sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

Millions thoughts


Emma estava deitada na cama lendo "Para Sir Philip, com amor", era o quinto livro que estava lendo da coleção da Julia Quinn. A ruiva não era muito fã de romances, porém quando lia um, ela não conseguia deixar de imaginar como seria poder viver um amor tão intenso como os que Julia escrevia. Muitas das situações descritas pela escritora, faziam Emma indagar se aquele tipo de amor existia.



Ela amava experimentar sensações novas, e imediatamente ela atribuiu a isso, ter gostado tanto de beijar Asa. Tinha sido uma sensação diferente, uma vibe interessante, nada além disso. Ela odiou ver a cara de decepção do professor de inglês, quando flagrou os dois no ato. Não, Emma não conseguia se concentrar mais na leitura. Ela não parava de pensar no beijo que dera no Asa. Tinha sido tudo tão cru, tão orgânico, duas línguas se encontrando pela primeira vez e se explorando de forma tão inocente e curiosa ao mesmo tempo, e tudo ao som de Radiohead.

Ela, particularmente, não era fã da banda, mas ela amava ter músicas como plano de fundo de sua vida. Música tornava tudo mais excitante, ela amava música! Droga, a pilha do discman dela tava acabando. Malditas pilhas! Ela teria alguma nova perdida pela gaveta? Ela estava com preguiça, ia continuar lendo sem trilha sonora mesmo. Agora ela lia freneticamente, seus olhos escaneavam palavra por palavra, página por página, num ritmo incansável. Quando sua madrinha bateu na porta ela quase que não escutou.

"Em? Posso entrar?" Sua madrinha perguntou com sua voz gentil habitual.

"Pode." Emma respondeu com o máximo de volume que sua voz rouca permitia naquele momento.

Sua madrinha abriu a porta com a graciosidade de costume, se aproximou da menina e se sentou do seu lado, na cama.

"Lendo até tarde?" Jessica apertou a barriga da afilhada.

"Eu só tava terminando o capítulo." Emma fechou o livro e colocou do seu lado.

Jessica olhou para a afilhada com tanta ternura e admiração, como se não acreditasse ainda que ela estava morando sob seu teto, seus cuidados.

"Eu vim pra te desejar boa noite e pra te fazer uma pergunta."

Emma olhou desconfiada. Ela odiava responder perguntas feitas do nada.

Com o silêncio de Emma, a ruiva prosseguiu.

"Você e o Asa estavam se beijando aqui em cima?" Jessica perguntou calmamente.

"Quem te disse isso?" Emma disparou nervosa.

"Eu vou interpretar isso como um sim." Jessica disse permanecendo calma. "E o seu namorado?"

"Não é o que parece!" Emma se defendeu.

"Não é? Então me explica."

"O Asa queria perder o bv, e pediu minha ajuda, foi só isso." Emma se explicou envergonhada.

"E você achou que não tinha nada demais em aceitar?"

"Não. Foi só um beijo." Ela deu de ombros.

"Você parou para pensar se o Channing estava de boa com tudo isso? Porque até onde eu sei, ele é o seu namorado. E enquanto vocês estiverem namorando, você tem um compromisso com ele. Uma vez que você se compromete com alguma coisa ou alguém, você tem que honrar isso."

"Aham." Emma amava sua madrinha, mas também conseguia odiar seus sermões.

"Sem contar que o Asa é novo demais, e deveria ter tido essa experiência com alguém que realmente tivesse interessado nele." Jessica continuou.

"Aham."

"E ele é filho do Andrew, ainda por cima! Um amigo próximo da nossa família. Ele não gostou nenhum pouco do ocorrido."

"F*da-se o Andrew! Por que você se importa tanto com o que o ele pensa?"

"Emma! O que eu falei sobre o linguajar? Você é cristã e fica com esse palavreado de garota do mundo." Jessica repreendeu-a, forçando uma cara séria.

"Desculpa. Mas você não respondeu minha pergunta." Emma olhou para a madrinha desafiante.

"Porque ele virou um grande amigo, e porque eu tenho consideração com o filho dele." Jessica se explicou.

"Sei." Emma resmungou.

