domingo, 26 de abril de 2020

Amor de mãe


Chris sabia que Samantha estava no seu direito, mas ele não gostava do como ela se expressava. Para falar a verdade, até ele tinha ficado um pouco desconfortável, mas o que fazer se o filho via Sam como sua figura materna e teimava em chamá-la de mãe? Precisava sentar com ele e dizer que ela não era sua mãe repetidas vezes? Aquilo devia deixar o menino confuso, uma vez que todos naquela família podiam se dirigir a ela daquela maneira, menos ele. Isso fez com que Enzo começasse a esboçar um semblante triste, provavelmente por se sentir excluído e rejeitado. Logo o seu raio de sol, que antes sempre estava sorridente, mas que agora ficava cabisbaixo, principalmente quando via Samantha. Chris nunca se imaginou amando tanto dois seres humanos. Ele nunca quis ser pai, mas o destino assim o fez e agora ele se sentia tão realizado. Samantha havia tentado explicar inúmeras vezes para o pequeno que a mãe do menino era Emily, mas ele não parecia entender. Essa informação já seria confusa para uma criança normal, imagina para um garoto com síndrome de down?! "A Emily ficaria mal se soubesse que ele me considera mãe e não ela. Eu fiz o certo! Tem que explicar a ele a verdade, afinal ele tem mãe!" Chris sabia disso, porém por que não deixar Enzo chamar Samantha e Emily de mãe? Corrigí-lo parecia muito cruel. Naturalmente, o menino considerava Emily mais uma espécie de prima, do que uma mãe. A própria garota parecia não fazer muita questão do reconhecimento que era seu por direito. Só teve uma vez que........................ Bem, melhor deixar essa anedota para outra ocasião. O importante é que Em não era uma boa mãe, no geral, o que deixava Enzo só com o pai, que se desdobrava ao máximo para compensar a falta da figura materna. Samantha tampouco expressava uma espécie de carinho em relação ao filho de Chris, o que era frustrante para os dois. Esse era outro ponto que ele não se sentia muito no direito de cobrar da mulher, já que nem com os filhos biológicos ela era muito carinhosa. O professor teve sua linha de raciocínio bruscamente cortada ao terminar de estacionar o carro na garagem da escola e avistar seu amigo Tom chegando.
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Samantha acordou sobressaltada. Ela olhou para o lado e viu Chris dormindo tranquilamente ao seu lado. Tentando não fazer barulho, ela foi rapidamente até o quarto de Enzo para ver se o garoto estava bem. Ele já estava gripado há 3 dias e não tinha apresentado melhora. O médico, segundo o professor de Educação Física, disse que não havia com o que se preocupar, era só tomar os remédios receitados que o menino logo, logo, melhoraria. Entretanto, Sam não conseguiu ficar tranquila ao ver o garoto tão abatido e dormiu pensando nisso. Assim que ela entrou no quarto dele, ouvi seu ronco. Provavelmente, o nariz estava entupido, o fazendo respirar pela boca. Ela chegou perto da cama e aproximou o dedo do nariz de Enzo, confirmando suas suspeitas. Samantha ficou tão agoniada vendo a cara de desconforto do filho de Chris, que decidiu acordá-lo para que ele fizesse nebulização. Os pequenos olhos cansados do menino abriram e olharam a mulher. Ele não falou nada. Ela colocou a máscara nele e o posicionou em seu colo. Ele continuava olhando para ela, que retribuía o olhar séria. A empresária, enfim, perguntou baixinho: "Você está bem?", mas ele só continuou olhando para ela com uma cara bem cansada, de quem não tinha quase dormido. Samantha se arrependeu de tê-lo acordado, por imaginar que ele havia demorado a pegar no sono, então começou a balançá-lo clamamente para ver se seus olhinhos se fechavam novamente. Ela tocou em seu coração e percebeu que ele estava bem acelerado. A nebulização, naturalmente, já acelerava os batimentos. Talvez isso não fosse bom para um menino com síndrome de down, logo com possível pré-disposição a problemas cardíacos. "Esse médico deve ser um louco! Como ele falou para o Christopher que o Enzo pode fazer nebulização?", pensou Sam. Já sem confiar em nenhuma palavra que o doutor havia dito, a mãe de Jane, Jamie e Joane decidiu levá-lo ao hospital. Ela trocou de roupa rapidamente, fez um coque e saiu, deixando um bilhete para Chris, caso ele acordasse e procurasse o garoto.
Chegando no hospital, descobriu que a gripe de Enzo havia evoluído para uma pneumonia e que ele precisaria ficar internado. Samantha, depois de muito pensar, decidiu não ligar para Chris no momento, já que o marido aparentava cansaço, devido ao trabalho e às obrigações em casa. Ligaria de manhã, se o menino ainda não tivesse sido liberado.
Samantha ficou ao lado de Enzo, que dormia, segurando sua mão a noite inteira. De vez em quando, ele abria os olhos e a encontrava o encarando. Ela sorria para ele e fazia carinho no seu cabelo. Ele, então, fechava os olhos e voltava a dormir. Com o dia quase nascendo, retiraram a máscara do garoto, que antes respirava com a ajuda de um respirador. Ele parecia bem melhor. Dessa vez, sorria de volta para Samantha, quando ela sorria para ele. A médica passou uma série de antibióticos para o menino, já que ele ainda não estava curado, e alertou a ela para sempre ter cuidado com os resfriados e/ou as gripes do filho, uma vez que sua saúde era mais frágil e, portanto, mais sucetível a agravamento.
Chegando em casa, se deu conta que todos continuavam dormindo, pois era sábado e ninguém precisava acordar cedo. Sam botou o garoto na cama e disse, fazendo um pouquinho de cosquinha nele (o suficiente para fazê-lo rir, mas não perder o ar): "Você quase me deu um susto hoje, seu safadinho!". Ele riu e depois tossiu um pouquinho. "Agora trate de dormir!" Ela beijou a testa dele e esperou o garoto pegar no sono. Demorou mais do que ela estava esperando, pois ele estava muito risonho e brincalhão. Ele fechava os olhos, fingindo que estava dormindo, e de repente, abria, mostrando que estava acordado, rindo da reação de Samantha, que mostrava a língua para ele e fazia caretas. Assim que finalmente ele dormiu, ela viu as horas no relógio e percebeu que já estava na hora de trabalhar. Infelizmente, alguns sábados ela trabalhava e naquele, tinha uma reunião marcada para às 8h com um possível parceiro para os hotéis Dornan do Japão, Tunísia e Tailândia. Antes de sair, encontrou com Dora, babá de Enzo e empregada da casa. Ela contou rapidamente que o garoto estava com pneumonia e pediu para a moça avisar a Chris quando ele acordasse. Também mostrou os remédios que havia comprado e explicou o horário de cada um, pedindo para que ela entregasse a receita para o marido também. Dora assentiu e viu sua patroa sair. Assim que Samantha fechou a porta, a doméstica falou:
- Essa daí finge, mas ama que só!

