quinta-feira, 31 de agosto de 2023

After-party

Cheryl e Nadine estavam deitadas na cama, já tomadas banho e de pijama. Nadine apagou a última luz acesa, a da mesa de cabeceira, para poderem dormir.

Cheryl virou a cabeça para a parede, depois trocou a posição do travesseiro, mudou a posição do travesseiro de novo, virou o travesseiro, girou o travesseiro, até Nadine não aguentar mais. 

"Cheryl!" Nadine segurou o braço da menina quando viu que ela ia reposicionar o travesseiro de novo.

"Hã?" Cheryl perguntou como se tivesse sido despertada de volta à realidade.

"Qual é o problema com o seu travesseiro?" Nadine perguntou.

"Não sei... não tá encaixando minha cabeça."

"E ele se encaixava antes?"

Cheryl franziu o cenho, pensativa. "Não sei."

Nadine se encheu de compadecimento de novo.

"Você passou por uma noite muito difícil. Quer falar sobre isso?" Nadine acariciou o braço da inglesa, encorajando-a desabafar.

"Ele não me estuprou. Ele parou antes." Cheryl sentiu a necessidade de esclarecer. 

"Cheryl, eu encontrei você praticamente nua no banheiro." Nadine falou cética.

"Eu sei. How embarrassing." Cheryl abaixou o rosto, escondendo no travesseiro. 

"Você não tem que se envergonhar. O Vincent que tem. E muito."

"Eu sei que o que ele fez foi muito errado, mas acho que ele não fez por mal. Ele tava muito bêbado." 

"Um bêbado que comete um homicídio continua sendo culpado pela morte da vítima. Álcool não é desculpa e muito menos um álibi."

"I guess." A britânica virou de barriga pra cima e encarou o teto. "Ele pareceu muito arrependido depois, though."

"Acho que sim."

"Ele chegou a chorar depois que viu o que fez. Ele me ama."

Nadine teve a impressão que a Geordie estava falando aquelas coisas mais para si mesma do que para ela. Como se tentasse se convencer de que Vincent não tinha feito nada demais. 

"Quer tentar dormir um pouquinho?" 

"Tá bom." Cheryl se virou de frente para a amiga "Obrigada por tudo que você fez por mim hoje."

"Não precisa agradecer."

"Preciso sim. Você e o João foram incríveis."

"Da nada, querida." 

"Boa noite." Cheryl fechou os olhos. 

"Boa noite." Nadine também fechou os dela.

Nadine abriu os olhos rapidamente no meio da noite e ouviu Cheryl chorando baixo, virada para a parede. 

"Cheryl? Você tá bem?" Nadine perguntou preocupada. 

"Aye, pet. Pode voltar a dormir." Cheryl secou as lágrimas. 

"Fala comigo." Nadine tocou seu braço. "Pode fazer você se sentir melhor."

Cheryl se virou para amiga e não conseguiu mais conter as emoções. 

"Foi horrível, Nadine. Ele parecia uma pessoa completamente diferente." O rosto da inglesa estava vermelho e cheio de lágrimas, como se já estivesse chorando por muito tempo. 

Nadine puxou a Geordie para um abraço. A loira não sabia o que dizer para acalmá-la. Uma pena que o Vincent é um imbecil e essa m*** aconteceu com você, não parecia ser a melhor coisa, então ela se ateve ao simples clichê. "Você tá segura agora."

"Eu não entendo. Meu melhor amigo. Não entendo." Cheryl chorou mais.

Nadine não respondeu. Ela ficou fazendo carinho no braço da inglesa até ela se acalmar. 

Estava quase amanhecendo quando Cheryl finalmente pegou no sono. 

No dia seguinte, pela manhã, Vincent tocou a campainha. 

"Olá! A Cheryl tá no quarto dela. Pode ir lá." Joan disse sorridente ao menino. 

"Obrigado. Licença." Vincent entrou na casa. 

"Se tivesse chegado uns minutos antes teria encontrado a Nadine. Ela tava aqui agora há pouco." Joan acrescentou. 

"Pena que não vim mais cedo." Vincent respondeu por educação e bateu na porta do quarto da ex-modelo. 

Cheryl abriu a porta e arregalou os olhos quando viu o amigo. 

"Desculpa aparecer assim, mas eu precisava falar com você." Vincent explicou nervoso. 

"Eu tô cansada, Vincent." Cheryl falou segurando a porta. 

Vincent conseguiu ver o cansaço estampado no rosto da Geordie. 

"Não vai levar muito tempo. Eu juro."

A britânica estendeu a porta e foi para o canto do quarto. Vincent encostou a porta e ficou a metros de distância da menina. 

Cheryl estava tão linda, mesmo cansada. O cabelo solto, bagunçado na medida certa. Usava uma camisa branca estampada, grande demais para sua pequena estatura, e um short jeans. 

"Eu vim te pedir perdão." Vincent iniciou. "O que eu fiz foi imperdoável. Eu tô com nojo de mim mesmo pelo o que eu fiz com você... Eu odeio que eu machuquei a pessoa que eu menos queria fazer mal na vida."

Cheryl ouviu o amigo em silêncio, tentando assimilar suas palavras. 

