sábado, 31 de julho de 2021

Watch out

"Ryan..." Cheryl quebrou o beijo, mas o menino rapidamente retomou, fazendo-a quebrar de novo. "You have to get this under control."

Gosling olhou para a inglesa perdido e louco para voltar a beijá-la. 

"O que under control?" Ryan imitou o sotaque pesado da menina. 

"Not that I don't like it but we're in public and I don't think it looks good your constantly grinding against us."

A ficha de Ryan caiu. Enquanto beijava a ex-modelo, ele ficou tão excitado que ficou friccionando seu membro na garota. Gosling estava tão preso no momento e no desejo que nem percebeu o que estava fazendo. 

Cheryl notou a cara de vergonha de Ryan e se compadeceu. 

"I'm sorry." A inglesa colocou a mão dentro do cabelo do garoto e começou a fazer carinho. "Eu fico feliz que você esteja animado comigo e, believe me, eu também estou por você. Eu só acho que temos que ir com calma. Estamos nos conhecendo agora e não quero pular etapas." 

"Eu que tenho que me desculpar. Não sei o que deu em mim. Acho que não sei lidar com uma garota como você."

"Sure you do, pet. E eu mal posso esperar pra você lidar comigo por completo. All these grinding got us really worked up." Cheryl falou com a voz grave e depois abriu seu sorriso mágico. 

"Se você quiser que eu pare com aquilo." Ryan era meio tímido e preferiu usar o pronome demonstrativo para se referir ao que fazia do que dizer com todas as letras que estava roçando seu membro nela. "É melhor você me provocar menos e vir se encontrar comigo menos sexy." 

"Você fala como se não fosse sexy yourself."

Ryan se aproximou e chupou a orelha da inglesa, passando a língua pelo seu lóbulo e chupando de novo. Cheryl apertou o quadril do menino com força e tentou ignorar o que a língua quente e magestosa do Ryan fazia consigo. 

"Home time. Let's go." Cheryl disse se esquivando do menino. 

Ryan riu e roubou um pequeno beijo da inglesa. 

"Vamos lá." Ryan estendeu a mão para Cheryl segurar e a acompanhou até sua casa. 

É claro que na hora de deixá-la em casa houve outro beijo de despedida, sorrisos e olhares. 

Ah, como é bom ser jovem! 

Doce culpa

Toco sua boca, com um dedo toco o contorno da sua boca, vou desenhando essa boca como se saísse da minha mão, como se pela primeira vez sua boca se entreabrisse, e para mim basta fechar os olhos para desfazer tudo e recomeçar, a cada vez faço nascer a boca que desejo, a boca que minha mão escolhe e desenha no seu rosto, uma boca escolhida entre todas, com soberana liberdade escolhida por mim para ser desenhada com minha mão no seu rosto, e que por um acaso que não tento compreender coincide exatamente com sua boca, que sorri por baixo da que minha mão desenha em você.
Você me olha, de perto você me olha, cada vez mais de perto e então brincamos de ciclope, nos olhamos cada vez mais de perto e os olhos crescem, se aproximando um do outro, se superpõem e os ciclopes se olham, respirando confundidos, as bocas se encontram e lutam calidamente, mordendo-se com os lábios, apoiando levemente a língua nos dentes, brincando em seus recintos, onde um ar pesado vai e vem com um perfume antigo e um silêncio. Então minhas mãos procuram afundar-se em seus cabelos, acariciar lentamente a profundidade de seus cabelos enquanto nos beijamos como se tivéssemos a boca cheia de flores ou de peixes, de movimentos vivos, de fragrância obscura. E se nos mordemos a dor é doce, e se nos afogamos num breve e terrível absorver simultâneo de fôlego essa instantânea morte é bela. E há uma só saliva e um só sabor de fruta madura, e sinto você tremer contra mim como uma lua na água.

Andrew pensativamente olhou a tela de seu notebook, sem-refletir-refletindo no que tinha acabado de jorrar de seus dedos. Por fim, desligou seu aparelho e foi se deitar em sua cama sozinho, com aquele gosto vívido em seus lábios. A vida era curiosa. E ela, surpreendentemente-indecentemente-culposamente-ironicamente-proibidamente-e-arrebatadoramente deliciosa.

quarta-feira, 28 de julho de 2021

Amiga da onça

"Quantos contatinhos você têm? Um, dois, três, quatro, cinco, seis,..." Nadine rolou o telefone da amiga chocada com quantos meninos a inglesa flertava ao mesmo tempo.

As duas estavam deitadas na cama do quarto de Nadine, arrumadas para o rolê que iriam mais tarde.

"Tá me chamando de slut?" Cheryl arqueou as sobrancelhas.

"Óbvio que não, mas você tem a escola inteira no seu celular."

"Nem todos são da escola... Eu frequento outros lugares, sabia?"

Nadine deu um grito. "Tem a foto do pau de alguém aqui."

"Ok, hora de parar snooping at me phone, pet." Cheryl estendeu o braço para pegar o celular da mão da amiga, mas Nadine a impediu.

"Quem é que fica te mandando nudes? Deixa eu ver aqui... Sam? Quem é ele?" 

"Da turma de cima."

"Continuei sem saber quem é."

"Sam Fender... The borders..."

"O Tyler adora essa música."

"Eu sei."

"Ele é bonito."

"Também acho. Ele tem uma cara sexy. Cara de homem que f**e gostoso."

"E pelo visto não é só a cara." Nadine comentou fazendo a britânica dar uma gargalhada. "Engraçado que eu nunca vi vocês conversando na escola."

"Porque a gente não conversa pessoalmente."

"Como assim? Vocês só se falam no WhatsApp?"

"Praticamente." Cheryl riu da cara de choque que a amiga estava fazendo.

"Vocês são estranhos."

"Não é tão estranho como você tá pensando. A gente começou a conversar há pouco tempo. Talvez quando a gente ficar íntimo o suficiente, a gente venha a dizer um hello pessoalmente."

"Mas pelo visto já são íntimos o suficiente pra ele te mandar uma foto em alta definição do pau dele. Você gostou?"

"Eu didn't mind it." A inglesa brincou, dando um olhar travesso e Nadine bateu em sua mão.

"Você acha que é dele mesmo? Se for, ele é muito bem dotado."

"Espero que sim! Se não vai ser o maior turn off."

"E você vai devolver o nude?"

"Absolutely not!"

"Acho que talvez ele esteja esperando que você devolva a cortesia."

"Então vai esperar sempre. Eu morreria se uma foto minha vazasse."

"Eu também." Nadine concordou. "Tem que ter muita confiança pra fazer uma coisa dessas"

"Não acho que seja só questão de confiança. Acho que tem umas coisas que simplesmente não deveriam ser compartilhadas."

"Mas receber você não se importa..."

"Ei, se querem me mandar, é o meu dever admirar. Seria rude não fazer isso."

"Ryan acabou de mandar uma mensagem."

"Não clica, senão vou parecer muito desesperada. Tenho que parecer difícil e misteriosa."

"Você não é difícil, Cheryl."

"Oi?"

"Pra alguns você é, mas pra um Ryan Gosling ou um Edward Cullen você é muito fácil."

"Nonsense."

"O Ryan nem tentou tanto e já te pegou duas vezes."

"Você acha que é isso que ele pensa de mim?" 

"Provavelmente."

"F**k it. Eu tô fazendo tudo errado, não é? Não importa, já perdi meu interesse nele."

"Não parece. Ele perguntou se o ajuste ficou bom. O que eu respondo?" 

"Já deu. Devolve meu celular." Cheryl tentou arrancar o telefone da mão da outra menina.

"Ficou ótimo, obrigada por perguntar." Nadine falou enquanto digitava a resposta para o garoto. 

"Are you nuts? Você nem sabe se ficou bom!" 

"Ficou?" 

"Sim, mas não vem ao caso!" 

"Ele disse que a Capitu dele vai ser ainda mais linda do que a do Machado. Achei meio brega. Vou colocar um emoji de vômito."

