quarta-feira, 20 de novembro de 2019

And breathe me

Era o aniversário de 15 anos de casados do casal Mark e Ceelia. Para comemorar o marco, os aniversariantes receberam os amigos num salão de um hotel cinco estrelas na Lagoa. Tudo estava perfeitamente organizado e impecável, com os mais lindos ornamentos no tom marsala.

Bradley estava vestindo um terno valentino na cor cinza escuro. Ele estava extremamente elegante, e um verdadeiro colírio para os olhos das solteiras e divorciadas do local. O professor distribuía seu charme para todos que chegavam nele para bater um papo. Ele estava gostando de toda aquela atenção e era bom saber que mesmo depois de de anos ele não perdera seu encanto.

Do outro lado do salão se encontrava Jessica. Ela havia ponderado bastante se iria ou não para aquela festa, pois sabia que seria perguntada sobre o casamento, e esse era o assunto do qual ela mais queria distância.

Ela não estava em seus melhores dias, o quase casamento, destruído pela traição de Júlio, detonou com toda a sua autoestima e esperança de um final feliz.

Na festa, as perguntas sobre o casamento foram quase inevitáveis, e suas respostas foram as mais simples possíveis, omitindo com veemência a traição do ex.

De longe, ela conseguia ver Bradley, ele estava de tirar o fôlego. Sempre que se dava conta, ela estava fitando-o de novo.

Ela via como as mulheres se atiravam para ele, e uma onda de ciúmes e possessividade tomava conta da advogada.

Em um determinado momento da festa, Bradley foi para a sacada, levando consigo, uma taça de espumante.

Aquela era a primeira vez que Bradley se encontrava sozinho a festa toda, e uma necessidade de ir até ele tomou conta da ruiva.

Ela pediu licença aos colegas e andou em direção à sacada. Bradley estava com os braços sobre o parapeito da sacada, observando a paisagem de modo pensativo. Jessica tirou alguns minutos para admirar a vista, mais especificamente, admirar Bradley. Era difícil de acreditar que ele já tinha sido seu, principalmente agora que ele estava mais distante do que nunca.

Um garçom ao passar por ela, esbarrou a bandeja nela, sem querer. O barulho da bandeja e do pedido de desculpas do garçom, fez o professor olhar para trás.

"Jessica, oi!" Ele abriu um sorriso genuíno ao vê-la.

"Oi." A ruiva disse timidamente da entrada.

"Eu nem vi você chegando."

"Eu cheguei faz algum tempo. Eu ia falar com você, mas você parecia muito ocupado com todas aquelas pessoas." Ela saiu da entrada. "Como você tá?" A ruiva perguntou cordialmente.

"Bem. Cheio de trabalho ultimamente, mas nada que eu possa reclamar. E você?"

"Bem também, e feliz pelo Mark e a Ceelia." Jessica deu seu melhor sorriso para reforçar a ideia de que estava feliz.

"Eu também. Em meio de tantos divórcios, é bom ver um casal que realmente deu certo."

"É sim." A ruiva concordou.

"Parece que eu não te vejo há séculos!" Bradley olhou a ex-mulher, como se para notar se havia alguma mudança física nela.

"É que você sumiu. Ta bem difícil falar com você ultimamente." O tom de Jessica não era acusador, mas mostrava um pouco de decepção.

"É como eu disse, eu to meio atolado com trabalho." O professor explicou. Ele colocou a taça de lado e se aproximou da ruiva. "Eu não te cumprimentei ainda." Ele, então, a abraçou.

Assim que os corpos se encontraram as narinas de Jessica foram inundadas pelo cheiro de Bradley. Ele não usava mais o mesmo perfume de quando eles eram casados, mas mesmo com a troca de colônia, a sua essência continuava intacta. Ela estava tão absorta nas sensações de estar novamente nos braços de Bradley que nem percebeu quando o professor os recolheu, ela então, se afastou meio sem graça.

"Você tem planos pro final de ano?" Bradley tentou criar conversa.

"Honestamente, eu não tenho nem planos pra amanhã. Eu to tentando viver um dia de cada vez."
Agora que Bradley reparou que a ex parecia exausta, como se não dormisse há dias.

"Eu te entendo. O que você passou não foi fácil." Bradley envolveu a mão dela nas suas, tentando mostrar empatia. Teve um momento que ele não conseguia ter esse tipo de contato com ela, mas a ausência da aliança do Júlio, tornava tudo mais lícito.
Jessica removeu sua mão rapidamente do aperto do professor.

"A vista daqui é linda." Ela mudou de assunto, e foi até o parapeito da sacada para contemplar mais de perto a paisagem.

"É realmente linda." Bradley chegou por detrás dela, dividindo a mesma visão com a ex-mulher.

"Eu ficaria o dia inteiro aqui olhando pra essa vista. A praia desse ângulo é algo surreal. Parece até que a gente tá mais perto de Deus." Jessica disse maravilhada.

"Lembrando que aqueles que moram na favela também estão perto de Deus, mesmo que a vista seja um pouco mais feia." Bradley brincou.

"Não começa." A ruiva revirou os olhos e riu.

"Não fui eu quem excluiu mais da metade da população brasileira do calor de Deus." Bradley olhou para ela de lado, e ela bateu nele com o cotovelo de brincadeira.

"Eu senti sua falta." Jessica revelou.

"Eu nem sumi por tanto tempo."

"Você tem razão. Eu é que to meio carente."

Bradley notou tristeza na voz da ruiva. Ele ponderou se havia sido insensível na sua resposta, afinal, ela havia admitido sentir sua falta e ele meio que banalizou.

"Eu tenho sentido sua falta por tanto tempo que eu acho que acabei me acostumando." Ele admitiu. "Mas eu também sinto a sua." Bradley virou o rosto para olhar para a ruiva.

Jessica, num movimento súbito e impensado, se aproximou para beijá-lo, porém o professor se afastou.


"Desculpa, eu não devia... desculpa." Jessica não sabia o que falar, apenas que estava morrendo de vergonha e que queria sair daquela festa o mais rápido possível.

"Jess, não foi nada! É que eu esqueci de mencionar que eu to saindo com alguém." Bradley confessou sem jeito, pegando a ruiva de surpresa.

"Ah, sério? Parabéns." Ela tentou dar o seu melhor sorriso falso.

"Não é nada sério ainda, mas eu não acho legal ficar com outras mulheres enquanto a gente ta saindo." O professor explicou, tentando contornar a situação.

"Claro, eu entendo perfeitamente." Aquela situação toda, fazia a simples tarefa de olhar pra Bradley, algo quase impossível. "Eu acho melhor eu voltar lá pra dentro. Boa noite."

Quando ela virou para sair de lá, Bradley a puxou de volta pelo braço.

"Ta tudo bem entre a gente?" Ele segurou sua mão e fechou seus dedos na sua, seus olhos indicando súplica.

"Sim, por que não estaria?" A advogada tentou fazer com que a pergunta dele fosse boba.

Ela tentou puxar a mão, porém o professor segurou-a com mais firmeza.

"Eu realmente tenho que ir." Ela tentou mais uma vez.

"Você se machucou?" Bradley olhou para o braço da ruiva que estava com algumas cicatrizes já bem claras na parte interna.

"Foi." Ela puxou novamente o braço, dessa vez com mais força, conseguindo desvencilhar-se do aperto do ex.

"Eu não acredito em você." Bradley falou sério.

"Que pena, porque é a verdade." Jessica retrucou friamente.

"Você e eu sabemos que não é. Eu não quero mais você morando sozinha." Bradley falou autoritário.

"E eu vou morar aonde? Eu não tenho ninguém! Além do mais, você não manda em mim." Ela falou com raiva.

"Você tem a mim!" Bradley quase gritou essa parte.

"Você? Eu mal te vejo ultimamente." Ela deu uma risada sarcástica.

"Vem morar comigo." Seu pedido saiu numa voz bastante grave.

As feições do rosto de Jessica suavizaram e sua guarda abaixou.

