sábado, 15 de dezembro de 2018

Grupo II

- É a sua vez! [ela sorriu]
- Ah é! [lembrou ele, que estava distraído] Se uma bola de cristal pudesse contar a verdade sobre você, sua vida, o futuro ou qualquer outra coisa, o que lhe perguntaria?
- Ush! Sei lá! É tanta coisa que eu gostaria de saber... [falou ela pensativa] Ah, já sei! Acho que eu perguntaria se no final da minha vida eu estaria satisfeita comigo mesma e com a minha vida.
- E se a resposta da bola fosse não?
- Não sei. [disse ela franzindo a testa] Acho que eu ficaria muito triste e repensaria toda a minha vida e meus sonhos.
- É uma pergunta muito pesada, acho, pra ser feita no final da vida. Acho que essa pergunta deve ser feita de tempos e tempos durante o decorrer da vida. Você não precisa de uma bola pra isso. O que eu quero realmente dizer é que você jogaria sua pergunta fora!
- Você acha? [disse ela ofendida, abrindo a boca num meio sorriso, meio boquiaberta]
- [ele piscou para ela] Agora a pergunta desse grande mestre entendedor da vida seria: [ele fez uma pausa dramática] Deus existe?
- Ah, que pergunta previsível. [ela revirou os olhos]
- Essa pergunta é muito importante pra mim.
- Você acha que você mudaria muito dependendo da resposta?
- De personalidade não, mas eu me sentiria completamente perdido e vazio.
- Eu também acho que não mudaria muito também, mas seria um pouco desconcertante se não existisse nenhum Deus.
- É. Eu não gosto nem de pensar numa coisa dessas... Melhor até ir pra próxima! Vamos lá: Há algo que há muito tempo deseja fazer? Por que ainda não fez? [ela instantaneamente ficou vermelha e soltou um riso sem graça] O que foi?
- Nada! Pensei em algo completamente aleatório.
- Normalmente a primeira coisa que vem na mente é a mais sincera.
- [ela continuou rindo sem graça] É, mas isso não é uma boa resposta pra pergunta. [ela bebeu uma taça de água] Bem, eu gostaria de fazer diferença na luta feminina. Lutar mais, sabe? Agora o porquê eu não fiz... Bem, eu não sei... Acho que não é tão fácil assim, mas talvez seja só eu dando mais uma desculpa pra minha passividade.
- Eu não te acho passiva. Eu acho que pra sua idade até que você faz muito.
- Obrigada de verdade, mas eu acho que poderia fazer muito mais. E você?
- Bem, eu gostaria de escrever um livro, mas eu não faço, porque acho que o conteúdo seria muito autoajuda trash ou muito presunçoso.
- É engraçado que a gente só se deprecia, né?
- Não! Apesar disso, eu sei que eu sou maravilhoso. [disse ele convicto]
- [ela sorriu] Qual é a maior conquista que conseguiu em sua vida?
- Família. E a sua?
- Ir bem no SAT.
- Foi uma conquista e tanto também! E você ainda tem muito para conquistar... [ela sorriu novamente para ele] O que mais valoriza em um amigo?
- Companheirismo.
- Companheirismo.
- Fácil essa! Vamos ver a outra... Qual é sua lembrança mais valiosa? Uuuuuuh...
- Mais valiosa? Nossa, essa é muito difícil.
- Verdade!
- Bem, [disse ele pensativo] eu não sei se é a mais valiosa, mas é uma das mais valiosas para mim. Quando a minha mãe ficou muito doente, eu não entendia direito as coisas. Me disseram que era só uma gripe e eu acreditei. Quando descobriram que não tinha mais jeito, minha mãe decidiu um dia sair da cama e ir passear comigo. Eu me lembro que a gente brincou bastante, mas que depois ela ficou bem cansada e nós voltamos pra casa. Quando a gente chegou, meu pai estava com muita raiva, porque ela não ficou de repouso. Ela foi pra cama e eles conversaram. Depois eles me chamaram e eu fiquei com medo de ouvir alguma notícia ruim, mas a minha mãe começou a falar animadamente, como se tudo estivesse bem. Eu deitei na cama junto com ela e meu pai ficou sentado. Ela me contou uma história para dormir e eu fiquei ouvindo enquanto o meu pai mexia no meu cabelo e ela no meu braço. [contou ele absorvido em suas lembranças] E foi isso!
- Isso foi bem íntimo. Me desculpa.
- Tudo bem! Eu contei, porque eu me senti confortável e é sempre bom lembrar... Mas olha, não é muito difícil um momento se tornar valioso pra mim. Eu contei esse, porque foi mais substancial, mas tem outros mais sem graça, sem nenhuma beleza aparente... E o seu?
- A minha é tão boba e superficial... [ela disse desconfortável] Foi quando eu ganhei um prêmio por um artigo que eu escrevi.
- Não tem nada de superficial nisso.
