terça-feira, 26 de março de 2019

Baby is coming...

Adivinha quem é a mais nova grávida da nossa escola? Pra a não surpresa de todos é a Naya!


Nós meio que já sabíamos que mais cedo ou mais tarde ela engravidaria, então não há muita novidade nisso. Entretanto, o que nos surpreendeu são os possíveis pais do bebê, porque quando se trata de piranha, a lista é gigantesca. De acordo com a própria Naya, esse são os nomes que devem se preocupar com a paternidade:


1- Zac Efron


2- Jamie Dornan


3- Will Bloom (antigo inspetor)


4- Aaron Taylor-Johnson


5- Adam Devine



Para que não haja dúvidas, todos presentes na lista, de fato, dormiram com a Naya; cada um com a sua desculpa história do motivo pelo qual fizeram o que fizeram.
Naya ainda não decidiu se terá o filho ou se fará um aborto. De qualquer forma, qualquer que seja a decisão dela, ficaremos esperando a Katie se meter na história defendendo o feto.

segunda-feira, 25 de março de 2019

Família, família. Papai, mamãe, titia ♫

(A notícia foi traduzida por questão de praticidade)

Legenda:

  Seraphine (irmã de John) 

  June (mãe de Andrew)

Aniversário do Asa, 16h54min: Asa e Alan estavam na sala jogando videogame, Crystall e Sophie do lado de fora brincando de chá da tarde com suas bonecas, enquanto Antonella, John, Andrew, June e Irene estavam reunidos em círculo, sentados a mesa, tomando chá gelado e pegando o sol do final da tarde.

 (...)

June: Quantos meses?

Antonella: Seis meses e meio.


John: Está passando muito rápido.

June: Andrew me contou que é uma menina.

Antonella: Sim!

June: E já tem nome?

John e Antonella se entreolharam.

John: Estamos discutindo as possibilidades.

Seraphine: Aproveitem esse momento, porque é a melhor parte e a mais curta também.

June: Fale por você, porque pra mim foi um inferno ficar grávida! E olha que eu tive quatro. Cada vez foi pior que a outra. Eu fiquei toda inchada, gorda, com o peito todo caído e ainda fiquei com a cicatriz da cesariana, porque o último fez o favor de não nascer de parto normal.

Antonella: Mas a parte da gravidez é mais fácil do que quando o bebê nasce. Aí é que as coisas apertam.

June: Aí adeus vida!

Seraphine: Mas depois quando crescem, a gente percebe que valeu muito a pena.

June: Nem sempre, mocinha. Nem sempre...

Antonella olhou para Andrew para ver como ele estava reagindo a tudo aquilo, mas percebeu que ele nem parecia prestar atenção a conversa.

June: Mas quantos anos têm as suas crianças?

Seraphine: Quatro.

June pensativa: Quatro é o número da besta.

Seraphine assentiu sem entender nada.

Antonella: É (concordou tentando desviar a atenção do comentário de June), mas os dois são ótimos!
São dois anjos.

Seraphine: São sim! Desde que... (sua voz embargou e ela engoliu em seco) Desde que o pai deles se foi, os dois têm mostrado uma força incrível. Inclusive, são os dois que têm me dado força para prosseguir.

John: Você é mais forte do que você pensa, mana.

Seraphine: Obrigada, irmãozão! Inclusive, eu quero agradecer a você e a Antonella pela hospitalidade. Eu sei que as crianças e eu estamos dando trabalho, principalmente em um momento tão agitado como a gravidez...

Antonella: Imagina!

Seraphine: ... mas vocês e as crianças nos receberam tão bem. Obrigada, de coração.

June: Faz quanto tempo que seu marido morreu?

Andrew com voz de censura: Mãe!

Seraphine: Não, tudo bem (ela disse olhando Andrew para depois dirigir o olhar para June). Seis meses, senhora!

June: E você já ta aberta pra conhecer novas pessoas?