"Você não é nem maluca."

"Será?" Nadine ameaçou e voltou a digitar "Você quer me ver no vestido?"

"Are you takin' the piss? Me dá meu telefone AGORA!" Cheryl partiu para cima da amiga para tentar resgatar o celular. 

"Calma, calma. Ele tá digitando." Nadine se esquivou dos ataques da inglesa.

"Não foi você que falou que eu tava fácil demais? Agora mesmo que ele vai achar que eu sou uma p**a desesperada."

"Gostaria muito. Mostra pra mim?" Nadine leu a réplica de Ryan, ignorando os protestos da inglesa. "Cheryl, vai lá colocar o vestido que o Ryan quer ver."

"Vai se f**er."

A menina voltou a digitar. "Não seja ansioso. No ensaio de amanhã você vai ver como ficou." 

Cheryl bufou com a resposta da amiga. "Eu não flerto assim."

"Eu só quero ver até onde ele vai." Nadine explicou. "Vai realmente me fazer esperar?" Ela leu a resposta de Ryan. "Por acaso esse vestido é transparente e eu não tô sabendo?" 

"Muito engraçada. Agora que você já conseguiu a sua piada do dia, diz que você tem que sair antes que eu pareça ainda mais estranha querendo seduzir um cara com um vestido feio e nada complementador pra minha forma."

"Se você se comportar você pode conseguir muito mais do que me ver naquele trapo de vestido." Nadine digitou em voz alta. 

"P*** q** p***, Nadine! Me dá essa p***a de telefone!" Cheryl puxou o celular da mão da amiga com força.

"O que ele respondeu?" Nadine perguntou curiosa. 

"Nada. Só visualizou. Tá feliz agora?"

"Relaxa. Ele só deve tá pensando numa resposta inteligente."

"Isso é uma promessa? " Cheryl leu a mensagem. "Fo**in' genious."

"O garoto tá tentando, Cheryl. Dá um crédito pra ele."

"Não é ele o problema, babe. Você que é."

Cheryl retrucou a mensagem do garoto, se despedindo dele e voltou sua atenção à amiga.

"Você tá encrencada."

"Ah tá bom."

"Pode esperar que vai ter volta." Cheryl ameaçou, voltando a deitar confortavelmente ao lado da outra menina.

"Cão que ladra não morde."

"F**k off." Cheryl não entendeu nada o que a amiga tinha dito, entretanto não se incomodou em perguntar o que era.

"Acho que o Ryan poderia se apaixonar por você."

"Você acha?" Cheryl levantou o olhar para a amiga.

"Claro. Tanto o Ryan quanto o Edward."

"Veremos."

For more moments like this

A rotina era doce e cômoda. Mel costumava sentir fome sempre no mesmo horário e Jessica já estava acordando naturalmente um pouco antes da filha começar a chorar de fome.

Não muito tempo depois de ter preparado seu café e tomado alguns goles, a bebê começou a chorar. A ruiva foi até sua filha e sentou com ela no sofá, dando de mamar enquanto assistia o jornal, "Bom dia Brasil", na globo. 

Tinha algo sobre aquele momento que aquecia o coração da advogada. Não era à toa que a amamentação era dito como um dos momentos mais importantes e satisfatório da maternidade. Ser capaz de fornecer tudo o que seu bebê precisava para crescer forte e saudável era simplesmente uma dádiva. A ruiva fez carinho na cabecinha loira da filha enquanto Mel Benjamin mamava pacificamente.

Quando a bebê ficou satisfeita, Jessica deu tapinhas de leve nas suas costas até que conseguisse arrotar.

"Boa menina!" A ruiva sorriu para a bebê nos seus braços. "Coisinha mais linda de mamãe!" Jessica fez algumas caretas sendo agraciada com uma risada gostosa. "Que vontade de morder." Jessica mordiscou de leve as perninhas e os pézinhos da filha. 

Pouco tempo depois, Andrew acordou e encontou sua mulher e sua filha brincando na sala.

"Bom dia." Andrew cumprimentou as duas e se juntou a elas no sofá.

"Bom dia." Jessica sorriu de volta, balançando a menina no seu colo.

"Dormiu bem?"

"Até que sim." Andrew se aproximou e deu um selinho na mulher. "E você?"

"Também. Tenho dormido muito bem ultimamente, apesar dessa daqui (beijou a Mel) ficar acordando a gente durante a noite."

"Bom saber." Andrew começou a brincar com a filha e a levou para o seu colo. 

Jessica se aproximou do marido e encostou a cabeça no seu ombro, mexendo no bracinho da menina no colo do Andrew. "Eu tenho me sentido muito feliz. Faz muitos anos que eu não me sentia assim."

"Eu também." Andrew inclinou a cabeça e deu um selinho na mulher. 

"Eu vi um vídeo ontem muito fofinho de uma mãe de trigêmeas e teve uma hora que ela pediu para as filhas se abraçarem e foi muito fofo. Me fez pensar nas nossas filhas."

Andrew não ficava muito confortável com o assunto das gêmeas. 

"Legal." 

"Desculpa, eu sei que você não gosta de falar muito delas."

"Não é isso. É que eu acho que se a Victoria e a Geri forem meninos, eles vão ter uma crise de identidade muito grande." Andrew tentou elevar o humor do ambiente. 

Jessica riu. 

"Verdade. Eu sempre quis ser mãe de menino porque gosto da fase que eles entram na puberdade e esticam do nada e ficam com uma voz super estranha e todos desengonçados. Mas depois que soube que são dois, espero que sejam meninas porque é mais fofo duas meninas iguais."

"Você é super bizarra." Andrew fingiu olhar para a esposa assustado. 

"Você achou bizarro porque você é homem."

"Não. Eu achei bizarro porque é bizarro."

"Tanto faz."

"Mamãe isso foi muito estranho." Andrew falou com a voz que ele costumava fazer para a Mel. 

O coração de Jessica derretia toda vez que o marido fazia aquilo. 

"Bobo." A ruiva começou a beijar o rosto de Andrew, amorosamente. "Eu te amo."

"Também te amo."

sábado, 24 de julho de 2021

Stop this train


Samantha chegou em casa e percebeu que estranhamente tudo estava muito silencioso. Ela foi até a cozinha e viu Chris sentado sozinho, de cabeça baixa.

“Aconteceu alguma coisa? Onde estão as crianças?”

“A Joane e o Enzo estão na cama. A Jane e o Jamie saíram e não voltaram até agora... Nós brigamos.”

“Por quê?”

“Samantha, nós precisamos conversar.”

“Ok.”, ela se sentou cautelosamente. Sabia que não viria coisa boa dali.

“Desculpa, você acabou de chegar. Quer tomar um banho antes? Jantar?”

“Fala logo.”


“Eu não vou enrolar. Não acho que isso ta dando certo. Sendo bem sincero, acho que nunca deu. A gente precisa se divorciar. Me desculpa ser assim tão direto, mas vai ser melhor pra todos nós.”

“Isso veio assim do nada?”

“Você sabe que não. Mês passado eu falei a mesma coisa.”

“Mas mês passado a gente tinha brigado.”

“Mas as coisas não se resolveram.”

“Não?! Para mim se resolveram.”


“Eu briguei com os seus filhos hoje, Samantha. Insinuei algo horrível sobre eles.”, ele bagunçou o cabelo nervoso.

“Então peça desculpas.”

“Eu vou pedir, eu vou pedir. Mas isso não resolve a situação toda. Samantha, nós dois não nos amamos.”

“Eu amo você.”, ela falou calmamente.

“Não ama. Você só não quer ficar sozinha.”

“Você não pode afirmar nada sobre o que eu sinto. Quem sabe dessas coisas sou eu.”

“Eu não te amo, Samantha.”

Samantha fechou os olhos cansada. 

“Me desculpe. Eu não quis ser rude. Eu só to... cansado.”, ele também fechou os olhos. “Eu não sou homem pra casar. Nunca fui.”

 “Tenta.”