- Eu não sei se é a mais valiosa, sabe? Mas eu sei que eu me senti muito feliz naquele dia. [ela disse sem graça]
- É um grande feito!
- Qual é a próxima? [ela quis mudar de foco]
- Qual é sua lembrança mais dolorosa? Nossa, as perguntas estão bem mais profundas agora.
- É mesmo!
- Não precisa contar, se quiser.
- Eu conto! Você já se abriu tanto... Bem, a morte do meu vô foi bem dolorosa, mas uma das mais dolorosas foi quando eu escutei o meu pai dizendo pra minha mãe que não a amava mais e a cara que ela fez de quem tinha levado um soco no estômago.
- Ele disse isso na sua frente?
- Ele não sabia que eu tava vendo. Nem a minha mãe, na verdade! Ele tava de costas pra mim, mas o rosto da minha mãe eu conseguia ver muito bem.
- É difícil mesmo.
- Olha, a sua que você não precisa contar. Acho que a resposta anterior já valeu por essa também.
- Eu conto! Não a mais dolorosa, mas uma dolorosa. Eu fiquei muito triste quando o meu pai me renegou como filho.
- Ai, Fulano, eu queria te ninar, de verdade. [falou ela bem tristinha]
- [ele riu] Não precisa! Eu já superei muita coisa. E outra, eu sou muito feliz hoje em dia, de verdade. Não tenho nada pra reclamar. Eu amo a minha família, meu emprego. Me sinto muito completo.
- Você merece!
- Obrigado [ele sorriu] Você também.
- Vamos aumentar esse astral! Próxima pergunta: [disse ela animada] Se você soubesse que vai morrer... [ela se desanimou e revirou os olhos. Isso o fez rir] daqui a um ano de maneira repentina, mudaria algo em sua maneira de viver? Por quê?
- Com certeza!
- Por quê?
- Porque eu não me obrigaria a ter responsabilidades que não me levariam a nada. Só iria querer ficar com os que eu amo fazendo as coisas que eu gosto.
- Eu também mudaria, pelo mesmo motivo. Eu tentaria fazer tudo o que eu quisesse, mas que não tive coragem antes.
- Essa foi uma pergunta bem clichê. Acho que boa parte das pessoas dariam as nossas respostas.
- Verdade! Faz a próxima então.
- O que significa a amizade para você?
- Muita coisa.
- Muita coisa. [ele sorriu]
- Pergunta chata, resposta chata. A próxima é: que importância tem o amor e o afeto em sua vida?
- Muito grande.
- Muito grande. [eles riram]
- Compartilhem, de forma alternada, cinco características que consideram positivas em seu companheiro.
- Eu começo?
- Você começa.
- Sua bondade.
- Inteligência.
- Hmmmm... você se importa com as pessoas.
- Eu te acho uma boa amiga.
- Obrigada! Eu te acho muito família. Dá pra ver que você é muito apegado a eles.
- Eu gosto da sua preocupação com causas sociais.
- Eu te acho fofinho.
- Sério?
- Sério!
- Obrigado! Eu gosto que você é alto astral, mas não pra qualquer um.
- Eu gosto da sua timidez. Acho que foi a última!
- E eu gosto da sua calmaria.
- Foi fácil essa.
- Foi sim!
- Sua família é próxima e carinhosa? Acha que sua infância foi mais feliz que a dos demais?
- Sim, mas não carinhosa de fazer carinho fisicamente. Eu acho que o carinho é mais simbólico, de preocupação, de brincadeira, união. E sobre a segunda pergunta, com certeza não.
- Minha família no geral não é muito próxima, principalmente a por parte de pai. A gente só se vê normalmente em ocasiões muito especiais. E eu também não acho que minha infância foi melhor que a dos outros, apesar de ter sido uma boa infância. Acontece que eu me sentia muito sozinha às vezes por ser filha única.
- Verdade! Eu também sou filho único. Sei como é.
- Pois é!
- E como se sente em relação a sua mãe?
- Eu amo a minha mãe. Somos muito próximas. A gente não tem uma relação de amigas, sabe? É de mãe e filha mesmo e eu gosto disso. Ela é a coisa mais importante pra mim.
- A minha também era a coisa mais importante pra mim. Eu sinto falta dela, mas eu acredito que ela está num lugar melhor e que um dia vamos nos encontrar. Eu tenho muita fé nisso.
- Vão sim.
- Falei muito da minha mãe hoje...
- Você não gosta de falar dela?
- Não sei... Eu me sinto um pouco estranho, porque quando eu falo, parece que tudo foi tão recente, apesar de não ter sido.
- Desculpa por te fazer falar dela.
- Não! Eu acho importante falar. É estranho, mas é bom também. E não foi você que me fez falar, foram as perguntas.
- Mas você ta aqui por minha causa.
- E eu to me divertindo muito. [ela sorriu] Terminamos o grupo II.
- Grupo III agora?
- Grupo III!