Andrew censurando outra vez, só que mais firme: Mãe!

June: Mãe é o cara***! Vai se f***r! Não to fazendo nada demais! Deixa eu perguntar!

Seraphine se apressou logo dizendo: Eu acho que ainda ta muito cedo pra isso.

June: Melhor cedo do que tarde. Outra pessoa para ficar junto ajuda muito na hora do luto.

Seraphine: Acho que por enquanto eu quero ficar tranquila com a minha família.
June: Se você acha melhor... Mas eu to te dizendo: quanto mais tempo você se fechar para um novo parceiro, menos você vai querer um.

Seraphine: E isso não é bom?

June: É horrível, porque depois a pessoa fica sozinha pra sempre. Você vê o meu filho aqui... divorciou e não fica com mais ninguém.

Antonella: Na verdade, June, seu filho está saindo com alguém, não é, Andrew? (Andrew já estava se preparando para dizer que ele e a Christine não tinham nada sério, quando Antonella complementou). Com a Jéssica!

June resmungou: Mais outra vadia pra entrar pra coleção!


Andrew: Primeiro, ela não é vadia e segundo: eu não to saindo com ela.

Antonella: Não é o que estão dizendo na escola.

Andrew: E por que esse povo saberia algo da minha vida?

Antonella: Então por que todo mundo ta falando a mesma coisa?

Andrew: E além do mais, ela é a ex-mulher do Bradley.

Antonella: E por acaso você liga pra isso?

Andrew na defensiva: Mas é claro que sim!

June corrigindo o filho: Mas é claro que não. Andrew só liga pro bel-prazer. É um dos filhos mais mau caráter que eu tenho. Puxou o pai, claro!

Antonella: Ok... Mas se não é a Jéssica, então é a Christine.

Andrew: A Christine sim (ele mentiu).

June: Christine? Mas que nome de prostituta!

John: Eu gosto desse nome. Mas por que você não trouxe ela?

Andrew: Ela ta cuidando dos filhos.

Seraphine: Quantos filhos ela tem?

Andrew: Cinco.

June pensativa: Cinco é o número da besta.

Andrew revirando os olhos: Sim, mãe, é sim!

Seraphine: E você acha que tem futuro?

Andrew: O futuro a Deus pertence.

Antonella: Acho que sim. Vocês já estão há muito tempo juntos.

Andrew: Quem sabe?

Seraphine: Ela é divorciada ou viúva?

Andrew: Divorciada.

Seraphine: Ela deve ser maravilhosa então. Cuidar de cinco crianças não deve ser nada fácil.

Andrew: Ela é! De alguma forma, ela consegue administrar tudo.

Seraphine: Uau! Eu com dois filhos não consigo lidar direito com tanta responsabilidade. Imagina ela...
Andrew repousou a mão no ombro de Seraphine: Não coloque isso na sua cabeça. Você está se saindo muito bem!

June cochichando para Antonella e John: Iiiiih! Daqui a pouco ele vai ficar de olho na sua cunhada. Conheço bem a peça. Ele adora uma morena!


John franziu a testa, olhando desconfiadamente para Andrew: Achei que ele gostasse das loiras.

June: Que nada! A Antonella foi uma exceção.

Antonella arqueou a sobrancelha rindo da cara de John.

Seraphine: Meu marido queria família cheia também. Uns cinco filhos para ele seria um sonho.

June: Esses homens adoram engravidar as mulheres, porque não são eles que carregam o bebê por nove meses. Sem contar os peitos que caem, as cicatrizes da cesárea...

Seraphine: Verdade...

June: Mas você vai querer ter cinco filhos?

Seraphine: Não! Ainda mais sem marido...


June: Ué, mas o que aconteceu com ele?

Seraphine surpresa com a pergunta: Ele morreu.

June: Morreu? Ah, que horror!

Andrew e Antonella, então, se entreolharam preocupados com o que tinham acabado de ouvir.