"Eu faço o que for preciso pra ganhar o seu perdão e a sua confiança de novo." Vincent se aproximou e tentou segurar as mãos da menina, mas ela tirou de imediato e deu um passo para trás. 

"Você tá com medo de mim?" Vincent perguntou com lágrimas nos olhos. 

"Não. É que...tá tão recente." A inglesa engoliu em seco. 

"Eu posso me ajoelhar." O garoto se ajoelhou. "Aqui, pronto. Me perdoa, Cheryl! Eu bebi demais. Usei cocaína. Não tava em pleno controle de mim." Vincent falou em meio a lágrimas. 

O coração da Geordie amoleceu. Se Vincent fosse uma pessoa ruim, ele não se ajoelharia e imploraria pelo seu perdão, certo? 

"Você sabe que eu não gosto quando você usa cocaína."

"Eu sei. Eu não vou usar mais. Eu prometo." 

Cheryl se aproximou. "Levanta daí." Ela segurou os braços de Vincent e tentou o puxar para cima. "Você pesa quanto? Quinhentas toneladas?" A menina tentou melhorar o clima entre os dois. 

"Quase isso." Vincent respondeu aliviado com a tentativa da amiga e ficou de pé. 

Os dois se entreolharam por um instante. 

"Eu vou me denunciar." Vincent revelou. 

"O quê?"

"Eu tava lendo sobre isso. Eu não vou ser preso porque sou menor de idade. Mas devo cumprir uns serviços comunitários e ter que pagar uma fiança."

"Você tá louco? Vai pra sua ficha."

"Eu sei. Mas eu mereço ter a ficha suja."

"É uma coisa muito grave de se ter na ficha. Vai te atrapalhar em várias coisas." 

"Eu só quero pagar pelo o que eu fiz. Pra eu sentir que te dei um pouco de justiça."

"Eu não quero justiça."

"Eu quero."

"Se você fizer isso, eles vão me chamar pra depor, o que eu não quero, e as nossas famílias vão acabar sabendo o que aconteceu. Você acha que eles deixariam a gente ser amigo quando souberem o que aconteceu?" 

"Você ainda quer ser minha amiga?" Vincent perguntou surpreso. 

A inglesa assentiu com a cabeça. "Eu quero fingir que ontem não existiu."

Vincent abriu um meio sorriso de felicidade e incredulidade. "Obrigado. De verdade, muito obrigado." Ele se aproximou para abraçá-la, mas a menina se afastou. 

"Desculpa. Muito recente." Cheryl falou sem graça. 

"Tudo bem. Eu entendo. Te vejo na escola?" 

"Sure."

Desgraças

Calvin chegou no apartamento de Antonella. Na sala, avistou Crystall e Jane sentadas no canto da sala conversando. 

"Olá, meninas! Já almoçaram?"

"Há muito tempo!", confirmou Crystall, enquanto Jane confirmava com a cabeça.

"É, acabou que eu demorei mais do que imaginava". Ele colocou as mãos no bolso. "Onde está a sua mãe?"

"Está na cozinha".

"Ok! Vou falar com ela". Ele se aproximou de Jane e perguntou carinhosamente "Tudo bem, filha?". Jane confirmou com a cabeça, então Calvin deu um beijo no topo da cabeça dela.


Entrando na cozinha, viu Antonella lavando a louça. Ele a abraçou por trás e deu um beijo em seu pescoço.

"Como você está?"

"Eu estou bem".

"E essa princesa aqui?", ele colocou a mão na barriga de Antonella.

"Ela está tranquila". Ela se virou para Calvin com um sorriso falso. "Como foi lá?"

"Demorado. Eduardo fala muito".

"Imagino..."

"E aqui? Como a Jane está?", ele perguntou abrindo a geladeira para pegar uma garrafa d'água.

"É sobre ela que eu quero falar".

"Aconteceu alguma coisa?", ele perguntou completamente preocupado.

"Não, não foi nada de grave. Desculpa, eu deveria ter dito isso antes. É só que... bem, a gente foi à missa e ela entregou a vida a Jesus".

"Ela fez isso?", perguntou Calvin surpreso.

"Sim".

"E isso é algo bom?"

"Acho que sim", respondeu Antonella confusa.

"Ela chorou?"

"Chorou".


Calvin sentou na cadeira pensativo. Normalmente, aquela cozinha fechada o irritava. Ele amava cozinhas em conceito aberto. Entretanto, naquele momento, ficou grato da cozinha ser fechada e ninguém poder ver sua reação ou ouvir sua conversa.

Antonella colocou as mãos no ombro de Calvin.

"Acho que isso realmente pode ser bom, Hobbes. Significa que ela se arrependeu do que fez e que está buscando uma vida mais... mais correta".

"É que a gente nunca foi religioso".

"Eu sei, mas quando a gente entra no fundo do poço é a religião que nos consola".

"Ela está muito diferente. Ela nem fala direito".

"Ela conversa com a Crystall".

"Ela escuta a Crystall".

"Ela fala também. Ela fala comigo".

"Pouco".

"Mas fala! Hobbes, acho que isso é natural, essa introspecção. Ela tentou se matar, vai saber o que está se passando na cabeça dela?"

Um calafrio percorreu a espinha de Calvin. Seus olhos marejaram instantaneamente.

