruiva chegaram pouco tempo depois. 

Na hora de dormir, Nicola e Cheryl se recolheram para o quarto da ruiva. A britânica deitou na cama da amiga e abraçou o pato de pelúcia que estava em cima da cama.

“Você tá animada com a sua viagem com o Edward? Que sonho! Viajar com o namorado. Minha mãe nunca iria deixar.” Nicola perguntou, sentando na cama animada.

“Tô bastante animada. Ainda não tô acreditando que o Edward concordou. Minha mãe não ligou muito porque eu vou tá na casa do meu pai e ele meio que vai ficar de olho.”

“Mas vocês também vão passar alguns dias em Londres, né?”

“Sim. Meu pai deixou porque o Edward é maior de idade e porque eu disse que confiava nele completamente.”

“E vocês vão tá sozinhos… coisas podem acontecer.” Nicola bateu palmas. 

“Nada vai acontecer.” Cheryl falou sem entusiasmo. 

“Como você sabe? Você realmente acha que não vai acontecer nada com os dois sozinhos num quarto de hotel, a noite inteira juntos?” Nicola falou cética.

“Acho.”

“Mas por quê?” A ruiva perguntou confusa.

“Você sabe o porquê... eu não consigo mais ficar íntima com ninguém.” Cheryl falou emburrada, fitando o pato.

“Por enquanto. Mas quem sabe essa viagem não seja o empurrãozinho que você tá precisando?”

“Duvido muito.” A Geordie respondeu sem expectativa.

“Você não se excita mais?” Nicola sussurrou, e Cheryl arregalou os olhos com a pergunta.

“Nicola!”

“Você faz parte do grupo das ousadas que foi feito basicamente pra compartilhar sacanagem, e achou a minha pergunta escandalosa?” Nicola puxou o pato que a amiga estava usando para esconder o rosto.

“É que com você é diferente. Você é como se fosse a minha irmã mais nova.” A inglesa explicou, sentindo suas bochechas esquentarem. 

“Bem, eu não sou sua irmã mais nova. E para de enrolar! Você não fica mais excitada com o Edward, é isso?” Nicola tentou adivinhar.

“Não, pelo contrário. Eu sinto o meu corpo inteiro responder a ele, e eu fico super excitada... às vezes, só com um beijo." Cheryl falou timidamente. "Mas quando eu penso em fazer something about it, eu começo a ficar nervosa num nível anormal, e acabo desistindo, ou ele para antes, o que é bastante frustrante.”

"Mas você não acha que se você tentasse fazer com ele, talvez você conseguisse?"

"Talvez." Cheryl respondeu pensativa. 

Nicola deitou de frente à menina e colocou o cabelo dela atrás da orelha. “Você é tão bonita.” A ruiva falou sem pensar e começou a fazer carinho na sua orelha. Muitas vezes ela sentiu inveja da inglesa por ser tão bonita, agora ela só admirava a beleza da outra menina. 

“Você também.” Cheryl devolveu o elogio e sorriu. 

“Eu sei que você tá preocupada do Edward te deixar caso você demore a dar pra ele. Mas ele nunca faria isso, mesmo que demore.”

“Não sei... ele é homem... tem as suas necessidades.”

“O Tom não esperou quase um ano? E olha que ele é viciado.”

“Só porque ele esperou, não quer dizer que os outros façam o mesmo.”

“O Tom te amava muito.” Nicola constatou. 

“E como tão as coisas com o Vincent?” Cheryl mudou de assunto.  

“Muito bem. Eu tô muito apaixonada!” Nicola apertou a bochecha da Geordie, porque mesmo para baixo, ela estava muito fofa. 

“Já tá assim?” Cheryl gargalhou. 

“Ele é perfeito, Cheryl! Gentil, carinhoso… Fora que é super lindo e gostoso, e beija super bem!”

“Que bom que ele tá te fazendo feliz.” A Geordie falou sinceramente.

“Muito feliz! Ele falou que as coisas entre vocês tão melhorando. E pareceu que realmente tavam, agora cedo.”

“Sim. A gente tem se falado todos os dias, e tem sido bom. Ele faz muita falta.”

“Ele tá muito arrependido do que fez com você.” Nicola se sentiu na obrigatoriedade de advocar pelo namorado.

“Eu sei.”

“Obrigada por tá dando essa segunda chance a ele.”

“Você não tem que me agradecer por isso.”

