quarta-feira, 23 de dezembro de 2020

Contos natalinos - Os presentes do Papai Noel

 


Damon finalmente tomou coragem e foi fazer as temidas compras de Natal. Como era um cara prático, resolveu comprar tudo num mesmo lugar: a loja Tocca Square, localizada em Time Square. Aquele lugar era perfeito, pois eram várias lojas chiques em um só lugar.

"Ok, eu tenho Stefan, Chuck, meus pais, Rosalie e Katie", ele suspirou, revirando os olhos ao pensar na última pessoa da lista. "Por que eles tinham que continuar trocando presentes?" era uma pergunta que ele se fazia todo o Natal.

Passando por uma das lojas, viu um Whiskey dos anos 60. Pensou que seria uma boa opção de presente para seu pai e Chuck. O do amigo só seria um mais novo e mais barato comparado ao do pai.

"Pronto! Só faltam quatro agora."


Do Stefan seria difícil... Ele queria dar um caderno fancy, mas o amigo já tinha um milhão desses. Viu uma papelaria e entrou. Olhando as coisas que tinha na vitrine, foi surpreendido pela atendente:


- Posso ajudá-lo?

- Sei lá! Você tem alguma ideia de presente para um amigo aspirante a escritor?


- Você pode dar um caderno para ele. Nós temos cadernos super bonitos...


- Ele já tem mil cadernos. Queria que fosse algo mais especial. "Soei muito viado agora".


- Claro! Mais especial... Vejamos... Ele gosta dr escrever prosa ou poesia?


- Acho que mais poesia.


- Ele tem algum poeta preferido?


- Não faço a mínima ideia de quem seja, mas deve ter.


- Olha... - a atendente se aproximou de Damon e começou a falar num tom mais baixo - Tem um site que vende os tinteiros e penas de escritores brasileiros famosos. É a família que vende. É bem, mas bem caro e não tem tantas opções assim. Você pode comprar um do Alencar, do Drummond e por aí vai.


- Sério? Pode me mostrar o site?


- Posso sim! É um site confiável, é realmente só família desses escritores envolvida. Tem um artigo na Época sobre isso.


- Poxa, moça, muito obrigado!


- De nada!


Damon foi procurar pelo site e realmente parecia 100% confiável. Comprou logo um tinteiro e pena de Drummond, vendido pela família Drummmond, a fim de que não demorasse a entrega.

- Agora minha mãe...


O garoto entrou numa loja de jóias e viu uma pulseira de brilhantes que achou a cara da mãe. Achou que seria uma boa ideia comprar uma para Rosalie também, de modelo diferente, porque realmente ele não tinha ideia do que comprar para a namorada. Rosalie tinha tudo. Era difícil dar algo para pessoas ricas. Ela, apesar de durona, parecia gostar de jóias chiques e bonitas. Os anéis dela pareciam custar muito e eram de muito bom gosto. Ele, então, comprou uma pulseira rosé delicada, com alguns detalhes discretos em brilhante. Combinava com o tom de pele dela e era diferente das que ela tinha.

 Satisfeito, saiu da loja com presente para duas.
Agora só faltava a Katie...

"Roupa não. Eu sempre dou peça de roupa: bota, sobretudo... E ela nem liga pra roupa. Natura também não. É muito barato e ela já tem tudo da Natura... Jóia seria, no mínimo, estranho. Hmmmm... Do que mais a Katie gosta? Hmmmmm... Nossa, do que mais a Katie gosta?" Damon ficou olhando de loja em loja e nada parecia se encaixar com Katie. Tapetes persas, perfume, material escolar, móveis, artigos de luxo: nada parecia bom! "Katie safada! Vou dar pra ela artigo de macumba e ela vai vir com um castelo nas Arábias pra mim! Não, pensa, pensa. Dessa vez vai ser o presente do ano. O que deixaria a Katie feliz? Hmmmmm... o pai... a mãe... o... a mãe. Ok, mas... Hmmmmm... Bulgária. A mãe, Bulgária..."
Damon entrou numa loja com artigos de diferentes países. Chegou no atendente e falou:

- Boa tarde! O que tem da Bulgária aqui?


- Tapete, chocolate...


- Tem essência?


- Sim, tenho essências da Bulgária.


- Me vê um kit!


- Ok!


- Você tem difusor?


- Tenho vários. Só não são da Bulgária.


- Tem algum que possa lembrar da Bulgária? É para uma grande amiga bulga-alemã-brasileira.


- Tenho um difusor que é tipo um globo terreste iluminado. É bem bonito!


- Vou levar!

Damon saiu satisfeito. Não era o melhor presente do mundo, mas era melhor que os presentes passados. Melhor que o sobretudo. Será? Um difusor e essências da Bulgária?
Era preciso melhorar. Katie era bulga-alemã-brasileira. Apesar de só ter vivido no Brasil, ela era uma mistura dos três. Na verdade dos dois primeiros, mas o terceiro moldou sua personalidade. 

Damon teve finalmente uma ideia.
Entrou numa loja de objetos personalizados, colocou o difusor em cima do balcão e perguntou:


- Você consegue realçar 3 países desse difusor globo? Ele já é iluminado quando liga, mas eu queria que 3 países se destacassem.


- Bem... eu posso colocar uma espécie de pérolas pequenas e iluminadas em torno desses países, tipo um espelho com luzes em volta.


- Elas acendem?


- Eu posso mudar o glow do difusor pra ficar mais fraco e deixar os países que você escolher mais fortes e botar uma pérolas bem delicadas em volta.


- Ótimo!


Depois de 1h25min, Damon saiu da Tocca Square assoviando Jingle Bell Rock, satisfeito com todos os seus presentes de Natal.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2020

Contos natalinos - O fantasma do Natal passado

Andrew estava sentado à mesa, segurando Asa em pé no seu colo, enquanto observava a família de Antonella reunida em diversos lugares do quintal da casa de sua sogra e seu sogro. Ele já havia desistido de procurar a mulher, que fugira dele e do filho o dia inteiro. Em um país estrangeiro onde quase ninguém falava sua língua, Andrew se sentiu muito sozinho, salvo a presença do filho que ainda não tinha completado nem 1 ano. A sogra de Andrew, Carlota, vendo que o genro estava só, pediu para seu marido, Enrico, levá-lo junto com o neto até um dos lagos daquela região, já que ela mesma não podia, por estar ocupada preparando a ceia. O professor, então, passou parte da sua tarde do dia 24 de dezembro com o sogro e seu filho dentro de um lago, o que foi bem desconfortável, já que eles não tinham intimidade e não conseguiam se comunicar. Teria sido melhor se estivessem apenas Asa e ele, mas, ainda assim, ficou grato pelo gesto.

Andrew foi desperto dos seus pensamentos com crianças chamando a sua atenção:

– Andrea? Andrea? Posso toccare Matteo? Per favore! – pediam um grupo de mais ou menos sete crianças. O professor as olhou sem entender o que elas pediam.

– They want to touch Matteo. – apareceu Sabina para o socorrer. Uma das poucas que sabia falar minimamente o inglês.

Oh! Sure! Be my guest. – Ele ergueu Asa na direção das crianças para que elas pudessem tocá-lo, mas se deteve no meio do caminho. – Wait, wash your hands first. How do I say that? Lavar mani!