"Na verdade o que mais me incomodou com a situação do Asa, é você tá namorando. Em, eu não sei se você sabe mas tem muita gente que torce contra você. Que ta torcendo pra você fazer besteira só pra poder te chamar de desvirtuada. Não faça com que eles tenham razão, faça a coisa certa, pense na consequências, se coloque no lugar do outro. Eu sei que você é uma boa menina, mas nesse mundo não basta ser bom. A gente tem que ser temente a Deus e mostrar que somos diferenciados. Eu confesso que também tenho dificuldade em me manter em linha reta, mas a gente não pode parar de tentar. Deus vai reconhecer nosso esforço." Jessica discursou.

"Eu sei, desculpa." Emma disse pra acabar logo com a discussão.

"Eu só falo essas coisas porque eu te amo muito, e eu quero o seu bem." Jessica alisou o rosto da menina.

"Eu sei."

"Agora eu vou dar realmente o seu beijo de boa noite." A ruiva abaixou e deu um beijo na testa da afilhada. "Boa noite, meu amor."

"Boa noite." Emma respondeu baixo.

Quando a madrinha saiu, ela pegou pilhas novas na gaveta, e voltou a escutar seu discman.



Grêmio's troubles

A diretoria do grêmio está fazendo algumas mudanças na administração, que não estão sendo estão bem aceitas pelos integrantes do mesmo. Eles limitaram o uso da sala apenas para dias e horários de reunião. As confraternizações do grêmio também foram banidas. Eles estão com projetos de feira de ciências e passeios culturais no papel também, esperando a aprovação da querida diretora Cinthia. Os integrantes do grêmio, alegam que não está mais divertido fazer parte do grupo, e culpam o retorno da Emma por tal retrocesso.

                  

Segue um depoimento de um membro que não quis ser identificado.

-Ela mal chegou e já tá querendo sentar na janela. Ela não deveria fazer parte da diretoria logo de cara. O Gosling me decepcionou quando decidiu dar tanto poder para essa garota.

Quando questionado sobre as mudanças e o retorno de Emma, Ryan foi muito direto.

-O grêmio não existiria se não fosse pela Emma, o lugar dela na diretoria é de direito e permanente. As mudanças que estão ocorrendo são apenas para colocar ordem numa coisa que tava virando bagunça. Estamos num momento que somos o foco. A diretora está só esperando a gente dar um passo em falso pra desmoralizar a nossa chapa.

Ryan finaliza:

-Nosso objetivo é fazer projetos que beneficiem todo corpo estudantil.

False God/Sparks Fly

Victoria era muito magra... 
E também não tinha muita força... 
E também não cheirava a mulher... 
E também era muito nova... 
E também não escondia uma fênix dentro dela. 


Desde que Daniel se envolveu com a fênix, as mulheres que ele pegava perderam a graça. Para ser justo com as mulheres, ele só havia dormido com Victoria, mas mesmo assim, ele achava que as mulheres, no geral, tinham perdido a graça. É porque não é qualquer mulher que tenta segurar os seus impulsos o máximo possível. Essas são as melhores, pois quando entram em erupção, é uma das melhores sensações da vida. A ideia também de elas não entregarem tudo nas primeiras noites, de terem que ser atiçadas de pouquinho a pouquinho para liberarem tudo para o homem é sensacional. O desejo, a vontade, a luxúria depois da entrega... Nossa, aquilo era bom demais. Só que nos dias de hoje, esse tipo de mulher está escasso, principalmente no Cavalinho Feliz. Segundo Daniel, na escola há dois tipos de garotas: as ousadas e as menos ousadas. Ah, também tem as castas, mas essas daí não tem graça nenhuma, afinal você não vai conseguir nada com elas, pelo menos, não o Danny, já que ele respeita a crença alheia. Enfim... As ousadas parecem que são maravilhosas e, de fato, elas sabem muito. Conseguem deixar um homem com muita vontade e talz, mas o problema é que com elas, o cara sempre fica pressionado. Além disso, para satisfazer uma ousada é muito difícil, uma vez que elas, para provarem que são maravilhosas, fornecem o melhor serviço, mas, em contrapartida, não são tão fáceis de serem agradadas, nem de aceitarem o agrado. As menos ousadas também são boas, mas elas, na maior parte das vezes, são esquecíveis. Não tem um je ne sais quoi. A mulher-fênix que ele havia conhecido era maravilhosa, porque ela não sabia de tudo, como as super ousadas, o que permitia ao Daniel a chance de proporcionar/provocar novas sensações na fênix. Além disso, por mais que ela não fizesse tudo, a intensidade da fênix supria qualquer coisa. O fato de ela enxergar o sexo como um certo tipo de tabu era ótimo também, porque trazia a consciência o que o ato em si implica. Muito banalizado atualmente, transar com alguém é algo íntimo, é adentrar espaços não frequentados por qualquer um, é realmente possuir por certo momento uma pessoa, sentir seu gosto, desbravar caminhos. Alguém que vê as coisas dessa maneira traz esse sentido para o outro, que começa a ter consciência do que está fazendo, da intimidade, de tudo. O garoto amou arrancar gemidos presos e tímidos da fênix, deixar sua marca naquela pele branca e sensível. O prazer psicológico que ela causava nele, baseado não numa performance, mas na genuinidade da excitação que ela expressava, somado ao prazer físico que sentiu, foi como uma droga viciante. Ele estava tentando se desintoxicar, mas era difícil. Daniel achou que dormir com Victoria, sua ex de longa data, supriria a situação, pois seria como uma espécie de reencontro de corpos, mas se viu frustrado, uma vez que tudo veio fácil, nada escondido, nada errado, nenhum prazer pecaminoso. Ele reconhecia que a culpa não era de Victoria, mas sim do fato de ele ter provado uma mulher como a fênix. Só de lembrar da fênix saindo... Uau! Era incrível que só de ver ela, ele já se sentia excitado, e depois, na hora da ação, ele percebia que ela estava tão excitada quanto ele, com a calcinha praticamente encharcada. Essa era a verdadeira vitória, com o perdão do trocadilho. Claro que a única coisa que poderia bater a fênix, seria dormir com alguém que ele gostasse, mas isso estava fora de cogitação.