"Desculpa, eu não deveria ter falado assim tão direta. Eu só quis dizer que ela no começo não vai ser ela mesma, mas com o tempo vai voltar ao normal. Acho que a fé pode ajudá-la".

"Não, tudo bem. É que eu fico justamente com medo do que está se passando pela cabeça dela".

"Acho que o fato dela estar morando com você agora vai ajudar".

"Eu não sei. A gente não tem muito assunto. Eu fiquei ausente por muito tempo".

"Mesmo assim ela quis morar com você. Isso mostra que ela se sente mais à vontade contigo do que com a mãe. Não estou culpando a mãe dela, ser mãe é muito difícil, mas alguma coisa naquela dinâmica não estava dando certo".

"Não sei. A Samantha sempre foi meio doida, mas eu sinto que ela melhorou bastante. E segundo o padrasto que fica mais na casa, a Jane estava saindo muito, não parava em casa. Acho que foi algo que aconteceu fora. Más companhias..."

"Ela estava namorando?"

"Ninguém soube dizer. Ela devia ter alguém, não sei se eram namorados, mas para sair tanto assim, devia ter alguém".

"Mas você não acha estranho o fato dela não querer ver ninguém da antiga casa? A mãe, o padrasto e até os irmãos?"

"Talvez seja vergonha. Eu realmente não sei", ele colocou as mãos no rosto. Antonella acariciou suas costas. "Ela também estava usando drogas. Acho que isso pode ter ajudado. Ela se perdeu completamente. Não faço a mínima ideia do que mais ela pode ter feito".

"Acho que agora é hora de olhar daqui para frente. Ela foi socorrida a tempo, está viva e parece que está querendo mudar de vida".

"Até quando?"

"Às vezes é para a vida toda".


"A Jane é muito volátil".

"Às vezes não é mais. Às vezes essa experiência fez ela acordar. De qualquer maneira, acho bom ela continuar frequentando a igreja. Seria bom você começar a ir junto, vai fazer ela se sentir menos sozinha".

Calvin não gostava da ideia de frequentar a igreja. Ele realmente detestava esse tipo de instituição, mas concordou. Tudo pela melhora de sua filha.

"Obrigado por estar me ajudando nisso. Obrigado mesmo!"

"Eu não ligo. E isso ainda ajudou a Crystall a aceitar melhor a situação. Ela realmente gosta da Jane".

"Você comentou com ela sobre...?"

"Nenhuma das crianças sabe. A Crystall não era próxima dela, nem a Joy, a Daisy então, nem se fala. O único que percebeu certa mudança foi o Asa, mas ele está tão aéreo ultimamente que não quis se aprofundar no assunto, só comentou que ela está diferente".

"Emma?"

"Ele não fala, mas é ela, com toda certeza!"

"Só desgraça!"

"É, só desgraça!"

"Menos essa daqui!", ele emendou logo, fazendo carinho na barriga de Antonella.

"É, desgraça não é, mas foi um... contratempo".

"Assim você me ofende!"


"Eu vou ser muito pobre!"

"Já disse que vou nos sustentar. E já disse para você sair dessa casa e vir morar comigo".

"Um pé de cada vez, Hobbes. E sim, eu vou tentar tirar uma boa pensão sua!"

"Eu vou pagar com o dinheiro da galeria".

"Eu não vou deixar!"

"Eu vou roubar e você não vai saber!"

"Ah, é isso mesmo?"

"É!", Calvin puxou Antonella para o seu colo. Os dois se abraçaram. O clima havia se amenizado, menos a cabeça de cada um.

quarta-feira, 30 de agosto de 2023

Refrão

Megan botou o pé na frente para ela cair. 

Sua pupila dilatou quando se deu conta de que iria cair.

Assustada, ela olhou. Foi quando ela viu...

"Tá pensando no Chris?"

"Hã?", perguntou Bella confusa.

"Você tá mordendo...", Jacob fez um gesto apontando para os lábios. 

"Eu tô?", Bella virou a cabeça para a janela.

"Tá", respondeu Jacob fechando os olhos.

Os dois ficaram um tempo em silêncio. Jacob de olhos fechados, Bella olhando pela janela sem prestar atenção em nada.

Megan botou o pé na frente para ela cair.

Sua pupila dila... Não! Ela não podia ficar repensando a mesma coisa incansavelmente. Não mudava nada.

"Será que ele vai voltar?", Bella se virou para Jacob ansiosa. Ela começou a roer sua unha.

"Não sei. Acho que não", respondeu Jake sem abrir os olhos.

Bella virou o corpo para frente. Esse assunto provavelmente já estava cansativo para Jacob. Na verdade, deveria estar para todo mundo. O coração dela batia forte. Ela queria que as coisas voltassem a ser como antes. Namorar Chris havia sido um erro. Ela não se arrependia do relacionamento em si, mas se soubesse que ele sairia do grupo após o término, ou melhor, após ela ficar com Dexter, Bella não teria dado uma chance ao amigo.

