quarta-feira, 8 de abril de 2020

I think it means that we've been lost

Bradley terminou de ler a notícia do blog e ficou boquiaberto. Já não bastava ter sua vida exposta, agora até seus pensamentos também não estavam a salvo. O pior de tudo era imaginar como Jennifer reagiria ao ler que ele ainda pensava na sua ex-mulher.

"Droga!" Ele deu um murro na mesa.

Durante sua aula de estatística na turma da garota, ele se aproximou dela, e disse que queria vê-la depois da escola. Claro que ele tentou ser discreto, e claro que ele não foi bem sucedido.

Depois do expediente, Bradley recolheu seus pertences depressa, e foi até o local que ele havia mencionado mais cedo.

O professor esperou quase meia hora até a menina chegar. Na verdade, ele já achava que ela não viria mais. Assim que a avistou, Bradley se levantou e esperou que ela se aproximasse.

"Oi." Bradley cumprimentou-a, um pouco sem graça.

"Oi." Jennifer respondeu, sem seu bom humor usual.

"Eu te chamei aqui, porque acho que te devo algumas explicações. Eu não tenho sido o namorado que eu quero ser, e nem o que você merece ter. Eu só queria que você não desistisse de mim ainda. Eu sei que eu sou meio enrolado, e que tenho algumas pendências, mas eu realmente gosto de você... de verdade." O professor falou receoso, com medo de como sua namorada iria interpretá-lo.



"Eu não sei, Bradley. Você claramente ama sua ex-mulher. E apesar de sempre saber disso, é meio chato ter a escola inteira me olhando com cara de pena, porque eu não consigo fazer você não pensar nela, nem quando você ta comigo." Jennifer desabafou. O rosto dela não estampava raiva nem tristeza, porém revelava um pouco de desgaste emocional.

"Eu não penso nela quando estou com você. Foi só daquela vez, eu juro!" Bradley se defendeu, tentando soar o mais convincente possível.

"É difícil de acreditar nisso. Eu acho que você deveria procurar ela e se declarar de uma vez. Todo mundo sabe que ela ainda gosta de você." Jennifer quis ser madura e razoável.

"Por que você ta dizendo isso, Jen?" Ele segurou sua mão, e alisou as costas com o dedão de leve. Bradley achava a mão de Jennifer muito fofinha, não era magricela e cheia de ossos como da maioria, pelo contrário, era carnuda e dava vontade de morder. "Eu não quero nada com a Jessica, se eu quisesse, eu teria beijado ela de volta naquele dia." Ele respirou fundo, "eu quero você." O professor olhou nos olhos da loira calorosamente. Suas íris eram duas circunferências de pura necessidade azuladas.

"Por que você não retribuiu aquele beijo?" Jennifer nunca tocara no assunto antes, mas naquele momento, ela precisava saber.



"Eu já disse." O professor retrucou calmamente.

"Não." A menina balançou a cabeça. "Não foi por minha causa. Qual foi o motivo?"

"Eu não sei. Acho que fiquei com medo." Bradley deu de ombros.

"De quê?"

"Sei lá... Às vezes você quer muito uma coisa por tanto tempo, que quando finalmente está prestes a conseguir, você congela." O professor não olhava mais para a garota, ele não conseguia encará-la, se sentia envergonhado demais para isso.

Jennifer não sabia se sentia pena dela ou dele.

"Eu não quero mais que você diga que você disse não para sua ex-mulher por mim. Essa é uma mentira deslavada que só serve para eu ficar parecendo ainda mais corna."

Bradley ameaçou falar, mas a menina logo o cortou.

"E também não quero que você pense nela enquanto está comigo. Ou você ta comigo ou você ta pensando nela. Os dois juntos, eu não vou mais aceitar."

Bradley assentiu calado.

"Eu não sou ciumenta, e eu to tentando o máximo ser compreensiva com você e com a sua situação, mas tudo tem limite." Jennifer disse seriamente.

"Você tem razão." O professor concordou sem graça.

Jennifer olhou para o relógio e tornou novamente a olhar para o professor.

"Eu tenho que ir. Prometi ao meu irmão que ia acompanhar ele no happy hour da Bronxs"

"Tudo bem." Bradley tentou inutilmente camuflar a tristeza da voz.

"Amanhã a gente se fala." Jennifer lutou contra o desejo de beijá-lo nos lábios, plantando um beijo no seu rosto, em contrapartida.

Ela sabia que não deveria ter lhe dado nada, porém o professor era sua fraqueza, no qual ela não aprendera a controlar. Ainda.

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