Jennifer... Que patética! Com certeza, ela não era uma fênix. Deveria ser bem estranha na cama, aliás. Bem possível que ela fizesse barulho de pum quando o homem beijasse seu pescoço ou que ela realmente soltasse um pum. Que nojeira! Daniel sorriu de canto. Ela certamente deve sentir muita cosquinha. Ele sabia disso, porque já usou dessa arma para conseguir tirar algo dela. Claro que nunca funcionava, uma vez que ele, quando parava de fazer cosquinha e pedia para ela contar alguma coisa que ele quisesse saber, por exemplo, ela falava alguma aleatoriedade, se fazendo de sonsa. Dormir com a Jennifer deveria ser muito estranho e muito engraçado, ao mesmo tempo. Os dois, certamente, ficariam tímidos, pela proximidade que sempre tiveram, e para quebrar o gelo fariam piadas atrás de piadas. Foi assim da primeira vez que eles se beijaram, então poderia ser assim na hora do "vamo ver". Em algum momento eles parariam de rir, porque a realidade do ato, pautada no desejo mútuo, seria mais forte que tudo; a descoberta um do outro. No final, ela iria falar algo idiota para dissipar a verdade que o sexo inebriante tentou esconder e ele iria rir e continuar falando outro nonsense, mas nada disso importaria, porque no meio de toda aquela baboseira, outras verdades estariam sendo reveladas. Ele puxaria ela para mais perto. Outra piada vindo dela, pois para ela, aquilo seria muito estranho. Ele riria de novo e devolveria a piada, mas dessa vez abraçado com ela. Seria, de novo, piada atrás de piada. Um glorioso stand up comedy, que tentaria ocultar a inevitável verdade: os dois abraçados. 

Ele queria que ela tivesse dado uma chance para ele. 
Ele queria que ela não tivesse pensado tanto na amizade entre os dois. 

Não importa o que acontecesse no hipotético relacionamento, ele nunca abandonaria aquela amizade. Todos dizem isso, mas para ele, que é tão pragmático, essa é a única verdade possível.

Ele queria ela.

Sempre quis. Era incrível como uma mesma piada sobre o pescoço da Margot, repetida diversas vezes, diariamente, nunca perdia a graça. Ele ria, genuinamente, como se fosse a primeira vez que ela tivesse contado. Era incrível como ele a viu fazendo as mais absurdas coisas e imitações e nunca ficou com nojo da garota. Éééé... O Bradley é um homem de sorte. E põe sorte nisso. Ele não dá valor a genialidade da Jennifer, mas é como dizem, o cavalo que...


- No que você ta pensando? - Victoria perguntou, deitada de lado, olhando para um Daniel reflexivo, mirando o teto.
- Oi? Eu? - Perguntou Daniel meio confuso. - Eu tava pensando... no quão louco foi isso. Você e eu.
- É verdade! - Concordou Victoria. - Faz quanto tempo desde a última vez que ficamos juntos?
- Muito tempo...

