sexta-feira, 30 de outubro de 2020

Só algumas screenshots










 


Libidinoso

*Essa notícia contém efeito amendobobo para todos, exceto para o grupo da Lana, ousadas, grupo da Natália, Andrew, Tom e Carlisle.*

- How was the mass? - Andrew perguntou desviando rapidamente a atenção do livro para Antonella, que tinha acabado de chegar.

- Boring. - Ela respondeu, largando a bolsa no sofá. 

- How is everyone? - Ele voltou a olhar para o livro.

- Great. - Ela disse soando estressada.

- It's everything alright?

- Why wouldn't it be?

Andrew resolveu não pressionar, voltando a pôr a atenção no livro que estava lendo. Pouco tempo depois, Antonella subiu em cima dele, que estava sentando na poltrona e disse:

- Stop reading that stupid book! - Ela jogou o livro dele no chão.

Andrew era homem, mas também era escritor e fanático por Literatura, então não gostou nada da postura da namorada. O livro poderia ter amassado agora.

- I'm horny. - Ela disse se mexendo nele.

Andrew era escritor e fanático por Literatura, mas também era homem, então f***-se o livro.

- You just got back from the mass and now you're horny? - Ele perguntou desconfiado de que algo mais tivesse acontecido.

- I'm not horny, 'cause I came back from the mass. - Ela revirou os olhos. - I'm horny, 'cause you make me like that when you wear these glasses and this white T-shirt. - Ela continuava se mexendo.

Andrew costumava usar óculos de grau no final do dia se tivesse passado o dia inteiro lendo, como era o caso. A vista dele acabava ficando cansada e o óculos dava um jeito naquilo. A camiseta branca era uma camiseta comum.

O inglês sabia que alguma coisa tinha acontecido, mas também sabia que Antonella precisava descarregar, então não falou mais nada. Ele colocou a mão na bunda dela e começou a ajudá-la a se mexer, olhando fixamente para ela. 

Os dois, então, começaram a se beijar intensamente, fazendo com que Andrew da poltrona, encaminhasse Antonella para a cama.

Enquanto beijava o pescoço da namorada, ela falou:



- Don't hold yourself back. Today you can do anything you want with me.

Definitivamente algo tinha acontecido.

Ele olhou para ela confuso.

- Anything?

- Anything! - Ela atacou a boca dele novamente.

Algumas pessoas gostam de descontar  frustrações no sexo. Andrew também era uma dessas pessoas. 

Para a surpresa de Andrew, no decorrer do ato, Antonella estava realmente muito safada e pronta para tudo, então "tudo" ela teve. 






Os dois terminaram completamente suados, cansados e satisfeitos.

- We really are dirty, aren't we? - Perguntou Antonella ofegante, virando o rosto na direção de Andrew.

- Oh, yeah. - Ele virou o rosto na direção dela. Os dois riram, viraram as cabeças em direção ao teto e deram um high five.






Posteriormente, Andrew descobriu que naquele dia o padre da igreja em que Antonella prestava serviços a dispensou, alegando que ela já era do mundo.

quarta-feira, 28 de outubro de 2020

Little Ghosts Everywhere - História 3

       James estava sentado em uma cafeteria, tamborilando os dedos na mesa, tamanha era sua ansiedade. Depois de tantos anos tentando contato sem sucesso, finalmente Alicia havia combinado de se encontrar com ele. Como ela estaria? Será que envelheceu muito? Como estava o casamento? A mãe dele havia dito que ela teve uma filha. Como ela era? Que ansiedade! Ele olhou para o relógio impacientemente. A ex-amiga já estava 15 minutos atrasada. Será que ela apareceria ou desistiria? Mas foi ela quem o procurou. Ele já tinha desistido de falar com ela há anos depois de tanto ser ignorado. Bem, seria muita insensibilidade da parte dela deixá-lo plantado e não era do seu feitio ser insensível, principalmente com ele, que a conhecia durante toda a sua vida.

