Enquanto falava com Jessica sobre os
problemas da advogada, Carlisle deu uma pequena verificada no estado de saúde
dos bebês. O batimento dos corações que estavam sendo formados estava em ordem,
bem como tudo aquilo que lhe era permitido ouvir. Ele ficou feliz em constatar
isso, sorrindo por dentro. O psicólogo tinha muita pena do que Jessica teve que
passar durante boa parte da sua vida. O fato de ela ter contado que dava nome
de estrelas aos seus filhos perdidos causou uma impressão sofrida no professor,
que jogou a informação no limbo de sua consciência para não ter que lidar com
aquilo naquele momento. Carlisle odiava lidar com lutos, principalmente de
mães. Era uma parte que simplesmente não podia escolher sobre a sua profissão,
mas que sempre deixavam uma sensação muito ruim dentro dele.
Terminada as consultas do dia, o Cullen foi
se preparar para ir embora, esbarrando com Ellie no meio do caminho:
– Já vai? – Perguntou a conselheira.
– Já vou sim. Amanhã tenho plantão. E
você? Já vai?
– Aham.
– Quer uma carona?
Ellie olhou para os lados. Todos os dias
em que ia para o consultório, ela e Carlisle iam juntos no carro dele. Natural,
havia pensado, uma vez que os dois trabalhavam no mesmo lugar. Era até melhor
para o meio ambiente. O problema é que ainda naquela semana ela soube de uns
murmurinhos entre alguns médicos e residentes que acreditavam que os dois tinham
um caso. Diferentemente das pessoas do Cavalinho Feliz que, apesar de às vezes
levantarem a hipótese, não acreditavam na veracidade, no hospital a dúvida era
real. O mais engraçado é que Carlisle e Ellie interagiam mais na escola do que em
qualquer outro ambiente. O problema, portanto, eram as caronas.
– Não precisa. Acho que vou passar no
supermercado para fazer algumas compras e, quem sabe, comer alguma coisa na rua.
– Atividades que envolviam comida sempre eram uma boa maneira de afastar o
professor.
– Ok. Algo de interessante aconteceu nas
suas consultas de hoje?
– Na verdade sim, teve um caso muito
curioso. Queria saber até a sua opinião a respeito, porque eu nunca vi isso na
minha vida. – Disse empolgada – Eu to consultando um garoto de 7 anos. A mãe
dele disse que ele era muito normal, falante, extrovertido, enfim, uma criança
normal. Só que ele tinha um problema, acho que uma espécie de monomania. Ele,
quando se fixava em um objeto ou uma coisa que causava certa admiração ou
curiosida... – Ellie, de repente, pareceu se sentir um pouco desconfortável. –
Acho melhor eu te contar amanhã na escola pra não te atrasar.
Carlisle ficou confuso, mas logo entendeu
o que tinha acontecido. Ele podia reconhecer aquele cheiro a qualquer
distância: Giovanna. Apesar de curioso, preferiu não insistir. Se Ellie se
sentia melhor indo embora naquele momento e deixar a história para o dia
seguinte, ele não a impediria.
– Ok, mas, por favor, não deixe de me
contar.
– Pode deixar! Até amanhã, Carlisle! – Ela
disse saindo rapidamente.
– Até amanhã. – O professor por dentro franziu
a testa. Ele não gostava de saber que Ellie não se sentia tão confortável
naquele espaço e, principalmente, que Giovanna era uma das que a fazia não se
sentir à vontade. Ele passou por Giovanna e falou se virando para ela
rapidamente – Até amanhã.
– Amanhã não é meu dia.
– Não? – Carlisle se virou para ela
confuso. – Vida boa. – Ele sorriu fazendo a melhor imitação que pôde do sorriso
de Cheryl: aquele que aquece o coração de qualquer um que vê.
– Quem dera. Hoje tenho plantão.
Carlisle franziu externamente a
sobrancelha. Havia um barulho de fundo tão baixo até para seus ouvidos
vampiros.
– Que foi? Aconteceu alguma coisa? –
Perguntou a mãe de Zac ao ver a cara do ex-namorado.
– Não, nada. – Ele respondeu rapidamente. –
Eu tenho que ir. Até amanhã.
– Eu já disse que não venho amanhã. – Ela
gritou para um Carlisle apressado.
– Verdade. Até quinta! – Ele devolveu sem
se virar para ela, ainda atônito com a nova descoberta.
Nenhum comentário:
Postar um comentário