Daniel já gostou muito de Victoria numa época. A época passou. Ele descobriu isso naquele mesmo instante.

- Você gostou tanto quanto eu dessa noite? - Indagou a garota ansiosa.
- Gostei.
- Eu também. - Disse a garota se aproximando dele e deitando em seu peitoral. 
Ele passou a mão no cabelo dela, fazendo carinho e se sentindo culpado. Ele não sabia que Victoria ia gostar tanto assim daquela noite. O problema é que ele estava inundado por tantos sentimentos que não conseguia aproveitá-la.

"É...", pensou Daniel, "eu definitivamente sou uma música da Taylor Swift".

quarta-feira, 29 de janeiro de 2020

João amava Teresa que amava Raimundo que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili que não amava ninguém.

Na hora do recreio, Joane pediu para o pai o celular emprestado para assistir seus vídeos de maquiagem. Chris, que estava distraidamente conversando com Letícia, abriu o aplicativo "YouTube Kids" e entregou o celular à filha. Ela saiu da sala dos professores e sentou na escada para assistir o vídeo de uma adolescente drag fazendo maquiagem para o Carnaval. Pouco tempo depois, uns colegas de sua turma passaram e viram a garota isolada. Mike olhou para Caleb e os dois já se entendendo, começaram a entoar:
- Mudinha, mudinha, mudinha!
Mike, então, começou a chamá-la:
- Mudinha? Ei, mudinha?
Joane decidiu ignorar a situação e continuou focada no vídeo.
- Ué? Agora ficou surda também?
- Surdinha! - E os dois começaram a rir da menina.
O problema de Joane é que quanto mais zoavam ela, menos ela tinha vontade de falar, com medo de falar alguma besteira ou de cair no choro. As zoações amedrontavam a filha de Samantha e a deixavam recuada.
- Que isso? - Perguntou Mike apontando para o celular de Chris - Isso é um travesti? Mudinha quer virar traveco?

- Não é travesti, é drag! - Respondeu Joane, tentando se defender.
- Não acredito que você quer virar drag! Mudinha, você já nasceu menino ou quer virar menino?
- Acho que ela gosta de meninas.
- Sai daqui! - Pediu Joane baixo.
- O quê? Cara, eu não entendo nada que essa garota fala.
- Ninguém entende! 
Os dois, então, começaram a falar debochadamente e batendo palmas:
- Mudinha sapatona, mudinha sapatona, mudinha sapatona!
Asa, que tinha acabado de sair do banheiro, escutou o coro e, imaginando que se tratasse de Joane, correu para intervir. Ele falou bravo:
- O que vocês estão fazendo? 
- A mudinha ta vendo vídeo de drag e falou que gosta de meninas. - Comentou Caleb.
- Não falei nada! - Joane se defendeu.
- Eu to falando sério, saiam daqui, se não vocês vão ver. - Ameaçou Asa.
- Você vai bater na gente? Mas a gente é criança!
- Ele não pode bater na gente, porque ele é filho do tio Andrew.
- Tentem a sorte... - Desafiou o garoto.
Mike olhou com medo para Caleb, que retribuiu o olhar. Tentando contornar a situação, ele disse:
- Calma, a gente só tava brincando.
- Se eu saber (sic) que vocês estão zoando a Jo ou que vocês estão tentando espalhar que ela gosta de meninas, eu juro que bato em vocês dois e não to nem aí. Meu pai e minha mãe são professores, eu nunca serei expulso. 
Joane olhava tudo, tentando esconder o riso. Os dois assentiram e saíram correndo. Asa, então, se virou para a filha de Chris e perguntou:
- Você ta bem?
- To. Obrigada!
- Acho melhor a gente contar isso pro seu pai. Esses meninos deveriam ter mais medo de você, já que seu pai é professor deles.
- Melhor não, assim vão me chamar de filhinha do papai.
- E daí? Melhor do que passar por isso.
- Eu já me acostumei.
- Então você me prometa que vai me chamar, caso eles tentam (sic) fazer alguma coisa, ok?
- Você vai bater neles?
- Não, eu sou muito fraco. Os dois juntos têm mais chances do que eu sozinho. - Respondeu Asa com um risinho no rosto, que contagiou Jo. 
- O que você vai fazer então se isso se repetir?
- Não sei. Na hora eu improviso.