domingo, 19 de abril de 2020

Hands, touching hands, reaching out, touching me, touching you

Na noite de sexta-feira, os meninos da Igreja Católica Renascer se reuniram na casa de Moisés para baterem papo e assistirem a um filme. Os oito adolescentes estavam na sala de Moisés, de modo que, Heitor, Vinícius e Amanda estavam num sofá de frente à televisão. Daniel, Ruth, Guilherme e Emma estavam no sofá ao lado. E Moisés na poltrona.
Nenhum dos pais de Moisés estavam em casa, e a sala estava cheia de caixas de pizza, pipoca e refrigerante.
O filme escolhido foi Once. Daniel apertou o play e apagou a luz. A sala ficou um breu, iluminada somente pela tv.

O filme começou e todos estavam ainda em clima de dispersão, conversando e rindo por cima das falas. Porém, eventualmente, o filme foi prendendo a atenção da galera, e já não falava-se mais, salvo para fazer comentários sobre o próprio filme.
Guilherme tentava se focar no filme, mas o cheiro característico da ruiva estava inundando suas narinas e deixando-o louco. Era uma mistura de andiroba com hortelã, que não era lá o melhor cheiro do mundo. Ele conhecia várias pessoas muito mais cheirosas, sendo a Vanessa e a Luciana, duas delas. Porém o cheiro da ruiva tinha marcado tantos momentos bons e únicos na sua vida, que só de lembrá-los, dava um aperto em seu coração.


Ele virou os olhos com cuidado para dar uma espiadinha na ruiva. E lá estava ela, olhando com atenção a tela da tv. Seus olhos, refletindo as imagens do filme, assumindo um tom acinzentado, sua pele de porcelana e seu cabelo ruivo que já estava mais para o loiro. Ela vestia uma blusa social branca, que ia de encontro ao que ela costumava a usar quando não estava com as pessoas da igreja. Lembrava-o novamente da época em que eram namorados.
Ele queria poder tocar na ruiva. Era tão estranho pensar que um dia já tivera livre acesso a ela. Agora, a interação deles se resumia a breves cumprimentos aqui e lá.