"Obrigada pela preocupação, mas eu to bem, de verdade! Isso foi só um momento estúpido onde eu não tava me sentindo muito bem. Agora eu to bem melhor, eu juro." Dessa vez foi a vez dela de segurar a mão dele, de forma a reforçar que estava dizendo a verdade.

"Melhor até quando? Jessica, eu não posso viver assim."

"Eu sei. Desculpa." A ruiva olhou para baixo se sentindo culpada e envergonhada.

"Ei, a gente vai resolver isso... juntos." Ele levantou o rosto dela com o dedo, balançando o queixo de forma carinhosa.

Ela assentiu.

Ele depois a envolveu num abraço demorado e beijou o topo da sua cabeça.

Até o fim da festa Bradley não saiu mais do lado da ex-mulher, ganhando muitos olhares desconfiados dos convidados. Jessica, por sua vez, estava se sentindo um fardo (Hello, Andrew 👋), porém aceitou a companhia do professor, pois sentiu que não estava em posição para contestar.

sábado, 9 de novembro de 2019

Happy Red-day!

E lá estava ela, sentada num banco de uma praça, não tão longe de casa, observando os pombos se movimentando e incomodando alguns pedestres. Se sentindo cansada e esgotada de tantas lágrimas que derramara naquela manhã.

A manhã de seu aniversário trazia consigo lágrimas e um vazio ainda maior que o normal. Seus pais fizeram uma ligação via skype a milhares de quilômetros de distância para lhe desejar parabéns.

De que valiam aquelas felicitações à distância, se ela não podia sentir o carinho e o calor das pessoas que ela mais amava no mundo?

Fora patético, mas ver os dois dentro de uma tela não grande o suficiente para poder se enxergar os detalhes de seus rostos, fez a menina começar a chorar. Lágrimas de extrema saudade que sentia de seus pais.

"Por que vocês tão demorando tanto pra voltar? Não me interessa comemorar nada sem vocês!" Emma disse num tom acusador que encheu o coração de seus pais de culpa e também um certo tipo de orgulho.

"Calma minha filha, a gente vai voltar pra casa o mais rápido possível. Só precisamos resolver uns assuntos finais. Agora, fecha os olhos e respira." Comandou seu pai, preocupado que sua filha fosse engasgar com as próprias lágrimas.

Emma obedeceu e logo abriu os olhos e tornou a fitá-los.

"Não deixe que a nossa ausência estrague seu dia, está bem, minha aurora?" Seu pai a chamava assim como referência aos seus cabelos naturalmente loiros que lembravam o reluzir do sol e a semelhança física que ela tinha com a princesa da Disney.

"Como se isso fosse fácil." Emma pensou de volta a realidade.



Voltando do mercado, Ed confiria se havia comprado tudo que estava na lista de compras. "Ovos - check, farinha - check, óleo - check, açúcar mascavo - check."

Ao atravessar a rua que dava em frente a pracinha ele avistou Emma, sentada no banco sozinha com um caderno na mão rabiscando alguma coisa concentrada. Ele não tinha intimidade nenhuma com ela, mas tinha recebido uma notificação do xiglute sobre seu aniversário, e indagou o que estaria ela, fazendo naquela praça sozinha. De alguma forma, ele achou sensato ir até ela e desejar feliz aniversário. Não custava nada e ela poderia apreciar o gesto.
O ruivo se aproximou um pouco sem jeito e acanhado.

"Oi, Emma."

Emma levantou seu olhar do caderno para o garoto sardento à sua frente. (Não que ela fosse menos diferente).

"Oi." Ela respondeu com a voz mais rouca que o normal, resultado da intensa crise de choro que tivera naquela manhã.

"É seu aniversário hoje, não é? Parabéns." Ed abriu os braços e ficou esperando ela se aproximar. Emma, finalmente entendeu a dica e colocou o caderno do lado e se levantou para receber seu abraço de aniversário. Ed cheirava a pantene, não era um cheiro ruim, só achava engraçado um homem que tinha esse cheiro.

O término do abraço foi tão awkward quanto o início do mesmo.

"E o que você ta fazendo sozinha?" Ed perguntou curioso, depositando as mãos no bolso da calça.

"Eu resolvi sair pra pegar um ar. Respirar um pouco, você sabe como o meu dindo é, ele pode ser um pouco sufocante." Emma se explicou, colocando as mãos sobre a testa para proteger os olhos da claridade do sol que vinha por trás de Ed.

"Eu imagino já a cena." Ele imaginou o tratamento de Bradley com a menina no aniversário e riu.

"É por aí mesmo que você deve ter imaginado." Emma também riu, porque apesar de sufocante, o gesto era fofo e realmente engraçado.

"E o que você tava desenhando? O lago?" Ele sabia que não era da sua conta, mas small talks não era seu forte.

Emma o olhou confusa, então Ed apontou para o lápis e o caderno que ainda estavam no banco. Ela olhou pra trás seguindo a direção de seu dedo, e entendeu ao que ele estava se referindo.

"Ah. Eu não estava desenhando. Quer dizer, mais ou menos. Eu tava traçando a estrutura química da Cobalamina."

Ed a olhou como se ela tivesse falado mandarim.



"Vitamina B12." Emma explicou.

"E por que você tava desenhando a fórmula da Cola..."

"Cobalamina" Emma o corrigiu, achando um pouco de graça.

"Isso."

"Porque é uma das minhas estruturas preferidas, eu amo as ligações triplas do carbono com o sulfato de nitrogênio e as pontes de oxigênio que ela tem na ramificação final. É a estrutura preferida do meu pai também."  Emma disse a última parte com certo pesar.

"Está tudo bem?" Ed perguntou sentindo que havia algo de errado com a menina.

"Sim, só com um pouco de saudade." Emma coçou levemente o nariz com as costas do dedo.

"Seus pais não estão aqui." Ed disse como finalmente tivesse se dando conta daquilo.

"Hun, hun." Emma balançou a cabeça. "Eles disseram que vão voltar em janeiro, então, nada deles no meu aniversário ou no natal." Emma falou sarcasticamente.

"Mas pelo menos você tem seus padrinhos." Ed tentou contornar a situação.

"É o que todo mundo diz. Eu amo eles, mas não são meus pais. De qualquer forma, eu não sei porque eu ainda coloco tanta expectativa neles, eu claramente não sou tão importante." Emma desabafou, a vida inteira, ela havia trocado pouquíssimas palavras com Ed, mas naquele momento, o ruivo parecia ser a pessoa perfeita para depositar suas frustrações.

"Impossível." Ed negou abrindo um sorriso amigável.

"Como?"

"Emma, você é a pessoa mais amada que eu conheço. É impossível que alguém não te ame, principalmente os seus pais." Ed explicou.



Emma o observou, instigada.

"O que foi?" Ed perguntou confuso e meio intimidado com o olhar da outra ruiva.

"Nada. O que é isso?" Emma perguntou se referindo ao saco de compras que ele estava segurando.

"Ah, isso? São umas coisas que minha mãe mandou comprar. Acontece que hoje não é só o seu aniversário, mas também o da minha tia, e minha mãe vai fazer cupcake de amêndoas com cobertura de butter cream pra festa." Ed explicou.

"Humm parece delicioso... Eu devo ta te atrasando, é melhor você voltar logo com as compras."

Ed olhou para o relógio e confirmou o que Emma falara.

"É, é melhor eu ir mesmo." O ruivo concordou.

"Deseja parabéns à sua tia por mim, quer dizer, é melhor não, ela nem sabe quem eu sou." Emma se corrigiu.

"Eu vou mandar o seu parabéns, e vou dizer que uma amiga desejou." Ed disse sensatamente.

"Ok." Emma concordou.

"É melhor você ir pra casa também. Não vai querer perder horas preciosas do seu aniversário nessa praça."

"Tem razão." Emma pegou o caderno e o lápis do banco e colocou dentro da sua bolsa. "Meu dindo vai me matar quando eu voltar, eu não avisei que ia sair."

"Você quer que eu te acompanhe e diga que foi minha culpa?" Ed não sabe poque ofereceu aquilo, quando ele percebeu já tinha saído da boca dele.