“Eu tentei. Eu juro que eu tentei.”

“É tão difícil assim ser casado comigo? Aqui você tem companhia, uma família, seus dois filhos. Se a gente se divorciar, você sabe que eu vou ficar com a Joane.”

“Eu sei.”, ele suspirou.

“Então Chris! Tenta um pouco mais.”

“Samantha, eu te traí... de novo.”

Chris certamente estava fazendo de tudo para a mãe de Jamie e Jane mostrar que por detrás da máscara de ferro, ela não tinha nenhum amor próprio.

“Quantas vezes?”

“Algumas.”

“Com a mesma mulher?”

“Não.”

Samantha queria morrer, mas permaneceu calma.

“Poxa, que pena.”, foi só o que ela conseguiu dizer. Chris se sentiu a pior pessoa do mundo. Ele ficou em silêncio observando as mudanças de feições da mulher. Ela parecia estar segurando muito coisa dentro dela. Ele ficou em silêncio a observando. “Ok, então.”, ela finalmente falou. “Eu te dou o divórcio.”

Chris ficou em silêncio olhando para ela que estava de olhos baixos. Ele pensou em segurar as mãos dela, mas ficou com medo de não ser a melhor ideia. A verdade é que estava se sentindo uma droga: a casa, a briga que teve com os enteados, o divórcio, a reação de Samantha. Quando deu por conta de si, estava chorando. E muito. Ele escondeu o rosto com a mão. Nunca imaginou que casamento fosse tão difícil. 


Já a mãe de Joane chorava mais silenciosamente, controlada. Ela enxugava as lágrimas de vez em quando, enquanto olhava para a geladeira. Todo mundo tinha dito que aquele casamento não ia funcionar, porque Chris claramente não estava apaixonado por ela. Mesmo sabendo disso,  Sam acreditava que em algum momento, com a convivência, ele poderia se apaixonar por ela. Infelizmente, não foi o que aconteceu. Esse era mais um casamento fracassado e muito por sua culpa também. Ela sentiu o professor de Educação Física segurando sua mão. Ela virou a cabeça na direção dele.

“Me desculpa.”

“Tudo bem. Só peça desculpas para os meus filhos sobre o que aconteceu hoje antes de eu chegar.”, ela tirou a mão.

“Eu vou.”

Samantha se levantou e perguntou:

“Mais alguma coisa?”

“Vamos precisar falar com as crianças. Principalmente com a Joane.”

“Sim, vamos falar com ela sim. E eu prefiro falar com os meus filhos sozinha.”

“O que você achar melhor.”

Samantha foi até a porta da cozinha, mas antes de sair, pediu:

“Chris, só mais uma coisa: não vai embora hoje ou amanhã. Espera eu dar entrada com os papéis, assim as crianças vão ter tempo de irem se acostumando com a ideia, principalmente a Joane.”


“Tudo bem, eu espero.”

“E é melhor você continuar dormindo no quarto, mas no chão, enquanto eu não tiver falado com o Jamie e a Jane. Eu vou falar tudo neste final de semana sem falta.”

“Não se preocupe.”, ele de levantou da cadeira e se aproximou de Samantha. “Desculpa, eu sou um imbecil e eu sei que não é problema seu, mas também tem o Enzo. Você falaria com ele comigo?”

“Não sei se ele vai entender alguma coisa, mas falo sim.”

“Obrigado.”, ele segurou a mão dela mais uma vez.

A porta da casa se abriu indicando que os dois Dornan haviam acabado de voltar.

“Peça desculpas aos meus filhos.”, Samantha disse mais uma vez se dirigindo em seguida para o seu quarto e desejando boa noite para os filhos enquanto passava por eles.

Chris respirou fundo. Sabia o que tinha que fazer. Ele enxugou o resto das lágrimas que ainda tinha no rosto, bebeu água, respirou fundo mais uma vez e se preparou para ir falar com os filhos de Sam. Primeira parada: quarto de Jane.

Princess Bubblegum

– Ainda tem chiclete?

– Cabou.

Jane olhou tristemente para a irmã que mascava o último chiclete da casa.

– Então vai ser fio dental mesmo. – A garota disse, se levantando para subir as escadas até o banheiro.

– Pode jogar o meu chiclete fora? – Joane perguntou estendendo a mão com o chiclete babado. Jane pegou e colocou na boca.

– Valeu!

– Mas que p***a é essa? – Perguntou Chris morrendo de raiva. A filha de Samantha olhou para ele sem entender. – Você pegou o chiclete mascado da sua irmã e colocou na boca? Você sabe o quão f**ido é isso? – Jane continuou olhando para o professor normalmente, só que, dessa vez, ela sentia que já não estava mais dentro do seu corpo. Seus pensamentos foram para algum outro lugar ainda que, na realidade, não estivesse pensando em nada. – Não me importa se isso é normal pra você e pro seu irmão! Não quero que você faça mais isso com a Joane. E nem você, Joane! Chiclete mascado é pra ir pro lixo!

Jane se fixou num ponto atrás de Chris, mascando seu chiclete sabor menta. Ela ficou surpreendida de se dar conta de que estava viva. Cada vez que repetia tal fato na sua mente, mais estupefata ficava. Até que ela simplesmente voltou a pensar sem pensar em nada. Quando se deu conta, um Jamie irado puxava o braço dela. Jane obedeceu e se levantou. Foi aí que ela se deu conta de que Chris e Jamie estavam discutindo. Antes de conseguir se colocar a par do que acontecia, foi levada até a porta pelo seu irmão. Os dois saíram de casa.

– E a Joane? – Finalmente falou.

– Se eu levasse ela, aquele filho da p**a ia chiar. Eu to cansado desse homem! Que idiota! Você ta bem?

Jane não falou nada. Continuou caminhando pela vizinhança calada e sem um rumo definido. Jamie a acompanhava também quieto, olhando para a irmã de soslaio de quando em quando.

– Eu não sei quando a minha moral começou a não valer nada, mas acho que eu mereço. – Ela quebrou o silêncio.

– Não, Jane, não! Não deixa aquele p**o entrar na sua mente. – Ele parou na frente de Jane obrigando-a a parar também.

– Ah, sei lá. Não sei se é só ele. A não ser que eu que tenha entendido errado...

– Não, você não entendeu errado. E sim, é só ele que acredita numa coisa dessas. O Chris é um f**ido que só pensa m**da, porque é um falso do c***lho. Eu queria que a minha mãe se separasse desse cara, sério. Nossa vida seria bem melhor sem ele. Só nós três.

– Tem a Joane também.

– Os nós três é com a Joane.

– Ah.

– Minha mãe nem parece mais feliz em casa.

– Nossa mãe nunca pareceu feliz em casa.

– Sei lá. Só sei que a gente estaria melhor sem ele. Eu não aguento mais olhar pra cara desse desgraçado.

– A gente perderia o Enzo.

– Honestamente, prefiro perder o Enzo a ter que lidar com esse cara.

– Eu não sabia que você tava com tanta raiva do Chris assim.

– Eu não tava, mas depois de hoje...

– Talvez o que eu tenha feito seja estranho.

– Abre a boca.

– Você vai pegar o meu chiclete pra provar um ponto?

– Abre a boca.

– Esse chiclete ta muito zoado. – Ela abriu a boca. Jamie pegou e colocou na boca. – Esse chiclete definitivamente ta muito zoado.

– E firme.

– Firme?

– Firme. Que p***a você fez com o chiclete?

– Sei lá. Deve ter sido a Joane. Também passou pela boca dela, como você já deve saber.

– Esse idiota queria comparar chiclete mascado a quê? A um beijo na boca? Quem tem um problema sério é ele. Eu deveria contar o que ele fez pra nossa mãe.

– Não, não conta, por favor. Ela vai ficar contra mim.

– Eu que vou falar.

– Mesmo assim. Minha mãe é tão maldosa quanto ele quando se trata de mim. Não fala, por favor.