– Lavatevi prima le mani, bambini! – traduziu Sabina.

As crianças pareceram desapontadas, mas foram correndo para o banheiro lavar a mão.

– Thanks for the help.

– Your welcome! – Ela sorriu e se levantou saindo de lá, o que foi uma pena para Andrew, mas ele entendia que ela era muito nova para passar o tempo com ele.

Ele olhou para Asa, que retribuía o olhar com olhos curiosos:

– I have a little dreidel, I made it out of clay / and when it’s dry and ready, oh dreidel I shall play. / Oh dreidel, dreidel, dreidel, I made it out of clay, / and when it’s dry and ready, oh dreidel I shall play. – Andrew cantarolou para Asa, balançando ele de um lado para o outro. O bebê sorria. – Who cares about Christmas when we have Hanukkah, right? Right? – Ele sorria para o filho, brincando com seus bracinhos – Oh, when the maccabees come marching in / Oh, when the Maccabees Come marching in / We want to shout and celebrate / When the maccabees come marching in / Oh, Judah Maccabee / We're marching in / Oh, Judah Maccabee / We're marching in / He was the leader of the Jews / Oh, Judah Maccabee / We're marching in.

As crianças voltaram todas alvoroçadas doidas para tocar no bebê.

– Ci laviamo la mano! Possiamo toccare? Possiamo toccare?

– Toccare sì. – Ergueu Asa na direção das crianças. Todas tocaram com muita alegria. Asa parecia se divertir com aquilo.

– Posso portare Matteo così possiamo giocare? Poi lo riporto indietro. – Pediu Giancarlo manhosamente.

– Non parlo italiano. – As crianças olharam para ele decepcionadas. Andrew, então, começou – Volare!

– Oh oh. – Cantaram as crianças em resposta.

“Weird”, Andrew pensou, rindo.

– Cantare!

– Oh, oh, oh, oh / Nel blu dipinto di blu / Felice di stare lassù.

– The rest I don't know.

– Ciao, Matteo. Ciao! Ciao, Andrea. – Se despediram as crianças começando a correr.

O professor não gostava muito da mania de toda a família da Antonella de chamar Asa de Matteo. Asa era o primeiro nome, portanto, era como deveria ser chamado, mas, a fim de não arrumar confusão, deixou as coisas como estavam. Felizmente, as únicas pessoas que insistiam em chamá-lo de Andrea eram as crianças, assim que descobriram a versão em italiano do seu nome.

– Once again, just you and me, buddy. – Andrew olhou ao redor inevitavelmente procurando Antonella. Viu ela junto de algumas pessoas tirando foto. O inglês reprovou sua atitude. Mesmo com raiva, nem ele, muito menos o filho merecia ser tratado com tanto desdém. Por mais que aos olhos dos familiares, a italiana dissimulasse que estava tudo bem, era fácil perceber que havia um problema, afinal, da última vez que foi ao país, Antonella não desgrudou dele por um segundo, levando-o para vários lugares, contando os pormenores de sua vida naquele vilarejo, enfim, estando junto.

O professor continuou brincando com Asa, trocou sua fralda quando ficou suja e contou algumas historinhas infantis que sabia de cabeça. Foi interrompido em uma dessas história com o aparecimento de Antonella. Antes que ele pudesse dizer alguma coisa, ela pediu de mau humor:

– Give me Asa.

– Why?

– Why? Because he’s my son.

“So now you remember…”

– Ok. – Ele entregou Asa para a mulher, que o levou embora para longe dele. Andrew queria gritar, mas segurou sua raiva para dentro. Ele estava muito magoado. Quando se deu conta, Antonella estava tirando fotos com alguns membros de sua família e o filho. Andrew era o único da lista de cônjuges vindo de outra família que estava sozinho. Tudo o que ele queria fazer era dormir. Nem se importava mais com a ceia, que só seria servida às 00:00. Aquilo era humilhação demais! Pouco tempo depois, Chiara, irmã mais velha de Antonella, sentou-se do seu lado.

– Are you ok?

– I’m wonderful. – Respondeu sarcasticamente.

– I’m sorry. My family really likes you. They just don't know how to communicate with you. I can be your translator if you like.

– Thank you. I’m fine, really.

– I know it's none of my business, but did you and Antonella fight?

– What did she say?

– She didn’t want to talk about it.

– We are fine. I'll talk to her later.

– You know… Antonella can be quite immature sometimes. – Andrew levantou os dois ombros em resposta. Ele não achava seguro falar sobre a mulher com Chiara. Ele sabia onde a lealdade dela naturalmente estava. – But she really loves you. She is also sad.

O professor queria que Chiara fosse embora. Preferia ficar sozinho do que escutar aquilo. Que Natal mais horrível. Estava pior que o Natal de 1989.

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 – Mother, cut this crap. You spend the whole year not caring about us, about your family, and, suddenly, on Christmas, you want to pretend that we're all together and happy? I'm sorry but I will not participate of this bullshit.

O Tannenbaum, O Tannenbaum

Wie treu sind deine Blatter!

– So go away! Go and see that bitch. You will not be missed.

O Tannenbaum, O Tannenbaum

Wie treu sind deine Blatter!

Andrew sorria abobalhadamente vendo sua mãe e seu irmão mais velho brigando.

– You less than anyone else should say that about my girlfriend.

– Matt, stop! – pediu Charles, nervoso.

– Get out of my house now, you son of…!

Du grunst nicht nur zur Sommerzeit,

Nein, auch im Winter, wenn es schneit.

– Son of what? Finish, mom. I wanna know.

Andrew se segurava para não rir. Aquilo era hilário.

– Man, you're a douchebag. – Gritou Charles.

– Stop laughing, Andrew. What is so funny about that? – pediu Steve baixinho, que antes tinha dado um chute nele debaixo da mesa.

O Tannenbaum, O Tannenbaum

Wie treu sind deine Blatter!

– Why are we even hearing this version of Oh Christmas Three? Is there a nazi here? – Andrew ria ainda mais. Ninguém além de Steve havia percebido suas risadas.

– Now only my beautiful children will remain. Go away, Matt. You were really diverging.

– Oh, mom, I could even care if you didn't look like a witch.

– You will get what you deserve a long time ago. – Levantou June, pronta para bater no filho com a escumadeira que pegou da mesa.

– Dude, there's blood coming out of your nose! – Gritou Steve.

Andrew colocou imediatamente o dedo no nariz e viu que, de fato, tinha sangue azul saindo do seu nariz. “I’m a smurf!”, pensou, rindo. Logo em seguida, sua cabeça caiu com tudo no prato que estava na sua frente, dando um susto em todos os presentes.

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Andrew teve um calafrio. Não! Definitivamente, aquilo não era pior que o Natal de 1989. Nenhum poderia ser. De fato, ele estava brigado com Antonella, mas não era o fim do mundo. Daqui a pouco eles se resolveriam. E agora ele tinha Asa, seu filho. Era seu primeiro Natal sendo pai. Ele não tinha mais 15 anos, portanto, não deixaria seu orgulho, ou seja lá o que fosse, afetar um dia tão importante na vida dele como pai e marido. Andrew se levantou da cadeira cansado de sentir autopiedade e foi com determinação resolver as coisas com Antonella, grato pelas duas coisas mais especiais de sua vida.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2020

Assinatura

Octavia estava preparando seu famoso frango com quiabo, comida que Paulo adorava e sempre pedia para ela fazer, quando o interfone tocou.

