sexta-feira, 24 de setembro de 2021

Mais um dia no escritório

Item ostensivo publicado em 26 de abril de 2003. Cadê esse item? Tão me achando com cara de idiota? 

Jessica revirou a pilha de arquivos em cima da mesa, pelo que parecia a milésima vez.

Mel continuava chorando no colo da babá.

"Dá pra fazer essa menina parar de chorar logo? Tá difícil de me concentrar assim!" Jessica gritou com Vera, extremamente brava.

"Desculpa senhora. Não sei o que tá acontecendo com ela." Vera respondeu balançando a bebê no colo.

"Então descubra! Qual é o ponto de te ter aqui se você nem consegue fazer minha filha calar a boca por um maldito minuto?"

Jaqueline bateu na porta e entrou na sala da advogada.

"Doutora, o senhor Viana continua insistindo em falar com a senhora. Disse que não vai embora enquanto não fizer isso." A secretária falou intimidada.

"Então você manda ele tomar no ** e  depois liga pra polícia." Jessica retrucou sentindo sua cabeça explodir de dor.  Mel parecia chorar ainda mais alto. 

"Eu posso chamar o segurança." Jaqueline sugeriu.

"E por que você ainda não fez isso? Não acredito que eu tô rodeada por gente incompetente. Uma babá que não sabe tomar conta de uma bebê e uma secretária que não serve pra nada."

"Dona Jessica..." Vera foi tentar se defender.

"Quando foi eu te dei permissão pra me chamar pelo primeiro nome?"

"Desculpa, dona Chastain, mas acho que talvez seja melhor levar a Mel na pediatra. Ela pode tá com alguma coisa."

Jessica revirou os olhos.

"Eu pedi a sua opinião? Me dá a minha filha e sai daqui. Vai tomar um café, ou dar uma volta ou sei lá o quê, não me interessa." 

Vera foi até a mesa de Jessica e entregou a bebê.

"Ela já tá trocada e mamou tem 40 minutos." A babá informou.

"Obrigada." Jessica respondeu, massageando a mãozinha da filha e dando um beijo na sua cabeça. 

Vera assentiu e se retirou.

"Chamo a segurança?" Jaqueline perguntou com medo de levar outro esporro.

"Não. Avisa a ele que se ele realmente faz questão de falar comigo, vai ter que esperar."

"Sim senhora." Jaqueline saiu da sala e foi passar o recado.

Quando a porta fechou, Jessica se virou para sua filha e secou suas lágrimas, que foram logo substituídas por novas.

"O que você tem, minha filha? Mamãe tem que trabalhar. Quer ver o que eu tô fazendo? É meio chato... Tão querendo me tapear, mas é meio difícil tapearem sua mãe." 

Jessica pegou o arquivo que estava estudando e voltou a ler, dessa vez em voz alta para sua filha escutar, enquanto balançava a perna, que continha a bebê no colo. Com o tempo ela foi se acalmando e começou a bagunçar a mesa da advogada, tirando do lugar, os itens dispostos em cima.

"Mel Benjamin!" Jessica chamou atenção da filha, tirando um documento da sua mãozinha.

A ruiva riu consigo.

"Eu sabia que você não tinha nada. Acho que o que você queria era um tempinho off  da Vera, né, filha?" A advogada levantou a filha para ver melhor seu rosto e deu um beijo nela. "Você se importa de ficar com a Jaque por um instante enquanto eu me livro do Viana? Não? Você é tão compreensiva!"

A ruiva foi até a recepção.

"Jessica!" Viana se levantou ao vê-la. "É sua filha?"

"Sim."

"Eu tava escutando o choro dela."

"Desculpa por isso. Ela puxou o temperamento da mãe." Jessica andou até sua secretária e entregou sua bebê. "Olha ela pra mim enquanto eu falo com o Viana. Se a Vera aparecer não entrega a Mel pra ela. Fica com você. Acho que ela se enjoou da babá."

"Sim senhora." Jaqueline respondeu, pensando em como ela ia negar a bebê à babá.

"Quer uma água ou um café antes da gente começar a apontar dedos um na cara do outro?" Jessica brincou com o colega de profissão.

"Aceito." Viana riu e seguiu a Jessica até sua sala.

Em pouco tempo a discussão esquentou. Um acordo estava longe de acontecer e a irritação da Jessica estava quase extrapolando seu limite. A ruiva, de repente, viu tudo preto e se segurou na mesa, buscando suporte.

"Se a gente expor isso, vocês vão.... Jessica?"

"A gente pode continuar essa discussão outro dia?" Jessica perguntou ignorando as mãos trêmulas. 

"Tudo bem." Viana recolheu suas coisas e saiu da sala.

Assim que Viana saiu, Jaqueline bateu na porta e entrou com Mel chorando no colo.

"Doutora, o George ligou...  A ex-mulher dele morreu."

quinta-feira, 23 de setembro de 2021

Ex-namorados

Tom virou o rosto e fixou os olhos na Geordie ao seu lado. Ela fitava o nada, parecendo estar perdida em pensamentos.

"Tá pensando em quê?"

"Hum?" Cheryl o encarou, franzindo a testa, claramente sem ter ouvido uma palavra que o professor havia dito.

"No que você tá pensando?"

"Nada demais."

"Não me parece nada." Tom passou os dedos pelo braço da menina, de leve.

"Acho que tô só surpresa. Não achei que isso fosse acontecer de novo."

"Sério?" 

"Você achava?" Cheryl arqueou as sobrancelhas. 

"Bom, eu sabia que eu queria, mas não tinha certeza se você ia aceitar."

Cheryl abaixou o olhar, sem graça. 

"Como vão as coisas?" Tom mudou de assunto, tentando dissipar o desconforto da menina. 

"Tudo na mesma. E você? Como vai a sua procura pela companheira ideal?"