- Ok. - Ela respondeu, ainda com um sorriso bobo no rosto.
- Bem, eu já vou. Você vai ficar bem aí sozinha?
- Vou. 
- Ok então.
- Obrigada de novo.
- De nada!
Asa se preparou para sair, mas se deteu poucos passos depois e indagou:
- Que jogar um gameboy que eu tenho?
- Que isso?
- É um mini video game. 
- Eu acho que não sei jogar.
- Eu te ensino.
- Ok.
Os dois saíram de lá e foram até Eric, que estava esperando o amigo no pátio. Ele ficou surpreso ao ver Joane junto e falou sem entender:
- Oi?
- Oi. - Ela respondeu.
Eric, então, olhou para Asa com uma cara de ponto de interrogação, no que o menino respondeu com um "depois eu te conto" sem som. O menino assentiu e os três sentaram e começaram a ensinar Jo a jogar no gameboy. Quando o sinal tocou, eles se despediram. Asa com seu amigo Eric e Jo com um novo amor no coração (perdeu Bryce).

terça-feira, 28 de janeiro de 2020

Tempo na tela

Carlisle e Giovanna estavam conversando, enquanto tomavam banho:


"Eu ainda não sei se vai ser legal os quatro viajando juntos. Quer dizer, o Zac ta em aula e ele nem ta a fim de ir...", disse a médica se ensaboando.

"Bem, sobre a aula, teria como ele ir, porque vai ser na sexta, então pode ser depois da escola. E eles vão voltar no domingo, não?"

"Sim, sim. Mas também tem o fato de ele não querer ir."

"Entendi!", respondeu Carlisle, olhando para cima, pensando. Ele pegou o sabonete que ela entregou para ele e começou a passá-lo no pescoço e nas costas da morena. "Mas você não acha que talvez seja bom pra ele ir? Ver que tem mais família: tios, primos, avós?"

"Ué, mas se eles quisessem conhecer o Zac, eles já teriam vindo pra cá, você não acha? Por que o Zac que tem que ir pra lá?", ela perguntou indignada.

Carlisle entendia Giovanna. Ele sabia que ela tinha um ponto. Mas também sabia que o Zac poderia estar fingindo não querer conhecer a família para não magoar a mãe ou com medo de se magoar. 
Ele virou a namorada em sua direção, a fim de olhar para ela. A médica estava com a testa franzida, não por estar com raiva do Carlisle, mas pela situação toda. 

"Você sabe que é a coisa mais importante pra ele e que nunca vai deixar de ser, não é?", ele perguntou, segurando os ombros da namorada.

Ela curvou os lábios triste, porque na verdade tinha medo de que aquilo deixasse de ser verdade, uma vez que ele conhecesse a nova família. Como se ele soubesse exatamente aquilo que ela estava pensando, o professor de Psicologia falou:

"Disso você não precisa ter medo, Gio. O Zac te ama muito. Você sempre vai ser a primeira na vida dele, mas se isso te incomoda tanto, você não precisa deixar ele ir, por enquanto. O Derek que espere."

Giovanna passou o dedo indicador no peitoral de Carlisle, olhando para os pelos que ele tinha na região. Ela ponderou se deveria dizer aquilo que queria dizer. A morena acabou desistindo, decidindo, ao invés de falar algo, simplesmente beijá-lo. O beijo, que era para ser curto, acabou ficando animado, principalmente por parte do professor de Psicologia, que a empurrou contra a parede e levantou uma de suas coxas. A médica começou a arfar, ao sentir os beijos de Carlisle em seus seios. O Cullen, sabendo que sexo no chuveiro, na prática, tinha muitas desvantagens, enfiou os dois dedos dentro de Gio para ver se ela estava lubrificada o suficiente ou se a água estava tirando sua lubrificação natural. Com uma mão no cabelo do namorado e outra na torneira, a mãe de Zac desligou o chuveiro, gemendo ao sentir os dedos de Carlisle dentro dela. Sentindo que ela poderia ficar ainda mais molhada, o professor voltou a investir nas preliminares, mas assim que ele começou a beijar o pescoço da amada, ouviu as terríveis palavras de Giovanna:

"Eu quero me casar com você."

Carlisle parou de beijá-la naquele mesmo instante, assustado com o que tinha acabado de ouvir. 

Escapoliu. Simplesmente, escapoliu aquilo que a médica estava doida para falar, desde muito tempo.

O professor tentou disfarçar o medo que estava sentindo quando foi olhar Gio. Ela olhava para baixo. O timing tinha sido péssimo, mas era agora ou nunca. Ela já tinha começado...