quarta-feira, 12 de dezembro de 2018

Grupo I

- A primeira é: Se pudesse escolher qualquer pessoa no mundo, quem convidaria para jantar?
- Hmmmmmm... Difícil! Precisa ta viva?
- Acho que sim.
- Hmmmmmm... [suspiro] Eu acho... que... [silêncio para pensar] ... a rainha.
- Sério? [perguntou meio surpresa para o mau sentido]
- Não! [os dois meio que riram] Mas eu realmente não faço a absoluta ideia. São muitas opções.
- É verdade, são muitas... [falou pensativa]
- E você?
- Eu acho que escolheria a Angela Davis.
- Interessante...
- Mas a verdade é que tem tantas mulheres incríveis que eu gostaria de conhecer... [falou entusiasmada] Conceição Evaristo, Dilma, Princesa Elizabeth of Toro... São muitas!
- Eu não conheço essa última.
- Ah [fulano], ela é incrível! Ela é da Uganda e foi uma das três únicas mulheres africanas a cursar Direito em Cambridge nos anos 60. Já foi ministra, embaixadora da ONU, modelo. Ela simplesmente é demais!
- Bem a sua cara. [disse sorrindo]
- É! [ela sorriu extasiada olhando para o nada e depois voltou sua atenção ao fulano] Agora é a sua vez!
- Gostaria de ser famoso? De que forma?
- Aaaaaahn, não sei! Talvez! Eu não diria famosa, mas eu gostaria de fazer algo substancial nem que fosse pra uma pequena comunidade. Me sentir útil, sabe?
- Entendo! Na verdade, eu concordo! Essa seria a minha resposta também. [falou com um sorrisinho tímido. Ela sorriu de volta timidamente também.]
- Parece prepotente da nossa parte, não é?
- É um pouco, de certa forma, mas pelo menos ta ligado a fazer o bem, nem que seja pensando um pouco na nossa própria vaidade, no sentindo de se sentir importante.
- De que a sua vida teve valor, né?
- É!
- Bem, a terceira pergunta é: antes de fazer uma ligação telefônica, você ensaia o que vai falar? Por quê?
- Quando eu era mais novo sim.
- Eu também! Mas é normal, não?
- É! Falta de confiança, eu acho.
- Sim! Concordo!
- Para você, como seria um dia perfeito?
- Eu, minha mãe e meu pai juntos em Gramado ou outro lugar bonito, que tenha uma áurea familiar.
- Você exige bem pouco.
- Na verdade eu exijo muito. Meus pais são divorciados e não se dão bem.
- Eu não sabia...
- É [falou um pouco triste] Eles não conseguem nem olhar pra cara do outro. Eu no começo achava que não me importava, sabe? Mas aí eu tive um sonho com os três juntos e felizes assistindo tv e vi que na verdade eu me importo sim.
- Quantos anos você tinha quando eles se separaram?
- Dez!
- Dez?
- Sim.
- Caramba! Você era nova ainda.
- É! Eu fiquei muito triste no começo, mas depois eu me acostumei, ou pelo menos achei que me acostumei.
- A gente se acostuma, mas não deixa de sentir saudades.
- É verdade! [disse ela meio tristonha e pensativa, até que interrompeu seus pensamentos e perguntou] E você?
- De verdade? [perguntou rindo]
- Não! De mentira! É claro que é de verdade!
- Pra mim o meu dia perfeito seria estar cercado de todos os que eu amo, que no meu caso é a minha família, ver todos muito felizes, aproveitar muito bem o dia ensolarado e no final da tarde, antes das 18h, morrer.
- Sério? [perguntou assustada]
- Sério! [respondeu ele com um sorriso de canto]
- Você quer morrer?
- Eventualmente sim!
- Por quê?
- Porque morrer pode ser uma coisa muito bonita às vezes. Veja bem, morrer muito doente não é legal ou assassinado, mas de forma tranquila, sabendo que os seus estão bem, estão encaminhados é uma forma bonita de morrer. O problema é que a gente não pode escolher o modo como vamos morrer.
- Mas eu não entendi por que você quer morrer justamente no seu dia perfeito.
- No meu dia perfeito, eu estaria mais velho e os meus também. Eu gostaria de morrer para nunca precisar perdê-los.
- Eu odiei a sua resposta! [disse zangada]
- Eu sei, me desculpa!