"Não precisa, eu me entendo com ele depois. E você também tem que ir pra casa, pra sua mãe poder começar a fazer os cupcakes."

"Verdade. Então, até segunda." Ed deu outro abraço na aniversariante.

"Até." Ela respondeu ao desvencilhar-se do ruivo.



Segunda-feira, na escola, Ed levou um cupcake que sua mãe tinha feito para Emma.





domingo, 1 de setembro de 2019

Replacement

O que ele mais temia havia chegado na sua casa como uma tempestade num dia até então perfeito de verão. Um envelope com uma fita em dourado o convidava para seu mais obscuro pesadelo.

" Júlio César Maidden Hardy 
   &
  Jessica Michele Chastain

Convidam para a cerimônia de casamento a realizar-se dia
                                                 06/01/2020"

Como ela conseguia seguir adiante com a ideia de casar com outro homem? Como ela podia ser mulher de outro quando ela pertencia a ele? Afinal, eles juraram diante de Deus e mais 300 pessoas que iriam se amar e cuidar um do outro até a morte. 
Aquele convite era a confirmação que para ela, seus votos foram meras palavras ditas ao vento sem o menor valor. Uma facada no estômago doeria menos do que ver sua mulher se casando com outro.
O convite continha outros cinco individuais, um para ele mesmo e os outros para Emma, Brian, Andréia e Bryce.
Sem pensar duas vezes, Bradley rasgou aquele papel maldito em mil pedacinhos. Ele não ia comparecer àquele teatro e muito menos o seu filho.
Depois Bradley pegou as chaves do carro, checou se as crianças estavam dormindo e dirigiu até a casa da pessoa que ele acreditava que ajudaria a amenizar a dor que estava sentindo.

O professor estacionou na esquina da casa dela. Ele tirou o celular do bolso e discou seu número, ignorando o fato de ser mais de 2 horas da manhã. 

"Alô." Respondeu uma voz com sono. 

"Oi. Hãã, desculpa te acordar, mas é que eu preciso falar com você." Bradley falou meio enrolado. 

"Ta tudo bem?" A pessoa respondeu demonstrando preocupação na voz além do cansaço. 

"Mais ou menos, eu posso te ver?" O professor perguntou ansioso. 

"Como assim me ver? Ta tarde Bradley." Ela olhou o relógio para confirmar o que havia dito.

"Vai ser um segundo, eu to em frente à sua casa." Bradley explicou. 

"O quê? Você ta louco?" Ela tentou controlar a voz e foi até a janela, confirmando a presença do professor ali. 

Ele acenou quando viu a figura dela na janela. 

"Desce logo." Bradley disse impaciente pelo telefone. 

"Eu te odeio." Ela desligou o telefone. Depois colocou um casaco e saiu. 

Bradley estava com cara de enterro e com os olhos vermelhos. 

"Você ta bem?" Ela perguntou preocupada. 

Bradley abraçou a menina deixando a cabeça cair em seu ombro. 

"Não." Ele respondeu com as primeiras lágrimas deixando seus olhos. 

"O que aconteceu?" Ela perguntou confusa. 

"Ela vai se casar com outro." Ele disse sem vida. 

"E qual a novidade?"

"Eu acabei de receber o convite." Bradley explicou. 

"Oh. Você sabia que isso ia acontecer." Ela falou calma, ainda com o professor nos braços. 

"Não que ia doer tanto.... Eu amo ela." Ele admitiu. 

"Eu sei." Jennifer compreensiva. 

Bradley tirou a cabeça do ombro da Jennifer e finalmente olhou para ela. Em seguida ele segurou o rosto dela e a beijou. 
A menina apesar de surpresa retribuiu o beijo do professor. Eles se beijaram até que o beijo naturalmente chegou ao seu final. 

"Eu vou voltar pra dentro." Jennifer informou quando os lábios se partiram. 

"Não. Fica mais um pouco. Eu preciso de você." Bradley alisou o braço dela. 

"Eu já dormi tarde estudando pra prova que eu vou ter amanhã, se eu não voltar agora, eu vou acabar dormindo na prova."

"Eu posso desmarcar essa prova. É de quê?" Bradley tentou barganhar. 

"Não, Bradley. Eu estudei e quero fazer a prova. Eu sinto muito que a sua ex-mulher vai se casar com outro. Mas você não pode aparecer na minha casa de madrugada esperando que eu largue tudo porque você não consegue lidar com isso. Desculpa, mas você ta querendo demais."

"Eu sei, desculpa." Bradley concordou envergonhado." 

Jennifer o olhou meio culpada. "Amanhã a gente conversa, o que acha?" Jennifer disse menos ríspida do que antes. 

"Ok." Bradley aceitou se sentindo derrotado. 

"Daqui direto pra casa." Ela o advertiu. Depois de um beijo no rosto dele e foi para dentro. 

quinta-feira, 8 de agosto de 2019

Baby, come back to me

Joe e Margot estavam dando uns amassos no sofá da casa dele, quando a campainha tocou.

"Deve ser a pizza."

"O que eu quero comer é outra coisa.", disse Margot com um sorriso malicioso.


Ele sorriu de volta um pouco sem graça e foi atender a porta. Para a sua surpresa, era Taylor com lágrimas nos olhos.

"Volta pra mim, por favor. Eu preciso de você."

Ele olhou assustado para ela, depois olhou para trás e gritou:

"Já volto!"

Joe fechou a porta atrás dele e perguntou preocupado:

"O que houve? Aconteceu alguma coisa?"

"Meu tio. Ele ta doente...", ela mal conseguiu responder.

"Taylor... Eu não sei o que dizer."

Os dois se abraçaram e ela disse de olhos fechados:

"Eu preciso de você, Joe. Eu não vou conseguir enfrentar isso sozinha. Eu não queria fazer isso. Você sabe que eu sou muito orgulhosa. Mas acontece que eu te amo mais do que o meu próprio orgulho."

"Taylor..." Ele desfez o abraço e colocou as mãos no ombro dela, "eu nunca te trai, você precisa acreditar em mim. Eu nunca beijei a Margot enquanto eu estava com você."

"Eu não sei.", Taylor olhou para baixo.

"Você sabe, Taylor. Você sabe. Eu nunca faria isso com você."

"Então volta pra mim."


Ele olhou para ela indeciso. Taylor tinha os seus defeitos, claro, mas era uma mulher incrível. Carinhosa, sempre presente, não importava a situação, fofa, engraçada, sexy. Ele secou uma lágrima do rosto dela e disse triste:

"Eu não posso."

"Eu não acredito que você vai jogar tudo o que a gente teve por causa da Margot. Ela nem gosta de você. Ela só queria um homem, não importa qual fosse. Como o Wade não quis, ela foi pra cima de você."

"Não fala assim dela."

"Eu falo dessa piranha como eu quiser! Ela roubou você de mim!"

"Taylor, olha pra mim. Olha pra mim. Eu realmente sinto muito sobre o seu tio e no que você precisar, eu estarei aqui por você, de verdade, mas dessa vez como amigo. Não importa o término, nem nada. O carinho e o amor que eu sinto por você são o mesmo."

"Eu não acredito que eu vim aqui fazer papel de boba de novo. Seja feliz com a Margot. Espero que ela te faça feliz."

"Taylor, não vai embora assim. Por favor!"

Mas Taylor foi. Ele a viu desaparecer e, então, entrou em casa. Margot, que havia visto toda aquela cena patética por detrás das cortinas, correu rapidamente para o sofá e fingiu que estava no celular.

"O que foi? Quem era?"

"Era a Taylor."

"E o que ela queria?"

"Ela pediu pra gente voltar. Disse que o tio ta doente.", respondeu Joe, que sabia que Margot havia espiado tudo.

"Nossa, o tio dela ta doente e ela vem fazer chantagem emocional pra você voltar com ela? Gente, a Taylor é perturbada."

"Acho que ela ta se sentindo sozinha. Não é fácil lidar com doença na família.", o loiro falou soturno. 