Jamie estava contrariado e não queria ceder, mas o medo da irmã acabou gerando uma dúvida nele sobre de qual lado a mãe ficaria. Ele voltou a andar e revirou os olhos:

– Ok.

– Obrigada! Você é o melhor! – Ela abraçou o irmão de lado. Os dois ficaram andando assim por um tempo até que Jane perguntou – E agora? Pra onde vamos?

– Hmmmmmm... Vamos beber. E depois vamos comprar mais chiclete.

– Perfeito!

Fazendo as pazes

Cheryl estava sentada com seu grupo de amigos da sua turma. Eles falavam exageradamente alto e gargalhavam sobre alguma coisa que provavelmente nem era tão engraçada. Ryan se aproximou e tocou o ombro da inglesa. 

Cheryl se virou e quando viu que o diretor da peça era a pessoa que chamava sua atenção, bufou. 

"O que você quer?" A inglesa deixou todo o seu desprezo pelo garoto transparecer na voz. 

"Eu posso falar com você rapidinho?" 

Cheryl ponderou se cederia seu tempo para falar com o menino ou não. 

"Ok." Cheryl se apoiou no ombro do Vincent e levantou de onde estava sentada. "O que você quer comigo?" Cheryl cruzou os braços, como uma criança mimada que acabou de ser contrariada. 

"Falar sobre a notícia. Eu fiquei com medo de você ter interpretado errado e pelo visto eu tava certo."

"Eu não sou tão burra, tá? Eu sei muito bem interpretar um texto. Você saiu comigo com várias garotas na sua cabeça. E sabe o que eu não consigo entender? É por que você me chamou pra sair se você não me acha seu tipo e nem consegue ficar cinco minutos comigo sem pensar em outras meninas. Por quê?" Cheryl olhou o garoto desafiante. 

Ryan abriu a boca para responder, mas foi logo cortado pela Geordie. 

"Eu tô super cansada de ser despised por vocês. Se eu sou superficial, isso não te faz melhor do que eu, porque mesmo só gostando dos meus looks, você me quis. E pelo menos quando eu fico com uma pessoa eu sou presente, não fico pensando em outras e em como elas são melhores e têm mais a oferecer. Você sabe como foi humilhante ler aquilo?"

"Eu não te acho superficial. Eu só não tive tempo o suficiente pra te conhecer mais profundamente. E você tá me culpando por algo que eu pensei. Ninguém deveria ser culpado por isso. É injusto e você sabe."

"Pode até ser... É que eu acho que se você não tava tão interessado em mim, não deveria ter me procurado. Se você sente que gosta mais das outras, então vai pra elas. Por que perder tempo comigo se você não consegue nem focar em mim por uma damn tarde?" A expressão do rosto da Geordie passou de raiva para tristeza. Cheryl o olhava com aqueles olhos de cachorro perdido. 

"Desculpa. Eu não fiz por mal. É que eu acabei de terminar com a Ariana e tô um pouco confuso ainda. Você também acabou de sair de um relacionamento... Não fica confusa às vezes?" 

"Acho que sim." Cheryl admitiu. 

"Então... Ainda tá brava comigo?" 

"Depende... você ainda acha que me face merece ser eternizada?" 

Ryan riu. "Com certeza, mas hoje em dia temos fotos, não precisamos mais de um quadro pra isso." Gosling brincou e se aproximou para dar um abraço de "fazer as pazes" na inglesa. 

"Right." Cheryl aceitou o abraço do menino, ficando na ponta dos pés para não ser enterrada por ele. 

"Eu te elogiei muito, você deveria ter ficado feliz." Ele apertou o ombro da Geordie e chacoalhou ela de brincadeira. 

"Já recebi elogios melhores." A menina brincou. 

"O pior que eu sei que é verdade." Ryan fez uma careta e Cheryl riu. "Te vejo no ensaio?" 

"Sim, pet, nos vemos lá." 

"Então, tá. Sem remorsos, hein." Ryan apertou o queixo da menina.

"Tudo bem. Vou mandar meu pessoal cancelar a sua vingança." Cheryl brincou e Ryan riu.

"Por favor. Eu gosto muito do meu cabelo."

Cheryl abriu a boca, surpresa com a insinuação pelo incidente com a Mara, e balançou a cabeça. "Idiota."

"Tô brincando, tô brincando." Ryan levantou as mãos, em rendição.

"Vai embora antes que você fale mais alguma outra m***a."

Ryan riu. "Tá bom. Não quero me queimar ainda mais." Ele deu um beijo na cabeça da Geordie e saiu. 

quinta-feira, 22 de julho de 2021

Girls

Ryan estava tendo atitudes e tomando decisões que, ele mesmo, mal estava se reconhecendo.

Vamos lá, ele gostava da Ariana e nada tinha a ver com suas músicas ou seus clipes. É claro que se divertia cantando suas canções pela sala de aula e fazendo a garota rir, mas aquele não tinha sido o real motivo pelo qual se interessou pela menina. Ela realmente o atraía e tem coisas que não dá para se explicar, é química.

É claro que havia a Emma, estava aí outra garota que ele era fixado. Mas a ruiva era diferente. Ela era especial. Seus sentimentos por ela eram mais profundos, mais intensos e mais genuínos.

Ryan já tinha se sentido assim antes, hello, Rachel McAdams, o que tiveram foi muito intenso e o marcou para sempre. Emma chegava bem perto disso.

Aquilo o assustava, o menino não queria admitir, mas o rompimento com Rachel foi muito doloroso e passar por alguma coisa como aquilo de novo o apavorava.

Bem, vamos a Cheryl ela era inegavelmente linda. Pra falar a verdade, não fazia tanto seu tipo assim. Seu tipo era mais qualquer coisa próxima a Emma. Entretanto, era impossível não admirá-la. Seu rosto era ainda mais lindo visto de perto, fato identificado, quando começou a trabalhar com a inglesa em Romeu e Julieta.

Sua performance como Capitu, o impressionara ainda mais. A britânica conseguiu se tornar uma mulher que nada tinha de similar consigo. 

Seus olhos, apesar de esteticamente inocentes, exaltavam sagacidade, ironia, sedução e, é claro, dissimulação.

O nariz era fino e delicado, se não fosse por uma pequena concavidade, herança de família, seria outro item da menina sem espaço para correções.

O sorriso era definitivamente o mais bonito já visto num ser humano e não era de se admirar que era o traço mais comentado e adorado da inglesa. As covinhas profundas e bem demarcadas era a cereja do bolo, cativando o olhar de todos e tirando o fôlego de quem era alvo de seus sorrisos.

Engraçado que ela o fazia se lembrar do livro que havia lido alguns anos atrás para escola, "O retrato de Dorian Gray". Algo tão belo deveria ser eternizado de alguma forma.

Tanta perfeição fez o menino sentir falta de algo imperfeito, se aquilo fazia algum sentido. Às vezes a beleza está nesses pequenos glimpses de imperfeição.

Em sua festa de aniversário, o menino se tornou mais um de muitos e se rendeu aos encantos da inglesa. Ryan não gostou de como se sentiu no dia seguinte, ele não era assim. Gosling sempre valorizou o compromisso e os bons valores.

Ryan já queria terminar com Ariana, porém do jeito certo. Agora estava solteiro e cheio de duvidas na cabeça.

O menino percebeu que estava encarando por tempo demais quando ouviu a britânica dizer. 

"Are you goin' to keep staring at us or you're goin' kiss us?" 

Gosling fechou o espaço entre eles e capturou os lábios da inglesa. 

terça-feira, 20 de julho de 2021

Heartbeat

Enquanto falava com Jessica sobre os problemas da advogada, Carlisle deu uma pequena verificada no estado de saúde dos bebês. O batimento dos corações que estavam sendo formados estava em ordem, bem como tudo aquilo que lhe era permitido ouvir. Ele ficou feliz em constatar isso, sorrindo por dentro. O psicólogo tinha muita pena do que Jessica teve que passar durante boa parte da sua vida. O fato de ela ter contado que dava nome de estrelas aos seus filhos perdidos causou uma impressão sofrida no professor, que jogou a informação no limbo de sua consciência para não ter que lidar com aquilo naquele momento. Carlisle odiava lidar com lutos, principalmente de mães. Era uma parte que simplesmente não podia escolher sobre a sua profissão, mas que sempre deixavam uma sensação muito ruim dentro dele.