- Você só vai poder ter seu dia perfeito quando estiver velho prestes a morrer?
- Eu só vou ter meu dia perfeito quando todos os que eu quero bem estiverem bem. Não necessariamente só a minha família está no pacote, mas aí complica mais as coisas.
- Ok! Vamos pra próxima, porque eu quero me esquecer dessa resposta. Quando foi a última vez que cantou sozinho? E para outra pessoa?
- A última vez que eu cantei sozinho foi hoje no carro, mas eu mais cantarolei que cantei. Pra alguém eu não faço a mínima ideia. Eu não gosto da ideia de cantar pra alguém.
- Por quê? Você canta mal? [perguntou rindo]
- Eu canto estranho.
- Então você canta mal! [continuou rindo] Bem, no meu caso, eu cantei hoje também e pra al...
- O quê?
- O que eu cantei?
- É!
- Baby it's cold outside.
- Você foi os dois? [perguntou ele divertidamente]
- Fui, quer dizer, mais ou menos. Não tem como ser os dois o tempo inteiro. Você ta me zoando?
- Não, claro que não.
- Eu canto bem, ta?
- Eu acredito!
- É sério! [os dois riram ainda mais] Eu poderia ser cantora se quisesse. Fulano, não me ofenda.
- Nunca!
- E o que você cantou?
- The Police.
- Every breath you take?
- Every little thing she does it's magic. Eles gostam de um every, não?
- HAHAHA Deve ter sido muito bom! Essa música é a sua cara.
- Só que não! [os dois falaram junto o "não" e riram]
- Vai, próxima pergunta!
- Se pudesse viver até os 90 anos e ter o corpo ou a mente de alguém de 30 durante os últimos 60 anos de sua vida, qual das duas opções escolheria?
- Fácil! Viver até os 90. Next!
- Tem uma intu...
- Não, você tem que responder. Não, pera, já sei a sua resposta. A que você tiver que viver menos.
- Pode debochar, Fulana.
- Não, desculpa, desculpa. Você falou aquilo e de alguma forma faz algum sentido pra você e eu respeito. Qual seria a sua resposta então?
- A que eu tivesse que viver menos! [falou debochado] Tem uma intuição secreta de como vai morrer?
- Mais morte... Hmmm, acho que torturada, do jeito que o Brasil está retrocedendo. E você?
- Não faço a mínima ideia.
- Diga... Uuuuh, essa é boa. [disse ela empolgada]  Diga três coisas que acredita ter em comum com seu interlocutor. [ela olhou para ele com os olhos semicerrados desafiadoramente]
- Nós dois somos lindos, inteligentes e ricos.
- [ela riu] Ótima resposta. Lindos, inteligentes e ricos. Eu fico com essa também.
- Não, você tem que dizer outras três coisas.
- Por quê?
- Porque eu já falei essa.
- Mas a gente já tinha copiado respostas antes.
- Mas nessa não vale.
- Quem disse isso?
- O papel!
- Cadê?
- Bora, fulana! A gente ainda tem 1784 perguntas pra responder.
- Hmmm, deixa eu ver! [ela olhou para ele o analisando] Nós somos brancos...
- Três coisas que ACREDITA ter em comum.
- Ué, nós somos brancos.
- Mas nisso você tem certeza. Tem que ser acredita!
- Ah, então você tem que responder de novo.
- Tudo bem. Depois de você.
- Aff, agora eu preciso pensar... Hmmmmmm... eu acho que nós dois somos pessoas boas. Nós também temos sede de conhecimento. E por último... hmmm... nós não nos arriscamos muito. Pronto! [disse satisfeita] Agora é a sua vez!
- Ta ok! Eu acho que nós dois somos metidos a inteligente, mas no final somos mais do que as pessoas no geral. Eu acho também que nós dois temos dificuldade de reconhecer nossos erros, não por orgulho, mas por acreditarmos sempre nas nossas intenções e termos justificativas para nossas ações e a terceira coisa seria... Deixa eu ver... Nós dois cantamos mal!
- Eu não canto mal!
- Sei...
- Você só me ofende.
- Claro que não. Essa é a única característica que falta para você ser perfeita.
- Ah ta! Saiu pela tangente, espertinho.
- De quem é a vez agora de ler?
- Não me lembro! Acho que é a sua.