"Bem, de qualquer forma, a Taylor é muito dramática. Ela sabe fazer uma cena."

"O tio dela ta doente, Margot!"

"Eu sei! Mas o que você pode fazer?"

Ele ficou quieto e sentou. A verdade é que ele ainda se preocupava com Taylor e a achava muito frágil para lidar com todas essas coisas sozinha. Margot, então, se sentou no colo dele, virada para ele.

"Desculpa! Eu não quero parecer insensível, mas é que acabou que eu escutei tudo e achei que ela jogou muito sujo falando do Wade. Não foi nada daquilo que ela disse. Você sabe que eu só tenho olhos pra você.", a loira falou, fazendo carinho no cabelo do namorado.


"Eu sei!", ele botou os braços em volta da cintura de Margot.

Os dois, então, começaram a se beijar carinhosamente, enquanto, não muito longe dali, vagava uma Taylor solitária e chorosa pela noite. 

Até que a morte nos separe


Antonella acordou atordoada. Ela olhou o relógio. Já eram 3h da manhã. Meu Deus, ela havia dormido muito. O que aconteceu com as crianças? E a Joy? Ela desceu rapidamente as escadas e deu de cara com uma figura de costas, sentada no sofá, assistindo tv e dando de mamar para o seu bebê. Ela conhecia bem aquela figura mesmo de costas. Era Andrew. Ela esfregou os olhos para ver se estava enxergando bem. Andrew continua lá, sem se dar conta da presença dela. Ele resmungava bem baixinho para o nenê, inconformado de que Michael havia ganhado uma rosa de Lorene. Antonella, tentando entender tudo aquilo, se lembrou, de repente, de que realmente o ex-marido estava lá. John havia viajado à negócios, deixando ela sozinha com as crianças. Não tinha ninguém para ajudá-la. Sua irmã e cunhada já haviam voltado para a Itália e Reino Unido, respectivamente. Ela estava virada praticamente por duas noites, pois Joy ficava acordada a madrugada inteira e quando finalmente a menina dormia lá pelas 6h da manhã, Asa e Crystall estavam prestes a se levantarem. Vendo que a mãe não estava conseguindo dar conta de tudo aquilo sozinha, depois do ataque que ela deu no café da manhã com os dois, só porque ela pisou numa peça de lego no corredor, Asa decidiu chamar o pai para ajudar nas coisas. Ao chegar, Andrew encontrou Antonella meio acordada, meio dormindo, secando os pratos. Ele direcionou ela para cama, que o seguiu sem reclamar, e desde então, passou o resto do dia lá, repondo as energias.
Depois de colocá-la na cama, Andrew assumiu todas as tarefas da casa, além de ter uma conversa com as duas crianças sobre a importância delas começarem a ajudar a mãe em algumas atividades do lar, já que a mesma estava muito sobrecarregada. Ele fez as compras, preparou almoço, lanche e jantar, arrumou a bagunça da casa junto com Asa e Crystall, brincou com eles, ajudou nas lições escolares, como pode, e às 18h começou a cuidar também de Joy, que acordou. Enquanto isso, Antonella dormia pesadamente, sem acordar com um barulho sequer. 
Embora tudo isso pudesse ser deduzido só pelo horário, Antonella não refletia em nada daquilo. Ela só olhava aquela cena: seu ex-marido segurando a filha que ela teve com outro, alimentando aquela menina, brincando com ela. Parecia que o tempo tinha voltado uns 8 anos. Ela já havia encontrado ele naquela mesma situação, só que com Asa, filho dele. Ela ficou paralisada olhando tudo aquilo não se sabe por quanto tempo.

quinta-feira, 4 de julho de 2019

Tell me the truth

Bradley e Jessica estavam no cartório resolvendo algumas pendências que foram deixadas sobre o divórcio.

"Com licença doutora, a senhora se importa em aguardar alguns minutos até a chegada do senhor Magnum?" A estagiária perguntou se sentindo intimidada pela presença dos dois.

"Eu aguardo até 10, caso ele não chegue a tempo, a gente deixa pra outro dia."

Jessica odiava quando as pessoas não chegavam no horário porque ela sempre dava seu máximo para comparecer aos eventos em ponto e ela esperava o mesmo das pessoas.

"Sim senhora." A estagiária sorriu sem graça e voltou para detrás do balcão.

"Inacreditável." Jessica reclamou com raiva.

"Calma Jess, eu honestamente não tenho nada pra fazer depois daqui." Bradley disse relaxado. Ele cruzou a perna e esticou o braço na cadeira ao lado, onde estava sentada sua ex.

"Você talvez, mas eu to cheia de trabalho me esperando em casa." Jessica olhou novamente o relógio.

Bradley não respondeu. Ele não gostava quando a ex-mulher falava como se ela fosse a única com um trabalho importante.

"Eu também quero passar na casa da Viviane. Ver se ela ta precisando de alguma coisa." A ruiva disse, dessa vez com a guarda mais baixa.

"Você quer que eu vá junto?" O professor ofereceu.

"Eu não sei se ela vai gostar que eu apareça com um estranho."

"Eu não sou um estranho."

"Pra ela você é."

"Tá bom, faça como quiser." Bradley respondeu apático.

"Obrigada ainda assim." Jessica disse sinceramente.

"Aham."

Os dois ficaram em silêncio. Bradley olhou em volta e percebeu alguns olhares sobre eles. Isso já era comum pra ele, geralmente quando os dois estavam juntos, eles despertavam esse tipo de atenção. Ele sempre se sentia meio overdressed nessas ocasiões.

"O que aconteceu naquele dia com o Andrew?" A ruiva disparou do nada, tirando Bradley de seus devaneios sobre vestimenta.

"O quê? Como assim?" O professor perguntou meio perdido.

"O que ele disse que eu não posso falar com ele?"

O rosto da ruiva era de alguém genuinamente cheia de dúvidas. "Eu to perguntando porque eu não consigo entender. A gente tava se dando bem. O que ele falou de tão ruim?"

"Não importa Jess, já passou." Bradley tentou dar um fim no assunto.

"Você pode não ter reparado, mas a gente tava próximo. Você não precisa me proteger, eu posso lidar com o que seja lá o que for." Jessica insistiu.

"Eu ainda acho melhor não." Bradley disse na esperança de que a ex deixasse o assunto.

"Eu preciso saber, Bradley!" Jessica disse já impaciente.

"Ta bom!" Bradley sabia que a ruiva não ia mais deixar passar. "Naquele dia, quando o Júlio falou aquelas coisas, péssimas de se dizer aliás, a Elizabeth sugeriu ao Andrew que ele ficasse com você pra você não ficar mais com o Júlio. Aí o Andrew disse que não queria um fardo na vida dele." O professor falou a última parte temoroso.

"Ah." Foi tudo o que a ruiva conseguiu fazer falar.

"Eu quis te proteger." Bradley se justificou.

Jessica segurou seus braços com força, "obrigada." Ela forçou um sorriso.

"Acho que já deu os 10 minutos, vamos embora?" Bradley perguntou se levantando.

"Ok."

"Eu vou falar com aquela menina que voltamos outro dia." Bradley avisou e Jessica concordou.

terça-feira, 25 de junho de 2019

Desabafos da madrugada

Eram mais de duas horas da manhã, Jessica não conseguia mais dormir. Seu noivo tinha comunicado que eles iriam embora assim que amanhecesse, pelas 6h. Ela não queria passar a noite lá, mas preferiu evitar uma discussão desnecessária.

No meio da noite, ela seguiu até o Hall secundário. O cômodo estava escuro, sendo iluminado apenas por velas. Ela sentou no tapete de frente a mesinha e encostou as costas na poltrona.

Aquele dia refletira basicamente a sua vida toda. A humilhação, o senso de inferioridade e a sensação claustrofóbica que as palavras e olhares alheios lhe causavam.

A ruiva fechou os olhos e respirou fundo, tentando levar sua mente e sua alma para o abismo cujo conforto, do qual tanto precisava, era enfim alcançado.