            50 minutos se passaram e nada de Alicia. É, pelo visto ela não apareceria. É como os franceses dizem “C´est la vie”. Talvez tivesse ocorrido algum imprevisto, talvez ela simplesmente tivesse se arrependido. Qualquer que tenha sido a situação, James preferiu não guardar rancor. Ele terminaria o café e tentaria ligar depois, antes de sair, para ver se realmente ela não apareceria. Uns 5 minutos depois da resolução, Alicia apareceu na cafeteria. Ela não tinha mudado nada, continuava com a mesma cara angelical que sempre teve, desde criança.

Quando Alicia avistou James, seu coração bateu rápido. Era a hora da verdade. Uma parte dela queria que ele tivesse ido embora depois de todo aquele atraso sem justificativa. Ela poderia ter mandado uma mensagem de celular, mas não fez nada, e ainda assim, ele estava lá. Do jeito que o antigo amigo era, ela poderia ter demorado horas e horas e ele continuaria ali esperando.

“Oi!”

“Oi.”

Os dois se abraçaram sem jeito, rindo da falta de intimidade que o tempo trouxe.

“Desculpa o atraso.”, falou Alicia se sentando. “Eu tive que resolver uns problemas e acabei me atrasando.” Mentira!

“Tudo bem, sem problemas. Eu acabei pedindo um café, enquanto te esperava. Você vai querer um?”

“Claro.”

James fez sinal para a garçonete trazer mais um café. Quando viu que a atendente anotou o pedido, se virou para Alicia e perguntou:

“Mas como é que você ta? Quanto tempo a gente não se vê...”

“Pois é. Eu to bem e você?”

É, aquilo tinha sido vago... E decepcionante.

“Eu to bem também. To trabalhando...”, a garçonete trouxe o café. “Obrigado.”, ele se dirigiu à moça, “Eu to trabalhando numa firma bem boa como Economista.”

“Que legal! Fico feliz por você.”, ela fingiu empolgação. A verdade é que ela estava muito, muito, mas muito nervosa e não conseguia focar em nada.

“Eu também tenho o meu próprio apartamento por aqui. Antes eu alugava, mas agora consegui comprar um.”

“Uau!”

“Fora isso, não mudou muita coisa.”

“Você se casou?”

“Não.”

“Ah, que pena... Ou não. Eu não sei o que você quer.”

“Eu to bem solteiro.”

“Você ta namorando?”

“Eu tava, mas acabamos terminando.”

“Ah, que pena... Ou não. Ai, me desculpa.”

“Tudo bem, tranquilo.”, ele riu. “Bem, e você, como é que você ta? Soube que você tem uma filha. Você ainda ta casada com o Fábio?”

A pior parte daquilo tudo era que o elefante branco já entrava na sala logo no início da conversa.

“Eu estou me divorciando.”, ela disse sem jeito.

“Caramba. Eu sinto muito”, falou honestamente James.

“Tudo bem.”

“Mas você tem uma filha, né? Ou teve mais?”

“Só uma.”

“Como ela se chama?”

“Saoirse.”

“Sar o quê?”

“Saoirse. Foi em homenagem à bisavó do Fábio.”

“Ah, entendi. Bem diferente.”

“É.”, ela olhou para baixo.

“E você tem alguma foto dela? Queria conhecê-la.”

“James, será que podemos não falar disso no momento?”, suplicou Alicia.

“Tudo bem, me desculpa. Podemos falar de outra coisa sim." O peguete de Letícia (Você piscou e ela tirou o seu ponto) achou que ela se animaria em falar da filha, mas provavelmente o assunto também a lembrava do divórcio. "Então, você ta trabalh...”

“Me desculpa, James.”, ela tocou no braço do coordenador. “É que eu to muito nervosa. Com o divórcio. E com outras coisas.”

“Tudo bem, eu entendo. Não precisamos falar sobre isso ou sobre nada relacionado a isso.”, ele apertou a mão dela.

“Obrigada, obrigada.”, ela apertou a mão dele de volta.

Os dois começaram a conversar sobre a vida e sobre os caminhos diferentes que trilharam. Alicia estava muito nervosa, só pensando em quando contaria a verdade para James. Ela percebeu que por mais que a conversa estivesse sendo agradável, era torturante evitar por tanto tempo a revelação, então assim que ela achou um espaço na história do antigo amigo, disse:

 “James, eu preciso falar com você sobre algo... bem sério.”, ela respirou fundo. “Tem a ver com o meu divórcio.”