"Bells, nosso grupo é uma pequena orgia", a morena franziu a testa, "Todo mundo meio que já se envolveu ou já se comprometeu com o outro. Nós dois namoramos, você me trocou pelo...", Jacob revirou os olhos, "Evan deu em cima da Rachel e ficou num morde e assopra, eu já namorei a Katie e nós terminamos... Katie Holmes. Teve uma época que ficou óbvio pra todo mundo que a Drica tava a fim de mim e ela lá firme e forte, só no surf e na Coca, o próprio Chris já namorou e terminou com a Rachel e ninguém saiu do grupo. Se o Chris quis se afastar é porque ele é uma diva. Eu gosto dele, mas ele foi diva nisso. Você não é obrigada a se prender pra não magoar os sentimentos de um ex. Acabou, acabou".

"Eu não sabia que sairia no blog".

"Estranhamente as pessoas shippam você e o Dexter".

"Por que justo isso? Qual critério eles usam pra postar as coisas?"

Megan botou o pé na frente para ela cair.

"Views".

Megan botou o pé na frente para ela cair.

"Não faz sentido".

"Eles ganham dinheiro com isso, sabia?"

"Ganham?"

"Com certeza. Hoje tudo é views".

"Eles são ricos".

"Verdade. Tinha me esquecido desse pequeno detalhe..."

"Será que a Rachel vai sair do grupo pra seguir o Chris?"

"A Rachel já se desvinculou do Chris há muito tempo. E também seria muita burrice dela se ela saísse".

"Você realmente acha que ele não volta?"

"Não sei. Segundo ele, ele disse que vai voltar, só quer esperar a ferida cicatrizar, mas por experiência própria, ninguém volta".

Katie?

"Talvez com ele seja diferente".

"Sabe-se lá quando a ferida vai cicatrizar, mas de qualquer maneira, quando cicatrizar, ele voltando, vai ser estranho. Ele vai ter que se readaptar, nós também, vai ficar um clima estranho, você ainda vai estar namorando o Dexter e..."

"Eu não to namorando o Dexter", Bella o interrompeu.

"Claro..."

"Nós não somos namorados".

"E ele sabe disso?"

"Sabe."

Sabe. Sabe? Sabe.

"Então tá bom, mas de qualquer forma, você estaria ficando com o Dexter e o Chris ficaria ressentido".

Bella curvou a boca para o canto. Jacob tinha razão. Chris não voltaria para o grupo, Megan tinha colocado o pé na sua frente para ela cair, mas antes, antes dela colocar o pé na frente, antes...

"Eu vou tentar falar com ele de novo".

"Vai?"

"Vou chamar o Evan pra ir junto. Só garotos!"

"Por favor, por favor! Coloquem juízo na cabeça do Chris, digam que eu tô sofrendo".

"Vou falar".

"Obrigada, Jake! Obrigada de verdade!"

"Você realmente gosta do Chris".

"Gosto". 

Na verdade, Bella amava o Chris, assim como amava todos do grupo. Claro que os que ela mais amava eram Jake e Drica, mas todos estavam em seu coração. Eles eram como uma família e família não podia se separar.

"Pronto! Agora tenta relaxar e parar de pensar nisso, que eu sei que você tava pensando nisso agora há pouco", disse Jacob fechando os olhos.

"Tudo bem, eu vou parar", garantiu Bella, virando o rosto para a janela. Mas não conseguiu, porque 1 segundo depois estava ela olhando sem entender o que estava prestes a acontecer, quando

Megan botou o pé na frente para ela cair. 

Sua pupila dilatou quando se deu conta de que iria cair.

Assustada, ela olhou. Foi quando ela viu... 

e caiu.

segunda-feira, 28 de agosto de 2023

Festa do Nico

Os pais de Nico viajaram e o menino aproveitou a ausência deles para fazer uma festa na sua casa.

Sua casa era bem grande, tinham seis quartos, cinco banheiros, sala de jantar, sala de jogos e uma ampla sala de estar.

A festa estava marcada para 22h de sábado e não tinha hora para acabar.

Sua turma toda estava na festa (a da Cheryl), além da turma da Jane, do Ryan, e algumas pessoas consideradas legais de outras turmas.

A festa tinha muita bebida, muita erva e muito funk.

Com apenas duas horas de festa, muita gente já estava alterada.

Vincent virou mais um copo de whisky e gelo, enquanto observava Cheryl no colo do namorado, falando alguma coisa no seu ouvido e gargalhando em seguida. Ele conseguiu ver um glimpse de seu sorriso de milhões, e nossa, como o seu sorriso era lindo. Seu coração batia mais forte toda vez que aquele sorriso vinha à tona.

Ele cambaleou até a escada principal e sentou no primeiro degrau, se sentindo um perdedor.

Vincent tirou um pacote de papel do bolso e inalou seu conteúdo. Depois encostou a cabeça no corrimão da escada e começou a chorar.

Nadine saiu do banheiro e desceu a escada, encontrando um Vincent muito alterado chorando.

"Você tá bem? O que houve com você?" Nadine levantou o rosto do garoto para analisá-lo melhor. Seus olhos estavam vermelhos e as pupilas dilatadas. "Você se drogou?"

"Um pouco só." Vincent falou como se não fosse nada demais.

Nadine deu um olhar de reprovação. "Aconteceu alguma coisa? Por que você tá assim?"

"Porque eu não aguento mais."

"O que você não aguenta mais?" Nadine perguntou confusa.

"Não importa o que eu faça, eu nunca vou ser bom o suficiente pra ela. Ela sempre vai preferir todo mundo a mim."