Jessica estava tão imersa em seu próprio mundo que deixou de escutar os passos que se aproximavam. Foi quando essa pessoa sentou do seu lado, que seu cheiro inconfundível inundou suas narinas e fez com que seus olhos se abrissem.

"Bradley!" Jessica exclamou num sussuro, tentando não se alterar muito por causa do horário.

"Acho que não sou o único com dificuldades pra dormir." Bradley cruzou os braços e as pernas.

"Eu sei que foi ideia sua, mas que m***a de reunião." Jessica falou com um pouco de humor, fazendo seu ex dar uma pequena risada.

"Nem me fala! Da próxima que eu der uma ideia idiota dessas me impeça, por favor." Ele se adireitou no lugar e fechou os olhos, encostando a cabeça na poltrona.

"Seus amigos não gostam de mim." Jessica afirmou.

"Acho que não." Bradley concordou calmamente.

Jessica encarou ele incrédula. Bradley sentia o olhar dela mesmo de olhos fechados. Ele abriu um olho rapidamente para ver sua reação e tentou não rir da cara de brava da sua ex-mulher. "Relaxa aí Jess, nem Jesus Cristo agradou todo mundo."

"Eu sei, é que... sei lá." A ruiva deu de ombros.

"Como tá o Júlio?" O professor perguntou depois de alguns minutos em silêncio.

"Estressado e, meio triste? Ele se sentiu mal interpretado e encurralado." Jessica revelou.

"E você concorda?"

"Com o quê?"

"Que ele foi mal interpretado." Ele explicou.

"Ah! Eu... acho que sim." A ruiva respondeu titubeante.

"Humm.." Bradley murmurou.

"Eu ainda vou me casar com ele." Jessica revelou.

"Eu não esperava nada diferente." Bradley disse calmamente.

"Você ta com raiva?"

"Não."

Os dois ficaram em silêncio por longos minutos.

"Eu acho que você deve investir sério na sua namorada." Jessica quebrou o silêncio.

"E por que você acha isso?" Bradley se virou para olhar para a ex.

"Porque ela é maravilhosa. E você merece alguém assim." Jessica falou quase num sussurro.

"Eu to começando a achar que eu não sou bom o bastante pra ela. E aparentemente outras pessoas também acham." Bradley disse melancolicamente.

"Besteira! Quem disse isso?" Jessica disse incrédula.

"Não importa, mas eu também concordo. Não quero que a Elizabeth perca tempo com quem não vale a pena. Eu me sentiria péssimo com isso." O professor desabafou, a verdade é que ele tinha odiado ouvir muitas coisas naquele dia.

"Mas você vale a pena." Jessica disse sinceramente.

"Obrigado." Bradley agradeceu sem acreditar muito nas palavras da ex.

"Eu não quero mais você saindo com o Andrew." Bradley falou de repente e Jessica o olhou confusa.

"Como?"

"Eu to falando muito sério sobre isso. Mesmo com o Brian, eu não quero mais." O professor disse firme.

"Do nada você me fala isso? Ele falou alguma coisa?" Jessica perguntou ainda mais confusa.

"Você confia em mim?" Bradley perguntou olhando nos seus olhos.

"Não vem ao caso! O que ele disse?" A voz de Jessica aumentou em dois quartos.

"Eu não acho que ele seja uma boa amizade pra você. E não adianta pedir pra eu falar mais nada que eu não vou falar."

"Ok." Jessica respondeu.

"Ok, você não vai perguntar mais nada, ou ok, você não vai sair mais com ele?"

"Eu não vou mais sair com ele, satisfeito?" Jessica disse brava.

"As coisas vão melhorar." Bradley disse num tom de consolo, relaxando novamente a posição.

domingo, 19 de maio de 2019

Mais um baby?


Viemos trazer uma notícia que acabou de sair do forninho. Jessica está esperando um filho com o auxílio de uma barriga de aluguel. Ela fez o processo em segredo com a ajuda de um amigo que ofereceu para ser o doador. Não sabemos o quanto que a barriga de aluguel recebeu para carregar o tão esperado baby da ruiva, porém sabemos que ela está com seis semanas. Abaixo temos a reação do Júlio quando ficou sabendo da notícia.
"Você realmente não vê nenhum futuro comigo?" Júlio perguntou sério.
"Como assim?" Jessica perguntou confusa.
"Porque se você visse, você ia ter me cogitado como o doador. Isso sequer chegou a passar pela sua cabeça, né?" Ele falou ressentido.
"Na verdade, sim. Mas eu não achei justo colocar isso nos seus ombros. Esse é um problema meu. Uma deficiência minha. Eu nem sei se vai dar certo... E eu não acho que você queira mais filhos. E  mesmo se você quisesse, a gente poderia não dar certo como casal e você se arrependesse." Jessica se explicou.
"Aí você aceita os espermas de um homem gay pra ser o pai do seu filho? Você sabe como esses gays são, eles são expansivos. Eles vão querer decidir tudo sobre a criança." Júlio argumentou.
"Honestamente, existindo uma criança eu não ligo. Eu só quero que dê certo. Se depois eu e o Ricco vivermos em pé de guerra por causa da criação, pra mim ta ótimo. Eu só quero que dê certo." A voz da Jessica falhou mas ela tentou manter a compostura.
"Ai, Jess." Ele pegou a ruiva nos braços que começou a chorar. "Vai dar certo." Ele disse firme.

sexta-feira, 17 de maio de 2019

You've been cheating on me and I've been cheating on you


- Eu já te trai, sabia?
Chris, que estava de costas para Samantha pegando uma camiseta no armário, virou surpreso para ela e a viu ajoelhada na cama, segurando a coberta com força. Seu coração batia forte com a revelação, porque ele não imaginava onde isso tudo os levaria.
- Por quê? - Perguntou o professor com a voz grave, depois de um tempo.
- Eu não gostava de você. - Ela disse olhando para baixo.
- E por que quis se casar então? - Ele indagou calmo.
- Porque eu não queria ser mãe solteira.
Chris estava com muita raiva, mas procurou se conter, pois, apesar de tudo, Samantha ainda estava doente. Ele sabia que não era nenhum santo, já que traíra a esposa duas vezes. A diferença é que ele zelava pela casa, por ela e pelos seus filhos e enteados. Ela, ao contrário, só se preocupava com os negócios. 
- Por que você decidiu me contar isso agora?
- Porque eu te amo! - Ela respondeu calmamente.
Outro baque! Essa, definitivamente, não era a resposta que ele estava esperando. Seu coração começou a bater mais rápido novamente. "Putz!", pensou.
- Talvez você esteja confundindo amor com gratidão. - Ponderou Chris.
- Eu sei o que é amor, Chris. Por incrível que possa parecer, eu já amei.