"Eu nunca pensei em me casar. Eu me tornei muito independente, desde que o Zac nasceu. Eu era muito vigiada pelos meus pais, não tinha liberdade pra nada, então eu gostei da minha independência e me acostumei muito com ela. Só que o tempo passou, o Zac cresceu, daqui a pouco ele vai pra faculdade, sei lá aonde, e eu vou ficar sozinha... Não, espera! Eu acho que eu to me explicando um pouco errado", ela respirou fundo e conitnuou: "Eu to acostumada a fazer as coisas sozinha: acordar sozinha, lembrar de pagar as contas sozinha, criar o Zac sozinha, cuidar da casa sozinha e eu sou feliz assim... Quer dizer, eu era. Eu nunca tive uma companhia de verdade, alguém que eu pudesse contar, desabafar, pedir conselhos... Alguém que genuinamente se preocupa por mim e pelo meu filho, até te conhecer... Eu fiquei noiva da última vez, como você sabe. Mas eu não queria. Eu não queria mesmo. Mas dessa vez eu quero. Eu sei que você tem seus filhos, etc., mas eles podem morar aqui ou a gente pode se mudar para uma casa maior. Eles também podem continuar morando com a Esme, aqui em frente. Você pode ver eles todos os dias, sei lá, o que você achar melhor. Eu sei que é tudo muito confuso, tem uns arranjos, mas acho que dá pra resolver. Não é que eu queira me casar amanhã, nem nada. A gente pode esperar. Eu posso esperar. Eu acho que o que eu realmente quero dizer é que eu tenho 34 anos e eu te amo e isso soou muito brega e a gente ta pelado. A gente pode sair do chuveiro?". Giovanna nem esperou a resposta do Carlisle que estava mais pálido do que o habitual. Ela pegou a toalha e saiu do banheiro. O que havia de errado com ela? Nem ela sabia responder. Foi muita estupidez falar aquilo, justamente naquele momento. Ela trancou a porta do quarto e foi se vestir. Tempo era uma coisa que o médico precisava e ela daria isso a ele. Bem, 10 minutos, pelo menos. 

Ela finalmente saiu do quarto e viu Carlisle, já vestido, pensativo, olhando pela janela da cozinha. Zac estava sentado, mexendo no celular, terminando de tomar seu café da manhã.

"Bom dia, Zac!", Giovanna falou com a voz rouca.

"Bom dia, mãe", respondeu Zac ainda olhando para a tela do celular. 

"Já terminou, Zac? Eu posso te dar uma carona pra escola. A gente só precisa passar lá em casa pra buscar a Katie e o Edward."

"Carona com o gripinha e a Katie? Eu to fora!"

"Você vai a pé à toa então?"

Zac revirou os olhos e respondeu, se levantando:

"Ta bom, mas eu vou no banco da frente! Tchau, mãe!"

"Tchau, filho! Juízo! E para de chamar o outro de gripinha. Coisa velha."

"Foi o Carlisle que inventou esse apelido", retrucou Zac rindo e indo em direção à porta.

Carlisle se aproximou de Giovanna e falou:

"Sobre o que você falou agora há pouco, eu realmente acho que a gente tem que conversar, mas pode ser depois da escola? Hoje mesmo, até."

"Sim, claro! A gente conversa hoje então."

"Ok!"

Carlisle deu um selinho rápido em Giovanna e foi embora, sem a menor ideia do que iria fazer. Contar a verdade? Ela iria acreditar? E agora?

Giovanna observou ele saindo, pensando se tinha feito bem em ter falado a verdade. E se ele não quisesse? O que eles iriam fazer? Terminar? Aquilo começou a causar uma dor de cabeça na morena, que ainda tinha que se encontrar com os acionistas do hospital naquele mesmo dia. Ela tomou o remédio e tentou não pensar naquilo. Pelo menos, até a noite, quando tudo seria, finalmente, resolvido.

segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

Backup plan

Dakota estava conversando com Marshall e Sam, quando viu Jack indo para a sala dos professores. Sem explicar aos amigos para onde estava indo, ela simplesmente saiu rapidamente de lá, indo ao encontro do professor de história.
- Jack? - ela o chamou, assim que o alcançou.