“Ok.”, o coordenador olhou para ela sem entender a ligação do divórcio dela com ele. A não ser que... Será?

“James...”, as lágrimas já ameaçavam cair. “Me desculpa. Eu não sei como te contar isso.” Ela escondeu o rosto com as mãos.

“Calma, Alicia.”, ele segurou a mão dela novamente.

“Não segura a minha mão, por favor.”, ela soltou a mão dela rispidamente da dele. “Me desculpa, mas eu não quero que você segure a minha mão pra soltar depois.”

“Ok”, disse James nervoso. Parecia realmente ser algo sério.

“O Fábio e eu tivemos um casamento muito bom, muito bom mesmo. Nós três estávamos muito felizes. Mas... Mas... A Saoirse... Ela sofreu um acidente. Ela foi atropelada.”

A filha dela morreu. James foi mais uma vez segurar a mão de Alicia, mas no meio do caminho se deteve. Não, ela não morreu, porque isso não seria um motivo para ele ter raiva dela... Os olhos dele, de repente, arregalaram.

“E aí ela precisou de transfusão de sangue...”

O coração de James bateu rápido. Ele já sabia a conclusão da história. Ainda assim, não disse nada. Estava em choque.

“Na hora da transfusão, descobrimos que... Descobrimos que ela não é filha do Fábio.”, as lágrimas caíam torrencialmente do rosto dela. Era vergonhoso estar daquela maneira aos olhos de desconhecidos, mas era melhor contar em um lugar público, que exigia discrição dos envolvidos, do que num privado, onde todos podiam agir da maneira que quisessem. Ela não tinha medo de James bater nela, mas tinha medo do que ele diria se só estivessem os dois a sós.

James continuava sem dizer nada, mas também sem olhar para Alicia.

“Você se lembra... você se lembra de quando ficamos juntos... da última vez?”

James continuou quieto, tentando processar tudo. Naquele mesmo dia ele tinha acordado sem filha, agora acabava de descobrir que tinha uma, que o nome dela era horrível e que era em homenagem à bisavó de outro homem.

Alicia resolveu não dizer mais nada. Ela sabia pela feição do coordenador que ele havia entendido completamente a situação. Ela esperou que ele dissesse alguma coisa. Parecia uma eternidade.

“Você nunca desconfiou que ela fosse a minha filha?”

“Eu não sabia.”

“Não sabia ou não tinha certeza?”

“Não tinha certeza.”

James olhou para Alicia com desprezo. Ele não era um cara de nutrir ódio, mas naquela hora, estava fervendo.

“Quantos anos ela tem?”

“Nove.”, ela disse quase sem voz, chorando.

“Nove.”, ele repetiu. “P**a que pariu!”, falou baixo. “E cadê ela?”

“Ela ta no hotel com a minha mãe.”

“Ela sabe que o Fábio não é o pai dela?”

“Ela descobriu.”

“Eu quero ver ela.”

“Ok.”

“Agora!”, ele disse firme, controlando o tom de voz para quem ninguém ouvisse.

“Ok.”

James estava muito, mas muito p**o. Durante o trajeto inteiro até o hotel, não dirigiu uma palavra para Alicia. Ela enxugava as lágrimas de vez em quando, enquanto dirigia. Se ele pudesse, nunca mais olharia para a cara dela. Como esconder esse segredo por tanto tempo? Se ela tinha dúvidas, porque nunca tentou descobrir a verdade? Com que direito ela achou que a felicidade dela valia mais do que a dos outros envolvidos? Uma filha de 9 anos. Quanta coisa ele perdeu. Ele não sabia nem como a garota se parecia, se havia puxado algum aspecto dele. Se o acidente não tivesse acontecido, ele nunca descobriria nada. O coordenador fechou a mão em punho, sentindo muito ódio de Alicia.

O ódio foi substituído pelo nervosismo, assim que ele chegou no hotel. Como ela seria? Como ela seria? Será que ela o aceitaria como pai? Será que ela pensaria que ele a abandonou? O quanto ela sabia de toda a situação? Será que ela sabia que talvez conheceria o pai naquele dia?