- Ok! Por quais aspectos de sua vida você se sente mais agradecido?
- Ai, que difícil! Nenhum! [ela riu]
- Que isso!
- Não, não, isso não é verdade. [ela começou a pensar] Aaaah, sei lá. Pelas minhas notas, meus amigos e minha família. E você?
- Pelas minhas notas... Brincadeira! [disse ele ao ver a reação da outra] Pelo meu emprego, minha família e pelas pessoas que eu gosto e que estão bem.
- Se pudesse mudar algo em como foi educado, o que seria?
- Tudo!
- Tudo?
- Basicamente. Eu não tive uma boa educação no geral.
- Bem, no meu caso eu não mudaria nada.
- Dois extremistas, não?
- É [ela sorriu]
- Use quatro minutos para contar a seu companheiro a história de sua vida com todo o detalhe possível.
- Aff... A gente não pode pular essa não?
- Não! Eu estou interessado. Vai!
- Eu nasci e meus pais ficaram muito felizes, porque eles queriam um filho, mas depois eles não quiseram ter mais, porque acharam que um já dava trabalho o suficiente. Minha mãe deixou de trabalhar depois que me teve para poder estar presente durante a minha infância. Ela quis repetir o que a minha avó fez por ela. Quando eu nasci eu era muito estrábica e tive que fazer operação para consertar o problema. Minha mãe disse que não dormia na época, porque eu não podia coçar o olho e como eu era bebê, ela tinha que tomar conta. Meu pai adora barcos e muitas das minhas férias foram andando de barco, mas depois de um tempo eu me recusei a viajar de barco depois de descobrir a história da Terry Jo. Já se passaram os quatro minutos?
- Não passou nem 1.
- Sério?
- Sério!
- Ai, eu não tenho mais o que contar.
- Tudo bem, ta bom então.
- Ai, obrigada!
- Foi engraçado, porque você deu um monte de informações aleatórias da sua vida e tava contando tudo muito apressado.
- Foi muita pressão! Bem, agora é a sua vez.
- Ok! Eu nasci prematuro, mas foi só de 7 meses. Eu não me lembro muito da minha infância. Eu só me lembro que eu era uma peste quando era bem pequeno. Meu pai brigava muito comigo e minha mãe também às vezes. Ele costumava me censurar e ela vinha me defender dizendo que eu era muito novo, que criança era assim mesmo. Uma vez um amigo do meu pai tava fazendo um discurso e recitando poesias. Todo mundo estava adorando, mas eu tava odiando, porque por causa dele, eu não podia pegar os doces que estavam na mesa. Eu sei que ele ficou falando por muito tempo. Pra mim parecia uma eternidade. Eu, então, tentei pegar os doces escondido. Minha mãe viu e chamou a minha atenção, só que eu fiquei com raiva e comecei a reclamar. Meu pai vendo que eu tava fazendo pirraça, me tirou da sala, me trancou no quarto e me impediu de comer os doces. Eu fiquei com muita raiva e jurei me vingar desse amigo faladeiro do meu pai. Depois minha mãe me destrancou de lá e eu fiquei brincando no jardim. Andando por lá eu ouvi um barulho e fui ver o que era. Quando eu vi, era o cara faladeiro com uma mulher que não era a esposa dele. Ele tava falando umas coisas galantes para mulher até que eles se beijaram. Eu vi e como vingança comecei a gritar para todo mundo que os dois estavam se beijando.
- Sério? Não creio!
- É verdade.
- Você era um capetinha.
- Era sim!
- E...
- E eu sei que nesse dia eu apanhei muito.
- Tadinho...
- Eu mereci um pouquinho.
- Eu acho que nenhuma criança merece apanhar.
- É verdade, você ta certa!
- Mas eu também te bateria se eu fosse os seus pais. [os dois riram] Última pergunta do grupo I: Se amanhã pudesse se levantar desfrutando de uma habilidade ou qualidade nova, qual seria?
- Ler tudo na velocidade da luz, se eu quisesse.
- Que habilidade ótima!
- É! É boa, porque me permitiria aproveitar o prazer da leitura se eu desejasse.
- Posso roubar a sua resposta dessa vez?
- Pode!
- Agora são as perguntas do grupo II?
- Sim!