"Uma m***a." Tom riu. 

"Por quê?" Cheryl perguntou preocupada. 

"Porque em todas elas eu acho um grande defeito que não consigo lidar."

"Tipo?"

"Tipo nenhuma delas ser você."

"Ah, tá bom."

"Bem que eu queria tá mentindo." Tom se remexeu na cama e voltou a fitar o teto. "Teve uma noite que eu tava com uma mulher muito gostosa no bar..."

Cheryl fitou as mãos, desconfortavelmente. 

"Ela era muito linda e eu tava doido pra transar com ela. Eu comecei a agir sutilmente no começo e segurei a mão dela. Quando eu vi a mão dela na minha e vi que não era a sua foi como um balde de água fria. Eu quase desisti de pegar ela."

"Quase." Cheryl repetiu, sarcasticamente. 

"Geralmente, ex-namoradas não costumam passar na cabeça dos homens nessa hora. Você passa na minha o tempo todo."

"Isso só tá acontecendo porque a gente terminou há pouco tempo. Com o tempo, não vai acontecer mais."

"Pode ser. Mas você tá com todos esses garotos e não pensa em mim nem por um segundo."

"Eu não sou de pensar em outros caras quando eu tô com um."

"Você fala como se fosse uma escolha consciente. Eu penso em você porque claramente ainda não consegui te esquecer, mas você parece que me superou completamente."

"Eu não estaria na sua cama se eu já tivesse te superado."

"Isso é verdade." Tom deu um sorriso esnobe e se inclinou, dando um selinho com força na Geordie. "Senti falta dessa sua boca linda." Ele falou de forma sexy e deu outro selinho. 

"Você não pode ficar me excitando e ter seu jeito comigo toda vez."

"Não?" 

"Não. Você tem que achar uma mulher pra casar. Além disso, já tô quase comprometida."

"Com o Edward?" 

"Sim."

"Eu não diria que vocês tão quase comprometidos."

"Pra mim a gente tá. Acho que agora é só questão de tempo. A não ser que eu tenha interpretado os sinais errado."

"Nunca pensei que ele faria seu tipo."

"Também não." Cheryl riu. "Acho engraçado que têm algumas coisas que nunca passaram pela sua cabeça, aí alguém fala e você começa a imaginar."

"Foi assim que aconteceu com você?" 

"Basicamente."

"Tá gostando dele?" 

"Não vou falar sobre isso com você."

"Por que não?" 

"Porque é estranho!" 

"Não acho. A gente terminou. Não é nada estranho."

Cheryl deu um olhar desconfiado ao ex. 

"É sério. Não vou ficar com ciúmes. Fico feliz que você esteja se envolvendo com garotos mais da sua faixa etária. Eu me sinto culpado às vezes por ter feito você perder tantos anos com um homem velho e cheio de manias e expectativas inconcebíveis pra uma menina da sua idade."

"Nonsense." 

"Você pode discordar agora, mas com o tempo você vai acabar concordando comigo."

Cheryl não soube o que dizer e resolveu responder sua pergunta anterior. "Então, sobre o Edward, acho ele fofo e intenso. É um cara que eu facilmente poderia me apaixonar."

"Não era você que achava ele esnobe?"

"Ainda acho!" Cheryl riu. "Mas tem algo nele que não sei descrever exatamente. Ele às vezes soa muito triste, pessimista e com baixa autoestima. Ele também, sempre que pode, fala da mãe e isso quebra meu coração. Têm umas perdas que são insuperáveis e eu fico triste por ele e por todos que tiveram que perder os pais tão cedo."

"Isso realmente é muito triste."

"Se eu namorar com ele, eu quero conseguir fazer ele feliz, e talvez, fazer ele se esquecer pelo menos um pouco dos problemas."

"Eu tenho certeza que vai. Ele vai ser um cara de muita sorte." Tom se ajeitou na cama para conseguir olhar melhor o rosto da Geordie. "Posso fazer uma pergunta um pouco indiscreta?"

"Lá vem." 

"Por que você não quis transar com o Edward? Seja sincera, por favor."

"Eu quero."

"E por que não ainda?"

"Por vários motivos... a gente ainda não ficou sozinho."

"Mas isso resolve-se rápido."

"E nós vamos resolver."

"Tem alguma coisa a ver com o que aconteceu?"

Cheryl arregalou os olhos, surpresa ."NÃO!"

"Não precisa ficar na defensiva. Eu só quero me certificar que você tá bem."

"Eu tô bem."

"E que você não tá lutando sozinha."

"Não estou."

"Cheryl!"

"Eu não tô traumatizada, ok? Naquela época eu só surtei porque foram as primeiras vezes depois daquilo. Não vai mais acontecer."

"Mas você tem medo que aconteça?"

"Não."

"Tudo bem. Me dá um abraço?"

Cheryl se aproximou e deitou a cabeça no peito do ex. Tom envolveu o corpo da menina protetoramente num abraço e beijou sua cabeça.

"Eu tenho medo que me olhem diferente." A inglesa enxugou uma lágrima que caiu de seus olhos.

"Ninguém vai. O que aconteceu não define quem você é. Você é uma menina linda, confiante, engraçada, atrevida, mimada, estressada, carinhosa, empática, que fala palavrão que nem um marinheiro, sensível, delicada, sagaz, astuta, fofa, de coração gigante e de ótimo senso de humor. Essas coisas que definem você. Ninguém vai ficar te olhando pensando no que aconteceu por causa de um babaca, há mais de um ano."

"É que eu odeio a ideia de ser vítima. Eu prefiro levar a culpa pelo que aconteceu do que ser vítima."

"Você foi vítima de uma adversidade, mas isso não te torna uma vítima. Dá pra ver a diferença?"

"Acho que sim."

"Então não precisa ficar triste." Tom deu outro beijo em sua cabeça.