Antes de abrir a porta do quarto, Alicia disse:

“Eu sei que eu não tenho direito de te pedir nada, mas vai com calma. Ela ta muito abalada com tudo o que ta acontecendo.”

James não disse nada, mas pensou “Vai tomar no c*!”

Os dois entraram no quarto do hotel. A mãe de Alicia estava deitada na cama. James correu os olhos no cômodo, buscando uma criança. Saía do banheiro Saoirse. Os dois se olharam e sem qualquer apresentação, se reconheceram.

Little Ghosts Everywhere - História 2

Megan e Natalie estavam deitadas na cama, cada uma virada do lado oposto da outra, conversando sobre Jorge (sim, o primo da Patrícia. Essa é do arco da velha). Acontece que a jovem nerd tinha um crush platônico no garoto, mas não conseguia fazer nada, porque virou ponto pacífico na escola que o grande casal era Jorge e Courtney, ainda que os dois não namorassem.

“Fala sério, Natalie. Mesmo que não existisse a Courtney, duvido muito que você faria alguma coisa. Você é muito medrosa.”

“Eu não sou medrosa, só sou tímida.”

“Dá no mesmo. Gente tímida, normalmente é medrosa.”

“Nem sempre”, protestou Natalie.

“Você se considera medrosa?”, perguntou Megan, levantando um pouco da cama e olhando seriamente para a amiga.

“Ah, mas eu não sou todo mundo.”

“Então pronto!”, ela jogou a parte do corpo que tinha erguido para trás, a fim de deitar novamente na cama.

“Eu certamente seria rejeitada por ele.”

“Pode ser...”

Na verdade Megan duvidava muito que Jorge rejeitasse Natalie, com Courtney ou sem Courtney. Natalie era linda. Não tinha como. Ela só dizia aquilo, pois queria que a amiga continuasse com medo e não fizesse nada.

Já fazia um tempo que ela estava nutrindo sentimentos românticos pela melhor amiga. No começo, Megan não entendeu muito bem o que estava sentindo, já que nunca teve dúvida que gostava de meninos. Num primeiro momento, achou que fosse a boa e velha curiosidade, mas, com o decorrer do tempo, o sentimento só foi aumentando. Ela gostava muito de passar as horas do dia com Natalie, tocá-la, sentir seu cheiro. As duas, literalmente, eram inseparáveis, o que para Megan era ótimo. Uma parte dela ainda acreditava que aquilo não era nada demais, só curiosidade. Pensar na garota o tempo todo, fixar o olhar sempre que ela passava a língua entre os lábios era algo normal para meninas da sua idade. Todo mundo devia passar por aquilo. O problema é que aquele desejo a estava incomodando cada vez mais. Megan acreditava que se beijasse Natalie pelo menos uma vez, ela perceberia que garotos eram melhores. Mas não podia ser outra garota, só Natalie.

Ela tentou traçar mentalmente um plano várias vezes, mas tinha medo da amiga entender errado e botar a amizade a perder. De jeito nenhum ela queria arriscar o que tinha e ainda ficar sendo vista como lésbica. Não, isso não. Até porque, ela não era lésbica. Ou era?

Passado alguns meses, Megan já não estava mais aguentando aquela tortura. O que aconteceria se ela contasse para a amiga a dúvida que estava sentindo? Natalie era boa. Nunca iria parar de falar com ela por algo tão bobo ou iria? A verdade é que a rainha sabia que não, mas tinha muito medo de ser rejeitada. Ela já tinha até feito as pazes com a ideia de que talvez fosse, não lésbica como havia pensando, porque ela também gostava de garotos, mas bi.

Um belo dia, Megan tomou coragem e decidiu contar para a Natalie toda a situação. Ou quase toda. As duas estavam sentadas na mureta da casa da ousada, tomando sorvete, quando a morena começou:

"Natalie, eu tenho que te contar uma coisa.", ela disse de cabeça baixa.

"O quê, Meg?", Natalie perguntou, dando uma lambida no seu sorvete. Parece até que ela já sabia.

"Eu acho que eu gosto...", Megan engoliu em seco. "Eu acho que eu gosto de meninas. Quer dizer, que eu também gosto de meninas. Meninos e meninas."