Guilherme não sabe de onde tirou tamanha coragem, mas ele pegou a mão da ruiva e entrelaçou seus dedos, lá pro meio do filme, tentando não desviar os olhos da televisão. Ele chegou a prender a respiração quando trouxe a mão da menina para si, seu coração batendo a mil por horas, e o medo da rejeição rugindo como um leão dentro de si. Ele fechou os olhos, esperando o momento que a menina ia retirar a mão da sua, porém, para sua surpresa, isso não aconteceu.


E agora estavam de mãos dadas! Ele queria gritar, seu corpo vibrava como íons na presença de uma fonte elétrica. Ele chegou a dar um pequeno aperto na mão da ruiva, só pra ter certeza de que ela estava lá. E para sua felicidade, ela estava!

Podia parecer besteira, mas naquele momento ele se sentiu completo, como se ele tivesse segurando a coisa mais preciosa do mundo. Quantas vezes ele já tinha segurado sua mão e não valorizou? Não mais.
Guilherme olhou discretamente para os lados, para ver se alguém tinha notado o que estava acontecendo, mas ninguém parecia ter percebido nada.

A mão da menina era tão delicada sob a sua. Ele girou-a e observou suas veias azuis, sob a camada quase transparente de epiderme. Ele passou o polegar docemente sobre as veias da menina, redescobrindo o corpo dela.


Guilherme estava extasiado com a submissividade da mão da menina. Ele sabia que no fundo estava sendo bobo. Ele já teve muito mais apenas do que apenas aquela parte da garota. Ele chegou a tê-la por inteiro. Porém, a abstinência dela por tanto tempo, tinha feito que qualquer acesso a mínima parte dela tivesse consequências estratosféricas nele.

Então uma coisa que ele não esperava, aconteceu. Na cena que Glen e Markéta cantam falling slowly, por trás do piano, Emma chorou. Ela usou a mão livre para secar as lágrimas. Guilherme já tinha visto Emma chorando em outros filmes antes, mas não numa cena como aquela, puramente romântica.
Ele se perguntou o que estava se passando no coração da menina. Estaria ela bem? Estariam ela e o Channing bem?


Guilherme resistiu ao impulso de puxá-la inteira para si e de abraçá-la. Ele se reteve em apenas acariciar a sua mão, repetidamente.

Quando o choro da ruiva cessou, ela se virou  pra ele e deu um pequeno sorriso reconfortante.

No momento que o filme acabou, e os créditos finais começaram a rolar, Emma recolheu sua mão.

No final, Guilherme ofereceu levá-la para casa, mas a mesma disse que sua madrinha já estava indo buscá-la.

Então ele voltou para casa com Ruth, que tinha pedido para que ele a acompanhasse.

sexta-feira, 17 de abril de 2020

Fofocalizando

Channing, Jamie, Jake, Aaron e Dexter estavam numa hamburgueria, comendo e conversando sobre a vida, até que o assunto virou mulheres. Jamie perguntou curioso para Channing:

Jamie: A Emma é boa de cama? - Os garotos riram da pergunta inusitada, já sabendo que o clima do papo começaria a mudar. Jamie, no entanto, resolveu se explicar melhor, ao ver a reação de risada dos amigos - Eu to perguntando, porque ela é tão... Sei lá. Ela, apesar de falar coisas meio ousadas, até meio absurdas, parece tão santinha.

Channing: Cara, eu acho ela boa sim. Eu gosto do jeito que ela faz, a intensidade, sabe?

Dexter: Ela deve ser bem hiperativa então. Tem cara!

Channing: Não, não é isso. Eu não sei explicar muito bem... Não é que ela seja safadona igual uma ousada, por exemplo, mas eu gosto do jeito que ela usa a boca.

Coral dos meninos: Hmmmmmmmmmmm...

Jamie: Essa é uma boa qualidade! - Ele bateu nas costas de Channing, que ficou um pouco sem graça, por incrível que pareça.

Aaron: Mas ela é melhor que a Scarlett?