Nadine se deu conta de que o amigo estava se referindo a uma certa pequena Geordie, dona de adoráveis covinhas.

"Deixa a Cheryl pra lá. Tem tantas garotas nessa festa que adorariam ficar com você." Nadine tentou consolá-lo

"Você não entende. Eu não consigo nem mais ser amigo dela direito. Vou ter que acabar com a nossa amizade."

"Você tá falando isso porque tá de porre. Amanhã você não vai pensar mais assim."

"Não. Eu já venho pensando nisso há um tempo. Não dá mais. É muito difícil. Toda vez que a gente tá junto, eu não consigo pensar em outra coisa a não ser em beijar aquela boca e sentir o corpo dela contra o meu. O desejo é tão forte que eu tenho que literalmente me afastar dela várias vezes pra me recompor. Só que eu não consigo mais. Tá muito difícil. Não dá mais!"

"Dá sim! Você não pode cortar a amizade de vocês do nada. Vai acabar com ela."

"Eu não consigo mais, Nadine! Eu tô completamente apaixonado por ela e é humilhante ver ela apaixonada por um cara que não ama ela nem a metade do que eu amo. Eu sempre fiz de tudo pra ver ela feliz. Tudo. Não passei foi de um capacho."

"Eu acho que vocês têm que conversar. Não agora... Espera você ficar sóbrio e aí você fala com ela."

"Não vai adiantar nada. Ela vai dizer que só me vê como amigo e que só pode me oferecer isso, a amizade dela."

"Pode até ser. Mas ainda acho importante você falar pra ela o que você tá sentindo."

"Agrr!" Vincent deu um grito de frustração.

"Acho melhor você ir se deitar um pouco. Você parece bem mal. Acho que tem um quarto vago no andar de cima."

"Tá bom." Vincent tentou se levantar e quase caiu. Nadine, então, ajudou o colega a subir as escadas e colocou ele dentro de um dos quartos.

Mais tarde, Vincent levantou, pegou mais uma bebida e foi procurar a Geordie.

Ela não estava mais no lugar em que a tinha visto por último. O menino continuou procurando e encontrou a menina saindo do banheiro. Vincent a empurrou de volta para dentro e trancou a porta.

"Damn it, Vincent! What the f**k?" A menina passou a mão no cabelo, que tinha bagunçado por conta do movimento súbito.

"Eu preciso falar com você." A fala de Vincent estava arrastada pelo seu estado de embriaguez.

"No banheiro? As pessoas podem ter uma impressão errada."

"Tá preocupada que seu namorado pense que você tá traindo ele comigo? Não precisa se preocupar com isso. Ele sabe que se você traísse ele, seria com qualquer um dessa festa, menos comigo."

"Você tá bem? O quanto que você bebeu?" Cheryl encarou o amigo preocupada."That's it. Chega de festa pra você. Vamos pra casa."

"Não! Eu não quero ir pra casa. Você tá querendo se esquivar porque sabe que eu toquei na ferida." Ele se aproximou da inglesa e tocou o seu tão adorado rosto. "Por que você aceita a ficar com todo mundo menos comigo? Por que pra eu conseguir um beijo seu eu tenho que implorar enquanto com os outros você dá de graça? Eu te amo tanto! Pronto. Falei. Eu sou completamente apaixonado por você." Ele encostou seus lábios nos da garota.

Cheryl afastou a cabeça. "Vincent, você tá bêbado. A gente conversa sobre isso em outro momento."

"Eu não quero falar em outro momento. Eu quero falar agora. Eu penso em te beijar o tempo todo. Você não sabe o quanto é difícil me segurar perto de você e não te encher de beijos, e tirar sua roupa e comer você todinha." Vincent empurrou a Geordie na parede do banheiro e começou a beijar o seu pescoço, passando a língua de vez em quando para sentir seu sabor. “Deliciosa.” Vincent murmurou satisfeito.

"Vincent, me solta!" Cheryl tentou empurrar o garoto inutilmente. Ele tinha quase o dobro do seu tamanho e era muito mais forte que ela.

"Você não sabe quantas vezes por dia eu me masturbo pensando em você e nas coisas que eu queria fazer com você." A mão direita de Vincent começou a passear pelas coxas da menina, enquanto a outra puxava ela pra si. "Tá vendo como você se encaixa perfeitamente em mim? Tão linda... Tão gostosa...Meu amor..." Ele distribuiu beijos molhados pelo colo da menina, enquanto a menina usava toda a sua força para tirá-lo de cima de si.

“Não!” Cheryl gritou quando Vincent agarrou seu vestido e puxou para baixo com força, rasgando seu tecido para ter acesso aos seios da Geordie. 

A menina fechou os olhos e flashbacks do pior dia da sua vida inundaram sua mente. "Por favor, para!" Ela implorou choramingando.

Vincent desabotoou seu sutiã e apertou seu peito direito. 

Naquele momento, Cheryl desistiu de lutar. Ela continuou de olhos fechados e esperou que o amigo terminasse de fazer o que ele queria fazer com ela. Seu rosto angelical estava tomado por lágrimas. Ela estava linda.

"Meu amor, não chora. Você vai gostar. Eu prometo." Vincent beijou sua boca e subiu a mão que estava na sua coxa até sua parte íntima, afastando sua calcinha e acariciando a área da Geordie. 

