– Ainda tem chiclete?
– Cabou.
Jane olhou tristemente
para a irmã que mascava o último chiclete da casa.
– Então vai ser fio
dental mesmo. – A garota disse, se levantando para subir as escadas até o
banheiro.
– Pode jogar o meu
chiclete fora? – Joane perguntou estendendo a mão com o chiclete babado. Jane pegou
e colocou na boca.
– Valeu!
– Mas que p***a é essa? –
Perguntou Chris morrendo de raiva. A filha de Samantha olhou para ele sem
entender. – Você pegou o chiclete mascado da sua irmã e colocou na boca? Você
sabe o quão f**ido é isso? – Jane continuou olhando para o professor
normalmente, só que, dessa vez, ela sentia que já não estava mais dentro do seu
corpo. Seus pensamentos foram para algum outro lugar ainda que, na realidade, não
estivesse pensando em nada. – Não me importa se isso é normal pra você e pro seu irmão! Não
quero que você faça mais isso com a Joane. E nem você, Joane! Chiclete mascado é pra ir pro
lixo!
Jane se fixou num ponto
atrás de Chris, mascando seu chiclete sabor menta. Ela ficou surpreendida de se
dar conta de que estava viva. Cada vez que repetia tal fato na sua mente, mais
estupefata ficava. Até que ela simplesmente voltou a pensar sem pensar em nada.
Quando se deu conta, um Jamie irado puxava o braço dela. Jane obedeceu e se
levantou. Foi aí que ela se deu conta de que Chris e Jamie estavam discutindo. Antes
de conseguir se colocar a par do que acontecia, foi levada até a porta pelo seu
irmão. Os dois saíram de casa.
– E a Joane? – Finalmente
falou.
– Se eu levasse ela, aquele
filho da p**a ia chiar. Eu to cansado desse homem! Que idiota! Você ta bem?
Jane não falou nada.
Continuou caminhando pela vizinhança calada e sem um rumo definido. Jamie a
acompanhava também quieto, olhando para a irmã de soslaio de quando em quando.
– Eu não sei quando a
minha moral começou a não valer nada, mas acho que eu mereço.
– Não, Jane, não! Não deixa
aquele p**o entrar na sua mente. – Ele parou na frente de Jane obrigando-a a
parar também.
– Ah, sei lá. Não sei se
é só ele. A não ser que eu que tenha entendido errado...
– Não, você não entendeu
errado. E sim, é só ele que acredita numa coisa dessas. O Chris é um f**ido que
só pensa m**da, porque é um falso do c***lho. Eu queria que a minha mãe se
separasse desse cara, sério. Nossa vida seria bem melhor sem ele. Só nós três.
– Tem a Joane também.
– Os nós três é com a
Joane.
– Ah.
– Minha mãe nem parece
mais feliz em casa.
– Nossa mãe nunca pareceu
feliz em casa.
– Sei lá. Só sei que a
gente estaria melhor sem ele. Eu não aguento mais olhar pra cara desse
desgraçado.
– A gente perderia o
Enzo.
– Honestamente, prefiro
perder o Enzo a ter que lidar com esse cara.
– Eu não sabia que você tava
com tanta raiva do Chris assim.
– Eu não tava, mas depois
de hoje...
– Talvez o que eu tenha
feito seja estranho.
– Abre a boca.
– Você vai pegar o meu
chiclete pra provar um ponto?
– Abre a boca.
– Esse chiclete ta muito
zoado. – Ela abriu a boca. Jamie pegou e colocou na boca. – Esse chiclete
definitivamente ta muito zoado.
– E firme.
– Firme?
– Firme. Que p***a você
fez com o chiclete?
– Sei lá. Deve ter sido a
Joane. Também passou pela boca dela, como você já deve saber.
– Esse idiota queria
comparar chiclete mascado a quê? A um beijo na boca? Quem tem um problema sério é ele. Eu
deveria contar o que ele fez pra nossa mãe.
– Não, não conta, por
favor. Ela vai ficar contra mim.
– Eu que vou falar.
– Mesmo assim. Minha mãe
é tão maldosa quanto ele quando se trata de mim. Não fala, por favor.
Jamie estava contrariado
e não queria ceder, mas o medo da irmã acabou gerando uma dúvida nele sobre de
qual lado a mãe ficaria. Ele voltou a andar e revirou os olhos:
– Ok.
– Obrigada! Você é o
melhor! – Ela abraçou o irmão de lado. Os dois ficaram andando assim por um tempo até que Jane perguntou – E agora? Pra onde vamos?
– Hmmmmmm... Vamos beber.
E depois vamos comprar mais chiclete.
– Perfeito!
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