Channing: Cara, eu não sei. As duas são diferentes. Eu curto o jeito das duas. Não acho que tem uma melhor. Eu conto mais individualmente, tipo, tem vezes com a Emma que são incríveis. Tiveram vezes com a Scarlett também.
Mas cara, por que vocês só pensam na Scarlett quando falam de mim? Eu já peguei outras mulheres.

Aaron: Scarlett te marcou. Mais do que a Emma até.

Channing: Eu não acho, mas tudo bem. Agora, mudando de assunto e continuando no mesmo, eu tenho a mesma dúvida em relação à Jane, porque ela parece tão boba e ela é tão pequena...

Aaron: Cheryl já provou que tamanho não significa nada.

Jake: A Jane, com todo o respeito Jamie...

Jamie: Sem problemas!

Jake: Jane não é nem um pouco boba quando se trata de sexo. Eu diria que ela é um demônio na cama. A desvantagem disso, é que ela é insaciável, o que me deixa muito cansado.

Aaron: Leva ela para uma casa de swing, que aí ela cansa.

Jake: Acho que só assim, parceiro.

Channing de boca cheia: E quem é melhor? - Ele parou e engoliu o pedaço de hambúrguer que estava mastigando - Jane ou Megan?

Jake riu de canto: Caral**, a última vez que eu peguei a Megan faz anos. Eu nem me lembro direito!

Aaron: Tem que ser então Jane e Natalie!

Jake bebeu um gole do seu chopp e falou tranquilo: Eu nunca dormi com a Natalie.

Dexter: Ah, você ta brincando!

Jake: Não to. - Ele respondeu blazer.

Channing: E por que não rolou?


Jake: Ué, porque não. - Ele bebeu outro gole de chopp e continuou - Eu nem beijei ela direito, quem dirá transar. Não sei da onde todo mundo tirou que eu sou ou fui muito apaixonado pela Natalie. Até a própria Jane meio que já teve essa neura e eu, tipo: nossa, eu nunca gostei tanto assim da Natalie. Se fosse pra ela se preocupar com alguém, a Mia faria muito mais sentido do que a Natalie.

Dexter: Cara, ta de sacanagem? Não é possível!

Jamie: Que foi?

Dexter: Eu já fui supeeeer a fim da Mia também. Acho que foi a garota que eu mais amei.

Jake: A Mia é incrível mesmo.

Channing: Vocês namoraram?

Jake: Não diria namorar, mas a gente já saiu muitas vezes. Eu gosto até de pensar que fomos exclusivos durante muito tempo.

Channing: É tipo um namoro então.


Jake: É e não é, e não é nem por causa da falta de cobrança, mas também pela falta de proximidade. Eu não podia ficar muito tempo agarrado com ela ou fazer coisas muito românticas, porque não era namoro, mas eu confesso que tentei quebrar essas regras muitas vezes e ela algumas vezes até deixava. - Ele disse um pouco sorridente, olhando para cima, de maneira pensativa.

Jamie olhava para Jake um pouco sério, mas continuava quieto.

Aaron: E você não quis pedir ela em namoro não?

Jake: Eu tentei, mas ela não quis.

Dexter: Isso é muito Mia.

Jake: Você também tentou, né?

Dexter: Tentei, mas não deu em nada também. A Mia é incrível, que mulher!


Channing: Eu acho ela estranha, porque ela pega os dois amigos do grupo dela o tempo inteiro.

Dexter: Isso é tudo mito. Pra ser sincero, eu nem sei se ela já pegou aqueles dois alguma vez. Pode ser que sim, mas pode ser que não. Aquele trio é tipo o trio da Jennifer. Os dois homens gostam dela, mas a recíproca não é verdadeira.

Aaron: Vai ver nem gostam...

Dexter: Se gostam agora, eu não sei, mas que já gostaram, isso eu não tenho dúvida. Ela é incrível!

Aaron: E qual foi a sua história com ela?

Dexter: Acho que a minha foi depois da do Jake...

Jake: Bem depois!


Dexter: Resumindo, viramos amigos, muito amigos, aliás. Nos beijamos, mas quando eu quis aprofundar, ela não quis.

Channing: Vocês então eram amigos com benefícios?

Dexter: Não, porque nos beijamos poucas vezes.


Channing: Já dormiram juntos?

Dexter: Não.

Jake tentou esconder o sorriso.

Channing: Você dormiu com ela, Jake?


Jake: Muitas vezes.

Dexter tentou fingir que não ficou sentido com a provocação.

Aaron: Agora até eu fiquei curioso com ela.