"Jessica! Aquele cara seboso tá aqui!" Octavia gritou da cozinha.

Jessica tinha acabado de sair do banho e estava penteando seu longo cabelo ruivo na frente do espelho. Ela vestia somente seu roupão de banho e um par de havaianas. Abriu a porta do banheiro, apenas o suficiente para ver sua madrinha na cozinha e seu pai no sofá com um jornal na mão. 

"Que cara seboso? George?" A advogada perguntou da porta do banheiro.

"Eu já chamei outro conhecido seu assim?"

"Deixa eu ver. O Miles, o Fernando, o Igor..." A ruiva enumerou.

"Nem lembro desses caras, mas sim, é o George." Octavia gesticulou com uma colher de pau. 

"Ele disse que viria amanhã!"

"Vai logo colocar uma roupa porque eu não quero ficar muito tempo criando conversa com ele não."

"Eu entretenho ele. Não sei porque a implicância com o rapaz. Ele é um excelente advogado e é bastante educado também." Paulo se intrometeu. 

"Eu odeio quando aparecem de surpresa! Agora vou ter que receber ele de cabelo molhado." Jessica caminhos para seu quarto resmungando e fechou a porta.

Campainha.

"Pode deixar que eu atendo." Paulo dobrou o jornal com cuidado e foi até a porta.

"Paulo! Você por aqui!" George apertou a mão do pai de Jessica e deu um abraço.

"Eu, por aqui." Paulo retribuiu o gesto de George com alguns tapinhas nas costas do advogado. "Pode entrar, a Jessica tá terminando de se trocar."

George entrou no apartamento e parou no meio da sala.

"Tavinha!" George chamou, brincalhão.

"Tô ocupada."

"Percebi. Qual é o grande prato de hoje? Sinto cheiro de frango."

"Frango com quiabo." Octavia respondeu seca.

"E você tá convidado pra almoçar com a gente. O frango com quiabo da Octavia é sublime."

"Bem que eu gostaria, mas eu tô com horário. Era pra eu vir amanhã, mas o juiz tá em cima de mim querendo alguns ofícios prontos pra ontem."

"Então pra isso que você veio. Pena que não foi pra uma visita casual. Pode sentar."

"Não, dessa vez não. E você? Veio passar as festas de fim de ano com a filhota?" 

"Vim e me deparei com a minha filha casada e grávida."

"Também fiquei surpreso, mas ela sabe o que faz. Ela é muito inteligente."

"É sim. E eu tô começando a achar que dessa vez vai vingar."

"Deus te ouça."

"Amém."

Jessica apareceu na sala. 

"Oi, George."

"Oi." O advogado se pôs de pé e olhou para a ruiva, preso numa espécie de transe. 

"Trouxe os documentos pra eu assinar?" 

"Você tá tão grávida."

"Estou."

"Quantos meses?" 

"Seis."

"Eu não vejo você assim desde..."

"Desde que eu era casada com o Bradley. Já sei, já sei. E o documento?" 

"É uma menina, né? Já sabe o nome?" 

"Mel." Paulo respondeu. 

"Mel é..."

"Nome de cachorro, também já sei."

"Eu ia dizer que é um nome adorável."

"Ah. Obrigada."

"Você também tá adorável, tirando esse seu cabelo pingando. Você não tem secador?" 

Jessica pegou o cabelo de lado e torceu de leve.  Paulo riu. 

"Você chegou quando eu ia fazer isso."

"Não posso te entregar o documento com o cabelo assim. Você pode acabar molhando, vai lá secar."

"Ele tem razão." Paulo concordou. 

"Inacreditável." Jessica resmungou e saiu da sala, voltando poucos minutos depois com uma toalha enrolada na cabeça. 

"Posso assinar agora?" 

"Se importa de eu tirar uma foto sua pra guardar pro futuro?" George brincou, fingindo tirar o celular do bolso. 

"Eu não sei a graça que vocês estão vendo." Jessica olhou brava de George a Paulo, que estavam cheios de risinhos. 

"Desculpa. Foi muito não profissional da minha parte rir de uma advogada renomada com uma toalha na cabeça."

Jessica não respondeu e só esperou os dois pararem de rir. "Desculpa, desculpa. Parei. Vou pegar os documentos."

Georgie abriu a pasta e tirou uma pilha de documentos para Jessica assinar. "Divirta-se."

Jessica pegou os documentos na mão e se sentou na mesa horrenda de Bradley para assiná-los. 

"Eu vou precisar também, que você me acompanhe até o fórum. Eles precisam que você assine outra coisa lá. Eu tentei trazer aqui, mas você sabe como são..."

"Hoje?" 

"Sim. Assim que você acabar de assinar esses. Vai ser rápido. Não deve levar mais de uma hora."

"Você me avisa isso agora?" 

"Eles me ligaram hoje de manhã. Também fui pego de surpresa."

"Tudo eles dificultam." Jessica murmurou com raiva. Ela terminou de dar a última assinatura naquela leva e se levantou. "Me dá meia hora?" 

"Pode se arrumar no seu tempo. Vou ficar aqui colocando o papo em dia com o seu pai. Aposto que você tá com as melhores histórias do senado." 

"Eu tenho algumas." Paulo soltou uma risada. 

"Ok. Fica contando essas suas histórias que eu já volto."

Depois de 45 minutos, Jessica saiu pronta do quarto. 

Ela estava usando um vestido, já que nenhum de seus ternos cabiam mais nela.

"Você tá linda."

"Cala a boca. Tchau, pai. Tchau, dinda."

"Tchau, filha." Paulo e Octavia falaram juntos. Eles se entreolharam por um instante de depois viraram a cara. 

"Tchau, Paulo. Foi um prazer revê-lo."

"Igualmente."

"Tchau, Tavinha!" 

"Vão com Deus."

"Gostei muito de ver seu pai. Ele tá muito boa pinta." George disse, enquanto os dois caminhavam até o carro do advogado. 

"Ele também gostou de te ver. Não sei o que ele vê em você."

"Eu sou muito charmoso."

"Aham."

George abriu a porta do carro para Jessica entrar.

"O cinto tá desconfortável?" 

"Tá ótimo."

"E o banco? Vou jogar um pouco pra atrás."

George ajustou o banco. "Tá melhor?"

"Tava bom antes e tá bom agora. Entra logo."

"Certo." 

George fechou a porta do banco do carona e deu a volta para entrar no carro. 

"Desculpa ter te tirado do conforto da sua casa."

"A culpa não foi sua."

"Eu sei, mas mesmo assim."

"Como vai a Rose?" 

"Vai bem. Toda animada pro natal."

"Eu comprei um presente pra ela. Esqueci de te entregar."

"Tudo bem. Ela vai ficar toda animada em saber que vai ganhar outro presente."

"Espero que não desanime quando vir o que é."

"Tenho certeza que não."

Quando os dois chegaram no fórum, George fez questão de deixar o carro primeiro e abrir a porta para a ruiva sair. 

Eles caminharam para dentro do local sendo cumprimentados aqui e ali pelos funcionários.