Outro silêncio. Dessa vez, Sam decidiu quebrá-lo.
- Eu entendo que você não sinta o mesmo. De verdade! Eu sei que não sou fácil.
Depois de poucos segundos, reflexivo com tudo o que havia escutado, o professor, enfim, revelou:
- Eu... Eu também já te traí, Samantha. 
Ela abaixou os olhos decepcionada, mas depois olhou para ele e disse calma:
- Eu já imaginava... 
Os dois ficaram quietos de novo, até que ela perguntou:
- Posso saber com quem?
- Foi com uma mãe da aula de natação. 
- Hmmm... Só ela?
- Só!
Se Chris estava convicto de uma coisa, é que ele não contaria sobre a outra.
- Entendo...
- Eu estava me sentindo sozinho.
- Eu sei. Me desculpa!
Chris nunca tinha visto Samantha daquele jeito. Tão impotente, tão vulnerável. Aquilo era muito estranho.
- Você então não gostava de mim, porque gostava de outro?
- Não. Eu não gostava de você, porque eu sabia que você não gostava de mim e isso me deixava irritada. Visivelmente, você se casou obrigado. - Expôs Sam, de maneira não acusatória.
- Então agora a culpa é minha? - Chris se alterou um pouco.
- Não, eu não disse isso. A culpa é minha! Eu te obriguei a se casar comigo.
- E você não tem como saber dos meus sentimentos. Saber que eu nunca gostei de você. Eu nunca disse isso! - Chris cuspiu as palavras, como se estivesse tentando justificar a si mesmo, ignorando o que Samantha havia acabado de dizer.
- Uma mulher sente essas coisas...
- As pessoas se enganam, sabia?
- Eu não!
- Como você tem tanta certeza disso?
- Eu tenho certeza do mesmo jeito que eu tenho certeza que até hoje você não gosta de mim.
- Ah é? E como você sabe disso?
- Você nem me perguntou com quem eu te traí, enquanto o meu primeiro instinto foi perguntar a mulher com quem você dormiu. A gente só sente ciúmes de quem gosta, Christopher.
Chris ficou um pouco envergonhado. Realmente, ele não estava nem aí para quem tinha sido a pessoa. Ele não sentia ciúmes de Sam com outro homem, só se sentia desrespeitado.
- Com quem foi?
- Com o pai das crianças.
Calvin. Essa revelação deveria causar algo nele, mas não causou nada.
- Enquanto a mulher dele estava grávida?
- Sim!
- Puxa... Coitada!
- Bem, os dois também me colocaram chifres. Aliás, ele me trocou para ficar com ela. - Ela se justificou zangada.
- Não devemos pagar o outro com a mesma moeda.
- Eu não sou moralista!
- É, nem eu, para falar a verdade. - Refletiu Chris.
Silêncio. Sam, então, medindo as palavras, perguntou:
- Você vai sair de casa?
Chris pensou. Aquela era uma boa oportunidade para terminar tudo. Ele não gostava de Samantha e sentia falta de sua liberdade. Ainda assim, aquilo não parecia ser certo. Aquela casa precisava dele. Aquela família precisava dele. Aquela família agora era a sua família.
- Não! - Respondeu ele finalmente.
- Ah! - Samantha pareceu respirar. Esboçou um pequeno sorriso, que ela logo fez questão de fazer desaparecer. Ela estava demonstrando mais emoções do que gostaria. 
- Bem - disse Chris colocando a camisa - parece que resolvemos esse problema. - Ele, então, se ajeitou na cama, querendo terminar aquele assunto.
- Parece que sim!
- Vai querer massagem hoje? - Perguntou o professor, se fazendo de sonso, como se nada tivesse acontecido.
- Não. - Ela também se deitou, se ajeitando na cama.
- Ok, então. Boa noite, Samantha!
- Boa noite, Christopher.
Cada um virou a cabeça para um lado. Apesar do peso que havia saído das costas de Sam, ela se sentia muito triste. Chris ficou pensativo. Ele também estava incomodado. Parecia que por mais que tudo estivesse "resolvido", na verdade, eles só jogaram mais poeira para debaixo do tapete. A revelação de Samantha também o incomodara demais. Ela o amava e a verdade é que no momento que ela falou aquilo, ele sabia que não era mentira. Ele virou o corpo, então, na direção dela, a viu encolhida na cama e se perguntou se ela ainda estava acordada. Seu coração pesava e ele sabia que era por causa da culpa que ele sentia por não amá-la e por tê-la traído. Começou a pensar no que ele gostava em Samantha e percebeu que tinha dificuldade de listar. Ele gostava da casa em que morava e, por incrível que pareça, já estava acostumado com a família que ela lhe dera. Ele também gostava de quando ela zelava por Enzo, quando achava que não estava sendo observada. Já a viu cantando a música da tartaruga para ele. Eram momentos muito raros, mas que o deixavam feliz. Com Joanne, ela era um pouco mais fria, porém lembrou de quando ela comprou o DVD do Elton John para a menina, o que deixou a garota doida de felicidade. Ela até assistiu o show junto com a filha e cantarolou algumas canções. Aquilo tinha sido legal, mas, ainda assim, continuavam sendo momentos raros. 
Chris também gostava quando ela o chamava de Christopher. Aquilo demonstrava intimidade. Só pessoas muito próximas a ele se sentiam confortáveis para o chamar assim, o que era quase ninguém. Ser chamado de Christopher lembrava certas situações de sua vida. A escola, a mãe dando bronca, a avó o pegando no flagra fazendo coisa errada... É, era legal, mas fora essas coisas, ele não se lembrava mais de nenhuma. 
Instintivamente, ele se aproximou de Sam e disse perto de seu ouvido:
- Desculpa!
Ele devia isso a ela. Ele também havia errado. Seu coração ficou mais leve, depois de dizer essas palavras. Ela continuou virada de costas. Devia estar dormindo. Ele, então, colocou um dos braços em cima dela e apertando-a frouxamente, fechou os olhos.

sábado, 13 de abril de 2019

Babysitting

Manuela não parava de chorar. Sua irmã estava louca ao escalá-lo para cuidar da bebê. Ele já havia checado a fralda, tentado dar mamadeira mas nada de sua sobrinha/afilhada parar de chorar. Ele já estava sem ideias do que fazer para acalmá-la. Tom sentou no sofá frustrado com a bebê no seu braço. Ele realmente não estava pronto para ser pai, e aquele momento de derrota era a prova disso. Tom pegou o celular e foi checar as mensagens no WhatsApp, ignorando o choro da sobrinha. Ele passou pela última mensagem de sua namorada, Cheryl. Era de 6 horas atrás, na qual ela dizia que estava a caminho de casa. Porque ele não se importou em responder ele não sabia. Ele não sabia ser um bom namorado, na verdade se ele tinha certeza de uma coisa é que ele era péssimo em relacionamentos. Tom percebeu que Cheryl deixou de se importar com a falta de atenção da sua parte. O que era pra ser um alívio, na verdade o chateava, saber que sua namorada aprendeu a se contentar com pouco. Ele sem pensar ligou pra ela. Cheryl atendeu quase no último toque.
"Oi." Cheryl falou como se tivesse sido interrompida no meio de algo.
"Oi. Chegou bem?" Ele perguntou ignorando que ela já havia informado isso horas atrás.
"O quê?" Cheryl encostou o telefone melhor no ouvido. "Sua sobrinha ta com você?"
"Ta. Os berros dela já estão impossíveis de ignorar. A minha irmã deixou ela comigo e honestamente eu não sei mais o que fazer." Tom desabafou.
"Já tentou ligar pra sua irmã?" Cheryl sugeriu.
"Não. Eu não quero estragar a noite dela." Tom descartou a ideia.
"Humm... e a sua..."
"Você pode vir aqui?" Tom interrompeu a morena.
"Tem certeza?" Cheryl perguntou incerta.
"Por que eu não teria?" Tom retrucou confuso.
"Sei lá."
"Então você vai vir?" Tom perguntou já impaciente com a hesitação da menina.
"Vou." Cheryl concordou, por fim.
"Ok, vou deixar avisado aqui embaixo. Pode subir direto." Ele comunicou.
"Ta bom, daqui a pouco eu to aí." E com isso a ligação encerrou.
Depois de algum tempo Cheryl chegou. Tom abriu a porta para recebê-la e a cumprimentou com um beijo nos lábios. Agora que ela estava ali, ele se sentia melhor.
"A Manu ainda ta chorando?" Cheryl disse ao ouvir os berros da menina.
"Ela não para por nada." Tom respondeu guiando ela pro quarto onde ele tinha deixado a bebê.
"O que o seu dindo fez com você?" Cheryl falou quando viu a bebê, virando pra olhar pro Tom que deu um sorriso pra ela, se divertindo com a brincadeira.
Cheryl pegou a bebê nos braços e trouxe para si.
"Tom, ela ta quente. Ela deve ta com febre." Cheryl avisou balançando ela nos braços.
"Quente? Como eu não percebi isso antes?" Ele levou a mão a testa preocupado.
"Você tem um termômetro?" Cheryl perguntou tentando acalmar a neném.
"Tenho, já volto." Tom correu pra buscar o termômetro e voltou. Quando ele chegou, sua sobrinha já não estava mais chorando. Que mágica Cheryl tinha feito, ele não sabia.
"Como?" Ele perguntou incrédulo.
"Eu tenho um irmão mais novo." Cheryl respondeu como se não fosse grande coisa. "Cadê o termômetro?"
"Aqui." Tom entregou a ela.
Cheryl deitou Manuela na cama com cuidado e posicionou o termômetro com cuidado, segurando seu braço para não sair do lugar.
Tom olhava a cena surpreso. Cheryl realmente tinha jeito com crianças. Ele sabia que ela era uma boa irmã, mas não imaginava que era tão dotada assim com crianças.
"Ela ta com 38,2." Cheryl informou.
"É melhor levar ela pro médico, né?"
"Você pode, mas eu acho que só o antitérmico basta. Crianças nessa idade tem febre o tempo todo. Se amanhã ela amanhecer febril, você leva, ou a sua irmã." Cheryl explicou.
"Tem certeza?" Tom perguntou receoso.
"Se levar ela pro médico vai te dar paz de espírito, então leva. Mas o médico vai falar pra você fazer a mesma coisa que eu falei."
"Ta bom, eu vou ver o que eu tenho aqui."
Tom foi na cozinha e entegou o remédio a Cheryl, que diluiu com cuidado na água e deu pra Manuela numa colher. Apesar de relutante, Cheryl conseguiu que a menina engolisse o remédio.
"Ela deve ta me odiando agora por ter feito ela tomar essa coisa ruim." Cheryl disse balançando a bebê que tinha voltado a chorar.
"É impossível te odiar." Tom retrucou pegando a mãozinha da afilhada e beijando."Desculpa ter te deixado desconfortável por tanto tempo." Ele disse a sobrinha.
"Ela sabe que o tio é enrolado mas tem boas intenções." Cheryl brincou.
"Que bom que você ta aqui." Ele disse sinceramente, dando um selinho longo na namorada e sendo interrompido pela bebê puxando o cabelo da Geordie. Os dois riram.
"Ela ficou com ciúmes do dindo!" Cheryl disse carinhosamente.
"Ela sabe que tem espaço para as duas no meu coração." Tom disse amorosamente para a namorada.