"Você acha que tem chance de eu entrar em pânico na minha primeira vez com o Edward?"

"O segredo é olhar nos olhos dele. Não uma olhadinha rápida, é pra olhar mesmo. Aí você vai pegar mais confiança e a chance de acontecer alguma coisa é menor. Beija ele, olha nos olhos, se sentiu nervosa, busca os olhos dele de novo. Não deixa a luz toda apagada, e se precisar, faz ele falar alguma coisa porque escutar a voz de quem você é familiarizada também ajuda. No mais, é só manter a calma e fazer o que você faz sempre porque você é muito boa no que faz." Ele deu uma piscada de olho e a morena riu.

"Obrigada."

"Estou sempre às ordens."

"Sabe uma coisa que eu reparei?"

"O quê?"

"Que quando você tava citando minhas qualidades, em nenhum momento você citou inteligente."

"E?"

"Idiota."

Tom gargalhou. "Tava brincando. Eu te acho inteligente, só fugiu da minha mente na hora."

"Sei."

"Eu juro!"

"Aham." 

Cheryl se levantou e começou a se vestir.

"Já tá indo?" Tom perguntou decepcionado.

"Prometi pro meu padrasto que ia jantar em casa." Cheryl explicou abotoando o sutiã.

"Tudo bem."

A Geordie terminou de colocar a última peça de roupa e foi até o professor. "Obrigada por hoje. Você foi incrível." Ela deu um beijo no seu rosto.

"Não foi nada." Ele respondeu timidamente.

"Foi sim, ok? Me leva até a porta?"

"Vamos lá."

segunda-feira, 20 de setembro de 2021

Caçada

Essa notícia contém amendobobo nas partes relacionadas aos vampiros e suas habilidades.

“Terminou, Emmett?”

Emmett fez um espera com a mão enquanto terminava de sugar o restante de sangue do urso da montanha que havia caçado.

“Não tem mais quase nada aí.”, reclamou Edward impaciente.

“Eu não gosto de desperdício, cara.”, disse o fortão se levantando e limpando a boca. Edward revirou os olhos. “E você? Não vai querer mais nada não?”

“Eu to bem.”, falou o inglês, enquanto puxava alguns galhos de uma árvore caída para fazer uma fogueira.

“Se você diz...”

“Pode parar. Sério, Emmett, para.”, reclamou Edward com a testa franzida pouco tempo depois.

“Mas eu não disse nada.”, protestou o garoto.

“Não disse, mas pensou.”

“Mas pensa bem, Edward, você precisa se preparar caso algo aconteça. Imagina fazer com fome. Você vai colocar a menina em risco.”

“Eu sei me controlar. E também não é como se a gente fosse fazer alguma coisa agora. Sério, não quero falar sobre isso.”

“Ok, cara.”

Edward suspirou alto. 

“E como você saberia disso, Emmett?”

Emmett ficou em silêncio. 

“E como o Carlisle saberia disso?”

“Carlisle dá aula lá, mate. Ele sabe de tudo.”

“Nem tudo.”

“Não é uma Bella.”

“Não, não é.”

“Nem uma Katie.”

“Se a Katie pudesse te ouvir, você seria um homem morto.”

“Como um demônio, Edward!”

“Eu nunca ouvi essa definição na minha vida. Carlisle que inventou essa.”

“Carlisle escuta muita coisa que você não escuta.”

“Essa fica por conta dele mesmo.”

“Ela é bonita, cara.”

“Linda.”, corrigiu Edward, que após ler a mente de Emmett, adicionou: “Isso também.”

“Vocês devem namorar.”

“Acho que sim.”

“Vai chamar ela pra sair?”

“Vou.”

“Por isso quis caçar?” 

Edward olhou para Emmett.

“Não sei por que sexo parece ser o único propósito das pessoas.”

“Porque é! Cara, você não pode pegar as suas expectativas e seu romantismo de velho e jogar em cima dos outros. Ela é jovem, ela não liga pra esse negócio de se apaixonar profundamente.”

“Por incrível que pareça, Emmett, eu também não quero me apaixonar profundamente. Nunca mais.”

“Mas você quer se apaixonar.”

“Não profundamente.”

“Se você se apaixonar, será profundamente.”

“Não necessariamente.”

“Sei...”

“Fala logo, Emmett. Eu já consigo ler os seus pensamentos mesmo. Não faz diferença.”

“Edward, do jeito que o Carlisle falou ela é da alta liga, então, por favor, por tudo o que você acredita, não faça amor com ela.”

“Acho que eu posso te prometer isso.”, disse Edward rindo. “Não acredito que esse mito se perpetua até na minha família.”

“Você seria o número 1 da Katie se você não fizesse amor com ela. Às vezes tudo o que uma garota quer é uma boa f**a.”

“Quem disse que eu só fazia amor com a Katie? Aliás, para de chamar isso de amor. É tão brega.”

“É tão você.”

“Emmett, só porque eu não gosto de comentar sobre isso de maneira escrachada como você não significa que eu não goste das mesmas coisas que você.”

“Aí sim, cumpadre!”

“Eu vou pedir pro Carlisle parar de falar dela pra vocês. Coisa chata isso.”

“Ele gosta dela.”

“Eu percebi.”

“Ele disse que ela é uma das mais desejadas da sua escola.”

“Ela é.”

“Caraca, que sortudo, Edward. Ela é gostosa pra c***lho!”

“Eu sei.”, Edward prendeu um sorriso que queria sair. “Ela acha que eu acho ela nada demais.”

“Jura? Por quê?”

“Porque eu chamei ela só de bonita. Ela acha que a beleza dela é o ponto auge de quem ela é.”

“E você não acha isso, estou correto?”

“Nunca é. De ninguém.”

“Cara, você precisa elogiar melhor as mulheres, chamar elas de gostosas. Imagina você com ela na cama chamando ela de minha dama?”