Aquilo pegou Natalie de surpresa. Ela realmente não estava esperando uma revelação daquelas, ainda mais vinda do nada.

"Como você descobriu isso? Você tem certeza?"

"Eu acho que...", começou a ousada.

Será que valia a pena colocar toda a sua amizade em risco sendo tão sincera?

"Eu acho que com os filmes. Segundas Intenções realmente me pegou de jeito. E sim, eu tenho certeza. Ou quase. Sei lá.", Megan disse confusa. "Quão estranha você acha que eu sou?", ela perguntou chateada.

"Eu não te acho estranha. Nem um pouco.", Natalie tocou no braço da amiga. "Mas você acha isso só por causa de um filme? Porque se for só por isso, talvez você nem seja."

"Não, não é só isso." Megan queria desaparecer. "Eu também estou gostando de uma menina."

"Quem?", perguntou Natalie curiosa. Elas eram melhores amigas, então não tinha motivo para rodeios.

"Você.", Megan confessou, fechando os olhos para não ver a reação da nerd.

Natalie ficou muito, mas muito chocada. Em nenhum momento passou pela sua cabeça que Meg poderia gostar dela. Nem mesmo após a revelação isso era uma possibilidade. Ela respirou fundo e por sua amiga fez a melhor cara que pôde, imaginando que aquilo estava sendo muito difícil para Megan.

"Meg, para de tapar a cara, por favor, e olha pra mim, sério!" A ousada fez o pedido por Natalie. "Pode ser que você tenha se confundido, porque somos muito amigas. Mas pode ser que seja verdade. De qualquer forma, estarei aqui por você, saiba disso. Nada mudou."

Megan tapou a cara novamente. Ela estava completamente envergonhada e arrependida de ter sido tão sincera. Era melhor ter deixado tudo quieto e lidado com aquilo internamente.

Ao ver a reação da menina, Natalie, sem pensar, tirou a mão de Megan do rosto e tascou-lhe um beijo de língua. Foi a primeira vez que as duas beijaram alguém do mesmo sexo. A língua de Natalie tinha gosto de morango, enquanto a de Megan tinha gosto de menta. O coração da ousada batia muito forte. Ela ficou surpreendida com o fato da língua da aluna preferida de Carlisle (alô, professor! Faz análise aí!) ser tão macia e gentil. Foi naquele momento que ela percebeu que realmente era bi. Não havia mais dúvidas. Aquele beijo tinha sido o melhor da sua vida até então. 

Natalie tentou não pensar no momento, nem na circunstância. Ela simplesmente se jogou e deixou rolar. Ela percebeu que a língua da ousada, a princípio, estava tremida, tanto quanto o coração da garota, que batia aceleradamente. Entretanto, com o tempo, as coisas foram se acertando e encontrando o próprio ritmo. Era igual a beijar um homem, ao mesmo tempo que não era. Megan beijava muito bem, era verdade, mas faltava algo. Com aquele beijo as duas tiraram certezas completamente opostas: uma do sentimento, a outra da falta de sentimento.

Quando pararam de se beijar, Natalie olhou discretamente ao redor para ver se alguém tinha visto. Em contrapartida Megan estava completamente extasiada com o que havia acontecido, já com saudades de sentir a boca de Natalie na sua. 

"O que você achou?", Natalie perguntou calmamente para Megan. 

"É, definitivamente eu sou bi.", disse sinceramente a irmã de Lauren. "E você?"

"Foi bom sim", concordou a garota, não sabendo o que dizer em seguida. Ela percebeu que o beijo havia sido uma atitude impensada, pois agora a colocava em uma sinuca de bico, uma vez que ela não tinha sentido o mesmo que a amiga. "Mas eu não sei... Acho que ainda te vejo só como amiga."

"Tudo bem. Eu não esperava que você fosse se descobrir bi ou coisa assim." Megan sabia que era quase impossível que o sentimento se tornasse recíproco, mesmo depois do beijo. Ainda assim, doeu um pouco ouvir aquelas palavras. "Ainda assim, obrigada, de verdade. Você é uma boa amiga."

"Não foi nada!............................... Por favor, Meg, não se afasta de mim, ok?"

"Eu não vou."