terça-feira, 2 de abril de 2019

Teatro do improviso



Enquanto Nick e Natalie conversavam e riam, Megan observava tudo de longe com muita raiva. Para a rainha do quarto ano, Nick estava fazendo aquilo para provocá-la, o que era ridículo, porque ela nem gostava dele. O que a deixava mais irada era ele ter escolhido justamente a Natalie para isso. Aquela sonsa já se acha melhor do que ela. Agora então... Aquilo era uma falta de respeito completa! Se o Nick realmente ligasse para ela, teria escolhido outra e não a que desperta todas as inseguranças escondidas de Megan.
A morena decidiu parar de olhar aquela cena patética com direito a gargalhadas e toques. Todo mundo da escola ia pensar que a Natalie era melhor do que ela. Veja o Nick? Até ele preferiu a Natalie. Megan é uma fraude!
Todas essas sensações para a garota eram difíceis de se lidar, pois foram reprimidas com sucesso na
sua pré-adolescência e substituídas por um excesso de segurança invejável. Porém, ultimamente, parece que seus esforços para suprimir essas inseguranças não têm dado muito certo. A época de ouro de Megan tinha passado. Outras sucessoras tomaram o seu lugar e ela lidava até bem com isso. O problema era a porcaria da Natalie tomando seu lugar na sua sala. Isso não! Isso não estava certo mesmo. Mas diferentemente das garotas que sentam no canto da sala e choram até não poderem mais por causa de suas hesitações, Megan possuía mais amor próprio. E confiança também.
Como eu posso mandar meu recado de... Nick?! Queridinha, olha aqui eu com o seu amado... Dexter? Dexter não. Dexter é muito piranho. Qualquer uma consegue dar uns pegas no Dexter.
Jake! 
Aaaah, mas seria muito estranho. Quer dizer, fazia anos, mas muitos anos mesmo que eles não ficavam. E da última vez não deu lá muito certo. Claro que se houvesse um revival, ela não ficaria apaixonadinha como no passado. Esta é uma nova Megan!
É, pode ser. E meio que seria bom relembrar os... Ah, m***a! Ele namora a Jane. Mas que po***! Jane atrapalhou tudo. 
Next!
Sem Dexter, sem Jake, quem sobra então? ..................... Tem o Carlisle. Argh! Nojo! Carlisle é chato e difícil, então não! Mas quem? Quem? ...................................................................................................
Só tem o Carlisle! Talvez seja melhor voltar para o Dexter! Mas o Dexter ela não vai ligar. Aiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii... Carlisle então. 
Ok, mas o que fazer? Bem, eles não precisam fazer nada demais, apenas o suficiente para ela mandar uma mensagem para Natalie e sua turma: você conseguiu o Nick? Que seja! Se eu quiser, eu tiro seu Carlislezinho de você! Ela não precisa, de fato, tirar. É só a mensagem que importa. Se todos acreditarem, ela ganha sua respeitabilidade de volta.


Claro que também havia a possibilidade dela aceitar o Nick ou iludi-lo de novo. Isso certamente era mais fácil do que tentar forjar alguma conexão com o Carlisle, mas seu amor próprio não aceitava essa solução. O Nick tinha sido um traíra, então mesmo que fosse mais fácil, daquela água ela não beberia mais. E que água... Nick era esquisito, super bobão e não tinha a aparência de um galã de cinema, porém o jeito intenso como ele a agarrava para beijá-la; aquele beijo cheio de vontade e aquela masculinidade que emana dele nesses momentos, que ela quase nunca viu em outro homem... Ah, não! Melhor parar de pensar nisso, porque aquilo já estava a deixando... não, não era só excitação. Whatever! Ok, foco! Plano Carlisle! O que ela poderia fazer? 