**********

Chegando em casa, se preparando para dormir, June e Andrew estavam comentando os ocorridos da reunião, quando ela falou:

June: Nossa, filho, o marido da Antonella ta cada dia mais feio.
Andrew riu: Coitado!
June: Olha, eu não sei como ela te trocou por ele. Você é muito mais bonito.
Andrew: Puxei o papai.
June: Ah, seu filho da p**a, fala isso mesmo. Seu pai é feio que dói e você sabe disso.
Andrew revirou os olhos rindo.
June: Aliás, eu achei bonitinho a Antonella querendo te defender.
Andrew: Defender do quê?
June: Quando eu falei que você tava sozinho. Ela se apressou pra dizer que você tinha alguém e ainda aproveitou pra descobrir informações. Você sabe o que eu acho sobre isso...
Andrew: Na verdade não sei e nem quero saber! E eu não acho que ela quis me defender não. Isso daí é a culpa que ela sente por eu estar sozinho até hoje, o que é ridículo, aliás.
June: É, pode ser, porque depois quando eu fui colocar fogo no parquinho falando de você e da viúva, a Antonella reagiu bem. Quem não gostou foi o barba nojenta.
Andrew: Por que você falou isso?
June: Eu queria ver a reação dela, ué. Se ela sentiria ciúmes, sei lá.
Andrew: Pra quê? Mãe, a mulher ta grávida, a gente se separou há maior tempão... Não tem mais necessidade disso. A gente não vai voltar!
June: Eu sei, eu sei. Mesmo assim é bom saber dessas coisas.
Andrew: Pra quê?
June: Porque é! Olha, é melhor a gente dormir. Boa noite!
Andrew: A bênção.
June: Deus o abençoe!

Andrew, então, deitou ao lado de sua mãe e não pensou mais no assunto. Sua cabeça já era outros dilemas polêmicos demais para serem revelados... Por enquanto.

Wedding bells

Adivinha quem acabou de ficar noiva e agora está começando a se preocupar com os preparativos do casamento? Se você chutou Luciana, você acertou!


Agora a pergunta que não quer calar: foi com o Francis ou com o Sebastian?


E a resposta é... com nenhum dos dois! 
É isso mesmo que você leu. Luciana arrumou outro pretendente e preferiu ele aos primos. Quer saber o que aconteceu? Explicamos! 
A mãe e o pai de Luciana vendo que a menina estava muito confusa em relação à escolha, não porque os candidatos eram muito bons, mas porque ela estava em dúvida do menos pior, decidiram aumentar o leque de opções. Acontece que esse universo dos mais ricos do mundo não tem lá muita gente, restando como poucas alternativas homens ou muito mais velhos ou muito mais novos do que a filha. Entretanto, alcançando um meio-termo, os dois se lembraram de Dylan, um americano apenas três anos mais novo que Luci. 


Ambos já se conheciam, porém não tinham muito contato, então durante 6 meses estreitaram os laços e no fim ela decidiu que ele seria o escolhido.
Numa conversa muito emocionante com sua mãe que acalmou a garota dizendo que ela não precisava tomar uma decisão naquele momento, Luciana resolveu seguir adiante com o plano de casamento. Explicamos novamente! A mãe da menina é muito preocupada com a felicidade da filha, mas seu pai sente mais urgência no casamento, já que a família Ferreira do Mar até a ocasião não possui nenhum herdeiro. Sem contar que cada vez mais, Patrícia e Luciana estão sendo inseridas nos negócios da família que precisa delas para dar continuidade, caso algo aconteça com seus pais. Por esta e outras razões que aqui não cabem ser ditas, já que se trata de um mundo muito complexo, cheio de ameaças, intrigas e poder, o pai de Luci quer sua filha com um pretendente acertado. 
A família Valois surpreendida com a notícia ia encaminhar seus filhos a seus países de origem, mas como o jogo acaba só quando termina, decidiram deixá-los aqui, caso Luciana mude de ideia. A garota ainda tem como voltar atrás da sua decisão, já que o noivado deve durar no mínimo 1 ano. 