Dexter: Não é fácil se aproximar da Mia.

Jake: Ela é bem na dela mesmo.

Daniel: E aí cambada? Desculpa o atraso!

Jamie: Cara, você chegou muito atrasado! A gente ta terminando de comer já.

Aaron: Mas a bebida não tem hora pra acabar.

Daniel: Então cheguei na hora. Do que vocês estavam falando?

Dexter: Mulheres.

Daniel revirou os olhos e bufou: Nem me fala de mulheres. To pensando em virar viado.

Aaron: Cara, você realmente é muito apaixonado pela Jennifer.

Daniel: Eu acho que já não é nem mais isso. Eu to com um ódio dela, mas um ódio tão grande da falta de amor próprio que ela tem. Tipo, se ela tivesse com um cara que gostasse mesmo dela, eu estaria de boa, juro. Se o Bradley gostasse mesmo dela, seja feliz. O problema é que ele claramente não gosta dela e mesmo assim ela continua trouxa atrás dele, se sujeitando a tão pouco. Ele faz ela ficar irreconhecível. Eu não consigo enxergar a Jennifer nas notícias que saem. No começo sempre é a Jen familiar, aí o idiota faz uma m**da e ela vira uma corna trouxa. E isso que ele faz é traição gente! Pensar na ex estando com a atual é o cúmulo da canalhice.


Os garotos ficaram quietos, até que Jake decidiu falar o que praticamente todos estavam pensando (praticamente todos, porque Channing estava pensando que veio pouco bacon no seu hambúrguer):

Jake: Você não acha que fica com todo esse nervoso dela com o Bradley, porque você mesmo não vive a mesma situação, só que com ela?

Daniel franziu a testa: Como assim?

Jake: To falando isso porque sou teu amigo, então não fique com raiva do mensageiro, mas veja bem, você gosta da Jennifer, sendo que, claramente, ela gosta do Bradley. Ainda assim, você continua gostando, mesmo sabendo que não é recíproco. Entende agora?

Daniel: Você ta querendo dizer que eu também sou trouxa, entendi!

Jake: Cara, não é isso...


Daniel: Não, é isso sim, e eu to de boa com isso. Mas o que eu quero dizer, é que to com essa raiva toda não porque eu gosto dela como mulher, mas sim pelo amor que eu tenho por ela como amigo. Gente, eu já superei isso. Não precisam fazer essa cara de céticos, porque eu to falando sério. Se eu gosto dela? Eu gosto sim, confesso, e eu acho que sempre terá um lado meu que sempre gostará, mas eu sempre convivi com isso muito bem. A Jen já teve outros caras e eu sempre fiquei de boa. O que me chateia é realmente no sentido desse amor muito forte que eu sinto por ela como amigo, que supera qualquer sentimento amoroso que eu também nutro por ela. Eu amo a Jennifer, ela e o Peeta são a minha vida, de verdade. E como amigo, eu odeio ver ela assim e fico com ódio dela, porque ela não foge dessa situação. Se ela achar outro homem, to de boa. Se ele tratar a minha melhor amiga com respeito, não terei problema nenhum. Acho que é tipo o Jamie com a Jane. São irmãos. Ele ama a irmã dele e não quer que alguém faça ela de boba (Jamie olhou discretamente para Jake, que não retribuiu o olhar). Eu sou assim com a Jen. É um amor como se ela fosse da minha família também.

Jake: Mas se ela quer, você não pode ficar com raiva. Ela vai arcar com as próprias consequências.

Aaron: Longe de mim defender o filho da p**a que é o diretor.

Channing corrigiu: Bradley! Ele deixou de ser diretor.

Aaron: Isso, Bradley. Mas assim, o que ele faz com a Jennifer é sacanagem? É. Mas não é tão grande assim, porque é só um namoro. Quando um namorado sacaneia uma namorada, é ruim, mas também não é tão ruim, porque não é nada sério. Filha da p**agem era o que ele fazia com a Elizabeth, isso sim, porque no caso dela, pensava-se num futuro.

Dexter: Já pararam pra pensar que todo mundo aqui tem pelo menos uma mulher que o define? Tipo, Channing: Emma e Scarlett; Jake: Natalie e Jane... E agora Mia; Daniel, Jennifer; Jamie, Dakota, que aliás, precisamos falar de Dakota; e eu, Mia.

Channing: Pior que é! Essas garotas do Cavalinho são fogo.