“Eu não sou muito bom nisso. Na parte verbal eu sou uma mula, fico sem graça. Eu prefiro demonstrar do que falar. O pior é que ela é muito verbal, pelo menos é o que dizem, ela também, eu acho. Eu já fiz as pazes que eu não vou ser o melhor da vida dela e pra mim ta tudo bem. O importante é os dois gostarem.”

“O que é dito é muito importante pra montar o clima. Eu diria que é 50% do negócio.”

“Então ferrou.”

“Você fica mudo?”

“Não, mas também não falo ‘goza pro papai'.”

“Isso é meio bizarro.”

“Pro nosso tempo. Pro tempo de hoje é o normal.”

“Você xinga?”

“Na maior parte das vezes só em pensamento. Depende.”

“Melhor xingar fora dos pensamentos também.”

“Eu vou ver, não vou ficar pensando nisso agora. Transar com ela não é meu objetivo principal.”

“Você quer uma conexão.”

“Eu quero namorar com ela.”

“Então você quer namorar com ela pra depois poder transar?”

“Não precisa ser nessa ordem. Espero que não seja nessa ordem. Acho que ela não vai me querer tão cedo. Ela terminou um namoro há pouco tempo.”

“Isso significa que existe um homem dentro desse velhinho?”

“Eu to num momento de abstinência, não que ela esteja também, mas sim, seja lá qual tenha sido o sentido da sua pergunta.”

“Say no more, Edward, say no more. Já entendi tudo.”

“Acho que já queimamos o que tínhamos que queimar. Vamos?”

“Aposta de quem vai chegar primeiro?”

Edward revirou os olhos.

“Não vá roubar! É quando eu dizer ‘já'.”

“Você sabe que eu não preciso...”

“Já!”, Edward saiu em disparada, enquanto Emmett ainda terminava a frase.

“E eu que roubo, né, seu espertinho?”, Emmett saiu em seguida, se divertindo com a competição. 

sábado, 18 de setembro de 2021

7Belo

Joy estendeu a mão para Asa, que compreendeu exatamente o que ela estava pedindo. Ele colocou a mão no bolso, procurando uma bala, mas só encontrou papéis vazios. 

“Desculpa, Joy. Acho que acabou.”

A menina fez uma cara triste em resposta. 

“Talvez tenha na minha mochila. Eu vou ver pra você.”

“Não antes do almoço.”, atentou Antonella. “E não adianta fazer cara feia. Primeiro, comida, depois doce.”

“Você não me entende!”, choramingou Joy.

“É incrível como as meninas puxaram você, Antonella. O único que é mais diferente é o Asa.”, disse Rita, a empregada da casa.

“Que isso, Rita? Eu não era dramática assim não!”

“Mas é o jeito que ela fala; é todinho da senhora.”

“Não me inclua nessa também, Rita. Eu não sou nem um pouco dramática.”, reclamou Crystall.

“Não, só é extremamente carente.”, replicou Asa.

“Carente é a sua namorada sereia!”

“Ta vendo? Super carente. Teve até que meter a Nic no meio.”

“Nic, Nic.”, remendou Crystall, debochando de Asa. “Tem coisa mais forçada do que o Asa tentando chamar aquela menina de Nic?”

“Nic parece apelido de menino.”, falou Rita.

“Eu até que acho...”, começou Antonella, que se interrompeu quando ouviu barulho de coisas caindo no chão. “Joy, o que você fez? Você mexeu na mochila do Asa?”

Joy ficou olhando com cara de culpada, no meio das coisas de Asa espalhadas pelo chão. Antonella, então, foi até a filha, se ajoelhou até ela e começou: “Olha só o que você fez! Olha essa bagunça! E ainda por cima me desobedecendo. Por que você abriu a mochila do Asa? Fala pra mim.”

“Pra pegar lápis de cor.”

“Essa daí já é uma boa mentirosa.”, comentou Crystall.

“Ah, é? Não foi pra pegar bala então? Deixa isso aí, Asa. A Joy quem vai arrumar isso.”, ela alertou o filho mais velha. “Sabia que quem mente pra mãe fica com dor de barriga, Joy?”

“Pior que fica mesmo.”, concordou Rita.

“Eu vou guardar.”, disse Joy.

“Acho bom. E o que é isso na sua mão que você ta escondendo? É bala?”

“Não.”

“Joy, abre a mão!”

“Não é bala.”

“Eu vou só falar mais uma vez, Joy. Abre a mão agora!”

A mão de Joy se abriu e, de fato, não era bala. Para a surpresa de todos, era uma camisinha. A garota tinha achado dentro da carteira de Asa, que estava dentro da mochila, e tinha achado que era chiclete. 

“F**k, f**k, f**k, f**k!”, pensou Asa enquanto Rita, Crystall e Antonella de Joy se viraram para olhar Asa.

“A escola que deu pros alunos.”, mentiu o garoto nervoso. “Foi na aula de biologia.”

A italiana parecia ainda sem reação, mas Rita quebrou o silêncio dizendo para Crystall:

“Vamos subir, que você acabou de voltar da escola e precisa tomar banho. Vamos lá escolher uma roupa pra você.”, ela disse puxando a menina, que olhava a cena em choque. “Antonella, pode deixar que eu levo a Joy também.” 

Antonella entregou a menina ainda olhando para o filho, enquanto Asa só conseguia pensar repetidas vezes “F**k!” Ela tinha pego a camisinha da mão da pequena, que entregou sem reclamar. Quando todos saíram, Antonella perguntou sentida:

“Asa, você é virgem?”

O garoto se sentiu ficar vermelho. Esse era um assunto que ele gostaria de nunca falar com a mãe. Ele podia mentir, podia dizer que ainda era, mas que gostava de estar preparado, afinal nunca se sabe...

“Não.”