Até lá ainda há muita água para rolar, mas nós, estudantes do Cavalinho Feliz, não temos como deixar de ficarmos emocionados ao ver aquela menina que muitos conheceram com somente dois anos de idade já estar noiva. Desejamos felicidades ao mais novo casal e esperamos que tenha sido a escolha certa. E para aqueles que estão na dúvida: sim, Dylan estudará em nossa escola o mais breve possível. 

sexta-feira, 15 de março de 2019

Noite de sexta

Era sexta-feira e a palestra-aula do que fazer quando eles começam a fazer peguntas ia começar. Andrew chegou no prédio e entrou na fila no qual seria indicado a sala onde a palestra iria ocorrer e ele assinaria o nome indicando que se encontrava presente.

"Boa noite." Uma mulher na faixa dos 50 e com os dentes amarelados sorriu para ele. "O senhor é padrinho de quem?" Ela perguntou um pouco sem jeito para o professor, afinal, ele parecia ser um homem importante da alta sociedade.

"Brian Cooper." O professor de inglês respondeu, olhando o relógio, não vendo a hora daquela palhaçada terminar.

"Cooper..." A mulher começou a analisar as inúmeras folhas largadas na mesa. "Aqui!" Ela comemorou. "O senhor pode rubricar no espaço ao lado por favor." Ela virou a lista para o professor e o entregou a caneta.

Andrew pegou a caneta da mão da mulher e rubricou o papel, notando também, que a assinatura de Jessica já estava lá, indicando que ela havia chegado e que provavelmente estava atrasado.

"Certinho!" A mulher sorriu gentilmente. "Sala 103, a segunda a direita do corredor principal."

"Obrigado."

Andrew se dirigiu a sala onde estava acontecendo a palestra. Quando ele chegou, a porta estava fechada. "M***a!" Ele pensou, por causa de seu pequeno atraso, ele seria o último a entrar chamando a atenção de todos. Ele deu duas batidas na porta e virou a maçaneta. Ao abrir a porta ele viu a sala cheia, com carteiras distribuídas como numa sala de aula, e com um homem aparentando seus 60 anos a frente.

"Chegou bem a tempo! Eu vou começar a falar do tema agora." O senhor foi até a gaveta da mesa, tirou uma apostila e entregou a Andrew. "Pode escolher qualquer um dos lugares vazios." Ele completou.

Andrew assentiu com a cabeça, no fundo se perguntando onde havia se metido. Seu instinto foi procurar Jessica, afinal, era a única pessoa que tinha um certo tipo de intimidade, porém ela não se encontrava naquela sala. Ele reconheceu Martha e Bartolomeu, Vera e Marcelo, Lindalva e Marcos, Sérgio e Gina, que sorriu para ele e balançou a cabeça pra cadeira vazia ao seu lado. Andrew foi até o lugar vazio ao lado de Gina e a cumprimentou.

"Demorou pra chegar. Já tava achando que você não viria mais." Gina disse com aquele jeito descontraído de sempre.

Andrew olhou o relógio e viu que só tinha se atrasado 15 minutos. Ô povo dramático. "Eu quis tomar um banho antes de vir." Ele se explicou.

"Ai, você é tão engraçado!" Gina deu sua famosa risadinha irritante para o professor.

"Por que eu aceitei sentar logo do lado da Gina?" Ele pensou.

E de repente, Jessica entrou na sala, dando um olhar apologético para o instrutor e indo em sua direção (?).

"Se eu dormir, pode chutar a cadeira." Jessica brincou com o professor e depois se sentou na carteira em frente a dele.

Andrew riu. "E quem vai me acordar se eu dormir porque eu to prestes a cair num sono." Ele disse baixo, perto do ouvido da ruiva.