(Sou novx no blog. Perdoem os erros)

Minha vida mando eu

Eram 4 horas da manhã. Miranda girou a chave para entrar em casa tentando não fazer muito barulho para não acordar sua filha adolescente que dormia no quarto ao lado. 

Ela entrou cambaleando pela sala, buscando equilíbrio nas paredes procurando o interruptor. Quando conseguiu acender a luz, Miranda se deparou com sua mãe que acordava do sono pela claridade repentina do cômodo. Miranda xingou. A pessoa que ela menos queria ver naquele momento era sua mãe.

"Então é essa hora que você tem chegado em casa?" Sua mãe, Isaura, perguntou num tom acusador.

"Eu estava trabalhando, sabe, pra pagar as contas. Algumas pessoas precisam fazer isso pra viver, não que você entenda, mãe." Miranda disse sarcasticamente.

"Que tipo de trabalho é esse que faz você voltar pra casa bêbada?" A mãe dela a confrontou.

"Eu não to bêbada!" Miranda se defendeu caminhando até a cozinha com dificuldade.

"Você pensa que engana quem?" Sua mãe se levantou, puxando o braço da filha para fazê-la olhar pra si. "Eu consigo sentir o cheiro de álcool em você inteira."

"Não é da sua conta." Miranda disse ríspida, se desvencilhando do aperto da mãe.

"Tudo o que diz respeito a minha neta é da minha conta. Você tem deixado ela largada o dia inteiro. Só aparece de madruga e bêbada ainda por cima! Como você acha que uma menina de 15 anos lida com uma coisa dessas?" 

"Não sei mãe, me conta." Miranda a olhou encorajando-a a dizer o que estava em sua mente. 

"No mínimo ela vai ficar igual a você." Isaura disse amargamente.
 
"E Deus livre qualquer pessoa de acabar igual a mim." Miranda disse ironicamente. "Quer saber? Eu não ligo pro que você pensa. Ninguém nunca é bom o suficiente pra você, a não ser claro, pelo seu precioso filho."

"Nós aprendemos com o nosso erro." Sua mãe disse orgulhosa. 

"Que bom, fico feliz por ter servido pra alguma coisa." Miranda engoliu uma aspirina e foi para o quarto. 

"Amanhã a Lana vai ficar na minha casa." Sua mãe a notificou com autoridade. 

"Que seja." Miranda entrou no quarto e fechou a porta colocando um fim na discussão.


segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

Chapter IV - My Consciousness

   Eles estavam se beijando loucamente. Era incrível como ela havia mudado nos últimos anos. Jessica mal conseguia reconhecer seu reflexo no espelho. Não era uma confiança que brotara repentinamente tampouco a maturidade. Era uma figura que ela repudiava, repudiava porque representava tudo o que ela não queria ser, tudo o qual sempre condenou. Era muito fácil quando adolescente apontar erros e julgar pessoas por ações e decisões que só viria a saber o peso, o infortúnio e o cinismo com o tempo. 
   Agora se tornara mais uma do clube das divorciadas que mantinha relações quentes com um cara sexy e provavelmente bonito demais para ela. Parte dela se sentia aliviada de sua mãe não estar mais viva para ver a decadência e a vergonha que se tornara. Enquanto Júlio beijava o vão de seus seios e descia a mão por entre suas pernas até chegar no seu lugar proibido. Jessica revirava os olhos em êxtase e soltava gemidos tímidos porém perfeitamente audíveis ao parceiro.
   Sexo sempre foi um assunto delicado para Jessica. Até hoje sentia vergonha no simples pronunciar da palavra. Era algo que era para ser guardado e usufruído apenas no matrimônio. Entretanto, ela já quebrara as regras uma vez. Será que fazia tanta diferença se ela estava quebrando novamente, agora adulta? As regras não eram  restritas apenas às virgens? Ela realmente teria de se casar de novo para satisfazer suas necessidades? Jessica sentia seu rosto corar toda vez que se dava conta de que tinha esse tipo de necessidade. Sua mãe sempre a fez acreditar que sexo era sobre o dever da esposa para com o marido, nunca comentara que poderia gostar e desejar aquilo. Isso, só veio a descobrir um pouco mais tarde com os livros e com as mudanças no próprio corpo.
   E qual era o peso de cada pecado? Seria a mentira pior que a soberba? A luxúria pior que o divórcio? Teriam todos a mesma medida?
   Júlio e Jessica se entregavam aos seus desejos e paixões quando tocou a campainha. Os dois se entre olharam. 

"Você está esperando alguém?" Júlio perguntou interrompendo seus movimentos nela.

"Não." Jessica respondeu com o pouco senso de realidade que lhe restava.

"Vamos deixar que pensem que não tem ninguém em casa." 
Jessica acenou com a cabeça.

Júlio voltou a beijá-la e segundos depois a campainha soou de novo.

"Pode ser a Emma." Jessica disse com um tom de preocupação.

"Não é ela." Júlio desconversou.

"Como você sabe?" Jessica disse saindo debaixo de Júlio e pegando a primeira roupa à vista que não fosse do namorado e vestindo.

"Seja quem for não poderia ter um timing pior." Júlio disse com um repentino mau humor.

"Não existe timing pra Emma nessa casa, a qualquer hora ela é muito bem vinda." Jessica rebateu autoritária. "E vê se coloca logo a roupa." Ela jogou as roupas que estavam no chão para ele, depois prendeu seu cabelo num rabo de cavalo desgrenhado e em seguida ela foi atender a porta. 

Ela estava usando um short xadrez um pouco grande demais pra ela, uma camisa velha e nenhum calçado.

"Bradley!" Jessica disse surpresa ao ver o ex-marido, de repente se sentindo envergonhada e culpada.


As palavras sumiram da boca de Bradley. Ele não conseguia deixar de notar a figura de sua ex mulher. Estava na cara que ele havia interrompido o casal. O corpo dela estava úmido de suor, com partes do cabelo colado no rosto, os olhos dilatados, a respiração acelerada e ainda por cima com algumas marcas vermelhas no corpo, evidentes pela pele extremamente clara da ex.

"O que você ta fazendo aqui?" Jessica perguntou quebrando o silêncio.

"Eu vim pra discutir uma coisa com você, mas pode ficar pra depois." Bradley disse fazendo pouco caso do assunto.

"Você pode falar agora." Jessica disse fechando a porta atrás dela e segurando firme a maçaneta. "Você veio até aqui deve ser importante." Ela acrescentou. 

"Na verdade não." Bradley negou. "Eu posso falar outra hora, você parece estar ocupada e como eu disse nem é importante o que eu tenho pra falar."

"Ah." Jessica disse decepcionada(?) "Tudo bem então." 

"Pode deixar que da próxima vez eu ligo antes de aparecer assim na sua porta." Bradley sabia que estava cruzando a linha mas ele não se importava. 

Jessica conseguia sentir o sangue indo para a cabeça de tanta vergonha e humilhação. 

"Uhum." Jessica concordou simplesmente porque não confiava na própria voz. 

"Eu vou indo então." Bradley se virou e saiu. 

Jessica respirou fundo e voltou pra dentro do apartamento. 

"Quem era?" Júlio perguntou ao ver a namorada de volta. 

"Era uma vizinha pra avisar da reunião do condomínio." Jessica mentiu.

"Desculpa sobre o que eu disse sobre o timing. Eu concordo que não existe mau timing pra Emma." Ele se desculpou pegando Jessica nos braços. 

"Minha reação também não foi das melhores. Eu tenho estado um pouco ranzinza ultimamente, me perdoa?" Jessica suplicou com os olhos. 

"Sempre." 



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