Antonella ficou em silêncio. Asa, de repente se sentiu apressado em dizer:

“Mas eu não perdi com a Emma, eu juro. Não foi com ela!”

Tecnicamente aquilo era verdade para quem acreditava que a perda de virgindade era só quando havia penetração. 

“Foi com quem?”

“Foi com uma garota da escola. Eu perdi um tempo antes de namorar com a Emma. Mas quando eu namorei com a Emma, a gente nunca fez nada. Nem deu tempo, na verdade. Você sabe que a gente não durou quase nada. E eu nem sei se ela aceitaria fazer algo comigo. Eu só to falando isso, porque eu sei que você vai achar que foi com ela, mas isso seria muito injusto.”, despejou o menino.

“Você e a Nicola...?”

“Não. A Nicola é...”

Antonella se sentou, olhando ainda sentida para o filho. Desconfortável com tudo e sem saber o que falar, Asa disse:

“Se te servir de consolo, foram só duas vezes. Com a mesma menina.”

A italiana assentiu, olhando para o vazio. Asa ficou esperando ela dizer alguma coisa. 

“Foi confortável pra você?”

“Foi.”

“Que bom, meu filho. Que bom.”

...

“Seu pai sabe?”

“Ele descobriu. Ele me ouviu falando com o Eric no telefone. Eu pedi pra ele não contar pra você.”

Antonella assentiu novamente.

...

“Não precisa olhar assustado pra mim, Asa. Foi só o baque mesmo, mas eu to bem. Você é jovem e inevitavelmente passaria por essa experiência mais cedo ou mais tarde. Fico feliz de saber que foi confortável e espero que você tenha gostado. Eu sei que sou super protetora com você e peço desculpas por isso. Eu sei que você também não gosta quando eu te trato como meu menininho, mas Asa, não importa a idade, se você estiver casado, se tiver filhos, você sempre será meu menininho. Eu te amo muito.”

“Eu também te amo.”

“E eu não to chateada, ok? Eu só quero que você se proteja.”, ela estendeu a camisinha para Asa, que pegou de volta incrivelmente sem graça. “E que você respeite as meninas que você estiver. Você é o homem e não é não. Respeite seus próprios limites também, Asa, e tudo ficará bem. E tenha cuidado com a Nicola. Não a pressione a nada que ela não queira fazer e respeite o tempo dela, ok?”

“Ok.”

“Agora me dá um abraço.”

Asa deu um abraço na mãe ainda com muita vergonha. Apesar disso, ele preferiu se livrar logo de tudo e contar a verdade. A culpa daquela situação também era de seu pai, que tinha dado as camisinhas para Asa e pedido para ele guardar pelo menos duas na carteira (fora o discurso que tinha recebido sobre o assunto., de novo). Tudo o que o garoto queria era que a mãe não achasse que tudo tinha acontecido com Emma. No momento, ele não sabia o que ela achava. Talvez o excesso de explicação tenha tido o efeito reverso. De qualquer forma, Asa não queria que sua mãe tivesse raiva de Emma, a garota mais legal que ele já conheceu. Depois da Nadine, claro.





Brincadeirinha!

terça-feira, 14 de setembro de 2021

Anonymous

     X: Vê as conversas dela com a Natalie...

Y: Boa ideia!

X e Y tinham hackeado o celular de Megan e estavam fuçando suas conversas no whatsapp.

Y: Elas quase não se falam. Hmmmmm, deixa eu ver. Tem essas mensagens aqui da Megan pedindo foto da matéria dela...

X: Foi quando a Megan levou aquela bolada na cara.


Y: Aaaaaaaaaaah. Nossa, estranho ela pedir justamente da Natalie.

X: Ta bem óbvio que ela é a fim dela.

Y: E tem essa daqui dela dizendo que já chegou com as cartolinas.

X: Do dia que ela, Jake e Natalie fizeram aquele trabalho.

Y: É.

X: Nossa, o whatsapp da Megan é mais sem graça do que eu pensei. As coisas mais interessantes são os áudios que a gente não pode ouvir (irritada).

 Ninguém sabia que Y tinha uma excelente habilidade de hacker. Ela revelou aquilo para X em confidência e as duas resolveram, depois de algum tempo, fuxicar o whatsapp de Megan. Entretanto, o sistema de Y tinha suas falhas. O áudio, por exemplo, se desse play, não tocaria somente no computador delas, mas no próprio celular de Megan, o que a faria descobrir que a tinham hackeado.

Y: Ela tem muitos contatinhos, mas acho que não conheço metade dessas pessoas.

X: Então por que a gente não se diverte às custas dela?

Y: Como assim?

X: Vamos forjar uma conversa da Megan com a Natalie. A Natalie vai achar que é a Megan verdadeira, mas seremos nós. Podemos descobrir alguma coisa.

Y: Mas aí a Megan vai descobrir que alguém hackeou o celular dela.

X: E daí? O estranho já terá sido feito. Tem como ela rastrear que veio desse computador.

Y: Nem o Takashiro consegue (as duas riram). Ok, vamos lá. Que tal começarmos com um “Oi, sumida!” (ela riu).

X: Não, não. Isso não tem a cara da Megan. Vamos começar com o bom e velho “Oi, Natalie, tudo bem com você?” e esperar pra ver se ela responde.

Y: A Natalie ta online.

X: Ótimo. Espero que ela responda logo.

Y: Vou trocar o “Oi” por “Ei”, porque a Megan usou isso da outra vez.

X: Boa!

...

X: Finalmente! Ela disse “tudo bem e você?”. Que demora pra responder só isso.

Y: Né?

X: Vou colocar “to bem” e um gif legal.

Y: Ok!

...

Y: “Você quer as anotações da aula de hoje?”

X: Nossa, que sem noção. A Megan fala “Oi” e ela pergunta “Você quer as anotações da aula de hoje?” (remendou Natalie). Que garota ridícula! “Não. Você acha que eu só falo com você por causa de anotações?” (riso das suas). “Foi só daquela vez”.