Vincent sentiu o corpo de Cheryl tremer, involuntariamente, sem parar nos seus braços, e se afastou da menina, assustado. 

A inglesa deixou seu corpo cair no chão e se encolheu, abraçando suas pernas e apoiando a testa no joelho. Ela chorou em silêncio. 

Vincent ficou um tempo olhando para a frágil menina surpreso com o que tinha feito e com o que tinha quase feito. Depois ele se aproximou e envolveu a garota com os braços, protetoramente. "Desculpa. Me desculpa." O garoto disse chorando. “Eu te amo.” Ele beijou sua cabeça. “Eu não queria te machucar. Eu te amo.”  

Cheryl não respondeu, ou se mexeu. 

Nadine estava procurando Cheryl, mas não achava a menina em lugar algum. Ela foi no quarto que tinha deixado Vincent descansando e encontrou o quarto vazio.

Não acredito. - Nadine pensou e pegou o celular para ligar para a amiga. 

Dentro do banheiro, Vincent viu o celular da inglesa tocando e olhou assustado. Cheryl continuou imóvel. 

O telefone parou de chamar e Nadine tentou de novo. Ao passar em frente ao banheiro que os dois estavam, ouviu um celular tocando. Ela encerrou a ligação e viu que o celular parou de tocar. Ligou de novo e ouviu novamente o toque do lado de dentro. 

"Cheryl!" Nadine gritou mexendo na maçaneta do banheiro. "Cheryl, você tá aí? Responde!" 

"A gente tá conversando aqui dentro. Depois ela fala com você." Vincent gritou. 

"Por que ela não tá falando nada? Cheryl, fala alguma coisa!" 

Cheryl permaneceu quieta. 

"Depois ela fala contigo!" Vincent gritou. 

Nadine foi até João contar o que estava acontecendo. "Eu tô preocupada com ela. O Vincent tava muito instável quando eu falei com ele. Acho melhor a gente arrombar." 

"Tem certeza que ela tá ali mesmo?" João falou incerto.

"Não sei. O celular dela lá. Eu tô com um mau pressentimento."

“Tudo bem. Eu vou.”

João conseguiu arrombar a porta do banheiro na terceira tentativa. 

Nadine olhou a cena perplexa. Cheryl encolhida com o vestido rasgado, no canto do banheiro e Vincent com um olhar assustado. Nadine abaixou para ficar da altura da inglesa."Cheryl! Você tá bem?" Ela olhou de Cheryl para Vincent. "Sai daqui!" A loira gritou com o menino. 

"Você vai deixar ele ir embora?" João perguntou revoltado. 

"Deixa ele ir." Nadine respondeu olhando para a Geordie, avaliando o estado da menina.

Vincent levantou do chão e saiu do banheiro cambaleando.  

"João, pega um casaco no quarto do Nico pra colocar nela." Nadine pediu ao namorado dela e ele obedeceu. 

"Você vai ficar bem." Nadine acariciou as costas da britânica. 

João voltou com um casaco grande com zíper, na cor azul marinho. 

"Vem querida." Nadine levantou e puxou os braços da Geordie pra ela ficar de pé. João virou de costas para não ver as partes expostas da menina. Nadine colocou o casaco nela e fechou o zíper. 

Cheryl estava parecendo uma criança com aquele casaco grande cobrindo sua pequena forma. A ex-modelo olhou para o chão envergonhada. 

Nadine abraçou a amiga, se sentindo extremamente protetora e depois segurou seu queixo com cuidado. "Vamos te levar pra casa."

Cheryl assentiu.

"Não é melhor a gente avisar pro Edward? Ele deve tá louco procurando por ela." João questionou. 

"Se ele souber agora ele vai dar uma surra no Vincent aqui mesmo nessa festa." Nadine negou.

"Mais um motivo pra gente contar. Ele merece levar uma surra." 

"O Vincent ama a Cheryl. Ele não faria isso se não tivesse chapado."

"Tá chapado não é desculpa."

"Eu sei que não, mas vamos evitar mais um problema por hoje. Depois, eu mando uma mensagem pra ele dizendo que a Cheryl passou mal e eu levei ela pra casa." Nadine segurou a mão pequena e delicada da Geordie. "Vamos lá.”

Cheryl seguiu a amiga para fora da casa de Nico de cabeça baixa.

Quando o uber chegou, Nadine colocou a inglesa para dentro e entrou logo em seguida. Cheryl deitou a cabeça no ombro da amiga loira e deixou as lágrimas caírem em silêncio.

Ao chegarem na casa da Geordie, Nadine deu um selinho de despedida no namorado.

“Depois dá notícia.” João pediu.

“Pode deixar.” Nadine respondeu.

“É, João?” Cheryl passou as costas da mão pelo rosto para tentar secar as lágrimas.

“Sim.” Ele respondeu.

“Não conta pro Edward sobre o que aconteceu hoje. Ele vai ficar bravo e o Vincent ainda é o meu melhor amigo.”

“Tá bom.” João não concordava, mas achou melhor acatar o pedido da Geordie.

“Ele tava muito bêbado e não se deu conta do que tava fazendo.” Cheryl adicionou.

“Aham.” João assentiu.