"Obrigada", Natalie deu um sorriso tímido para Megan, que retribuiu.

E se afastaram.

Little Ghosts Everywhere - História 1

Andrew se deteve na entrada do quarto, contemplando a bela vista que se apresentava a ele. Marianne estava sentada na cama, com os seios de fora. Uma de suas pernas estava esticada; a outra tenuamente dobrada. Ela olhava para um ponto fixo da parede, enquanto fumava distraidamente. Seu cabelo estava levemente bagunçado, assim como a franjinha, que também estava levemente molhada de suor. Sua feição não dizia muito. Era serena, triste e normal, tudo ao mesmo tempo.


Marianne percebeu a presença de Andrew assim que ele entrou no quarto, mas não desviou o olhar da parede. Ela já estava esperando que ele recolhesse as suas roupas do chão, a fim de sair o mais rápido dali. Entretanto, ao contrário do que esperava, o inglês deitou novamente ao lado dela na cama. Ela sentiu um pequeno alívio, mas permaneceu imóvel, como se o fato de Andrew não ter ido embora não fosse nada demais. Eles ficaram um tempo em silêncio, até que Marianne decidiu quebrá-lo, apagando o cigarro no seu cinzeiro de porcelana:

“Do you want some tea?”, perguntou, já se preparando para levantar da cama.

“Not now. Lay down a little bit with me, please?”, pediu ele com carinho.

Marianne imediatamente obedeceu ao pedido de Andrew, virando o corpo para a direção dele. O professor começou a passar os dedos pelo cabelo da morena, olhando-a fixamente, enquanto ela retribuía o olhar. Cada um dizia coisas completamente diferentes.

“I’m sorry.”, falou finalmente o inglês, que estava completamente arrependido da maneira que tinha tratado Marianne minutos antes. “I’m really, really sorry. I'm an idiot.”

“I’m sorry too.”

“You don’t need to apologize. You don’t do anything wrong.”

“Well... I was quite insensitive.”

“No, you weren’t.”

Marianne continuou olhando para Andrew, sentindo os dedos dele passearem gentilmente pelo seu cabelo. Ela esticou o braço para tocar no rosto do amante. Ela mexia o dedo, sentindo a barba mal aparada do professor pinicá-la. Era muito bom e muito difícil estar com Andrew. Ainda que tudo tivesse começado em sexo, cada vez mais ela se viu envolvida pelo inglês. Infelizmente, sabia que a recíproca não era verdadeira. O pai de Asa (fala aê, Emma!) ainda era muito amargurado por tudo o que havia acontecido com o seu casamento. O humor dele variava conforme o dia.

Às vezes ele estava depressivo,

Às vezes bem-humorado,

Às vezes irritado,

Às vezes sensível,

Às vezes mal-humorado,

Às vezes carinhoso,

Às vezes cansado,

Às vezes feliz,

Às vezes infeliz.

Ela não era lá uma pessoa muito consistente quando se tratava do próprio humor. O fato dela ter depressão e Andrew estar num estado depressivo, na verdade, era muito bom para os dois, pois cada um se ajudava quando via que o outro precisava. No dia em que a infelicidade parecia coincidir, ambos sabiam dar espaço um para o outro, ainda que fisicamente presentes. A verdade é que ela amava Andrew e se sentia mal, porque sabia que ele não sentia nem perto disso por ela. Marianne tinha vontade de se afastar muitas vezes, mas era muito fraca para isso. Havia um lado dela que acreditava que algum dia ele superaria Antonella e veria que ela era a mulher para ele. Se ele realmente se fixasse nela e nos momentos que tiveram, já teria percebido que a conexão que eles criaram era muito forte, quiçá superior a criada com a ex-mulher, e que ia além da paixão que os dois nutriam pela Literatura.

O momento era o mesmo: a mão no rosto de Andrew, a mão dele em seus cabelos, os olhares trocados.

 “I love you.”, ela disse, independentemente da ausência de reciprocidade evidente da parte do amante.

Andrew ficou surpreso com a declaração súbita de Marianne. Apesar de muito querida e essencial para o professor durante todo aquele momento que estava passando, ele não sentia o mesmo. Em uma situação normal, teria mentido, sem problemas, como já havia feito com amores passados. Porém, na circunstância em que se encontrava, era melhor ser sincero do que dizer uma mentira que se apresentaria como tal assim que saísse de sua boca.