Y: “Desculpa, emoticon. E o que você anda fazendo?” Ela ta estranhando, certeza. Coloca assim: “To me masturbando e me lembrei da senhorita e você?”

X: Não, calma, se não ela pode desconfiar. Tem que ser devagar, ter um pouco de conversa fiada. “Nada. Eu to meio que entediada, o que me faz pensar. E você?” É bom, porque assim a Natalie pergunta “pensar em quê?” e aí eu posso começar...

Y: “To na mesma. E com calor, ainda por cima.” Que chatice!

X: Palhaça! Ta com calor porquê? Ela não é rica? Por que não liga o ar? (perguntou digitando a resposta)

Y: Teve um acidente. Acho que a Natalie desconfiou desse seu pensando ali de cima.

X: Pode ser.

Y: Ai, isso ta uma chatice. Começa a agitar aí.

X: Pera, vou colocar aqui assim: “Eu sempre to com calor, mas um diferente, como você bem sabe...”

Y: Agora sim!

X: “Esse é o calor bom.”

Y: Essa menina é muito empaca fo*a.

X: Acho que ela tem medo da Megan, só pode. Vou ficar chorando pitangas com a Megan então, porque ta brabo.

...

Y: Coloca assim “Tem muitos garotos interessados em você.”

X: “Não tantos quanto você.” Aaaaaaaaah, que chatice!

Y: Ué, ela ta dizendo que a Megan é mais interessada nela que os garotos?

X: Não, ela ta dizendo que a Megan tem mais garotos que estão interessados do que ela. Mas quer saber? Vou botar pra Megan ser meio lerda e achar isso. “Nossa, você é metida, né bem?”

Y: Ei!

X: Foi mal! “Oi?”, ela respondeu. “Não tantos quanto você? Você acha que eu ainda não te superei?” Vou ter que explicar esse duplo sentido inexistente.

Y: Pra mim tem.

X: Olha a resposta da Natalie. Ah, não colou. Vou fingir que a Megan estava brincando. “Eu to brincando. Vou colocar um gif.”

Y: Vamos parar de enrolar.

X: Ok, vamos lá: “Mas a verdade, Natalie, é que apesar de eu ter te superado, eu admito que você às vezes me dá um tesão”.

Y: Agora sim!

X ri: Olha o que ela falou “Uau, valeu!”

Y: Essa é boa de resposta enrolona.

X: Vou insistir.

Y: Isso!

X: Affff! “É mais prático do que parece e vale muito a pena.” Vou botar um gif meio sugestivo.

Y: E a Natalie enrolando.

X: Ela definitivamente não quer nada com a Megan.

Y: “Megan, não sei o que você quer que eu diga”.

X: “Quero que você diga que vai me deixar te comer toda”.

Y: Agora comprometeu total.

X: Resposta: “Engraçado que da última vez que eu me abri pra você, você deixou de falar comigo logo depois e ainda começou a falar mal de mim pros outros”.

Y: Elas dormiram juntas?

X: Cara, sei lá. Que estranho. Vou perguntar: “Como assim se abriu pra mim?”

Y: Aaaah, ela quis dizer do beijo.

X: “Não vou transar com você pra depois, se eu não gostar ou não quiser de novo, você me xingar pra todo mundo”.

Y: Então a Natalie é aberta, só não quer com a Megan, porque sabe que vai ter drama.

X: Não, não. Ela ta é dando um perdido na Megan. Ela fala isso, porque não quer aceitar. Vou continuar fazendo grama como a Megan (ela ri).

Y rindo: A Natalie deve ta pensando: “Por que eu respondi a Megan?”

X: “Megan, você está sóbria?” (gargalhada das duas). Que viagem, cara. Vou botar como se a Megan tivesse ofendida. Olha, a Natalie é bem sem graça, mas eu devia imaginar que ela não iria querer a Megan.

Y: Ela é hétero, não tem jeito.

X: “Você ta dando evasivas, Natalie. To sendo sincera com você e você não é sincera comigo. To te pedindo uma transa, uma transa pra menina que se diz aberta a tudo, que se diz lutadora dos direitos femininos...”

Y: Mas o que o c* tem a ver com as calças? Feminista tem que ser sapatão? (rindo muito).

X: Quem é feminista de verdade, não rejeita a Megan (rindo demais).

Y: “Eu não retribuí por pena, eu retribuí pra me descobrir também”.

X: Ta bom, senta lá, Natalie.

Y: Insiste.

X: Coitada da Megan, a gente ta fazendo um fuzuê.

Y: Amanhã na aula vai ser muito engraçado essas duas.

X: A gente tem que deletar as mensagens para todos depois e em seguida apagar tudo do whatsapp da Megan.

Y: Ok!

X: “Não sei, Megan. Agora não é mais sobre descobertas, mas se você fosse a minha amiga, pensaríamos em algo juntas”. Ah, vá!

Y: Ela definitivamente não quer ser amiga da Megan.

X: Não, pior que eu acho que ela quer. No fundo, eu acho que a vaca (as duas riram) ué, esse nome foi a Megan quem colocou, mas então, a vaca quer ser amiga da Megan pra continuar seduzindo ela mais de perto. Ela quer ser desejada, mas não quer se comprometer. Olha, vou fazer um discurso final pra acabar logo com isso, ok?

Y: Ok. Vai lá!

X: “Ok, Megan, eu vou pensar” (gargalhada geral).

Y: Ela mesma quis terminar o diálogo.

X: Ah, foi bem sem graça, do jeito que a Natalie é.

Y: Mas que deu pra rir, deu.

X: Ah, se deu!

Olha o zap












Pãozinho fresco

 A campainha da secretaria da escola tocou. James preguiçosamente foi atendê-la.