George mantinha a mão protetoramente nas costas da ruiva. Ele sabia que sua gravidez tinha risco e isso exigia cuidados especiais da sua parte. 

"Senta aqui enquanto eu vejo se podem nos receber."

"Eu posso ir junto."

"Nada disso. Eu já volto."

George desapareceu e Jessica ficou esperando entediada, olhando para as unhas de quando em quando para passar o tempo. 

"A gente vai ter que esperar um pouco." George informou ao retornar. 

"Tudo bem."

"E como é tá casada de novo?" George puxou assunto. 

"Eu queria dizer que estou tirando de letra porque já fui casada antes por anos, mas não seria verdade. Eu tô me acostumando ainda. Parece que tô vivendo tudo pela primeira vez."

"De certa forma você tá. Cada casamento é uma experiência única."

"Sim! É estranho, né?" 

"Mais ou menos." George deu de ombros. "Mas você não acha que se casou cedo demais?" 

"Não."

"Não tô julgando."

"Tá sim."

"Eu só acho que você não conhece esse cara direito."

"Andrew."

"O quê?" 

"O nome desse cara é Andrew."

"Certo. Andrew."

"Eu conheço muito bem o meu marido."

"Então qual é o nome da mãe dele?" 

"É um nome inglês. Não lembro."

"E do pai?" 

"Alguma coisa Benjamin. Eu acho."

"E o aniversário dele?" 

"Do pai do Andrew?" 

"Não, do Andrew."

"6 de outubro."

"De que ano?" 

"Ele tem 46. Então... 74? É, 74!" 

"Signo?" 

"Eu não acredito em signo."

"Mas você sabe o seu."

"Sim, mas não o das pessoas."

"Cor preferida?" 

"Ele nunca falou. Mas ele tem cara de quem gosta de verde."

"Comida favorita."

"Alguma coisa com carne. Ele adora carne."

"Gênero de filme preferido?" 

"Acho que documentário, não, animação."

"Ele tem hipertensão, diabete ou alguna outra doença crônica?" 

"Acho que não. Ele teria me falado se tivesse."

"Estilo de música que mais escuta?" 

"Rock. Essa eu tenho certeza."

"Onde ele fez faculdade?" 

"Em alguma faculdade da Inglaterra. Oxford? Acho que foi. Ele é muito inteligente. Deve ter estudado lá."

"E a pergunta valendo um milhão de reais. O nome do melhor amigo dele."

"Bradley! Ha! Ganhei!" 

"Verdade. Te dei essa de presente."

"Deu nada. Eu só conheço muito o meu marido."

"Uma verdadeira especialista."

"Olha, eu entendo o que você quer dizer." Jessica disse depois de um período de silêncio. "Obviamente eu tenho muita coisa pra perguntar e aprender sobre o meu marido. Mas eu sinto que o principal e o que realmente importa, eu sei. Ele é inteligente, fofo e atencioso. Ele me faz muito feliz e eu o amo. Mesmo tendo esquecido o nome da mãe dele... e do pai...e dos irmãos... um é Matty..."

"E você se afunda cada vez mais." Ele riu. "Eu só quero que você seja mais prudente nas suas decisões futuras. Dito isso, dá pra ver que você tá feliz e eu fico feliz com isso."

"Obrigada."

"Falo isso porque não quero ter que ser seu advogado de divórcio."

"E quem disse que você seria? Você não deixou eu ser a sua."

"E nem você deixou eu ser o seu, no do Bradley."

"Foi vingança, eu sabia!" 

"Não, não foi vingança. Eu só conhecia uma advogada melhor que você."

"Vingança."

"O que fizer você se sentir melhor, Chastain."

"Vingança." Jessica cantarolou. 

"Quer que eu mostre a foto de você com toalha na cabeça?" 

"Você tirou?" 

"Sim e tá bem aqui." George tocou o bolso da calça.

"Filho da ****! Apaga agora!" 

"Eu não. É minha foto preferida sua."

"Apaga se não eu vou falar pra Freda do relações pessoais que você fez você sabe o quê com a Gina do financeiro."

"Chantagista."

"Cadê a foto?" 

"Era mentira."

"Prova."

"Vai ter que acreditar na minha palavra."

"Georgie!" 

"Aqui, sua chata." George entregou o celular na mão da ruiva. 

"De quem é essa bunda?" 

"Frankie. E devolve meu celular." George puxou de volta. 

"Ela tem uma bunda bem... redonda."

"E tem covinhas!" 

"George, aquilo é celulite e não covinhas."

"Sério? Então por que vocês mulheres não querem ter celulite? Achei tão bonitinho, aqueles furinhos na bunda." 

"Você é estranho."

"Pode ser."

George e Jessica continuaram conversando até serem chamados. 

A ruiva assinou o ofício e depois George levou-a de volta para casa. 

Agradecimentos

Era muito bom ser reconhecido. Por toda a sua vida, buscou o sucesso e dar seu melhor para a obtenção dele. Aquela conquista parecia pequena, mas saber que havia uma pessoa feliz e agradecida o suficiente para lhe preparar um lanche de agradecimento era bastante gratificante. Bradley se aproximou da casa de Lana e viu Miranda sentada no degrau da porta da casa encarando o horizonte. Ela estava tão distraída que só reparou na presença do professor quando ele ficou bem na sua frente. 

"Oi, grande gênio da matemática."

Bradley riu. "Não precisa babar meu ovo." 

"Preciso sim, você performou um milagre na minha casa."

"Quanto exagero."

"Eu só sei que desde que eu me entendo por gente a Lana fica de final em matemática e esse ano ela passou direto. Aceita logo o elogio."

"Obrigado."

"A Lana saiu pra comprar laranja pro suco, mas já deve tá chegando." Miranda se levantou e abriu a porta de casa. "Pode entrar."

"Vocês não precisavam se dar o trabalho de fazer nada." Bradley disse sentindo o cheiro do quiche vindo da cozinha.

"Foi ideia da Lana, ela tá muito agradecida."

"Ela é uma excelente aluna. Pena que eu não consegui fazer minha afilhada passar também.

"Sério? Mas é bem inteligente, né?"

"Muito. Só que ela tá com muito estresse ultimamente. Acho que tá afetando as notas dela."

"Que pena. Mas ela vai passar."

"Espero."

"E você tá animado pro natal?"

"Não muito. Esse ano, por mim, eu ficava em casa comendo comida japonesa e assistindo algum filme brega de natal."

"Eu também não tô muito no humor não."

"Por quê?"

"Por causa dos meus pais. Se não fosse pela Lana e pelo Evan eu nunca mais falaria com eles. Longa história."

"Eu não falo com os meus pais."

"Sério? Por quê?"

"Também é uma longa história, mas resumindo, eles não me apoiaram no momento que eu mais precisei."

"A mesma coisa comigo! E quando você fala para os outros que não fala com os pais, todo o mundo te olha torto, mas não sabem nem metade da história."

"Isso mesmo!"

"Acho que essa coisa toda com os meus pais me fez querer ser a melhor mãe possível. Pena que eu não consegui, mas não foi por falta de esforço."

"Acho que não existe essa coisa de mãe ou pai perfeito. Acho que se a gente tiver do lado deles incondicionalmente, já significa muito."

"Verdade."