Terminada as consultas do dia, o Cullen foi se preparar para ir embora, esbarrando com Ellie no meio do caminho:

– Já vai? – Perguntou a conselheira.

– Já vou sim. Amanhã tenho plantão. E você? Já vai?

– Aham.

– Quer uma carona?

Ellie olhou para os lados. Todos os dias em que ia para o consultório, ela e Carlisle iam juntos no carro dele. Natural, havia pensado, uma vez que os dois trabalhavam no mesmo lugar. Era até melhor para o meio ambiente. O problema é que ainda naquela semana ela soube de uns murmurinhos entre alguns médicos e residentes que acreditavam que os dois tinham um caso. Diferentemente das pessoas do Cavalinho Feliz que, apesar de às vezes levantarem a hipótese, não acreditavam na veracidade, no hospital a dúvida era real. O mais engraçado é que Carlisle e Ellie interagiam mais na escola do que em qualquer outro ambiente. O problema, portanto, eram as caronas.

– Não precisa. Acho que vou passar no supermercado para fazer algumas compras e, quem sabe, comer alguma coisa na rua. – Atividades que envolviam comida sempre eram uma boa maneira de afastar o professor.

– Ok. Algo de interessante aconteceu nas suas consultas de hoje?

– Na verdade sim, teve um caso muito curioso. Queria saber até a sua opinião a respeito, porque eu nunca vi isso na minha vida. – Disse empolgada – Eu to consultando um garoto de 7 anos. A mãe dele disse que ele era muito normal, falante, extrovertido, enfim, uma criança normal. Só que ele tinha um problema, acho que uma espécie de monomania. Ele, quando se fixava em um objeto ou uma coisa que causava certa admiração ou curiosida... – Ellie, de repente, pareceu se sentir um pouco desconfortável. – Acho melhor eu te contar amanhã na escola pra não te atrasar.

Carlisle ficou confuso, mas logo entendeu o que tinha acontecido. Ele podia reconhecer aquele cheiro a qualquer distância: Giovanna. Apesar de curioso, preferiu não insistir. Se Ellie se sentia melhor indo embora naquele momento e deixar a história para o dia seguinte, ele não a impediria.

– Ok, mas, por favor, não deixe de me contar.

– Pode deixar! Até amanhã, Carlisle! – Ela disse saindo rapidamente.

– Até amanhã. – O professor por dentro franziu a testa. Ele não gostava de saber que Ellie não se sentia tão confortável naquele espaço e, principalmente, que Giovanna era uma das que a fazia não se sentir à vontade. Ele passou por Giovanna e falou se virando para ela rapidamente – Até amanhã.

– Amanhã não é meu dia.

– Não? – Carlisle se virou para ela confuso. – Vida boa. – Ele sorriu fazendo a melhor imitação que pôde do sorriso de Cheryl: aquele que aquece o coração de qualquer um que vê.

– Quem dera. Hoje tenho plantão.

Carlisle franziu externamente a sobrancelha. Havia um barulho de fundo tão baixo até para seus ouvidos vampiros.

– Que foi? Aconteceu alguma coisa? – Perguntou a mãe de Zac ao ver a cara do ex-namorado.

– Não, nada. – Ele respondeu rapidamente. – Eu tenho que ir. Até amanhã.

– Eu já disse que não venho amanhã. – Ela gritou para um Carlisle apressado.

– Verdade. Até quinta! – Ele devolveu sem se virar para ela, ainda atônito com a nova descoberta.

sábado, 17 de julho de 2021

Contextualizações e explicações

Essa notícia tem amendobobo

no que se refere às habilidades

e à condição não humana de

Edward

 

    Capitu.

    Diferentemente de Bento Santiago e, ao que parecia, da escola inteira, para Edward pouco importava a interpretação que Cheryl dava à menina com olhos de ressaca. Os efeitos da atuação pareciam não influir em seu espírito – ou na falta dele. O problema era outro e, ouso dizer, pior. O problema era a própria Cheryl.

    Voltemos um pouco.

    Natália e Fernandinho insistentemente persistiram em uma ideia sem pé nem cabeça que só surge na cabeça de pessoas entediadas e desocupadas. Quando se deu conta, o projeto não só tinha esboço como prática. O vampiro não cedeu. Não era influenciável como os outros. Para ele, não havia como forjar uma paixão. Ele bem que já havia tentado durantes anos e anos sem sucesso. Resignado com a situação, se acostumou a viver sozinho, diferentemente de seus irmãos que encontraram pares. Tudo mudou quando conheceu Bella. A sensação que sentiu ao finalmente amar alguém foi indescritível. Foi como um reencontro do seu eu atual com a sua humanidade há tanto tempo perdida.

    Certo de que um raio não cairia duas vezes no mesmo lugar, Katie chegou para mudar tudo o que acreditava. E por que não incluir Bia e Blair? Não chegou a ser realmente amor, mas gostar delas foi bom.

    Mas tudo o que é bom tem um fim e Edward compreendeu que o seu tinha chegado. Foram companheiras temporárias que subscreveram nele histórias muito bonitas e o ensinaram algo que nunca mais se esqueceria. Havia uma ameaça de dor também que o ameaçava constantemente, típica da fraca condição humana. Ele tentava não pensar muito sobre o que seria delas e dele num futuro que para alguém como Edward não era lá muito longe. Apenas sabia que se sentia feliz pelo privilégio de ter experenciado não uma, mas duas vezes o amor. Posteriormente, até se sentiu grato por não precisar mais passar por aquilo. A sensação era inebriante, mas a finitude não compensava.

    Por essa razão, Zoe foi um bom alento. Era alguém com quem gostava de passar o tempo sem querer se mergulhar nela ou fazer três, cem, mil coisas que a fizessem feliz ou a impedissem de sofrer. Era também alguém com quem não precisava se preocupar com a estupidez de se jogar de um penhasco por uma miragem ou ser esfaqueada por um relógio que não era nada perto da vida, ou por que não dizer, daquela vida. Seus amores, certamente, não eram saudáveis nem para ele nem para as envolvidas. Era bom ter algo tranquilo.

    Era.

    Era até a estúpida ideia dos ditos cujos de fazê-lo carregar as memórias de uma realidade paralela que nem foi controlada por ele.

    Nela, Edward e Cheryl eram namorados. Até aí nenhum problema. Ele gostava dela, ela parecia gostar dele, aquilo não era real, fim.

    E teria sido o fim se ela não tivesse feito uma reunião-festa tosca para ele, porque o achou triste. Mas não, não foi só isso. Edward sobreviveria à festinha morta regada de Kings of Leon, competição de xadrez, doces e confetti. Poderia ter sido somente uma anedota engraçada que, no máximo, faria ele dar um leve e quase imperceptível sorriso de canto ao ver a geordie. Mas não, ela tinha que ter dito que aprenderia os passos do tipo de música que ele gostava para que ambos dançassem juntos. Ela simplesmente propôs, sem saber, uma coisa que o vampiro miseravelmente sentia falta de sua vida passada, que o lembrava da sua mãe, sua época, seu povo. Ele sinceramente adorava dançar ainda que ninguém realmente soubesse disso. Foi aí que a maldita sensação invadiu aquele falso Edward em cheio. Naquele momento, ele descobriu que a amava profundamente. A deliciosa descoberta mudou tudo: o beijo que eles deram, o sexo, posteriormente, que fizeram. Tudo era outro. Ele era outro. Só que assim como tudo que não existe precisa ter um final, a festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu, a noite esfriou e o falso Edward desapareceu, deixando com o verdadeiro todas as lembranças daquilo que nunca aconteceu, mas que, ainda assim, estavam lá.