“Até amanhã!” Nadine falou para o namorado e ele foi embora. Depois, ela tocou a campainha da casa da Cheryl e o padrasto dela atendeu.

“O que aconteceu com você?” O padrasto da inglesa perguntou com tom de reprovação ao ver o estado da Geordie. “Eu já disse que não quero você chegando em casa bêbada. Sua mãe pode tolerar esse tipo de comportamento, mas eu não.”

“Ela não bebeu muito. Eu tava com ela o tempo todo.” Nadine tentou defendê-la.

“E eu nasci ontem. Tá de castigo até a segunda ordem.” Ele falou para a enteada. “Obrigado por cuidar da nossa Cheryl e trazer ela pra casa em segurança.” Ele apertou a mão da Nadine. “Se precisar de alguma coisa, eu vou estar no meu quarto.”

Nadine assentiu e o padrasto de Cheryl foi para o quarto dormir.

“F***in’ great.” Cheryl xingou.

“Poderia ser pior, Cheryl.” Nadine empurrou a Geordie pelos ombros para dentro de seu quarto.

quarta-feira, 23 de agosto de 2023

Save the date

O sinal do intervalo tocou e Tom encerrou sua aula. Ele pediu para dar uma palavrinha com Cheryl antes da menina descer para o pátio.

“O que foi?” Cheryl checou o relógio de pulso.

Tom se lembrou da treta que a menina teve anteriormente com seu atual namorado. Era alguma coisa dele insinuando que Cheryl não sabia ver as horas.

“Feliz aniversário.” Tom falou meio sem graça. Já havia se passado dois dias desde o seu aniversário.

“Obrigada. Mais alguma coisa?” Cheryl tinha ficado irritada que o professor de francês nem tinha se dado o trabalho de mandar mensagem parabenizando ela no dia.

“Sim. Também queria avisar que não vou poder ir pra sua festa de 15 anos.”

“Por quê?” O rosto de Cheryl virou um misto de confusão e decepção.

“Porque eu tenho um compromisso.”

“Você tem um compromisso sábado à noite?”

Tom percebeu a irritação da menina.

“Tenho.” O professor balançou cabeça em afirmação.

“Que compromisso você poderia ter num sábado à noite?”

“É meio que uma coisa particular e privada.”

“E você não pode cancelar?”

“Infelizmente não.”

“E esse compromisso só apareceu agora? Porque eu te mandei o save the date ages ago.”

“Sim, apareceu bem em cima da hora. Desculpa mesmo.”

Cheryl virou a cabeça para o lado, não querendo olhar mais para ele.

“Que foi? Não é como se todo mundo que você convidou realmente fosse à sua festa.” Tom tentou driblar a situação.

“Eu sei disso.”

“Então qual é o problema?”

“Nenhum. Bom compromisso pra você no sábado.” Cheryl respondeu triste e se virou pra sair.

“Você sempre me faz de vilão, mas não fui eu que comecei a ficar com várias pessoas logo depois da gente ter terminado. Você não esperou nem duas semanas.” Tom falou enquanto a menina andava em direção à porta, fazendo-a parar.

“Você terminou comigo!” Cheryl voltou sua frente ao professor novamente.

“E eu expliquei o porquê. Não foi porque eu quis, mas porque eu não vi mais saída. Eu deixei bem claro o quanto te amava e o quanto eu não queria tá fazendo aquilo. Eu fiquei tão mal com o nosso término que nem passou pela minha cabeça ficar com ninguém por um bom tempo, mas você... nem deixou meu banco esfriar e já foi ficando com vários e depois namorando o Edward.” Tom jorrou coisas que estavam entaladas há um bom tempo.

“Eu tava tentando seguir em frente.” A britânica se defendeu.

“E foi super bem-sucedida nisso. Não teve dificuldade nenhuma. Parabéns.”

“Você terminou comigo dias antes do meu aniversário. Você nem esperou minha festa passar. O que você queria? Que eu ficasse chorando por você na frente dos convidados?”

“Não importa mais o que eu queria.”

“Então por que foi falar disso?”

“Erro meu.”

Tom começou a recolher suas coisas e Cheryl abaixou o olhar, pensativa.

“Eu só queria te esquecer o mais rápido possível. Por isso eu não deixei o banco esfriar... Porque doía muito pensar em você.”

“Tudo bem.”

“Tenta ver se tem como você marcar o seu compromisso pra outro dia. Só se faz 15 anos uma vez e ouvi dizer que essa é a idade mais importante na vida de uma mulher." Ela abriu um sorriso fraco. "Vai ser uma verdadeira pena se você não tiver lá.”

“Vou ver o que eu posso fazer.”

“Obrigada.”

sexta-feira, 18 de agosto de 2023

Vôlei de praia

Depois da escola, na sexta-feira, alguns alunos do Cavalinho Feliz saíram para jogar vôlei de praia. Eles estavam fazendo isso por tantas semanas, que já tinha quase virado rotina. Niall ligou a jbl num volume alto e a partida começou. 

Nem todos iam para jogar, muitos só iam para curtir a praia e confraternizar. Vincent era muito competitivo, diferente de Gosling, seu oponente de vôlei. Eles sempre lideravam times opostos.

