sábado, 24 de julho de 2021

Princess Bubblegum

– Ainda tem chiclete?

– Cabou.

Jane olhou tristemente para a irmã que mascava o último chiclete da casa.

– Então vai ser fio dental mesmo. – A garota disse, se levantando para subir as escadas até o banheiro.

– Pode jogar o meu chiclete fora? – Joane perguntou estendendo a mão com o chiclete babado. Jane pegou e colocou na boca.

– Valeu!

– Mas que p***a é essa? – Perguntou Chris morrendo de raiva. A filha de Samantha olhou para ele sem entender. – Você pegou o chiclete mascado da sua irmã e colocou na boca? Você sabe o quão f**ido é isso? – Jane continuou olhando para o professor normalmente, só que, dessa vez, ela sentia que já não estava mais dentro do seu corpo. Seus pensamentos foram para algum outro lugar ainda que, na realidade, não estivesse pensando em nada. – Não me importa se isso é normal pra você e pro seu irmão! Não quero que você faça mais isso com a Joane. E nem você, Joane! Chiclete mascado é pra ir pro lixo!

Jane se fixou num ponto atrás de Chris, mascando seu chiclete sabor menta. Ela ficou surpreendida de se dar conta de que estava viva. Cada vez que repetia tal fato na sua mente, mais estupefata ficava. Até que ela simplesmente voltou a pensar sem pensar em nada. Quando se deu conta, um Jamie irado puxava o braço dela. Jane obedeceu e se levantou. Foi aí que ela se deu conta de que Chris e Jamie estavam discutindo. Antes de conseguir se colocar a par do que acontecia, foi levada até a porta pelo seu irmão. Os dois saíram de casa.

– E a Joane? – Finalmente falou.

– Se eu levasse ela, aquele filho da p**a ia chiar. Eu to cansado desse homem! Que idiota! Você ta bem?

Jane não falou nada. Continuou caminhando pela vizinhança calada e sem um rumo definido. Jamie a acompanhava também quieto, olhando para a irmã de soslaio de quando em quando.

– Eu não sei quando a minha moral começou a não valer nada, mas acho que eu mereço. – Ela quebrou o silêncio.

– Não, Jane, não! Não deixa aquele p**o entrar na sua mente. – Ele parou na frente de Jane obrigando-a a parar também.

– Ah, sei lá. Não sei se é só ele. A não ser que eu que tenha entendido errado...

– Não, você não entendeu errado. E sim, é só ele que acredita numa coisa dessas. O Chris é um f**ido que só pensa m**da, porque é um falso do c***lho. Eu queria que a minha mãe se separasse desse cara, sério. Nossa vida seria bem melhor sem ele. Só nós três.

– Tem a Joane também.

– Os nós três é com a Joane.

– Ah.

– Minha mãe nem parece mais feliz em casa.

– Nossa mãe nunca pareceu feliz em casa.

– Sei lá. Só sei que a gente estaria melhor sem ele. Eu não aguento mais olhar pra cara desse desgraçado.

– A gente perderia o Enzo.

– Honestamente, prefiro perder o Enzo a ter que lidar com esse cara.

– Eu não sabia que você tava com tanta raiva do Chris assim.

– Eu não tava, mas depois de hoje...

– Talvez o que eu tenha feito seja estranho.

– Abre a boca.

– Você vai pegar o meu chiclete pra provar um ponto?

– Abre a boca.

– Esse chiclete ta muito zoado. – Ela abriu a boca. Jamie pegou e colocou na boca. – Esse chiclete definitivamente ta muito zoado.

– E firme.

– Firme?

– Firme. Que p***a você fez com o chiclete?

– Sei lá. Deve ter sido a Joane. Também passou pela boca dela, como você já deve saber.

– Esse idiota queria comparar chiclete mascado a quê? A um beijo na boca? Quem tem um problema sério é ele. Eu deveria contar o que ele fez pra nossa mãe.

– Não, não conta, por favor. Ela vai ficar contra mim.

– Eu que vou falar.

– Mesmo assim. Minha mãe é tão maldosa quanto ele quando se trata de mim. Não fala, por favor.

Jamie estava contrariado e não queria ceder, mas o medo da irmã acabou gerando uma dúvida nele sobre de qual lado a mãe ficaria. Ele voltou a andar e revirou os olhos:

– Ok.

– Obrigada! Você é o melhor! – Ela abraçou o irmão de lado. Os dois ficaram andando assim por um tempo até que Jane perguntou – E agora? Pra onde vamos?

– Hmmmmmm... Vamos beber. E depois vamos comprar mais chiclete.

– Perfeito!

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