- Dakota. - e continuou andando.
- Sério mesmo? Até quando você vai continuar me tratando assim?
- Dakota, é melhor a gente conversar depois em outro lugar. - Ele disse, olhando para os lados, com medo dos alunos o verem juntos.
- Ah é? Porque agora sempre que eu te mando mensagem pra gente se ver, você nunca me responde.
- Aqui realmente não é o lugar mais apropriado pra gente conversar. - Ele novamente olhou para os lados.
- Qual é? Que medo é esse que você tem? Todo mundo já sabe da gente. Não tem nada de errado nisso, lembra?
- Eu sei, Dakota, mas isso não significa que eu quero que os alunos vejam a gente lavando roupa suja aqui.
- Tudo por causa de uma foto boba no xiglute? Sério, Jack? Você realmente acha que se eu tivesse algo pra esconder, eu postaria uma foto no xiglute pra todo mundo descobrir?
- O problema - Jack começou falando exaltado, mas logo depois abaixou o tom - O problema é que todo mundo sabe da história que vocês dois tiveram e...
- Que história, Jack? Que história?
- Que história, Dakota? - Jack deu as costas para a garota injuriado, revirando os olhos e depois se voltou novamente para ela, nervoso e falando baixo - A história que vocês dois se f**iam sempre que podiam.


Dakota ficou perplexa com o que Jack havia acabado de dizer. Ela olhava pra ele assustada e humilhada. O professor continuava olhando para ela irritado. Finalmente, ela disse visivelmente abalada:
- Isso foi há muito tempo.
- Sim, e só parou, porque ele não quis mais.
Outch!
- Eu que não quis mais.
- Ta bom...
- Você é um grosso!
- Eu sou um grosso? Dakota, por que você postou uma foto com o garoto que você sempre foi apaixonada, andando de bicicleta à noite, como se os dois tivessem acabado de sair de um encontro super romântico?
- Não aconteceu nada e você sabe disso! Você só ta preocupado com o que os outros vão pensar, ou melhor, com que a Letícia vai pensar.
- Que Letícia, Dakota? A Letícia não tem nada a ver com a história! Você só ta tentando meter ela no assunto pra se justificar.
- Você acha que eu não percebo nada, Jack? Pois eu não sou cega! Eu sou só um backup pra você mostrar pra Letícia que está bem.
- Ta bom, Dakota! Mude o foco da história e se faça de coitada.
- Eu percebi, Jack, desde o dia que você me contou da sua história com ela, a sua cara de sofrimento, o rancor, a saudade, o ciúmes que você sentiu dela com o Carlisle. Foi por isso que você veio pra cima de mim, não foi? Pra se vingar do Carlisle! Mas ele nunca gostou de mim, então você acabou se ferrando.
- Você viaja, Dakota! E quer saber? Quem ta fazendo papel de "backup" sou eu. Backup de Jamie e backup de Carlisle. Não deu com o Carlisle, então vamos de Jack, né?
- Pois é, foi uma pena que não deu certo com o Carlisle, porque ele é muito mais cavalheiro que você.
Jack olhou para Dakota com muita raiva. Lágrimas saíam do rosto da menina. Pouco tempo depois, ele falou:
- Bem, então você agora tem a chance de correr atrás de quem você realmente quer. Acabou, Dakota!
Ele virou as costas e saiu. Dakota ficou parada, tentando enxugar as lágrimas que não paravam de cair em sua face.

quarta-feira, 22 de janeiro de 2020

Short sad note

Andrew e Antonella entraram no carro em silêncio, com os olhos completamente vermelhos. Os dois olhavam para frente, como se estivessem sozinhos, sem a presença um do outro. O professor sentia uma dor muito forte no peito. Sua mente o traía e o lembrava de quando, num dia, brigando com Antonella, a fim de evitar que o filho ouvisse todos os xingamentos e as acusações, pediu para os vizinhos tomarem conta dele. Asa não queria, pedindo relutantemente para não ir. Na cabeça do inglês, é porque ele não queria ver os pais brigando e acreditava que sua presença impediria que os ânimos se exaltassem ainda mais. Andrew não escutou o filho e o levou para ficar com Mr. e Mrs. Wright. A lembrança causou tamanha dor, que fez com que o pai de Asa colocasse um dos punhos fechados em frente a boca, para reprimir o som que queria escapar da sua garganta. Antonella olhou para o ex-marido, após ouvir o gemido que ele tentara reprimir e viu seu queixo tremendo. Ela o abraçou forte, envolvendo seus braços no pescoço do inglês. Só ela sabia a culpa que ele sentia, pois era a mesma dela. Ele enterrou a cabeça nela, a abraçando de maneira mais frouxa, já sem forças. Enquanto ela fazia carinho no cabelo do ex-marido, ele acariciava as costas dela gentilmente. Os dois ficaram assim por um tempo, quietos, se consolando. O carro exalava a dor da descoberta, a culpa e o amor pelo Asa. 