"E pelo que eu vejo você é uma excelente mãe pra Lana. Ela tem muita sorte de te ter, de verdade. Não é fácil ser mãe aos 16 e ainda mais sem nenhum apoio dos pais. Eu vejo a minha afilhada de 16 e ela não sabe nem cuidar de um peixe, literalmente. Você fez e foi além."

"Agora quem tá babando ovo de quem?" Miranda tirou uma lágrima que escapou de seus olhos.

"Eu te fiz chorar? Me desculpa." Bradley foi até Miranda e a abraçou.

Bradley não se considerava tão íntimo da mãe da Lana para tal gesto, ele se arrependeu assim que a abraçou.

"Você sempre é tão gentil?"

"Na verdade não." Ele riu.

Ele realmente não era, então por que será que ele abraçou a mãe da Lana?

sábado, 12 de dezembro de 2020

Adoptaticia (Amendobobo)

Ato de rebeldia

Diminuir dor

Seguir em frente

Crescer

Feita para perdão

Adoptaticia

Eram tantas coisas que martelavam sua cabeça que estava praticamente impossível conviver consigo mesma. Ela amava seus padrinhos, mas amava seus pais mais, afinal, eram seus pais, não eram?

Seu mundo caía aos pedaços na sua frente e ela não podia fazer nada, a não ser assistir de camarote a destruição. Ninguém podia ajudá-la, por mais que quisessem, a não ser que alguém tivesse uma porção mágica para transformar seus pais adotivos em seus pais biológicos e seus pais biológicos em padrinhos de novo.

Andrew, doce Andrew. 

É claro que ele queria seu bem, mas a sua proximidade era tóxica. Como ela conseguiria dormir a noite sabendo que estava apaixonado pelo marido de sua própria mãe. Ela se sentia enjoada, ela queria vomitar.

Emma levantou a tampa do vaso e vomitou.

Ato de rebeldia.

Seria o suficiente, deveria bastar.

Era tão fácil encomendar um prostituto assim como era fácil encomendar uma pizza. Aquele parecia ser decente e até lembrava o outro.

É, seria ele.

O professor de inglês tentou convencê-la do contrário. - Você se arrependerá - ele disse, sem se dar conta de quantas coisas a menina já se arrependia.

Diminuir dor

Enganar seu padrinho para dormir fora de casa foi tão fácil como tomar doce de criança.

Emma foi até o hotel combinado e bateu na porta do quarto antes de entrar. Lá estava ele. Josh.

Seguir em frente

"Oi." Emma disse nervosa.

"Senhorita Jean?

"Pode me chamar só de Jean."

"Prazer em conhecê-la, eu sou o Josh, mas pode me chamar do que você quiser."

"Josh tá ótimo."

"Desculpa. Eu tô surpreso. Você é linda."

"Geralmente suas clientes são feias?"

"E bem mais velhas."

"Deve ser chato."

"A gente se acostuma. Então, como é que vai ser? Você pagou pela noite. Se você quiser conversar antes da gente começar, eu sou um bom ouvinte."

"Você costuma conversar antes?"

"Têm muitas mulheres que conversam antes."

"Não sabia."

"Que tal você falar o que tá te afligindo enquanto eu faço uma massagem nos seus pés?"

"Como você sabe que tem algo me afligindo?"

"Tá estampado no seu rosto que tem algo rolando com você. E também, você é bonita demais pra precisar dos serviços de alguém como eu." Josh pegou a mão da menina, fez ela se sentar e depois tirou seus sapatos.

"Eu descobri que sou adotada."

"Que m***a."

"Minha madrinha, que é minha mãe tá com uma gravidez de risco e se corta de tempos em tempos. Meu padrinho, que é meu pai tá só existindo, vagando pela casa com dor de cotovelo. Meus pais que são meus pais adotivos mudaram de país e me deram a escolha de ir com eles, mas eu neguei e agora acham que eu não amo eles o bastante. Meu irmão me odeia. Eu tô apaixonada pelo marido da minha mãe e também transei com o filho dele."

"Eu queria dizer que escuto isso todos os dias, mas eu estaria mentindo."

"Imagino." Emma deu uma risada amarga.

"Mas ser adotada não é o fim do mundo. Você só ganhou outra mãe e outro pai."

Crescer

"Eu sei. Mas não é bem assim, é? Eu sinto que perdi os meus pais verdadeiros. Eu amo tanto eles." Emma começou a chorar.

"Ei, não chora." Josh se levantou e secou as lágrimas da menina com as costas da mão. "Seus pais verdadeiros sempre souberam que você não era biologicamente deles e sempre te amaram mesmo assim. Isso não vai mudar porque agora você descobriu a verdade. Você que tá muito agarrada nessa coisa de sangue. Seus pais nem pensam nisso. Você é a filha deles e pronto."

"Eu queria que eles soubessem que são as coisas mais importantes pra mim."

"Então fala! O que te impede?"

"Eu também amo meus padrinhos."

"E qual é o problema?"

"Eles me querem como filha deles e eu não quero ser, mas também não quero magoá-los."

"Você não precisa ser filha deles se não quiser."

"Mas eles vão ficar tristes."

"Você é daquelas que quer agradar todo o mundo?"

"Só os meus pais, meus padrinhos e o meu padrasto."

"O que você é apaixonada?"

"Sim, mas não quero ser mais."

"Tenta conhecer outros caras."

"Já tentei. Mas nenhum é como ele. Nenhum."

"Eu espero poder fazer você esquecer dele um pouco hoje."

"Eu também."

Josh beijou Emma.

Beijar Josh era bom. Ele tinha um bom hálito e uma boa barba. Lembrava um pouco a do Andrew.

Emma aprofundou o beijo e Josh tirou a roupa de baixo da menina.

A ruiva despiu Josh e recebeu a língua dele de volta na sua boca e seus dedos na sua intimidade.

Emma continuou beijando Josh e quando se deu conta estava chorando.

"Você quer que eu pare?"

Emma não conseguiu responder e apenas assentiu.

Josh se afastou e esperou os novos comandos da menina.

"Eu não quero mais. Pode ir embora." Emma falou quando sua voz voltou.

"Tem certeza?"

"Sim. Por favor."

"Tá bom." Josh colocou a roupa depressa. "Não quer nem dormir sem fazer nada? Eu faço carinho enquanto você dorme."

"Não. Pode ir."

Josh assentiu e saiu.

Emma ficou horas deitada imóvel na cama. Depois ela se levantou e saiu batida.

Ela abriu a porta de casa, depois a do quarto, se agachou na cama e sussurou para não acordar a pessoa ao lado.

"Dinda! Dinda!"

"Emma?" Jessica perguntou sonolenta.

"Me coloca pra dormir?" Emma chorava. Jessica levantou de imediato e levou a menina para a sala.

"O que aconteceu, meu amor?" Jessica pegou sua menina nos braços e a abraçou como se fosse a coisa mais preciosa do mundo. 

"Eu briguei com a Saoirse. Ela tá com raiva." Emma não parava de chorar.

"Vai ficar tudo bem. Vocês vão se resolver."Jessica afagava a cabeça da sua menina carinhosamente. 

"Ela é minha única amiga. Eu não tenho mais ninguém."

"Isso não é verdade."

E com isso, Jessica levou Emma para o quarto para se trocar.