A partir do terceiro set, algumas pessoas foram cansando e saindo, e outras foram entrando. No sexto, Cheryl também cansou e foi para a areia descansar.

“A gente vai ficar sem líbero!” Vincent gritou para a menina.

Cheryl respondeu com o dedo do meio. Ela não era líbero, assim como ninguém era levantador ou ponteiro. Não havia posição marcada. 

Ryan riu da dinâmica dos dois e anunciou que também daria uma pausa. Ele comprou uma água de coco e sentou ao lado da Geordie.

“Quer um gole?” Ryan ofereceu à menina.

Cheryl ponderou por alguns segundos. “Aye.” Ela segurou o coco junto ao Gosling, e se aproximou para beber.

“O Vincent tirou seu coro hoje.” Ryan observou descontraído.

Cheryl comprimiu os olhos tentando compreender o que o menino dissera. Não importava quantos anos estava morando no Brasil, os brasileiros conseguiam sempre surpreendê-la com uma expressão nova.

“Eu juro que não tentei falar difícil!” Ryan se defendeu rindo.

“Sei. Primeiro você rouba 3 pontos da gente no vôlei e agora fica falando difícil comigo só pra rir da minha cara. O que você tem contra mim, Gosling?”

“Nada. Eu tô dividindo meu coco com você, não tô?”

“É sua consciência pesando.”

“Você tá muito errada. Eu não poderia estar mais em paz com a minha consciência.”

“Right.” A inglesa fitou o menino e desceu o olhar para as suas costas. “Você tá passando protetor, pet?”

“Não.” Ele admitiu.

“Dá pra ver. Suas costas tá toda vermelha.”

“Sério?” Ryan virou a cabeça e se assustou com as suas costas. “M***a.”

“Eu não sei o que vocês homens têm contra protetor solar.”

“É grudento e cheira a praia.” Ryan falou com cara de nojo.

“Mas você tá na praia, dummy.” Cheryl riu.

“Agora quem tá se divertindo às custas de quem?” Ryan jogou areia na garota.

“Ei! Eu ia te ajudar, depois disso, esquece.” Ela tentou se limpar da areia.

“Deixa de ser vingativa. Não combina com esse seu rostinho.”

“É?” Cheryl levantou as sobrancelhas.

“Se bem que você é literalmente a fundadora do grupo da vingança da escola.” Ryan fingiu estar refletindo sobre um assunto muito importante.

“Idiota.” A Geordie terminou de beber a água de coco do colega.

“Você bebeu da minha água. Isso no mínimo vale uma passada de protetor nas minhas costas.”

 “Tenho certeza que meu namorado ia ficar super feliz com isso.” Cheryl debochou.

“Você não disse que ia ajudar?”

“Eu ia arrumar um protetor emprestado pra você. Acho que a Hailee trouxe o dela.”

“Isso eu posso pedir.” Ryan falou como se a ajuda da menina não fosse nada demais.

“Tá bom. Peça.”

“E quem vai passar?” Ryan olhou para a menina como se o que ele disse fosse um grande problema.

“Tenho certeza que as meninas fariam fila pra passar protetor em você.”

“E você não estaria nela?”

“Nos seus sonhos, pet.” A inglesa falou convencida. “Sabe de uma coisa? Talvez você nem precise de uma fila. Por que não fala com a Margot?” Cheryl sorriu animada com a ideia.

“Não.” Ryan respondeu sério.

“Por que não? Você gosta dela, né?”

“Ela tá com tantos admiradores agora que eu não quero ser mais um.”

“Você não seria mais um. Você seria O admirador.” A menina deu ênfase na letra o.

“E também tem a Emma.”

“Como é que ela tá?” As feições da inglesa mudaram de brincalhona para preocupada.

“Não sei. Ela não fala comigo!” Ryan falou frustrado. “Já mandei mil mensagens, liguei várias vezes e nada.”

“Ela provavelmente tá querendo um pouco de espaço e de privacidade. Graças ao blog ela não teve nenhuma dessas coisas.”

“Eu sei. Mas é que eu tô tão preocupado que eu tô quase ligando pro Bradley pra saber dela.” Ryan admitiu.

“Ela provavelmente tá bem. Triste, mas bem.”

“É que a Emma é tão sensível, por mais que tente se fazer de durona. Pra maioria das pessoas na situação dela, perder o bebê seria um alívio, mas pra Emma... Ela... ela se apegou.”

“Acho que não foi só apego ao bebê, mas o modo como tudo aconteceu. Acho que se eu passasse pelo mesmo que ela passou, eu estaria traumatizada.”

“Verdade.” Ryan não conseguiu deixar de pensar no trauma que a Geordie também passara há poucos anos. Ele sentiu uma vontade repentina de abraçá-la e dizer que sentia muito pelas coisas que tinham acontecido com ela ainda tão nova. “Você pode me dá um abraço? Tô me sentindo meio mal.”

“Vem aqui.” Cheryl envolveu o menino nos seus braços, que aparentavam serem um pouco frágeis demais pela espessura. “Acho muito fofo o modo como você se preocupa com a Emma.”

“Obrigado.”

Ryan envolveu a pequena cintura da menina e depois soltou quando percebeu Vincent parado do seu lado.

“E aí? Vai querer revanche ou não?”

“Meu time perdeu?” Ryan perguntou atônito.