sexta-feira, 17 de janeiro de 2020

(Nice Dream)


Asa chegou em casa correndo e subiu diretamente para o seu quarto, sem falar direito com ninguém. Ele não conseguia parar de sorrir. Ele até tentou fincar seus lábios para baixo, mas rapidamente a tentativa de fazer uma cara triste se desfez para abrir lugar, mais uma vez, ao sorriso que não queria sair do seu rosto. Tentando liberar sua energia, comemorou o ocorrido mexendo os braços e dando um curto chute de felicidade. Vida longa ao cd The Bends do Radiohead, também conhecido como o melhor cd para amassos. Se ele tinha gostado do beijo que eles haviam dado na escola, imagina aquele dado no quarto dela, abençoado pelos pósteres colados na parede, inebriado pelo cheiro natural dela, naquele habitat que ele acreditava ter sido frequentado por poucos. E nossa, quanto tempo durou aquilo? O álbum tinha tocado praticamente todo. Ele sorriu de novo. O gosto do beijo continuava vívido na mente dele. Só de se lembrar do nervosismo que estava sentindo antes de ir para a casa dela, de fazer aquela proposta, da dúvida se deveria ou não levar o cd. Abençoado seja The Bends do Radiohead, melhor cd para amassos! As línguas deles pareciam que se movimentavam de acordo com o ritmo das músicas. Os lábios dela eram tão macios. Ela cheirava tão bem. Ela era tão bonita, tão legal, tão alternativa, tão abusada, tão criançona e, ao mesmo tempo, tão mulher. Ele, certamente poderia beijar ela por horas e horas.
"E ela não parou...", pensou Asa, sorrindo.
Quando perguntado sobre o sabor da tartelete, o garoto respondeu "duas de limões" e, sem perder tempo, abocanhou novamente a boca da garota, sem dar tempo dela dizer que já era o suficiente. Mas quando eles foram chamados para comer a tartelete, aí não tinha jeito. Bem, pelo menos, foi o que ele havia pensado, até ele subir de novo no quarto dela e não resistir. Foi direto para a cama da garota e voltou ao trabalho! Ela não negou, pelo contrário, aceitou bem. 


De repente, Asa se lembrou da parte em que o dente dos dois bateram e ele pediu, ao trocar de lado, desculpas. Ela só abriu um pequeno sorriso para ele, interrompido, rapidamente, pelo beijo que continuava. Que sorriso! E o nariz dela ficava tão bonito depois do beijo, tão vermelho, tão fofo. Ela era tão fofa, tão perfeita.
Como ele daria qualquer coisa para beijá-la de novo. Aquele provavelmente tinha sido o último beijo dos dois. Ele queria ter aproveitado mais, ter tido mais consciência sobre o beijo, durante o beijo. Os lábios dele começaram tão nervoso, tão tremidos e terminaram tão familiarizados, tão deslizantes. Ainda assim o beijo não era monótono. A cada momento ele se surpreendia, sentia sensações que até então nunca havia experimentado. Lembrou das mãos dele, uma posicionada no rosto dela e outra na cintura. Lembrou das mãos dela também. E quando começou a tocar...
Crystall entrou no quarto. Asa perguntou irritado:
"What you're doing here?"
"Esqueceu que eu to dormindo aqui agora? Eu hein! Você é muito mal humorado, sabia? Vai ser feliz!
O comentário da Crystall o fez rir, porque mal ela sabia que ele estava sentindo um nível de felicidade que ele não sentia há muito tempo. 
"Crystall, hoje, só hoje, eu te amo, ok?", ele deu um beijo no rosto da irmã.
"Eu hein! Ta doidinho mesmo. Eu também te amo! Agora sai da minha frente, que eu quero dormir!"
Asa abriu o caminho e deixou a irmã se deitar na cama dele. Aproveitou para se preparar para dormir. Quando chegou, Crystall já estava no quinto sono. Ele pegou seu walkman, seu cd do Radiohead, deitou no colchão inflável que sua mãe tinha acabado de comprar, e repassou novamente as lembranças, já mais vagas, na sua cabeça. Abençoado seja o álbum The Bends do Radiohead e os lábios de Rita juntos aos seus!