A advogada colocou a afilhada na cama e alisou seu rosto.

"Eu não quero que você pense no que aconteceu. Fecha os olhos e vai dormir." Jessica alertou.

"Dorme comigo? Por favor." Emma implorou.

"Claro, meu amor. Eu só vou avisar ao Andrew pra ele não ficar preocupado de não me ver mais na cama."

"Não! Eu não quero ficar sozinha."

"É só um minuto, Emma."

"Por favor." Emma puxou o braço da madrinha, trazendo ela em direção à cama.

"Tá bom, tá bom."

Jessica se posicionou ao lado da menina e colocou seu braço em volta dela.

"Você me ama, dinda?"

"Mais do que a minha vida." Jessica beijou sua cabeça. 

Feita para perdão

"Eu também te amo." Emma puxou sua dinda mais para si. 

"Você tá bem?"

"Melhorando. Canta pra mim?" 

"Claro."

Jessica começou a cantar baixinho, fazendo carinho na afilhada até ela pegar num sono. 

"Gosto muito de te ver, leãozinho

Caminhando sob o sol

Gosto muito de você, leãozinho

Para desentristecer, leãozinho

O meu coração tão só

Basta eu encontrar você no caminho

Um filhote de leão, raio da manhã

Arrastando o meu olhar como um ímã

O meu coração é o sol, pai de toda cor

Quando ele lhe doura a pele ao léu

Gosto de te ver ao sol, leãozinho

De ter ver entrar no mar

Tua pele, tua luz, tua juba

Gosto de ficar ao sol, leãozinho

De molhar minha juba

De estar perto de você e entrar numa 

(...)"

Aquela voz e aquela presença tão familiar era tudo o que a menina precisava para ficar em paz. 

Adoptaticia


quarta-feira, 9 de dezembro de 2020

Contos natalinos - He & She


He

Tempo era uma coisa engraçada para Edward, quase uma piada pessoal. Ele sempre achara que tinha tempo demais, resultado de sua eternidade. Mas agora, enquanto sentia Bella deitada em seus ombros, parecia que nunca havia tempo suficiente. “O tempo veste um traje diferente para cada papel que desempenha em nosso pensamento”. Nunca a frase de John Wheeler fizera tanto sentido quanto naquele exato momento. Bella, naquele mesmo dia, viajaria com a mãe para Phoenix, Arizona, para passar o Natal e ficaria lá até o Ano Novo.

Os dias para Edward, depois do aparecimento da mortal, eram apenas divididos em dois momentos: os que estava com Bella e os que ansiava estar logo com ela. Como ele passaria tantos dias sem a presença da amada? O que faria sem tê-la por perto? O garoto até iria junto se pudesse, se não houvesse a presença daquele maldito sol para atrapalhá-lo.

No que ela está pensando?

Como se ironicamente pudesse ler seus pensamentos, Bella disse:

– Queria não ter que ir pra Phoenix.

Também queria muito que você não fosse.

– Sua mãe ficaria chateada se você não fosse.

– Eu sei. É só que eu queria que a minha mãe e o Phil passassem o Natal aqui. Pra não deixar o Charlie sozinho, você sabe. – Ela se apressou a dizer a última parte.

– Seu pai vai ficar bem. Ele não vai para a casa dos Black? – um pequeno franzindo surgiu na testa de Edward ao citar os quileutes.

– Vai. Mas ainda assim... – Ela curvou os lábios para o canto. – Eu conseguiria passar o Natal com o Charlie e, por tabela, ver você. – As bochechas de Bella imediatamente tomaram o tom rosado.

Um sorriso escapou dos lábios de Edward, enquanto sua garganta familiarmente ardia. Ela se sentia exatamente do mesmo jeito que ele.

Vai durar uma eternidade.

– Vai passar rápido. – Ele entrelaçou sua mão na dela.

Edward olhava para a árvore de Natal da sala dos Cullen brilhando, aproveitando silenciosamente a presença de Bella. Pouco tempo depois, lembrou-se de um pequeno detalhe importante: o presente. Ele sabia que ela não gostava de ganhar nada, mas era Natal.

– Eu tenho algo pra você. – Bella olhou para ele surpresa. – Eu sei que você não gosta, mas é Natal e... sei lá. Eu queria te dar alguma coisa.

– Na verdade, eu também te comprei algo. – Ela olhou envergonhada para o chão.

Bella me comprou algo mesmo não gostando da ideia de trocar presentes? O que será?

– Eu vou pegar lá em cima rapidamente. – Edward disse, encucado.

Droga! Por que eu não comprei alguma coisa nova e bonita? Por que eu tive que passar pra frente os meus trapos?

Edward desceu as escadas, vendo Bella timidamente segurando um embrulho na mão.

Aposto que aquele lobo vai dar ou deu algo melhor. Que idiota!

– Bem, não repara. É literalmente uma lembrancinha. Eu... Eu deveria ter te dado algo melhor, mas como você não gosta de ganhar presentes... Se bem que é Natal. Eu deveria ter imaginado. – Ele entregou o presente para Bella. – Feliz Natal.

Ela tirou o laço com cuidado.

– Espero que eu não corte o dedo dessa vez. – Ela riu sem humor e continuou a abrir o embrulho.

Edward olhou com preocupação. Realmente, da última vez que ela abriu uma embalagem de presente na casa dele, não tinha dado muito certo. Pelo menos, dessa vez, não tinha Jasper, nem algum Cullen por perto. Sim, eles, em breve, chegariam. Mas por enquanto, os dois estavam sozinhos.

Bella abriu uma caixinha e viu um pequeno terço de ouro dentro. Edward franzia a testa, ao mesmo tempo que tentava examinar a feição no rosto da amada.

– É um terço, obviamente. – Por que eu disse isso? – Minha madrinha me deu quando eu nasci, por isso é pequeno. Bem, não é grande coisa. Eu não gastei um centavo nisso.

– Não, Edward. Eu amei, eu juro! Mas você tem certeza que quer me dar isso? É uma lembrança da sua infância, eu não mereço.

Ela gostou? Ela gostou.

– Tenho sim. Se tem alguém que eu queira dar algo meu, esse alguém é você.

Bella apertou o terço com força.

– Agora eu to com vergonha do meu presente.

– Tenho certeza que é melhor que o meu.

– Não é. Sério, Edward, não é.

– Bem, isso eu que tenho que decidir.

Ela pegou o embrulho e deu para Edward. Ele abriu ansioso para saber o que era. Bella o olhava, mordendo os lábios. Finalmente, viu que era um cd com uma seleção de 10 músicas e um caderno. Inconscientemente, abriu um sorriso, lendo a lista de canções que compunham o cd.

– São músicas que me lembram de você. – Bella franzia a testa, olhando para baixo e, depois, para o namorado. – Algumas tocaram em algum momento que estávamos juntos, outras tem uma letra que, sei lá, me lembram... você. – A voz dela falhou na última palavra.

– E ainda tem um caderno...

– É. Esse caderninho... Bem, esse caderninho é de algumas anotações... de alguns dias que tivemos. É que você não pode ler a minha mente e isso parece te incomodar... Então eu escrevi algumas coisas que eu pensei em alguns dias que passamos juntos. Não são de todos os dias, só alguns. Sei lá. Pra você ter certeza... do que eu sinto. Sabe como é.