“I really, really, really like you, Marianne.”, falou sinceramente Andrew, disfarçando o desconforto que toda a situação trazia.

Marianne fechou os olhos, aceitando aquilo com o máximo de prazer possível. Aquilo era bem melhor do que o que estava esperando.

“Maybe in another circumstance...”, o professor se apressou em dizer, achando que a reação da jovem demonstrava o contrário daquilo que ela estava sentindo. “Maybe in the future...”

“I accept that.”, ela abriu os olhos e um pequeno sorriso fechado, mas sincero, apareceu em seu rosto. Andrew beijou a mão dela com carinho.

Aquela foi a primeira e última vez que ela disse que amava Andrew.

Pouco tempo depois, o inglês recebeu um convite para dar aula no Brasil. Ainda com dúvidas se valia a pena deixar o seu filho, sua família e seu país, o professor decidiu perguntar à Marianne o que ela achava da ideia. A princípio, ela decidiu não opinar, torcendo no fundo para que ele negasse a proposta. Mais tarde, ele disse que não iria, deixando a irlandesa bem feliz, mas no dia seguinte, a jovem disse de repente:

“I think you should go to Brazil, have a fresh start.”

“Where did it come from?”

“I don’t know. I just looked at you right now and thought you should do this.”

“But there’s my family, my son, my friends... you.”, ela sorriu tristemente. “I don't want to leave anyone behind.”

“Well… I think you should think about yourself this time. The salary is way better, it’s a new country, a new culture, a new beginning. You won’t leave anyone behind. We’ll all be here.”

“I don’t speak Portuguese.”

“So let's learn together.”, dessa vez, Andrew sorriu, mas logo depois fez uma cara pensativa.

“I don’t know. I'm going to talk to Asa again. I don't want to leave him.”

“I'm sure he’ll understand. This is also for his future. And it doesn't mean it will be forever.”

“Yeah, maybe…” Andrew e Marianne ficaram em silêncio durante um tempo, pensativos, até que o professor disse: “I’m gonna miss you if I go.” Ela abriu um sorriso triste e falou:

“You gonna be fine.”, ela entrelaçou a mão com a dele.

A verdade era que Marianne queria que ele a chamasse para ir junto. Se ele a chamasse, ela definitivamente iria.

Acontece que ele não chamou e ela também não se convidou.

No dia de sua viagem ao Brasil, Marianne o levou até o aeroporto. Era 4h da manhã, de uma quarta-feira. Andrew já havia se despedido do filho e da família no dia anterior. Antes de embarcar, os dois deram o último beijo de despedida. Algumas lágrimas acabaram escapando do rosto da jovem. Ele prometeu ligar para ela quando chegasse e pediu para ela prometer que visitaria ele nas férias. Ela prometeu.

Só não cumpriu.

Com o tempo, já no Brasil, Andrew percebeu que as respostas da amante estavam ficando cada vez mais escassas. Um pouco depois, Marianne mandou uma mensagem dizendo que era melhor os dois pararem de ter contato. O professor não insistiu.

Num belo dia, recebeu uma encomenda do Correios. Ao abrir o pacote, deu de cara com um livro de teoria literária escrito por Marianne, com um bilhete com a letra da irlandesa, escrito “For an old friend”. Ele já tinha lido uma boa parte daquele livro, pois ela estava escrevendo quando os dois ainda estavam juntos. Andrew ainda deu dicas de novas leituras e teorias que a jovem poderia incluir em sua antologia. Folheando o livro, passou pela parte da Dedicatória, ficando completamente estupefato com o que os seus olhos liam:

For all the laughter, kisses, tears, companionship, intellectual and non-intellectual discussions provided by you, in the complex one year and a half that we were together, more significant than any other year of my life. You would give an anthology bigger than this one.