Hmmmm... Se aproximar, participar mais das aulas pra depois... Ah, não! Isso demoraria muito. Sem contar que todos os planos que envolvem o Carlisle são longos, chatos e normalmente não dão em nada, porque a pessoa se cansa só de pensar. Com o Carlisle é assim... improviso e improviso. Vamos ver no que dá. Mas não pode parecer que ela só fez aquilo por ciúmes do Nick com a Natalie. O pessoal tem que pensar que eles já tiveram uma história e que essa história meio que nunca teve um ponto final.
Ok! Vamos lá. É agora ou nunca!
Megan se direcionou à toca do Carlisle, também conhecida como sala da Ellie, bateu a porta e sem esperar resposta, entrou.
Carlisle e Ellie estavam jogando xadrez. Ellie olhava para as peças com a testa franzida, enquanto Carlisle olhava para a conselheira compenetrado. 
Ai, coitada da Ellie!
Os dois se viraram para Megan e Ellie perguntou animada:
- Veio aqui para alguma orientação?
Coitada. Ela estava presa naquele jogo de xadrez chato, doida para terminar e quando viu uma pessoa entrando, já aproveitou para se livrar daquilo. Nossa, como o Carlisle é insuportável!
- Na verdade, eu queria conversar com o Carlisle... Em particular, se você não se importar.
- Tudo bem, sem problemas! Eu vou pegar um café e daqui a pouco eu volto.
Coitada da Ellie! Mesmo tendo expulsado a mulher da própria sala, ela saiu de bom grado, doida para se livrar daquele jogo chato.
- Então vocês ficam jogando xadrez aqui...
- Na verdade vai além do jogo. O xadrez não é um jogo só de estratégia. Você também precisa entender o pensamento do outro para que assim, você possa...
Nossa, que explicação chata! Por que ela começou falando de xadrez? Agora vai ter que escutar isso! Carlisle é o único homem que fica praticamente trancafiado com uma mulher quase todos os dias numa sala que quase ninguém visita e que a mulher não sente vontade nenhuma de tirar a roupa e se jogar em cima dele. Pobre, Ellie!
- ... o que ajuda muito a nós psicólogos entendermos a mente das pessoas. Um bom psicólogo fica ainda melhor quando é um bom jogador de xadrez. Mas bem, você não veio aqui para saber sobre isso. Sobre o que você quer conversar?
Droga! Esse é o problema do improviso. É que chegam esses momentos e a pessoa não sabe o que responder para uma pergunta tão simples.
- Eu quero conversar sobre um sonho que eu tive.
Um sonho?
- Um sonho?
- É, um sonho! E como você é psicólogo, queria saber se você consegue interpretar ele, porque eu tenho tido esse sonho frequentemente nos últimos tempos.
- Olha, Megan, eu não sou especialista em interpretação de sonhos. Na verdade, eu entendo muito pouco sobre isso, mas posso tentar te ajudar. Só não leve muito a sério o que eu disser.
- Bem, começa assim.. Eu to no quarto, deitada na cama. Eu tento me levantar, mas não consigo me mexer...
Cara, por que um sonho, véio?
- Aí a cama vai afundando até que eu caio no mar...
Aonde eu vou chegar com essa história? Ela precisa de um propósito ou então eu vou ter que escutar uma análise chata do Carlisle sobre esse sonho fake.
- ... e aí eu começo a me afogar e quando eu estou quase perdendo a consciência, alguém me salva. E esse alguém é você.
Tosco, muito tosco!
Carlisle riu:
- Quanto tempo você demorou para inventar essa história?
- Inventar? Não, eu to falando muito sério.
Até ele percebeu... Muito tosco!
- Ok! - Ele continuou rindo. - Vamos lá... Bem, seu sonho significa que você se sente perdida e no final percebe que precisa de um psicólogo. - Ele riu ainda mais.
- Bonito, Carlisle ! Pode zombar o quanto quiser! - Ela falou segurando o riso, não porque achou o professor engraçado, mas porque o sonho realmente era muito tosco. Parecia que tinha sido inventado por uma criança de 5 anos. E talvez porque ele rindo também desse vontade nela de rir. - Ok! - Ela finalmente riu. - O sonho é mentira! Mas eu só inventei isso, porque eu queria ficar perto de você. - A garota falou sério a última parte e se aproximou de Carlisle.
- Megan. - Repreendeu Carlisle.
- Não é que eu te queira como namorado ou algo do tipo, mas eu tenho que confessar, Carlisle: você beija muito bem. - Ela se aproximou mais.
Megan reparou um problema de logística. O mongoloide do Carlisle estava sentado, o que atrapalhava a ação dela. Ela poderia sentar em cima dele virada em sua direção, mas a mesa como o xadrez atrapalhava as coisas. Ela também poderia jogar o tabuleiro no chão e subir na mesa, mas ainda assim, logisticamente seria complicado, porque ela teria que se posicionar bem para poder beijá-lo e ele simplesmente poderia levantar e dificultar as coisas. Ela queria cercá-lo, de maneira que
ele não pudesse fugir dela. Megan simplesmente percebeu que criar um plano demorado para conquistar Carlisle daria muito trabalho. Era mais fácil criar uma situação de ataque e tascar um beijo logo. Mesmo que ele negasse, o que provavelmente ele faria, afinal Carlisle é chato, o elefante branco seria instaurado e ela só precisava dessa vibe para a turma desconfiar de alguma coisa. A desconfiança já era o suficiente. Claro que o professor é um bom dissimulador. Ela já o vira dissimular inúmeras vezes, mas Megan também era boa quando se tratava em deixar alguém desconfortável. Ele é tímido e isso era uma vantagem que ela iria aproveitar.
Megan passou do lado da mesa de xadrez e olhando diretamente para Carlisle, pegou uma peça aleatória, derrubou o rei e parou ao lado da cadeira dele. Ela girou a cadeira para a direção dela e falou:
- Xeque-mate!
Sentar nele então.
- Depois diz que não tem performance. - Ele falou de maneira convencida.
Viado, filho da p**a!
Ela não falou nada e sentou em cima dele. Carlisle arregalou os olhos surpreso e disse:
- Megan, eu tenho namorada!
WHAAAAAAAAAAT? Como assim namorada?
- Eu não ligo!
E tascou-lhe um beijo, que foi prontamente interrompido por Carlisle.
- Vocês não têm limites! Sai, Megan, que eu quero levantar! - Ele disse ajudando ela a sair de cima dele.
O plano não tinha dado tão certo assim. Ele estava irritado e não era essa vibe que ela queria.
- Qual é o problema?
- Você não escutou? Eu disse que tenho namorada!
- Sei... Uma namorada que ninguém nunca ouviu falar, né? Que conveniente!
- Alunos nunca ouviram falar. - Corrigiu Carlisle.
- E quem é então?
- Giovanna.
- Giovanna mãe do Zac?
- Megan, eu já to te dando mais explicações do que você merece, mas sim, é ela.
- Aaaaah, desculpa! Eu não sabia.
- Mas eu te avisei.
- É que eu não acreditei.
- Ok, Megan, você já pode sair.
Ele estava bravo e isso não era bom. Era preciso consertar o estrago, mas como?
- Olha, me desculpa de verdade! Eu não sabia que você ia ficar assim.
- O problema Megan é a sua infantilidade! Você não fez isso, porque gosta de mim ou alguma coisa do tipo. Nessa situação, eu até te entenderia e não ficaria bravo. O problema é que você fez isso por uma brincadeira idiota e essa brincadeirinha fez com que eu traísse a minha namorada.
- Trair? Querido, a gente se beijou por no máximo 2 segundos e você me empurrou logo em seguida. Isso pra você é traição?
- Eu não sei... - Ele olhou para baixo.
Mas não é possível. Que mala! Se um cara agarra a namorada dele e a beija sem que ela queira, ele considera isso traição? Nossa, o Carlisle é patético. Pior do que ela havia pensando. A não ser... A não ser... NÃO! HAHAHAHA A não ser que ele tenha gostado e quisesse mais... Aí, realmente, na mente de um santo isso pode ser considerado traição.
- Olha, ao contrário do que você pensa eu não quis brincar com você! Eu fui impulsiva? Fui! Mas eu te beijei, porque eu quis e falo isso com tranquilidade.
Carlisle ficou olhando para Megan desconfiado. Eles ficaram em silêncio por um momento, até que ele perguntou:
- Você gosta de mim então?
Elefante.
- Gostar é uma palavra muito forte. Tesão seria a palavra mais correta.
Muito.
- Entendi. - Ele olhou para baixo vermelho.
Grande.
- Mas eu já entendi o recado. Você tem namorada. Desculpa não ter te respeitado da primeira vez que você falou. A vontade falou mais alto.
Ele assentiu com a cabeça. Os dois ficaram quietos novamente. Megan o quebrou dizendo:
- Então falou, Carlisle! Até logo!
Megan saiu vitoriosa! O que ela gostava em homens como Carlisle e Bradley é que a timidez deles tornava tudo mais divertido. Homens como Chris, Tom e Andrew são confiantes demais para serem controlados desse jeito. Para uma mulher poderosa como ela, caras envergonhados são mais fáceis de brincar. 
No fim, tudo havia saído melhor do que ela tinha imaginado. Megan, pela primeira vez na sua vida, estava morrendo de vontade de ter uma aula do Carlisle.

terça-feira, 26 de março de 2019

Baby is coming...

Adivinha quem é a mais nova grávida da nossa escola? Pra a não surpresa de todos é a Naya!


Nós meio que já sabíamos que mais cedo ou mais tarde ela engravidaria, então não há muita novidade nisso. Entretanto, o que nos surpreendeu são os possíveis pais do bebê, porque quando se trata de piranha, a lista é gigantesca. De acordo com a própria Naya, esse são os nomes que devem se preocupar com a paternidade:


1- Zac Efron


2- Jamie Dornan


3- Will Bloom (antigo inspetor)


4- Aaron Taylor-Johnson


5- Adam Devine



Para que não haja dúvidas, todos presentes na lista, de fato, dormiram com a Naya; cada um com a sua desculpa história do motivo pelo qual fizeram o que fizeram.
Naya ainda não decidiu se terá o filho ou se fará um aborto. De qualquer forma, qualquer que seja a decisão dela, ficaremos esperando a Katie se meter na história defendendo o feto.