Eu não acredito que ela fez isso.

Suas mãos foram com sede para abrir o caderno. Antes que pudesse, Bella o impediu:

– Mas não leia agora, por favor! Espera eu ir embora.

Eu não acredito que eu só dei um terço pra ela e ela me deu tudo isso. Bella, se você soubesse o quanto eu te amo. Se você soubesse o quanto minha falta de habilidade para te dar um presente não representa o quanto você é pra mim...

– É. Definitivamente, meu presente é uma droga.

– Meu presente que é uma droga. – Ela ainda segurava o terço. Edward colocou a mão em seu rosto e a beijou apaixonadamente. Os dois ainda segurando os presentes que se deram em uma das mãos.

Compenetrado no beijo e em Bella, Edward só se deu conta que sua família estava perto, quando a chave da porta girou. Ele gentilmente se afastou dela, reclamando por dentro do quão rápido todos tinham voltado.

Alice, assim que viu Bella, foi correndo até a amiga para dar um abraço. Percebendo os presentes nas mãos de ambos, perguntou:

– Vocês trocaram presentes? Que lindo!

Bella ruborizada, olhou para baixo.

– Desculpa atrapalhar vocês. A caçada foi mais rápida do que esperávamos. – Carlisle disse, percebendo que sua chegada e de sua família tinham atrapalhado o momento dos dois.

– Edward, você perdeu os ursos da montanha. Estava cheio deles, cara.

Emmett precisa falar sobre isso justo agora?

Estragamos o momento brega de vocês, maninho? Ainda bem que não sou humana, assim já teria vomitado.

Edward fuzilou Rosalie com os olhos.

– Bella, querida, você quer que eu prepare alguma coisa pra você comer? – perguntou Esme.

– Não, obrigada. Eu já vou ter que ir embora. Eu viajo ainda hoje pra Phoenix.

Já deu a hora? Eu não aproveitei nada.

– Ah, mas você não pode ficar nem mais um pouquinho? Acabamos de chegar. Eu também tenho que te dar meu presente. – Alice indagou manhosa.

Bella olhou para Edward.

– Acho que eu posso ficar mais um pouquinho.

– Eeeeeeeeeeeh! – Comemorou Alice. Rosalie revirou os olhos. – Edward, traga um pouco de espírito natalino pra essa casa. Toca alguma música.

Edward não queria tocar nenhuma música. Ele queria continuar no lado de Bella, mas Alice era tão irritantemente persistente, que era melhor fazer logo o que ela queria.

– O que você quer ouvir? – Perguntou Edward, sentando no piano a contragosto.

– Não sei. Me surpreenda! Não, não, eu quero ouvir “Have Yourself A Merry Little Christmas”.

Edward começou a tocar o tão conhecido começo da música e Alice começou a acompanhá-lo com a sua voz, quando iniciou o primeiro verso.

– Have yourself a merry little Christmas / Let your heart be light / From now on / Your troubles will be out of sight.

 Os Cullens se posicionaram ao redor do piano. Bella se encontrava atrás de Edward. Depois de um tempo, vendo que estava cantando sozinha, Alice pediu:

– Vamos, gente! Cantem comigo! Vamos, Jasper?! “…we are as in olden days / Happy golden days of yore.

– Faithful friends who I dear to us. – Se juntou Esme.

– Gather near to us once more. – Entrou Carlisle timidamente com o coro.

Que brega. O que Bella deve estar achando disso?

– Through the years / We'll always be together / If the Fates allow. – Edward estremeceu com essa parte.

– Allow, allow, allow, allow, uuuuuuuh. – Emmett zoou.

– Não era a versão, mas ta tudo certo... upon the highest bough. Agora todos juntos! Você também Bella! Bora, Edward. – Alice falou.

Olha, vou te falar, Edward, que belo mico. Rosalie riu.

– So have yourself a merry little Christmas now. – Todos cantaram. Esme, Emmett e Alice animadamente, enquanto Carlisle, Jasper, Edward e Bella acompanharam timidamente. A única que não cantou foi Rosalie, achando graça daquela cena toda.

Edward virou para trás e olhou para Bella, que olhou para ele timidamente, sorrindo.

– Legal, gente! Agora em russo! Веселья вам озорного / Везенья вам неземного / И много всего такого Vamos, Carlisle! Você sabe! Toca aí, Edward! Вам в Новом году! Ta bom, ta bom, então vamos do bom e velho português. Então é Natal / E o que você fez? Ô povo morto.

 Edward já nem ouvia mais Alice, nem os outros. Tudo o que realmente importava estava diante de seus olhos.


She

Bella olhava para a linda árvore de Natal dos Cullens diante de seus olhos, desejando que aquele momento não terminasse nunca. Ficar próxima de Edward, sentir seu cheiro, seu aconchego era a melhor parte do seu dia. Poucas vezes eles tinham tanta privacidade como estavam tendo agora. O triste é que dentro de poucas horas, ela teria que ir embora e ficar dias sem ver Edward. Para qualquer pessoa, 10 dias era pouco tempo. Provavelmente, o próprio garoto deveria pensar assim. Para ela, parecia uma eternidade.

Externando o desejo dela, Bella disse, suspirando:

– Queria não ter que ir pra Phoenix.

– Sua mãe ficaria chateada se você não fosse.

Edward era sempre muito sensato.

– Eu sei. É só que eu queria que a minha mãe e o Phil passassem o Natal aqui. Pra não deixar o Charlie sozinho, você sabe. – Ela se apressou a dizer a última parte.

Bella, de fato, se preocupava com Charlie. Não era o primeiro Natal que ele passaria longe dela, mas, ainda assim, não devia ser fácil para ele ficar longe da filha. Só que esse não era o único motivo pelo qual ela gostaria de passar o Natal em Forks. O outro motivo estava ao seu lado.

– Seu pai vai ficar bem. Ele não vai para a casa dos Black?

– Vai. Mas ainda assim... – Ela curvou os lábios para o canto inconscientemente. – Eu conseguiria passar o Natal com o Charlie e, por tabela, ver você.

Será que eu deveria ter falado isso? Ele deve me achar uma boba.

– Vai passar rápido. – Ele entrelaçou sua mão na dela. Bella fechou os olhos, sentindo o toque gelado de Edward. Aquela sensação era muito boa.

Diga por você. Pra mim vai passar muito lento.

Edward estava certo. O problema é que ele não entendia o modo como ela se sentia, como sua vida agora girava prioritariamente em torno dele. Ela era patética, mas o que podia fazer? Era assim que se sentia. Se Edward soubesse tudo o que ela pensava, de sua extrema dependência dele, certamente iria se assustar... ou se afastar. Aquele pensamento causou um arrepio em sua espinha. Pouco tempo depois, Edward interrompeu seus pensamentos dizendo:

– Eu tenho algo pra você. – Ela olhou para ele surpresa. – Eu sei que você não gosta, mas é Natal e... sei lá. Eu queria te dar alguma coisa.

– Na verdade, eu também te comprei algo. –  Bella olhou envergonhada para o chão.

– Eu vou pegar lá em cima rapidamente.

Bella foi até a sua mochila e pegou o presente mal embrulhado.

Será que ele vai gostar? Será que ele vai me achar muito patética? O presente é horrível, brega e pouco original.