    Mesmo que não quisesse, que tentasse achar explicações coerentes de que aquilo não tinha sido real e de que nunca aconteceria naquela realidade, o inglês não conseguiu se desvencilhar da promessa: a promessa de que poderia amar de novo. A promessa de que suas idas ao Cavalinho Feliz poderiam se encher de significado novamente, algo muito mais profundo do que só ver seus amigos que, claro, ele amava deveras, mas que muitas, e por que não dizer, na maioria das vezes o deixavam entediado com discussões que pouco o importavam. A Cheryl do sonho só fez coisas que a Cheryl verdadeira faria, não? Aquela era a grande magia da realidade criada pelo Fernandinho e pela Natália. Aqueles eram eles sem ser eles, fazendo coisas que eles fariam. É claro que muitas etapas foram puladas: a geordie tinha uma personalidade... complicada, digamos assim. Edward também era caprichoso e, até admitia, desagradável em boa parte do tempo. Suas personalidades não casavam uma vez que ambos tinham um ego elevado e princípios diferentes. O negócio então era aceitar que aquilo nunca aconteceria e que só deu certo porque etapas foram puladas. Mas ainda assim... Ainda assim ela tinha dito que dançaria com ele. Por que tão pouco mexeu tanto com ele? Ou era o somatório de tudo? A festa, a dança, a preocupação...? Seria puro e simples egocentrismo de ser o centro dos cuidados de alguém? Mas todo mundo gosta de se sentir cuidado. Aquilo estava somado a algo a mais. Era a sensação de abandono que sentia? Edward não queria mais desenvolver. Pouco importava! A realidade era outra, aquilo passaria. Na verdade, ele era um bobo, pois caiu numa cilada muito parecida da do próprio Sebastian: realidade paralela que resultou em sentimentos na vida real. Só que no caso do escocês, Cheryl também havia sido afetada. No dele, Cheryl não só não se lembrava, como se se lembrasse, não sentiria nada, porque o Edward daquele universo não tinha feito nada de marcante para ela. Todos esses pensamentos conflitaram cerca de 1 minuto na cabeça do filho de Carlisle, quando ele decidiu deixar todos para lá. Ele estava com Zoe e gostava da menina. Ela era divertida, agradável e o tirava da zona de conforto respeitando também seus limites. Satisfeito, “venceu” o dilema que se instaurou em sua mente.

    Edward podia até ter achado aquilo, mas o mago é implacável. Nesse caso, os magos. Natália e Fernandinho tiveram mais uma estúpida ideia: 7 minutos no céu. Edward e Cheryl juntos. Um beijo de... respire fundo... um minuto e meio. O vampiro ficou nervoso. Foi pouco tempo depois da realidade. Os efeitos ainda estavam lá. Ele tinha que parecer que não se importava. Ele estava com muita raiva, se sentindo um pião em um jogo que nunca quis jogar. Edward gostava de se sentir no controle de suas ações, sua vida, e não que alguém estivesse controlando situações por ele, condicionando sentimentos nascidos de uma ilusão. Não havia organicidade, só tramoias. Para finalizar, ele estava com Zoe. Aquilo não era legal nem certo. O vampiro ficou nervoso. Alguém estaria o vigiando, analisando cada momento, cada resposta do seu beijo. E lá estava ela.

    E a dança? Ainda está de pé?

    Que idiota! Se esqueça da dança.

    Ela era bonita. Ele sempre soube disso. Mas ela era rasa. Até que magicamente deixou de ser. As pessoas que passaram a ser rasas, não se fixando em quem ela realmente era, por detrás de toda uma fachada. Ou o blog era raso e não a desnudava em sua beleza interior. Claro, havia coisas feias, ele não podia negar. Mas por quê? Qual vazio ela sentia para achar que sua única validade era ser desejada pelos outros? Ela realmente achava isso? Quem era ela?

    Edward estava nervoso.

    Eu tenho namorada. Que tipo de homem eu sou se eu desejar outra garota? Isso não. Isso não.

    Ele não queria beijar a Cheryl com a lembrança de uma festa, de uma dança, de beijos na escola, de um sexo com muito significado e de um lual na praia. A moralidade era tudo o que ele tinha. Sem a moralidade, ele só era um monstro sugador de sangue.

    Não tinha jeito. Ele tinha que beijar. Mas ele tinha que parecer desinteressado para ela e para os que estivessem observando. Ele tinha que ser um bom namorado. Ele tinha que deixar de ficar intrigado com as respostas que ela dava para uma conversa que não levaria a nada e acabar logo com aquilo.

    – Um minuto e meio é um minuto e trinta segundos.

    Ele sabia que tinha falado besteira assim que saiu da sua boca. Ele simplesmente sabia. Não tinha mais o que fazer.

    Já foi. Não se importe.

    Ela não gostou.

    Deixa pra lá. Você já teve o seu fim. Foi ruim, mas foi pra melhor. Ela te odeia. Você chamou ela de burra. Você é apenas um arrogante que se acha melhor do que os outros. Siga a cartilha que todo mundo diz sobre você.

    Ele pediu desculpas e ela saiu muito irritada.

    Não se importe.

    Ele se importou.

    Isso foi muito rude. Eu fui mais um que subestimou a inteligência dela. Talvez quem mais tenha subestimado.

    Edward estava muito nervoso. Ele odiava Fernandinho e Natália por se meterem na sua vida. Ele queria ficar esquecido de novo. Era pedir muito?

    – Eu só queria provar um ponto.

    – Qual ponto?

    – Que eu não queria te beijar.

    – Por quê?

    – Porque eu queria te beijar.

    Edward franziu a sobrancelha. Isso estava fora de cogitação.

    Zoe, eu juro que não queria. Isso.

    Ele iria se esquecer. Ele iria superar.

    E ele superou. Só que não deu certo com a Zoe. Ele não estava mais entregue. Ela percebeu. Fim.

    E tudo finalmente voltou ao normal. Ele se perdoou e se esqueceu. A realidade alternativa parou de significar alguma coisa. Os sentimentos foram perdidos. Por favor, não o entendam mal: ele não amava Cheryl depois das artimanhas daquelas duas pestes. Ele só não era mais indiferente a ela. Mas tudo precisa ser regado. Das poucas vezes que se falaram depois do incidente, a geordie ainda estava muito ressentida, mesmo que pifiamente fingisse que não. Ele nem precisava ler mentes para saber disso. Talvez ela quisesse que ele soubesse. Ela queria que ele soubesse.

    E aí surgiu a peça. Edward conseguiu o papel de Bentinho. Cheryl de Capitu. O vampiro sabia que aquilo poderia vir a ser um problema, mas só se ele tentasse arrumar pelo em ovo. Mas ele não deixou de reparar em certas coisas. Pequenas coisas. O modo como ela costumava franzir a testa lendo o roteiro algumas vezes. Ela não entendia algumas palavras. Ele poderia responder o que significava. Ele sabia. Quando ela perguntava, era para outra pessoa.

    Claro. Eu sou arrogante.

    Quando ele e Jesse ensaiaram pela primeira vez a cena patética da maldição do mendigo, sua atenção foi desviada diretamente para um pensamento.

    Olha a cara dele.

    Edward olhou para Cheryl. Ela se segurava muito para não rir. Pelo o que ele percebeu pelo olhar da mente dela, sua cara não estava lá muito boa, mostrando o quanto se sentia bobo de estar encenando aquela cena. Outros também riam internamente. Edward finalmente se lembrou de desviar os olhos.

    Houve muitas outras trocas de olhares. Trocas de olhares ordinárias. Houve também cabeça jogada para trás do cansaço causado pela repetição, olhar perdido, esboços de sorrisos por uma cena bem ensaiada com outras personagens que não o dela e, particularmente, o seu preferido: um espirro.