"Pode deixar que a Gina vai ficar honrada em fazer o serviço." Ela sussurrou de volta.

"Nem fala... ela parece uma sombra." Ele reclamou.

"Você ainda é novidade, daqui a pouco ela desencana." Jessica o consolou.

"Espero!"

"Primeiramente, é muito bom ver essa sala cheia. Eu sei que vocês são pessoas ocupadas, mas devemos ter nossas prioridades no lugar e vocês estão no caminho certo." O instrutor iniciou.

"Como se ele tivesse nos dado a opção de não vir." Andrew falou baixo perto do ouvido da Jessica para os outros não ouvirem.

"Se a gente tivesse tido opção essa sala estaria vazia." Jessica retrucou no mesmo tom de voz, inclinando o rosto sutilmente para trás.

"Só sei que com certeza eu estaria longe daqui."

"O tópico de hoje é o fazer quando as crianças começam a questionar. Esse assunto é meio polêmico e preocupante. Dependendo das nossas respostas, nossos afilhados vão se sentir justificados para fazerem ou deixarem de fazer certas coisas."

O instrutor então começou a passar os slides e desenvolver o tema. Jessica estava sentada de qualquer jeito na cadeira, apoiando o rosto na mão.

Andrew estava dormindo atrás de Jessica quando deu o intervalo. Jessica olhou para trás e o viu dormindo.

"Não creio!" Jessica exclamou de forma brincalhona.

Andrew acordou assustado.

"Você dormiu!" Ela disse se divertindo com aquela situação.

"E eu gostaria de continuar nesse estado, obrigado." Andrew respondeu fechando os olhos de novo.

"Eu lutando pra ficar acordada e você nem se dando o trabalho." Jessica balançou a cabeça.

"Um de nós tem que ta preparado pra responder as perguntas do Brian." Ele debochou da instrução.

"E só eu que vou saber responder." Ela entrou na piada.

"Eu ainda to com fome. Tive que vir direto do trabalho." Ele reclamou.

"Eu tenho um biscoito na bolsa, só que é vegano, não sei se você vai gostar." Jessica ofereceu.

"To aceitando qualquer coisa."

Jessica entregou o pacote de biscoito a Andrew que começou a comer. O instrutor voltou pra sala e continuou a falar. Jessica sentiu alguém mexendo no seu cabelo de um jeito meio brusco. Ela olhou pra trás pra ver o que estava acontecendo. Andrew então falou com a boca cheia: "Foi mal, caiu farelo no seu cabelo." Ele balançou o cabelo dela tentando fazer os farelos saírem.

"Eu lavei ele quarta!" Jessica reclamou passando os dedos nos fios.

"Já ta na hora de lavar de novo, ele ta meio sujo." Andrew brincou, fazendo Jessica revirar os olhos e voltar pra frente.

****

Ao término da instrução, Andrew e Jessica decidiram jantar, visto que os dois estavam morrendo de fome.

Eles foram para um restaurante de comida oriental a poucos quilômetros dali. O ambiente era pouco iluminado e aconchegante (tipo o Outback). Eles começaram a jogar conversa fora enquanto comiam. Falaram sobre a instrução, o dia deles e da comida. Depois de um pouco mais de uma hora conversando, eles já estavam em assuntos mais profundos, acompanhados por uma taça de vinho.

"Qualquer um comparado a você parece um endemoniado." Andrew se defendeu.

"Eu sei disso e eu me sinto a maior farsa do mundo. Eu não queria que me vissem como a Madre Teresa que não faz nada de errado mas é assim como a maioria me vê." Jessica desabafou.

"Pode deixar que eu não te vejo assim." Andrew falou despretensiosamente.

"Obrigada." Ela o olhou desconfiada.

"Não é pra você se sentir ofendida. Eu te acho uma pessoa boa, mas com os seus defeitos." Andrew explicou.

"Ouch!" Ela brincou.

"Você me entendeu."