“Olá, bem-vinda ao Cavalinho Feliz. Em que posso ajudá-la?”

"Hi. Sorry, I don't speak Portuguese.”

"Oh, that's ok. How can I help you?"

"Is Mr. Butterfield working today?"

Essa pergunta James não esperava.

“Yes."

"Can I talk to him?"

"Right now he's teaching.”, o coordenador mentiu. As aulas tinham acabado de terminar minutos antes. “Who are you?", perguntou ele desconfiado.

"An old friend."

"Don't you have his phone number or his address?"

"No, I haven't. It's been a few years since we've spoken. The only information I got was the school he teaches."

James ficou pensativo. Bem, ela fala inglês. Talvez realmente seja uma conhecida dele. Ainda assim, estranho... 

“Fine. Come on in! I'll reach him. Just a sec."

“Thanks!”

Andrew estava falando com o filho, quando James falou:

“Ei, Andrew, tem uma pessoa na secretaria procurando por você.”

O professor estremeceu por dentro. Alguma coisa poderia ter acontecido com Jessica ou com os bebês.

“Quem?”

“Disse que é uma velha amiga.”

Andrew ficou mais tranquilo. Se falou que era uma velha amiga, não tinha nada a ver com a Jessica. Se fosse algo relacionado a sua mãe, teriam ligado.

“E ela não sabe falar português, só inglês.”, James complementou.

“Ok, eu vou lá! Tchau, filho!”, ele beijou a cabeça de Asa e foi em direção à secretaria. Ele já tinha algumas teorias sobre quem era, o que o deixou bastante nervoso e intrigado. 

Chegando lá, ficou surpreso com o que viu, porque não era nada daquilo que ele tinha pensado. 

"I don't think I know you.”

A garota, que estava sentada, fincou ainda mais os dedos na cadeira, paralisada, enquanto olhava para o inglês sem dizer nada. Andrew a olhava de volta sem entender. Definitivamente, não era uma velha amiga. Além do rosto não ser nem um pouco familiar, a pessoa na sua frente era muito nova para ser uma velha amiga. Só se eles tinham sido amigos quando ele tinha 35 e ela 3. Pela reação e a idade, só uma coisa passava pela sua cabeça. Um lado seu achou aquilo ligeiramente divertido. Se fosse aquilo que ele estava pensando, a garota não tinha nada a ver com ele.

“Who’s your mother?"

"Rashida. Rashida Jones."

Andrew arregalou os olhos. Se tinha uma resposta que ele não estava esperando era essa.

"How old are you?"

"Fifteen."

Andrew continuou olhando a garota, agora ele mesmo sem reação. Quando deu por si, falou para James: 

“Diz pro Bradley que eu pedi pra ele ficar com a Emma hoje, por favor.”

“Tudo bem.”, James respondeu, enquanto Tilipa e ele olhavam a situação estranha que tinha se montado na frente dos dois.

“Let’s walk.”, falou Andrew para a garota, segurando a porta.

.

"Let me just confirm one thing before we start talking. You're here because you think I'm your father, right?"

"Right."

O coração do inglês acelerou.

"Let's sit here.”, ele apontou para um banquinho desocupado para que os dois pudessem conversar melhor. “Where's Rashida?"

"She died. Last year. She had Covid."

Um bolo se formou na garganta de Andrew. Ele precisou de um tempo para se recuperar antes de fazer a próxima pergunta:

"She said I was your father?"

"No. My grandmother told me."

"Where's your grandmother?"

"She died from Covid this year."

“F*ck! I'm so sorry.", ele falou tentando se manter forte, se obrigando a não chorar.

"Tthats ok. I'm sorry to come here like this. I literally ran out of people."

"No need to apologize. I just want to figure things out."

"Ok, I'm gonna tell ya.", a garota respirou fundo. “All my life, I thought my dad was my real father. He died when I was 5. When my grandmother got sick, that's when she told me my dad wasn't my dad. She said my mother would never forgive her for telling the truth, but that my real father was a boyfriend my mother had when she was still living in England. She said they were both about to get married, but they broke up. So my mother moved to India and found out as soon as she got there that she was pregnant. She decided to go back to England to tell her ex-fiancé the news, but said it wasn't even two weeks after the breakup and he was already with someone else. She was hurt, she thought he had cheated on her and decided not to tell anything. She met my father in India a short time later and he said he would take over the child. My grandmother showed me pictures of you and my mom and asked me if she died, to look for you.”

Andrew ficou um tempo em silêncio tentando absorver toda a história. Era verdade: passado alguns anos, ele descobriu que Rashida havia voltado para a Inglaterra pouco depois de ter ido para a Índia, mas que rapidamente havia retornado. Ele também soube que alguém já tinha falado que ele estava saindo com outra pessoa.

“I honestly don't know what to say.", finalmente falou.

"I don't know if what my grandmother said is true or if it was just despair ‘cause she was afraid what would happen to me if something happen to her. Anyway, I just want to take the paternity test and find out the truth."

"Yes, we will."

"To be quite honest, I didn't think I looked anything like you."

"It's because you look 100% like your mom.”, ele falou emocionado, a deixando emocionada também. Ele então pigarreou e perguntou: “Where are your bags?"

"They're in a hotel nearby."

"Let's get your things then ‘cause you're staying with me."

"Wouldn't it be better to wait for the test result?"

"No, you are 15 years old and you won’t be alone in a foreign country."

"I don't want to mess up your life. I saw your ring, I know you're married, I imagine you have kids... It's best not to bring this problem to your wife until we know the truth."

"You don't know my wife... She won't mind. She's so kind. She's pregnant now with twins. I had a baby girl recently, and from my first marriage, I have a boy. I feel like I missed so much of yours.”, ele olhou para cima tentando se segurar mais uma vez. “But... But time will pay off. The more I look at you, the more I feel that you are my daughter."