    Em uma parte específica da história, depois de beijar Capitu, Bentinho volta para a casa de Pádua e encontra sua amada. Eles têm uma breve conversa e um riso de Capitolina faz com que a personagem principal queira beijá-la. Ele primeiro segura tremulamente suas mãos, depois a puxa para si, mas a menina foge. Uma verdadeira briga começa: Capitu tenta puxar suas mãos, mas Bentinho resiste bravamente a puxando; ela se cansa e afasta o busto, porém o garoto continua trazendo-a para ele; ela então joga a cabeça para trás e os dois continuam na luta sem resistir e, também, sem fazer barulho para não serem vistos. Mais uma vez se cansando, a menina com olhos de ressaca afasta a boca, fazendo movimento inverso à boca de Bentinho, ainda que os dois estivessem muito próximos. Ambos tomam um susto quando surge um barulho de uma porta sendo aberta seguida da voz do pai de Capitu avisando sua chegada do trabalho. As mãos dos dois amantes ainda estavam presas; eles não podiam ser descobertos. A mãe da garota e o pai chegam perto de onde eles estavam. Capitu, então, antes que o pai acabasse de entrar no ambiente em que estavam, faz um gesto inesperado, pousa a boca na boca de Bentinho, e dá de vontade o que estava a recusar à força. Edward e Cheryl estavam encenando exatamente a mesma cena, mas no momento em que sua personagem vai beijar a dele, ela deixa escapar um espirro no meio do caminho, “estragando” tudo. Enquanto Melissa e outros exasperaram pela expectativa frustrada, o vampiro involuntariamente abriu um pequeno sorriso e disse:

    – Saúde.

    Edward se apegava justamente àquilo que era espontâneo, ou seja, as pequenas coisas que formavam uma pessoa. Pouco importava a atuação dela. Sim, ela era boa como Capitu, mas Capitu não era ela e isso já bastava para não chamar a sua atenção comparado aos outros aspectos próprios da natureza da garota.

    Só que tudo que é bom dura pouco. A atuação de Cheryl, mesmo sem ter sido vista por todos, começou a ser comentada. As pessoas que assistiam, pareciam vidradas naquela Capitu, impressionadas como "uma estava dentro da outra, como a fruta dentro da casca". Para Edward, se havia alguma semelhança, era ínfima. Todavia, o problema não era exatamente esse. A grande questão é que as pessoas começaram a cobrar uma atitude dele, algo que, como sabemos, ele odiava. A escola comprando um discurso falso de duas pessoas que não entendiam de nada, fez com que ele se visse no meio de um furacão de cobranças e expectativas. Novamente, assim como antes, é importante salientar que o inglês não estava apaixonado por Cheryl, apenas não se sentia indiferente a ela, aproveitando a oportunidade para conhecer um pouco mais a garota. Não que ele fosse fazer algo. Essa definitivamente não era a intenção. O que ele queria era compreendê-la, entender um pouco quem ela era sem a pressão de ter que ser rainha de uma turma ou conquistar tudo e todos. Basicamente, ver o que havia de apaixonável ou instigante nela que ultrapassasse a camada superficial da beleza exterior. Ver um sorriso sendo dado sem a consciência de que aquilo era um de seus charmes, mas só pela vontade de rir (aliás, não era difícil ver isso). Claramente, sua tentativa não lhe dava muito material uma vez que a interação dos dois era muito restrita, porém ele estava satisfeito com o que tinha. Agora havia uma cobrança que estragava a magia das coisas. Chegaram a dar a ideia de ele colocar a língua dentro da boca dela no dia da peça enquanto tivessem encenando. Aquilo era degradante.

    Sebastian e Natália, principalmente, viviam dando pitacos que não eram bem-vindos. Um boato de que ele ia beijar Cheryl na festa dela pairou sob a escola inteira. Se tinha uma coisa que Edward sabia era que em nenhum momento isso passou pela sua cabeça. Em nenhum momento ele pensou em beijar Cheryl além do combinado no teatro. Por quê? Porque ainda não havia acontecido o estalo, simples assim. E talvez nunca fosse acontecer, o que era mais provável. Edward sabia que poderia amar a geordie por causa do que aconteceu no universo paralelo, sabia que havia partes dela que poderiam fazer com que ele quisesse viver dentro da garota, mas também sabia que o estalo não podia ser forçado, que era preciso que fosse orgânico e que para acontecer, precisava de reciprocidade, algo que duvidava que a menina poderia dar a ele.  

    Na festa de Cheryl, Edward passou a noite inteira incomodado. Incomodado pelo estilo da festança que não tinha nada de divertido para ele, incomodado pelos seus amigos, pelas expectativas e até mesmo pela própria geordie. Havia algo naquele dia, em particular, sobre ela que estava o irritando profundamente. Ele posteriormente descobriu o que era, o que o deixou particularmente ainda mais irritado.  

    Muitas vezes, teve a oportunidade de desejar parabéns a ela. Não quis. Por ele, sairia sem cumprimentá-la. Era tão rude, mas tão ele, porque Edward era rude. Decidiu que falaria com ela, mas seria rápido, sem graça. Nenhuma piada, nenhuma tentativa de puxar assunto.

    Finalmente! Feliz aniversário! Bela festa. Obrigado por me convidar.

    Isso tudo com um sorriso falso no rosto que parecesse verdadeiro.

    Quando descobriu que Ryan havia beijado Cheryl na festa, Edward se sentiu muito aliviado.

    Acabou. Acabou. Estou livre!

    Ele rapidamente se lembrou do presente que comprou e se deu conta de que era preciso trocá-lo para não mandar uma mensagem errada e parecer um idiota. É preciso explicar o modus operandi de Edward rapidamente. Ele não gostava de mostrar para certas pessoas que se importava, nem que fosse um pouco. Por essa razão, quis dar o presente junto com Carlisle e sua família. Mas como não estava pensando direito em toda a situação, acabou se deixando convencer pela pressão dos outros.

    Quando eu me tornei tão frouxo?

    Edward odiava ser criticado pelos outros por tão pouco, como se ele fosse o estraga-prazeres ou o super sem graça. Ele se lembrava de um episódio de New Girl em que Nick foi obrigado a beijar Jess por causa de um jogo. Seria o primeiro beijo do casal. Ela perguntou qual era o problema que ele tinha em beijá-la. Ele respondeu: “Not like this”. Era exatamente o que ele queria gritar para as pessoas. Se fosse para ser de um jeito que não fosse daquele jeito.

    O vampiro facilmente entrou na sala em que estavam os presentes e achou o seu. O presente, na verdade, era besta. Era uma caneca escrita “A Love Yee Pet”, comprada de uma loja geordie, de UK. O problema não era o objeto em si, mas a importação. Edward revirou os olhos com raiva de si mesmo, foi até sua casa rapidamente, pegou um hidratante fechado de Cupuaçu da Katie, embrulhou e colocou no lugar.

Disponível em.: https://geordiegifts.co.uk/collections/geordie-mugs/products/a-love-yee-pet-mug

    Tudo enfim estava resolvido. A pressão acabada. Ele era um perdedor e estava bem com isso. Ainda assim havia algo que o deixava tenso. Edward só queria que o aniversário e a peça acabassem. Aí sim estaria 100% livre. Ainda tinha que falar com Cheryl, mas deixaria isso para a hora de ir embora.

    Enquanto refletia sobre como os funks têm fixação por vaginas e sexo violento, foi surpreendido pela morena apoiando as mãos em seu ombro e falando no seu ouvido em tom de brincadeira:

    – Não vai falar com a aniversariante não?

    Não, não, não, não, não, não, não.

    – Ah, oi. Quer dizer, eu tava te procurando, mas nunca te achava. Feliz aniversário. – Respondeu Edward rígido como uma pedra. Sempre que ficava desconfortável, seu corpo agia de maneira menos humana, quase como se sentisse ameaçado.

    – Obrigada. Sério que você não me achou? Eu te vi várias vezes. Os maníacos do quinto andar foram os que eu mais vi. Acha que eu consigo ganhar um abraço seu?

    Por quê? Sério, por quê?