Os dois ficaram em silêncio por um momento. Andrew estava com a atenção na comida e Jessica girava a própria taça de vinho.

"Eu estava grávida semana passada." Ela revelou do nada.

Andrew quase se engasgou com a comida.

"O quê?"

"Eu não falei pra ninguém porque eu sabia que não ia dar em nada, e... não deu." Ela disse meio abatida, sem tirar a cara de surpresa do Andrew.

"Nem pro Júlio?" Ele falou eventualmente.

"Não, ainda mais porque... ele não tinha nada a ver com a história." Ela falou olhando da taça para ele, procurando algum tipo de reação.

"Como assim?" Então a ficha caiu, "quem era o pai?"

"Honestamente, eu só sei que o primeiro nome dele é Murilo." Ela pausou. "Eu nunca faço isso, nunca!" Ela disse frustrada.

"Eu sei." Ele não tinha certeza mas achou melhor concordar. "Como foi que aconteceu?"

"Eu fui com um grupo de amigas num desses bares que só os divorciados ou os frustrados com a vida frequentam. A gente tava numa mesa conversando até que o garçom apareceu na nossa mesa e entregou uma bebida que nenhuma de nós havia pedido e disse que um cara tinha pedido pra mim na conta dele. Eu disse que não ia aceitar porque sabe lá o que podiam ter colocado da bebida, mas o garçom garantiu que não tinha nada porque ele tinha pegado a bebida direto com o barista e levado até mim. Aí minha amiga perguntou quem era o cara e o garçom apontou. O tal cara sorriu pra mim e levantou o copo dele pra mim."

"Que brega!" Andrew interrompeu a história.

"Né? Mas as minhas amigas acharam muito legal e me perguntaram o que eu tinha achado dele. Eu disse que ele era atraente mas eu não estava interessada. Depois o cara se levantou, foi pra nossa mesa, pediu licença para as minhas amigas e sussurrou com a boca encostada no meu ouvido, me convidando pra sentar com ele. Eu agradeci e disse que  ia ficar com as minhas amigas, apesar de estranhamente aquilo ter me afetado porque eu sou muito fácil."

Andrew ergueu as sobrancelhas.

"Não nesse sentido!" Ela retrucou.

"Você tem que admitir que ficou meio ambíguo." Ele riu, "mas continua."

"Voltando, ele se virou para as minhas amigas, se apresentou e pediu pra elas me convencerem de sentar com ele, e foi exatamente o que elas fizeram. No final, eu acabei cedendo e ele se mostrou um cara bem legal. Ele falou do trabalho, dos filhos, dentre outras coisas, aí depois... aconteceu." Ela disse meio envergonhada.

"Assim? No bar? Você não ficou com vergonha?" Ele brincou.

"Muito engraçado." Ela zombou. "Enfim, no final ele pediu meu telefone e eu dei o número errado, e nunca mais o vi." Ela concluiu.

"E você descobriu que tava grávida quando?"

"Algumas semanas atrás. Eu comecei a sentir enjoo e dor de cabeça. Minha secretária ficou insistindo pra eu procurar um médico e eu dizendo que não era nada. Até que um dia, no meio de um acordo judicial, eu desmaiei. Quando eu acordei, eu estava no hospital com uma enfermeira me dando os parabéns. Duas semanas depois eu perdi." Jessica relatou.
Andrew deu um olhar compadecido.

"Eu nem fiquei triste nem nada. Não é como se eu quisesse ter um filho de um estranho que eu conheci num bar." Ela completou.

"Tem certeza que você está bem?" Ele perguntou preocupado.

"Acho que sim." Ela pausou, "eu vou ficar." Ela abriu um sorriso fraco.

Andrew a olhava com pesar.

"Vamos mudar de assunto?" Jessica perguntou tentando mudar o clima.

"Concordo."

