domingo, 4 de julho de 2021

Favores

Fazer almoço todo dia era uma tarefa difícil, principalmente se você nunca foi muito boa na cozinha. A carne moída já estava na panela cozinhando e apurando o sabor e agora era a vez de preparar o arroz com chia. O celular que estava em cima da bancada começou a tocar e Jessica limpou a mão na toalha para atender.

"Alô." A ruiva falou ao atender o telefone.

"Oi Jessica. Eu tô aqui na casa da Denise e ela tá passando muito mal. Eu tô indo pro hospital com ela, mas não tem ninguém pra ficar com a Rose. Você po..."

"Claro." A advogada não esperou o amigo terminar a frase. "Onde que eu busco ela?" 

"No hospital. Eu te passo o endereço por mensagem."

"Tá bom. Eu já tô indo pra lá."

"Obrigado."

Jessica apagou o fogo das panelas e foi até o quarto da Mel. A bebê estava dormindo calmamente. Jessica colocou algumas fraldas e outras coisas que a filha poderia precisar na bolsa e depois tirou a bebê do berço. Mel começou a chorar. 

"Desculpa ter te acordado. A gente vai sair rapidinho e depois você vai poder voltar a dormir." Jessica se desculpou. 

Ela colocou os óculos de sol e seguiu com Mel até o estacionamento do prédio para pegar o carro. Lá ela colocou a bebê que chorava sem parar na cadeirinha e foi para o banco do motorista. 

"A gente vai buscar sua amiguinha e já volta." Jessica odiava sair com a bebê berrando, quase como se tivesse sido maltratada, porém ela queria sair o quanto antes para não deixar a Rose muito tempo em um local não próprio para crianças, principalmente num momento tão crítico, então nada de acalmar a Mel antes de sair. 

Chegando no hospital, Jessica pegou a filha e foi até a recepção. 

"Bom dia. Por favor, você sabe informar onde eu encontro a paciente Denise Carvalho?" Jessica perguntou balançando a bebê em prantos no braço. 

"A senhora é parente?"

"Não. Eu vim pra buscar a filhinha dela. O pai dela que pediu... George Harvey."

A moça da recepção olhou para a ruiva como se não soubesse como ela lidaria com outra criança se mal estava dando conta daquela em seus braços.

"Eu vou precisar da sua identidade." 

"Claro. Um momento." Jessica se deu conta de que não tinha levado nenhum documento consigo. Droga, ela não era disso. Ultimamente estava sendo muito relapsa.

"Não tá com a senhora?" A recepcionista perguntou percebendo o problema. 

"Não." Jessica admitiu. "Mas tudo bem, eu ligo pro George e peço pra ele trazer a menina aqui." 

"Não precisa. Eu abro uma exceção pra senhora. Só preciso que coloque esse adesivo de visitante."

"Certo." 

"Quarto 103, passado o corredor, a terceira porta."

"Muito obrigada." Jessica abriu um sorriso em agradecimento a secretária, que sorriu de volta. 

A ruiva assim que passou pelo corredor, já avistou George com a filha no colo. 

"George!" Jessica falou por cima do choro da filha. 

"Obrigado por vir." George levantou e cumprimentou a ruiva com um beijo no rosto. 

"Oi, florzinha." Jessica fez cosquinha na menina de dois anos.

"Oi." Rose falou com o dedo na boca e a cabeça apoiada no ombro do pai. 

"Como tá a Denise?" 

"Tá tomando medicamento no quarto. Eu vou entrar depois que você levar a Rose. A Denise não quer que a nossa filha a veja cheia de tubos."

"Entendi."

"Finalmente tô vendo a Mel pessoalmente e pelo visto ela já se enjoou de você." George acariciou a cabecinha da bebê. 

"Ela tá assim porque sabia que ia te ver. Tinha que ver a cara que ela fez quando descobriu que finalmente ia te conhecer."

"Se você não falasse mal de mim, agora ela estaria com um sorriso no rosto."

"Eu não falei mal de você. Ela que tirou suas próprias conclusões."

George abriu um pequeno sorriso. 

"Você acha que vai dar conta dessas duas?" 

"Claro. E daqui a pouco o Andrew vai tá voltando do trabalho."

"Obrigado. De noite eu passo na sua casa pra buscar minha filha."

"Tá bom. Mas não se preocupa em buscar ela logo. Pode resolver sua vida com calma. A sua princesa vai tá em boas mãos."

"Eu sei que sim. Deixa que eu levo vocês três até o carro."

George foi com a ruiva até o carro e ajudou a prender a Rose e a Mel nas cadeirinhas detrás. 

"Quando der vamos tomar um café. Agora que eu não tô indo pra empresa, a gente quase não conversa mais." Jessica propôs. 

"Seria ótimo. Obrigado mais uma vez por ficar com a minha filha."

"De nada."

George colocou a cabeça dentro do carro. 

"Papai vai ficar aqui no hospital com a mamãe e vai te buscar na casa da tia Jess mais tarde, tá bom?" 

Rose acenou. 

"Dá um beijo no pai." George beijou a cabeça da filha e depois deu um beijo na cabeça de Mel. "Foi um prazer, tá Melzinha? Depois a gente se conhece melhor."

George fechou a porta detrás do carro e foi para o lado do motorista, onde a ruiva já se encontrava. 

"Até mais tarde." O advogado falou. 

"Manda um beijo pra Denise. Vai ficar tudo bem. Eu vou tá orando por ela."

"Obrigado."

"Se cuida. Não esquece de comer e beber água."

"Pode deixar." George sorriu, agradecido por ter a ruiva na sua vida. 

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