    Mas havia uma parte de Edward que se sentia lisonjeada de ter sido procurado pela garota. Ele leu a mente da garota. Ela sabia dos rumores. Ainda rígido, ele concordou:

    – Claro, claro. (Ele abraçou Cheryl). Parabéns. Bela festa. Dancei muito... pop. Por quê? Você pediu pra gente dançar. (Ele franziu a testa). Pra que mentir e ainda por cima parecer um cara que se lembra de todos os detalhes que ela fala? Por que não falar: “Parabéns. Bela festa. Você é burra!”

    Cheryl abriu um grande sorriso:

    – Obrigada. Eu sou realmente uma pessoa de abraços. Você curtiu? Curti o quê? O seu abraço? Tenho a impressão que esse não é muito o seu tipo de festa. Ah, a festa! Não, foi uma mer**! Pedi, né? Detalhista burro! E aí? Vai negar o meu pedido ou vai me tirar pra dançar? Você vai dançar a dança que me prometeu numa realidade idiota que nem existe?  

    – Eu nunca achei uma festa que fosse o meu tipo. Eu não sou bom de dançar essas músicas, mas sou bom de lentas. Lá vou eu. Enfim... Sim, eu danço com você. Essa é ótima. Tem guitarra... não fala de vagina... (Edward franziu as sobrancelhas de novo). Por que eu estou soando como um lesado? Cadê a minha autoconfiança vampiresca? Já sei, eu estou numa situação que eu só quero que acabe. Eu confesso que você me deixa nervoso. Ah, pronto! Edward fireflies. Por que eu disse que gostava de fireflies? Eu nem gostava assim.

    Cheryl riu:

    – Você não gosta de músicas que falam de vaginas? Desculpa, eu falei que ia pedir pra censurarem as músicas, mas meus amigos não deixaram. Agora eu pareço evangélico. Jessica, vamos acabar com essa festa. Pode deixar que ninguém vai te julgar. Essas músicas quem faz o maior trabalho são as mulheres. Ok... Vocês podem fazer qualquer passo que ninguém liga. Não necessariamente. Tem um passo que o homem finge que vai meter na mulher, movimentando os braços pra frente e pra trás. É perturbador. Não tem como ninguém ligar pra isso. Eu não sabia que eu te deixava nervoso. Ah, pronto. Agora parece que eu to super apaixonado. A gente sempre tá junto na peça e você nunca tá nervoso. É que a gente não conversa muito, né? Parece que em toda a conversa que eu tenho com você, minha mente quer te ofender de mil maneiras.

    – Não tem problema, não sou tão puritano. Na verdade, não sou puritano. É que eu costumo falar besteira quando falo com você. É, joga o balde. Já falou um monte de droga mesmo, já parece super interessado. Vamos ver o que a gente tira daqui. Ela apareceu pra falar com você por algum motivo. Já te chamei de burra, pobre... Isso, bom movimento. Aproveita para relembrar todos os xingamentos e já faz logo um novo. Eu nem deveria ter lembrado disso, enfim... E também... sei lá. Eu sinto que eu pareço meio retardado às vezes. Verdade, mas não deveria ter falado isso também. Mas você ta gostando da sua festa? Isso, pergunta clichê. Muda o foco para ela.

    – Eu não acho que você parece retardado. Grosso, talvez. Sem noção, um pouco também. Mas você não precisa ficar nervoso perto de mim. (Cheryl pegou as mãos do Edward e colocou na sua cintura). É, ela gostou do fato de eu estar nervoso. Me deixa mais humilde, mas eu também odeio soar humilde. Eu gosto de soar confiante. Sim, estou. Gosto de ver todos que eu amo num mesmo lugar. Substancial.

    – Fair enough. Copycat também. É, você deve ter um coração enorme, porque é muita gente aqui. Piada péssima. Melhor ir logo para o que interessa. Vamos acabar logo com essa tortura. (Ele olhou pro chão). Você ouviu os rumores?

    – Sim, gosto de pensar que sim. Gostou dos meus amigos? Eu falei pra eles que você era inglês também e eles ficaram doidos pra te conhecer. Acho que ela não sabe o que falar, porque duvido que ela tenha feito isso. Um ou outro. Tem algum que é verdade? (Ela levantou o rosto dele e o fez encarar seus olhos). Nããããããããããããããão. Eu ia levantar o rosto. Eu pareço indefeso, muito apaixonado e lesado. Po**a Cheryl, que m**da, eu ia encarar sozinho.

    – Sempre bom ver um conterrâneo.  Mais ou menos. Eu não ia te beijar hoje. Eu ia te beijar na escola quando você nem ninguém esperasse. Não ia fazer nada disso, mas preciso recuperar minhas rédeas. Eu sou meio rebelde. Roberta.

    Cheryl riu Por quê? Isso soou idiota? Não, não, ela viu que eu não tinha o que falar sobre os amigos dela quererem me conhecer:

    – Sim, é sim. Depois eu marco pra vocês se conhecerem melhor. Eu gostei do seu plano. Você acha que vai conseguir cumprir ou vai desistir na hora h? Eu queria seguir o plano. Eu queria deixar esse beijo pra depois. Mas eu não posso. Vou parecer muito frouxo. Um cara nunca faria isso. Eu faria. Eu quero fazer. Não queria que fosse desse jeito. Todo mundo vai ver e vai achar que eu segui uma cartilha. Eu deveria resistir e fazer do jeito que eu quero, mas gente demais se intrometeu, você provavelmente vai entender outra coisa se eu recuar... É, é isso. Vai ser aqui.

    – Eu acho que eu não vou conseguir esperar até lá. Eu conseguiria. Eu queria esperar, mas vai ser agora. Que seja significativo. (Ele beijou Cheryl).

    AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH! ELE FOI! ELE BEIJOOOOU!

    Nossa, não acredito. Vamos ver agora quem vai ganhar.

    Finalmente gripinha mostrando que é homem.

    Que desperdício de garota. Esse garoto é muito sem graça.

    Mais um fisgado pela Cheryl.

    Edward se esforçou para bloquear os pensamentos dos outros. Esse era um processo difícil e que, apesar dos anos de prática, sempre o pegavam quando ele estava vulnerável. Ele precisava focar em algo audível que não fizessem a mente dele vaguear. A música estava fora de cogitação. Ele poderia ler o pensamento dela durante o beijo, mas um lado dele tinha medo de surgir do nada um: “Com o Ryan tava melhor”. Então o inglês decidiu focar a sua mente, além do beijo, nas batidas do coração da geordie. No começo, claro, foi mais difícil. Um ou outro pensamento tentaram invadir, mas depois só o que realmente ouvia era o coração da garota. Ele ficou mais satisfeito e conseguiu se entregar ao que estava vivendo. Ele aproveitou para agradecer pela reunião; censurar o Kings of Leon em uma festa e os beijos na escola na frente dos outros, que o deixavam tímido, mas que ainda assim ele não conseguia não deixar de dar; desejar que a realidade tivesse durado um pouco mais para que eles, de fato, tivessem dançado; e dizer que ela é muito mais do que só o exterior, porque ele é um cara que se apaixona por almas, então se algum momento ele se apaixonou por ela, é porque ele tinha enxergado algo muito lindo ali, não só daquelas situações específicas, mas de outras que o Edward real não tinha visto, apesar de saber que existiram. A situação não foi do jeito que ele queria, mas era alguma coisa e alguma coisa é melhor do que nada.  

    Depois de um tempo, Cheryl parou de beijar Edward e disse:

    – Acho melhor eu ir. Promete que se você souber de algo de mim que te desagrade, você vem falar comigo primeiro?

    Aconteceu alguma coisa. Se Edward tivesse um coração que batesse, seria essa a hora em que ele bateria rápido. Mas ele não poderia cobrar nada dela, porque ele não era nada dela. Ainda assim, mostrava que ele tinha sido mais do que pensava que seria para a geordie.

    O vampiro assentiu sem falar nada e deu um selinho nela a fim de prolongar nem que por 2 segundos aquilo que podia ser a última vez. Ela saiu. Edward foi logo depois se perguntando o que aquilo tudo significava para ele.