“É que como namorada dele… você sabe…”

Cheryl revirou os olhos. “Vocês são um combo agora?”

“Sim!” Nicola falou animada. 

“Aff.” Cheryl bufou e Nicola beijou sua bochecha. 

“Eu vou sentir sua falta quando você tiver viajando.”

“São só três semanas, babe. E você vai tá tão ocupada babando pelo Vincent que nem vai sentir tanto a minha falta.” A Geordie brincou. 

“Bom…se você deixar ele dormir comigo, talvez eu realmente não sinta.”

“Nem pensar! Seis meses. Não negociável.”

“Por que você que manda na minha vida sexual?”

“Porque eu sou mais velha, e portanto, mais ajuizada. Eu também te amo e não quero que você faça algo that you might regret.”

“Eu duvido que eu vá me arrepender.”

“Então! Quando eu tiver essa mesma certeza, eu libero o Vincent pra você.” Cheryl provocou e piscou um olho. Nicola não conseguiu ficar com raiva da amiga. A inglesa era adorável a esse ponto. Simplesmente não dava para ficar com raiva dela. 

“Vaca.” Nicola se aninhou em cima da inglesa, e passou um braço pela sua cintura. 

“Vou lavar essa boca com sabão.” Cheryl apertou o rosto da ruiva. 

“Já pensou em como seria se você tivesse nascido com outra cara?” Nicola perguntou olhando para a amiga.

“Como assim?” Cheryl fez uma cara de confusa. 

“É que você pode fazer o que quiser e sair ilesa porque tem esse rosto.” 

“Ilesa?" A Geordie riu sem humor. "Eu já fui menosprezada, dumped, e até traída.” 

“Se você passa por isso que esperança tem o resto de nós?” Nicola perguntou fazendo drama. 

“Eu queria conseguir me ver como você me vê.” Cheryl alisou o rosto da ruiva. 

“Perfeita?” Nicola perguntou. 

“Something like that.” Cheryl riu com lágrimas nos olhos, e levantou a mão para secar. 

“Isso ainda é porque você perdeu pra Margot?”

“Não…talvez… sei lá. Eu tenho medo de, assim como a escola descobriu do nada que a Margot é mais bonita do que eu, deles descobrirem que eu não sou essas coisas, e acabar perdendo as pessoas que eu amo.”

“Impossível.”

“Não acho.” Cheryl abaixou o olhar e voltou a fitar a amiga. “Eu tô com um pressentimento horrível que eu vou perder o Edward.” A Geordie admitiu. 

“Por quê?” A ruiva perguntou confusa.

“Não sei, eu só tô. Eu vejo ele acordando um dia se dando conta que eu não worth it, e me dando um fora, só que do jeito educado dele.” Cheryl explicou em meio a lágrimas. 

“Que besteira, Cheryl! Ele chegaria a essa conclusão do nada?”

“Eu não sou a Katie e nem a Bella.”

“Ainda bem que não. Você é bem melhor que elas.”

“Ele não acha isso.”

“Você vai mesmo se depreciar por conta dessas duas?”

“Quanto mais eu amo o Edward, mais elas me incomodam.”

“Você é tão boba! Se ele for te trocar por alguém vai ser por uma ruiva, então, na verdade, você tem que tomar cuidado comigo.” Nicola brincou, ganhando um sorriso fraco da inglesa. 

“Obrigada.” A Geordie falou mais calma. 

“Às suas ordens.” A ruiva secou suas lágrimas. 

segunda-feira, 6 de novembro de 2023

Visita ao trabalho da mãe

George pediu que a ruiva comparecesse à empresa para assinar alguns papéis e decidir alguns detalhes sobre a filial de Brasília.

Jessica saiu do elevador com Sadie no colo e segurando as mãos dos dois meninos com uma só.

"Bom dia." Jessica falou para a secretária desconhecida. O que tinha acontecido com a outra?

Levi e Theo não paravam de puxar sua mão, tentando se livrar dela para andarem livremente.

"O George tá com algum cliente na sala dele?" A advogada perguntou, ajustando o peso da caçula no braço. "Meninos, parem de puxar!"

"Ele tá sim. A senhora marcou horário? Ele só atende com horário agendado." A secretária informou.

Jessica olhou para a moça como se fosse uma incompetente. Como que ela não conhecia a dona da própria empresa em que trabalhava?

"Mãe, eu tô apertado." Levi falou.

"E eu tô com sede!" Theo reclamou.