Jake: É que por trás de todo homem tem sempre uma mulher, não tem jeito. Menos no caso do Daniel, que vai virar viado.

Jamie: É, tem isso. Cara, eu super acreditei no que você falou, Daniel, mas o que te pegou foi a sua frase de virar viado. Isso daí já mostra que o que você falou da Jennifer não é bem assim...

Os meninos começaram a concordar, o que fez Daniel rebater:

Daniel: E quem disse que meu drama com mulheres só tem Jennifer, gente? Vocês não sabem nem da metade da missa.

Dexter: Iiiiih, então vamos querer saber dessa missa depois, mas primeiro temos que saber de Dakota.

Jamie riu: O que tem a Dakota?

Dexter: Ela ta solteira agora e um dos motivos do término teve a ver com você. O que tem a dizer em sua defesa?

Jamie: Culpado, mas nem tanto, porque eu não postei foto nenhuma, quem postou foi ela.

Channing: Mas vocês não se pegaram depois daquilo tudo, nem nada?

Jamie: Eu não gosto de pegar a Dakota quando ela ta triste, porque ela sempre desvirtua as coisas. Vai achar que eu to apaixonado e vai vir com papo de namoro.


Channing: E por que você não namora ela? Eu achava que você gostava dela...

Jamie: Eu gosto dela. Acho ela bonita, bem gostosa, o sexo com ela é divino, mas sei lá. Amor é amor, tesão é tesão. Sem contar, que se a gente namorar e não der certo, eu perco uma amiga.

Aaron: Cara, vocês são muito sentimentais.

Jake: O que tem de sentimental em "eu só quero ela pra transar"?

Aaron: A continuação, que é: "porque se namorarmos e terminarmos, eu perco uma amiga".

Jamie riu.

Dexter: Sinceramente, Jamie, acho que você ta perdendo uma ótima garota. Os dois visivelmente tem química e tudo pra dar certo, mas você fica relutante. Eu não consigo entender, de verdade.

Jamie: Eu não sei... Pode até ser, mas eu não sei se ela gosta de mim como gostava antes. Tem o Carlisle agora.

Aaron perplexo: Ela ainda gosta do Carlisle? Mas não é possível!

Jamie: Eu não sei, eu tenho minhas dúvidas. Você viu o que ela falou para o Jack antes deles terminarem? Pode até ter começado por causa da foto minha com ela, mas o que os fez terminarem foi a fala dela sobre o Carlisle.

Channing: Eu acho que ela até pode ter um crush no Carlisle, mas você é o amor verdadeiro dela.

Jamie ficou quieto no começo, mas depois resolveu falar: É que vocês não sabem de uma coisa que eu sei.

Aaron: Então pode começar a falar!

Jamie: Eu menti pra vocês. Assim que ela terminou com o Jack, aproveitei a oportunidade e fui pra casa dela. Não foi no mesmo dia. Deixei passar um tempo, pra não ser prematuro. A mãe dela abriu a porta pra mim e eu fui pro quarto dela. Assim que abri a porta, já peguei ela com a boca na botija, se é que vocês me entendem. Eu perguntei em quem ela tava pensando e ela disse que era em mim.

Channing: Ta vendo?

Jamie: Pera, que eu ainda não terminei...

Aaron: Era no Carlisle - Ele revirou os olhos.


Jamie: Aí eu fui lá, todo animadão, participar da festa. Lambi o dedo dela, que tava... bem, vocês sabem onde é que ele estava antes! Olha, to contando esse detalhe, porque ele é, não seria importante, mas faz parte da revolta da história. Bem, fomos lá, começamos a tirar a roupa e talz. Quando eu peguei ela e coloquei em cima da mesa do computador, a tela, que estava com o papel de parede, acendeu e com quem eu me deparei? Com o gif do maldito numa notícia dele lá com a Giovanna, ou seja, a filha da p**a se masturbou pensando no outro e disse que tinha sido pensando em mim. E eu ainda fui lá e lambi a p**ra do dedo dela, que tava molhado, porque ela tinha pensado em outro.

Channing: E aí?

Jamie: Aí eu mandei ela se f**er, que era o que ela já estava fazendo antes, diga-se de passagem.

Daniel: Mas ela não tentou se explicar?

Jamie: Claro! Disse que estava lendo a notícia dela e do Jack, que fica embaixo da deles (Carlisle e Giovanna), e que depois foi subindo, mas largou o computador. Depois de um tempo, deitada na cama, ela começou a pensar em mim e foi aí que os trabalhos começaram. Desculpa bem esfarrapada!