"Eu conheci uma senhora esses dias que trabalha com reciclagem. Ela tava coletando o material na rua e sofreu um acidente na hora que eu tava passando. Eu ofereci levá-la pra casa e nossa, a situação dela é totalmente precária. Ela me disse que não tinha nada pra comer naquele dia e nem o que dar pro neto dela. Ela abriu a geladeira e o armário da cozinha pra me mostrar e realmente estavam vazios. Eu me senti muito mal. Quando eu fui embora, eu passei no mercado e fiz umas compras pra ela passar o mês. Quando eu levei pra ela, tinha que ver como ela ficou! Ela ficou tão feliz e emocionada. Aquilo me tocou muito."

"Imagino, deve ter sido muito emocionante." Andrew retrucou.

"Se foi. Eu to querendo fazer uma arrecadação de alimentos pra ajudar outras pessoas como ela." Jessica falou animada.

"Acho uma boa ideia. Se precisar de ajuda, pode contar comigo." Ele ofereceu.

"Obrigada."

"Eu nem te contei. Eu fui pro Centro da Cidade na sexta passada, e um jovem me entregou um pedaço de papel em frente ao prédio da Light. Quando eu vi, era um poema do dia da mulher. Eu peguei, olhei pra trás e vi que o garoto só tava entregando o poema às mulheres. Eu encucado, meio preocupado dele ter me confundido com uma mulher, fui ler o poema. Olha o que diz o poema."

Andrew tirou o papel da carteira e começou a ler.

"Neste mundo existem....
mulheres amadas....
violadas na mente,
violentadas na alma,
castradas no corpo,
sem voz..sem liberdade,
acorrentadas em dor,
por homens sem coração
cansadas, tristes,
desesperadas, mal amadas,
laços atados, em nós de ferro...
mãos geladas e frias, feitas num mundo cruel..!!!"

Ele terminou de ler.

"Ele achou o quê? Que eu maltrato as mulheres?"

"Bom, as aparências enganam." Jessica riu.

"Que bom que você acha graça. Eu realmente fiquei preocupado." Ele falou bem-humorado.

Jessica riu mais. "Você tem as melhores histórias."

"Preferia não ter."

"Isso me lembrou de uma piada que eu escutei." Jessica falou animada.

"Qual?"

"Se um pato perde a pata, ele fica manco ou viúvo?" Ela perguntou rindo

"O que essa piada tem a ver com o que eu falei? E ela é péssima!"

Andrew questionou e Jessica deu de ombros.

"Seu senso de humor precisa ser trabalhado." 

"Ou suas piadas que precisam." Andrew retrucou.

"Chato." Ela deu um gole no vinho. "Eu to precisando ir ao Centro também."

"Pra quê?"

"Levar meu celular pro conserto, ele ta com um problema na tela. Não para de piscar, não to conseguindo nem checar meu e-mail direito." Ela reclamou.

"Estranho."

"Né? Do nada ele ficou assim." Ela completou.

"Deixa eu ver."

Jessica entregou o celular na mão dele. Andrew analisou, olhou as configurações e depois deu 3 pancadas na mesa com ele.

"Andrew!" Jessica o advertiu.

"Calma, já fiz isso antes." Ele disse achando graça da cara que Jessica estava fazendo naquele momento.

"Eu também, e as coisas não terminaram bem pro controle da minha tv."

"Não se faz isso com controle." Ele respondeu tranquilamente e reiniciou o celular.

"Não se faz com controle mas se faz com o celular?" Jessica perguntou ironicamente.

"Dependendo do caso." Ele disse presunçoso.

"Sei."

Depois Andrew entregou o celular de volta pra ela funcionando normalmente.

"Como você fez isso?" Jessica perguntou surpresa.

"Ué. Eu fiz na sua frente, você não viu?" Ele deu uma risada.

Jessica revirou os olhos pelo ar convencido dele.

"Como não sou ingrata, obrigada."

"De nada." Ele respondeu satisfeito.

Os dois ficaram conversando por mais um tempo e depois Andrew levou Jessica em casa.