ABB

Ah, essa juventude...

terça-feira, 27 de outubro de 2020

Everybody hurts


    James estava sentado, enquanto a professora rebolava em cima dele. O coordenador segurava com toda a força possível o gozo, fazendo sua veia da testa saltar. Ele começou a pensar no comercial do Médicos Sem Fronteiras, ao mesmo tempo que Letícia cavalgava nele, ora lentamente, ora rápidamente.
    – Você vai chegar? – Perguntou a professora ofegante ao ver a cara de James, sem parar o trabalho.
    – Eu consigo segurar. – Falou ele com dificuldade.
    – No que você ta pensando?
    – No comercial do Médicos Sem Fronteiras. – A boca deles se encontraram, as línguas encharcadas.
    – Ta funcionando? – Ela perguntou, ao trocar de lado. 

 

   – O comercial já ta acabando. – Ele disse entre o beijo. – Você tem algo interessante pra compartilhar?
    – Você sabia que o Tolkien fez quatro livros sobre o universo do Senhor dos Anéis? – Ela se mexia devagar. – O primeiro é O Hobbit, que conta a história do Bilbo, tio do Frodo, e explica como o Um Anel entra na história. Depois vem O Senhor dos Anéis, um marco da literatura, eleito por especialistas como um dos mais importantes do século XX, ao lado até mesmo de Ulisses, do James Joyce. Foi daí que surgiu o gênero "fantasia". – Letícia começou a aumentar cada vez mais o ritmo – Então temos O Silmarillion, que conta a "mitologia" da Terra Média. Na ficção do Tolkien, seria o equivalente ao Livro de Gênese. Conta toda a história da Terra Média, desde o surgimento do mundo até a época do Senhor dos Anéis, descrevendo lugares, períodos e personagens históricos. E por último temos Contos Inacabados. – Ela falava entrecortada e com dificuldade pelo ritmo que os dois tinham atingindo – Este, como o próprio nome diz, foi mesmo inacabado. Tolkien já havia morrido quando o livro foi editado. É... uma coletânea de textos...., rascunhos... e contos... relacionados ao Silmarillion e ao Senhor dos Anéis... que não chegaram a ser utilizados nesses livros..., e foram reunidos.... e publicados.... pelo... Ai, f***-se! 

 
   ...
    – Uau! – Letícia virou o rosto na direção de James, com um sorriso fechado no rosto, ao ouvir a exclamação do coodernador. – Você é realmente superdotada. – Ele virou o rosto e olhou para ela. A professora, então, mirou o teto.
    – Você também não foi nada mal.
    – P**a que pariu. – James disse ainda ofegante, dessa vez mirando o teto. – P**a que pariu. – Ele repetiu, rindo e passando a mão no cabelo.
    – Eu sei, é uma sina que eu carrego comigo. – Letícia bem que queria, mas o pai de Saoirse deixava muito difícil a tarefa de não fazê-la se gabar.


    – Hoje você pode se gabar do que quiser. – Ele fez uma pequena pausa, antes de complementar – Até mesmo do seu conhecimento inútil sobre Senhor dos Anéis.
    – Funcionou, não funcionou?
    – Funcionou. – Disse James sarcasticamente, porque, na verdade, havia piorado a situação. – Você, sem dúvida, é bem nerd. Não sabia que você gostava tanto dos filmes do Senhor dos Anéis.
    – Eu não gosto muito dos filmes. O Peter Jackson estragou muita coisa.
    A nerdice da professora de matemática tinha um efeito reverso em James. Quanto mais ela falava, mas ele queria muito beijá-la, mas a falta de ar o impedia no momento.
    – Tem algum xingamento em outra língua que você possa me ensinar para eu poder me expressar nesse momento?
    – Qual língua? 
    – Na língua da sua amiga, Verinha. – Letícia riu do comentário.
    – Himmel, Arsch!
    – Himmel, Arsch! – Repetiu James capengamente. 
    – Não é a língua da minha amiga Verinha, mas é que o alemão tem uma boa variedade de palavrões.
    – E o que significa esse daí?
    – Significa exatamente o que você falou agora há pouco.
    – O que eu falei agora há pouco? Não me lembro. – mentiu James.
    – P**a que pariu.


    – Ah é. P**a que pariu. – Ouvir Letícia falando palavrão foi o combustível suficiente para fazer o coordenador atacar a boca da professora outra vez e tudo começar novamente.