Jake: É, isso aí meio que deixou na cara.

Daniel: Ah, eu não sei não. Vai ver ela falou a verdade, porque se ela quisesse pensar no Carlisle, ela estaria olhando para o gif no ato todo e não ter começado a olhar o gif e depois largado.

Jake: Tem muito homem que começa vendo filme pornô e depois larga pra terminar sozinho

Daniel: Nem pensar!

Jake: Tem sim, cara!

Daniel: Então são loucos, porque eu não faço isso.

Jake: Bem, mas você não é todo mundo.

Jamie: Eu só sei que essa foi a história, aí agora eu to meio que não muito a fim da Dakota.

Channing: Te entendi agora!

Aaron: Sim...

Jake: Mas agora, sem querer bancar o advogado do diabo, mas já sendo, vocês não acham que esse negócio de se masturbar pensando em outra pessoa é a coisa mais natural do mundo? Quer dizer, ela mentiu pra você Jamie? Claro que sim! Mas cara, vai ver ela tem tesão nos dois e isso é tão normal. Claro que ver a foto de outro cara desanima na hora, mas não sei se no meu caso, anularia a minha afeição ou seja lá o que você sente pela Dakota.

Channing: Nossa, pra mim isso é muita traição!

Jake: Você realmente acha que a Emma não pensa em nenhum homem quando ta...?


Channing bem sério e bravo, sabendo que homem Jake estava querendo insinuar: Não! Acho que ela só pensa em mim.

Jake: E você só pensa nela quando bate uma? - Ele tentou amenizar.

Channing: Nela e nas atrizes pornôs!

Jake: E isso não seria traição então?

Channing: Não, porque eu não conheço as atrizes e não quero um relacionamento com elas. Só achei elas gostosas no vídeo e acabou. Se a Emma pensar num ator pornô na hora, eu não tenho problema.

Aaron: Você pensa em outras mulheres, Jake?

Jake se viu em uma sinuca de bico. Ninguém o havia apoiado, o que o deixava em uma posição desconfortável, mas agora não dava mais para mentir: Penso, ué. - Disse ele, naturalmente - Não é só a Jane que me dá tesão não, gente. Mas isso não significa que eu gosto dessas outras mulheres que penso, e não, não é na Natalie. Na maioria das vezes nem são pessoas que eu conheço. Às vezes é uma atriz de cinema, uma amiga gostosa da minha mãe, a Letícia, sei lá.

Channing: Letícia eu entendo também.

Jake: Eu acho que as pessoas misturam muito as coisas. Ter vontade de dormir com alguém não significa amar ou querer um relacionamento com essa pessoa. Pra mim, essas últimas duas coisas são traições, agora desejo sexual é a coisa mais natural do mundo. Eu realmente acredito que a Jane não pensa só em mim quando ta nesses momentos, e pra mim ta de boa.

Jamie: Beleza, mas no caso da Dakota não era só vontade de dormir.

Jake: Ta, pode até ser, mas ainda assim, talvez ela realmente, como um dos caras falou antes, que eu já nem me lembro mais quem foi, ela pode gostar mais de você do que dele, visto o histórico dos dois.

Jamie: Não sei...

Aaron: Seu discurso, Jake, não sei por que mas me lembrou a Emma. Eu vejo a Emma falando isso.

Channing irritado: Vocês nem conhecem a Emma, por isso falam essas coisas.

Dexter: Mas e a Elizabeth, Aaron?

Aaron: Elizabeth? Elizabeth já viajou!

Dexter: E você perdeu o contato?

Aaron: Eu já tinha perdido ainda quando ela tava aqui. Elizabeth é coisa do passado. Não sei por que ainda insistem nisso.

Channing: É porque a primeira mulher que te deixou doidinho foi a Elizabeth que eu bem sei.


Aaron: Foi mesmo, mas não deu certo, então bola pra frente. Foi a primeira, mas definitivamente não será a última.

Dexter: Então já que todo mundo já falou das suas mulheres, vamos para a missa, Daniel?

Daniel: Melhor então pedir outra rodada, porque a missa será longa! Traz mais uma rodada, garçom! -Ele gritou para o garçom e começou seu longo sermão.

quarta-feira, 8 de abril de 2020

I think it means that we've been lost

Bradley terminou de ler a notícia do blog e ficou boquiaberto. Já não bastava ter sua vida exposta, agora até seus pensamentos também não estavam a salvo. O pior de tudo era imaginar como Jennifer reagiria ao ler que ele ainda pensava na sua ex-mulher.