"Como você tá apertado, Levi? A gente acabou de sair de casa e você foi ao banheiro antes de sair." A ruiva perguntou, já pensando no trampo que seria levar três crianças ao banheiro.

"Bebi muito suco de acerola com goiaba." Levi falou com um sorriso amarelo.

Jessica levantou a cabeça e respirou fundo. "Tá bom." A advogada voltou sua atenção à recepcionista. "Vou levar meus filhos ao banheiro e já volto."

"Sabe onde é?"

Jessica ignorou a incompetente e foi com seus filhos para o banheiro.

"Levi, abaixa a bermuda." Jessica pediu, dentro do cubículo, com Sadie no colo e seus dois filhos. 

O menino abaixou e Jessica o levantou com o braço direito.

"Eu tenho que colocar uma fralda em vocês quando a gente for sair de casa." A ruiva reclamou, tentando centralizar o filho no vaso, enquanto equilibrava a mais nova no outro.

"Não sou mais bebê pra usar fralda, mãe!" Levi reclamou, tentando se concentrar para fazer seu xixi.

"Você não tá apertado? Bora, filho!" Jessica pediu impaciente.

"Tenta fazer xixi com uma plateia." Levi respondeu.

"Você tinha que ter trazido o peniquinho, mãe!" Theo falou.

"E eu vou andar com vocês na rua com um penico debaixo do braço?" A ruiva respondeu. "Levi!" 

"Quanta pressão!" Levi reclamou. 

Sadie ria e puxava o cabelo da ruiva. 

"Não puxa o cabelo da mamãe não. Vai quebrar." Jessica tentou desviar a cabeça, da mãozinha da caçula. "Levi!" 

"Eu preciso de silêncio." Levi informou. 

Jessica revirou os olhos. "É sério?" 

"Você quer que eu faça xixi ou não?" Levi perguntou. 

"Tá bom, filho. Todos em silêncio pro Levi se concentrar." A ruiva falou debochada. 

Após 1 minuto de silêncio, Levi começou a urinar. A ruiva respirou aliviada. 

Quando o menino terminou, a ruiva o colocou no chão, pegou um pedaço de papel higiênico e entregou para ele. 

“Se seca e coloca a bermuda.” Jessica instruiu. 

“Mãe, eu tô com sede!” Theo reclamou. 

“Calma, meu filho, a gente já vai pegar sua água. Não quer usar o banheiro também? Aproveita que a gente já tá aqui.” Jessica perguntou. 

“Não tô com vontade.” Theo informou. 

“Então, vamos.”

A advogada levantou Levi à altura da pia, para o menino lavar as mãos, depois foi com os filhos para a copa. 

Ela pegou encheu um copo descartável com água e entregou ao Theo. 

“Cuidado pra não derramar.” A ruiva alertou. 

Theo pegou o copo da mão da mãe e começou a beber. 

“Depois você leva a gente no parquinho?” Theo pediu, segurando o copo d’água com as duas mãos. 

“Hoje? Sua mãe tá tão cansada…” Jessica ponderou. “E outra, vocês ficam correndo de um lado pro outro e fica difícil de tomar conta de vocês três. Espera o pai de vocês voltar do trabalho e pede pra ele.”

“Tá bom.” Theo respondeu e foi dar outro gole da sua água, mas acabou apertando o copo forte demais e derramando tudo. 

“Theo, o que eu falei?” Jessica pegou algumas toalhas de papel da copa, e foi secar o filho. 

“Foi sem querer.” Theo começou a chorar. 

“Mas por que você tá chorando?” A advogada, passou a mão pelo rosto do filho para secar suas lágrimas. 

“Porque você tá brava.” Theo respondeu. 

“Então é você que tá fazendo essa algazarra na minha empresa?” George perguntou da entrada da copa, com um sorriso torto no rosto. 

“Sua? Bem que você queria.” Jessica respondeu se levantando do chão, no qual estava agachada. “A recepcionista não sabe quem eu sou não?”

“Você some da empresa e espera que todo mundo saiba quem você é. Tá querendo demais.” George alfinetou a ruiva, e depois pegou os dois meninos no colo. “Vamos ver a sala que o tio George trabalha?” Ele perguntou para os meninos. 

“Sim!” Levi falou animado e Theo assentiu choroso. 

“Vamos lá.” 

George deixou a ruiva passar na frente com a Sadie no colo, e a seguiu para sua sala com os gêmeos.