Bella viu Edward descendo as escadas segurando um pequeno pacote lindamente embrulhado, enquanto segurava sua embalagem porcamente empacotada.

– Bem, não repara. É literalmente uma lembrancinha. Eu... Eu deveria ter te dado algo melhor, mas como você não gosta de ganhar presentes... Se bem que é Natal. Eu deveria ter imaginado. – Ele entregou o presente para Bella. – Feliz Natal.

Ela tirou o laço com cuidado.

– Espero que eu não corte o dedo dessa vez.

Por que eu tive que relembrar isso? Ai, Bella, você é uma idiota.

Bella abriu uma caixinha e viu um pequeno terço de ouro dentro. Parecia antigo e caro.

– É um terço, obviamente. Minha madrinha me deu quando eu nasci, por isso é pequeno. Bem, não é grande coisa. Eu não gastei um centavo nisso.

Um terço de sua vida quando humano? Aquilo devia ser muito especial pra ele. Lembranças da madrinha, da mãe, da vida de humano. Como ele pode dar isso pra mim? Eu realmente valho isso tudo? Não pode ser!

– Não, Edward. Eu amei, eu juro! Mas você tem certeza que quer me dar isso? É uma lembrança da sua infância, eu não mereço.

– Tenho sim. Se tem alguém que eu queira dar algo meu, esse alguém é você.

Bella apertou o terço com força, desejando nunca mais largá-lo.  

– Agora eu to com vergonha do meu presente.

– Tenho certeza que é melhor que o meu.

– Não é. Sério, Edward, não é.

Não é mesmo.

– Bem, isso eu que tenho que decidir.

Ela pegou o embrulho e deu para Edward.

Ele me deu uma memória da infância, algo que significa tanto pra ele e eu com um cd pirata e um caderno barato. Eu odeio trocar presentes. Meus são sempre horríveis. Ele vai ficar decepcionado.

 Bella olhava Edward, mordendo os lábios. Quando abriu o pacote, viu um cd com uma seleção de 10 músicas e um caderno. Ele abriu um sorriso, lendo a lista de canções que compunham o cd.

Ele deve estar achando que eu sou ridícula. Melhor eu me explicar...

– São músicas que me lembram de você. – Bella franzia a testa, olhando para baixo e, depois, para o namorado. – Algumas tocaram em algum momento que estávamos juntos, outras tem uma letra que, sei lá, me lembram... você. – A voz dela falhou na última palavra.

Patética. Por que eu não consigo soar normal? Por que eu ainda suo e meu coração bate tão forte quando eu falo com ele ou dos meus sentimentos por ele?

– E ainda tem um caderno...

Ai, o caderno.

– É. Esse caderninho... Bem, esse caderninho é de algumas anotações... de alguns dias que tivemos. É que você não pode ler a minha mente e isso parece te incomodar... Então eu escrevi algumas coisas que eu pensei em alguns dias que passamos juntos. Não são de todos os dias, só alguns. Sei lá. Pra você ter certeza... do que eu sinto. Sabe como é.

Patético.

Edward começou a abrir o caderno, mas Bella o impediu, tocando em suas mãos:

– Mas não leia agora, por favor! Espera eu ir embora.

Será que foi um bom presente? Quando ele ler o que está escrito no caderno, ele vai se assustar. Ele vai me achar muito maníaca, muito fissurada. Eu podia ter dado um livro... Ou um casticol de crochê.

– É. Definitivamente, meu presente é uma droga.

É sério ou você só quer ser educado? Provavelmente, ele só quer ser educado.

– Meu presente que é uma droga. – Ela ainda segurava o terço, que já marcava suas mãos. Edward colocou a mão em seu rosto e a beijou. Os dois ainda segurando os presentes que se deram em uma das mãos.

Bella tentou entregar todo o seu amor por Edward naquele beijo. Como ela o amava. Como ela não queria ter que ficar longe dele. Nunca teria outro homem como o Edward. Nunca poderia haver. Seu coração sempre seria dele. Infelizmente, Edward cortou o beijo e olhou para a porta da casa, que se abria. Sua família havia chegado. Que droga! Ela os amava, mas que droga.

Alice, assim que viu Bella, foi correndo até a amiga para dar um abraço. Percebendo os presentes nas mãos de ambos, perguntou:

– Vocês trocaram presentes? Que lindo!

Bella ruborizada, olhou para baixo.

– Desculpa atrapalhar vocês. A caçada foi mais rápida do que esperávamos. – Carlisle disse, percebendo que sua chegada e de sua família tinham atrapalhado o momento dos dois.

– Edward, você perdeu os ursos da montanha. Estava cheio deles, cara.

– Bella, querida, você quer que eu prepare alguma coisa pra você comer? – perguntou Esme.

– Não, obrigada. Eu já vou ter que ir embora. Eu viajo ainda hoje pra Phoenix. – Disse Bella, tristemente.

– Ah, mas você não pode ficar nem mais um pouquinho? Acabamos de chegar. Eu também tenho que te dar meu presente. – Alice indagou manhosa.

Bella olhou para Edward, que olhava para ela. Ele era tão lindo. Tão perfeito.

Eu te amo.

– Acho que eu posso ficar mais um pouquinho.

– Eeeeeeeeeeeh! – Comemorou Alice. Rosalie revirou os olhos. – Edward, traga um pouco de espírito natalino pra essa casa. Toca alguma música.

Edward atendeu o pedido de Alice e perguntou ao sentar no piano:

– O que você quer ouvir?

– Não sei. Me surpreenda! Não, não, eu quero ouvir “Have Yourself A Merry Little Christmas”.

Edward começou a tocar o tão conhecido começo da música e Alice começou a acompanhá-lo com a sua voz, quando iniciou o primeiro verso.

– Have yourself a merry little Christmas / Let your heart be light / From now on / Your troubles will be out of sight.

 Os Cullens se posicionaram ao redor do piano. Bella se encontrava atrás de Edward. Ela olhava para seus dedos tocando habilidosamente as teclas do piano. Depois, passou a olhar sua nuca, suas pintinhas... Como ela queria beijar cada parte do seu corpo... Cada linha...

– Vamos, gente! Cantem comigo! Vamos, Jasper?! “…we are as in olden days / Happy golden days of yore.

– Faithful friends who I dear to us. – Se juntou Esme.

– Gather near to us once more. – Entrou Carlisle timidamente com o coro.

Bella ficou com vontade de rir. Ela achava fofo como a família Cullen era tão tímida, mas tão unida. Era bonito de se ver.

– Through the years / We'll always be together / If the Fates allow. – Continuaram Alice, Carlisle e Esme.

– Allow, allow, allow, allow, uuuuuuuh. – Emmett zoou.

– Não era a versão, mas ta tudo certo... upon the highest bough. Agora todos juntos! Você também Bella! Bora, Edward. – Alice falou.

Eu? Ai, não, Alice. Minha voz é ridícula.

– So have yourself a merry little Christmas now. – Todos cantaram. Esme, Emmett e Alice animadamente, enquanto Carlisle, Jasper, Edward e Bella acompanharam timidamente. A única que não cantou foi Rosalie, achando graça daquela cena toda.

Edward virou para trás e olhou para Bella, que olhou para ele timidamente, sorrindo. Ai, como é bom amar...