"Droga!" Ele deu um murro na mesa.

Durante sua aula de estatística na turma da garota, ele se aproximou dela, e disse que queria vê-la depois da escola. Claro que ele tentou ser discreto, e claro que ele não foi bem sucedido.

Depois do expediente, Bradley recolheu seus pertences depressa, e foi até o local que ele havia mencionado mais cedo.

O professor esperou quase meia hora até a menina chegar. Na verdade, ele já achava que ela não viria mais. Assim que a avistou, Bradley se levantou e esperou que ela se aproximasse.

"Oi." Bradley cumprimentou-a, um pouco sem graça.

"Oi." Jennifer respondeu, sem seu bom humor usual.

"Eu te chamei aqui, porque acho que te devo algumas explicações. Eu não tenho sido o namorado que eu quero ser, e nem o que você merece ter. Eu só queria que você não desistisse de mim ainda. Eu sei que eu sou meio enrolado, e que tenho algumas pendências, mas eu realmente gosto de você... de verdade." O professor falou receoso, com medo de como sua namorada iria interpretá-lo.



"Eu não sei, Bradley. Você claramente ama sua ex-mulher. E apesar de sempre saber disso, é meio chato ter a escola inteira me olhando com cara de pena, porque eu não consigo fazer você não pensar nela, nem quando você ta comigo." Jennifer desabafou. O rosto dela não estampava raiva nem tristeza, porém revelava um pouco de desgaste emocional.

"Eu não penso nela quando estou com você. Foi só daquela vez, eu juro!" Bradley se defendeu, tentando soar o mais convincente possível.

"É difícil de acreditar nisso. Eu acho que você deveria procurar ela e se declarar de uma vez. Todo mundo sabe que ela ainda gosta de você." Jennifer quis ser madura e razoável.

"Por que você ta dizendo isso, Jen?" Ele segurou sua mão, e alisou as costas com o dedão de leve. Bradley achava a mão de Jennifer muito fofinha, não era magricela e cheia de ossos como da maioria, pelo contrário, era carnuda e dava vontade de morder. "Eu não quero nada com a Jessica, se eu quisesse, eu teria beijado ela de volta naquele dia." Ele respirou fundo, "eu quero você." O professor olhou nos olhos da loira calorosamente. Suas íris eram duas circunferências de pura necessidade azuladas.

"Por que você não retribuiu aquele beijo?" Jennifer nunca tocara no assunto antes, mas naquele momento, ela precisava saber.



"Eu já disse." O professor retrucou calmamente.

"Não." A menina balançou a cabeça. "Não foi por minha causa. Qual foi o motivo?"

"Eu não sei. Acho que fiquei com medo." Bradley deu de ombros.

"De quê?"

"Sei lá... Às vezes você quer muito uma coisa por tanto tempo, que quando finalmente está prestes a conseguir, você congela." O professor não olhava mais para a garota, ele não conseguia encará-la, se sentia envergonhado demais para isso.

Jennifer não sabia se sentia pena dela ou dele.

"Eu não quero mais que você diga que você disse não para sua ex-mulher por mim. Essa é uma mentira deslavada que só serve para eu ficar parecendo ainda mais corna."

Bradley ameaçou falar, mas a menina logo o cortou.

"E também não quero que você pense nela enquanto está comigo. Ou você ta comigo ou você ta pensando nela. Os dois juntos, eu não vou mais aceitar."

Bradley assentiu calado.

"Eu não sou ciumenta, e eu to tentando o máximo ser compreensiva com você e com a sua situação, mas tudo tem limite." Jennifer disse seriamente.

"Você tem razão." O professor concordou sem graça.

Jennifer olhou para o relógio e tornou novamente a olhar para o professor.

"Eu tenho que ir. Prometi ao meu irmão que ia acompanhar ele no happy hour da Bronxs"

"Tudo bem." Bradley tentou inutilmente camuflar a tristeza da voz.

"Amanhã a gente se fala." Jennifer lutou contra o desejo de beijá-lo nos lábios, plantando um beijo no seu rosto, em contrapartida.

Ela sabia que não deveria ter lhe dado nada, porém o professor era sua fraqueza, no qual ela não aprendera a controlar. Ainda.