A verdade era que ela se sentia do mesmo jeito.

"What is your name?"

"Zendaya."

“Zendaya”, ele repetiu. "Are you hungry, Zendaya?"

"A little."

"Then let's have lunch and then let's get your things."

domingo, 5 de setembro de 2021

Precisamos falar sobre...

Bella estava lavando a mão quando viu Zoe sair de uma das cabines do banheiro. O olhar das duas se cruzaram pelo espelho, o que fez a morena abaixar os olhos logo em seguida. Por algum motivo, aquilo a deixava sem graça. 

“Oi.”, Zoe falou enquanto lavava aos mãos. 

“Oi.”, Bella respondeu timidamente ao mesmo tempo em que secava as mãos. 

“Olha, não precisa ser esquisito, sabe? A gente se falando.”, a última namorada de Edward falou enquanto a outra jogava o papel no lixo.

“Eu não acho estranho. Na verdade, eu não acho nem um pouco estranho. É que eu só sou tímida mesmo.”

“Ah, sim, já ouvi falar disso.” A reação de Bella fez Zoe se precipitar para continuar “Não do Edward, claro.”

“Não foi isso.”, Bella jogou o cabelo para trás com a testa franzida. “Eu sei que ele não falaria de mim. É só que é um fato conhecido que eu sou tímida mesmo, se é que as pessoas me chamam assim.”

“Como assim?”

“Não sei se as pessoas me chamam de tímida ou de estranha.”

“Relaxa! As pessoas também me acham estranha.”

“Sério?”

“Ah, vai dizer que você não sabia?”, Zoe perguntou cética.

“Eu sou meio alienada com o que acontece na escola. Eu to parando até de ler o blog.”

“Jura? Mas que mente elevada.”

“É que eu percebi que eu não ligo pro que acontece com as pessoas que eles falam. Se fosse sobre as pessoas da minha sala, seria outra coisa.”

“Ultimamente tem saído algumas do Edward.”

“Com a Cheryl? To sabendo... Carlisle analisou algumas.”

“E você não se importa?”

“Acho que não. Quer dizer, eu to esperando a Katie entrar na rodinha, aí vai ficar legal de acompanhar.”, Zoe riu. “E você? Te incomoda ler notícias sobre o seu ex com outra?”

“Pra ser bem sincera, se eu pudesse, eu nunca teria namorado o Edward.”

“Por quê? Ele te magoou muito?”, Bella perguntou surpresa.

“Não, não. Nem é por ele. Foi mais pelos outros.”, Zoe olhou para baixo ao dizer a última frase.

“Sabe, o Edward não é muito bem quisto na escola. As pessoas adoram zoar ele de alguma coisa. Acabou que esbarrou em você também.”, Bella segurou gentilmente o braço de Zoe.

“Mas esbarrar na Cheryl não esbarra, né?”

“É que a Cheryl é muito popular, tem muitos amigos.”

“É popular e tem muitos amigos pra não ser zoada por estar com o Edward, inclusive pelo grupo de amigos dele, mas não é popular e não tem muitos amigos suficientes pra dizerem bem feito por ela ter sido estuprada. Eu sei que você ta tentando não me deixar triste ou qualquer coisa, mas isso tem nome e nós sabemos muito bem qual, só que eu sou forte o suficiente pra lidar com isso. Espero que a Cheryl também seja pra lidar com tanta m**da que estão falando. No final do dia, prefiro estar literalmente na minha pele do que na dela.”

“Eu não sei nem o que dizer. Não sabia que as coisas estavam nesse nível, de verdade. As pessoas desse colégio são umas das piores que eu conheço da vida.”

“Relaxa, eu to bem, sério. To esperando as pessoas se esquecerem. Elas já até tinham se esquecido, mas a vida amorosa agitada do Edward me trouxe pra cena de novo. Espero que ele se resolva logo com a Cheryl.”

“Ele tentou falar com você?”

“Recentemente? Não. Uma vez, eu senti que ele ia falar, mas desistiu. Prefiro que não fale. Não tem nem o que dizer numa situação dessas. Prefiro deixar quieto e esperar morrer.”

“Você ficou chateada com ele?”

“Não. Eu não culpo ele. Eu só queria que ele não tivesse tentado se ‘curar' comigo, entende? No final, ele saiu ganhando com todos, porque eu fui a última namorada dele e nosso namoro foi recente, mas eu saí perdendo, não sei. Eu só sei que aquele grupo dele é muito tóxico. Acho que a Natália... Eu fiquei sabendo de algumas coisas. Sei lá. Nem sei se são verdade. Enfim!”

“Olha, eu juro que não quero defender ele, de verdade. Eu só acho que se ele escolheu você é porque ele realmente viu algo em você que despertou o interesse dele. Pra ele querer te namorar, ele  realmente gostava de você, mesmo que haja pessoas que não acreditem nisso. Você é linda e gentil, então não é nem difícil entender o que ele viu em você. O Edward faz o que quer e ele não é de fingir algo que não sente. Eu imagino que deve ser horrível o que você ta ouvindo e se você precisar de alguém pra desabafar mais, eu to aqui, ok?”, Bella apertou a mão de Zoe, que apertou a dela de volta.

“Muito obrigada! É bom saber que existem pessoas legais no colégio. E que o Edward namorou com, pelo menos, duas delas. Menino de sorte.”

“Sim.”, Bella riu.

“Você tem namorado?”

“Tenho.”

“Então ele também tem muita sorte.”

“Valeu!”, Bella sorriu timidamente. 

“Te vejo pelo colégio então!”

“Você ta voltando pra sua sala?”

“To!”

“Então vamos juntas!”

“Ok!”, Zoe sorriu e cruzou os braços com o de Bella. “Então me diga, quem é o seu namorado e como vocês se conheceram?”

“Então, é o Chris e a gente...”