terça-feira, 31 de outubro de 2023

Presente para a Nicola

Vincent esperou o sinal anunciando o término da aula de inglês tocar para se aproximar da Geordie.

"Ei." Ele sentou na carteira em frente à menina, e apoiou os braços no encosto.

"Oi." Cheryl o cumprimentou, girando a borracha que estava em cima da mesa. O garoto notou que a inglesa não fez questão de dar sua marca registrada e abrir um sorriso.

"Eu tô querendo dar um presente pra Nicola... Eu nunca dei nada pra ela, e eu acho que ela iria gostar... O que você acha?" Vincent perguntou um pouco nervoso. Ele odiava como estava se sentindo diante à sua melhor amiga. O garoto nunca pensou que um dia ficaria nervoso em falar com a sua amiga de tantos anos. Nem parecia que um dia já foram inseparáveis.

"Acho que ela vai ficar muito feliz. Esses presentes fora de época são os mais especiais, na minha opinião, porque mostra que você tá pensando nela, quando não tão juntos. Também mostra que você faz questão de agradar." A britânica deu sua opinião sincera.

"Você pode ir comigo no shopping me ajudar a escolher? Eu tô pensando em dar um brinco ou uma pulseira, mas sou péssimo pra essas coisas."

Cheryl olhou para o menino em conflito. Apesar de tudo, ela sentia uma imensa falta do amigo, e aquela poderia ser uma boa oportunidade para os dois se aproximarem de novo.

"Posso." A inglesa percebeu os olhos do amigo cintilarem, quando aceitou seu convite.

"Maravilha. Pode ser hoje depois do almoço? Eu passo na sua casa." Vincent perguntou, já se sentindo mais aliviado pela resposta positiva da Geordie.

"Pode sim." Cheryl concordou educadamente.

"Então combinado."

Quando Vincent se levantou para sair, a inglesa falou.

"Muito legal o que você tá fazendo. Você tá sendo um bom namorado pra Nicola."

"Só tô cumprindo minha promessa." Vincent acenou com a cabeça e voltou para o seu lugar.

Vincent foi buscar a Geordie depois do almoço. Vê-la de short, regata e havaianas, como nos velhos tempos quando os dois vadiavam por aí, encheu o menino de saudade e nostalgia. E só ela para usar um traje tão simples e ficar estupidamente linda. Com a menina, menos era sempre mais. 

Os dois começaram a andar lado a lado, em direção ao shopping, que ficava um pouco longe a pé da casa da menina, mas tanto Vincent, quanto Cheryl, apreciavam a caminhada mais do que a viagem de uber. 

"Quanto você tirou em física?" Vincent perguntou realmente interessado, ainda mais após de ter lido a notícia do estudo com a Kimberley. 

"Oito." Cheryl falou desanimada com a nota. Sim, oito era uma nota excelente, mas não para a inglesa que precisava de, pelo menos, dez para fugir da final. 

"Foi muito bem. Se você tirar oito na próxima você ainda vai pra final?"

"Vou." A inglesa respondeu chateada. 

"Mas vai precisar tirar só pouquinho." Vincent queria abraçá-la e confortá-la, ou fazer uma piada chamando ela de idiota, que a deixasse com raiva e a distraísse. Infelizmente, ele não estava em posição de fazer nenhuma das duas coisas. 

"É, mas junta essa com as outras e eu sempre tenho que passar meu dezembro inteiro só estudando. É uma grande m****. Não vejo a hora da escola acabar." A Geordie desabafou estressada, e tirou um cigarro do bolso.

"Mentolado?" Vincent fez uma careta.

"O cara da banca que aceita vender pra mim só tinha desse." A inglesa prendeu o cigarro na boca e acendeu com o isqueiro. "Não tô em posição de ficar escolhendo muito." Cheryl completou, exalando fumaça branca.

Ela levantou a mão, oferecendo para Vincent, que pegou e deu uma tragada.

Dividir cigarro com a Cheryl, novamente o deixou com sentimento de nostalgia.

"E a maconha do Thomas? Onde é que ele arrumou aquilo?" Vincent perguntou se lembrando da melhor maconha que ele tinha fumado.

"Sabe que eu tenho pra mim que aquilo não era só maconha. Eu tô a semana inteira só pensando nela." A inglesa admitiu.

"Provavelmente não era mesmo. O filho da **** serviria pra ser traficante. Deixou todo mundo viciado."

"Nem fala!" Cheryl riu. 

Os dois continuaram a caminhada até o shopping, falando sobre assuntos do dia a dia, e toda vez que eles passavam por um sinal, Vincent pairava a mão nas costas da menina, de forma protetora, ao cruzarem a rua.

Na joalheria, dentro do shopping, a vendedora começou a mostrar diversas opções de brincos e pulseiras.

"O que você acha melhor? Brinco ou pulseira?" Vincent perguntou para a menina.

"Pra primeiro presente eu acho pulseira mais fofo. Porque aí ela não vai tirar nunca e vai sempre lembrar de você." A inglesa respondeu de forma idealista. 

"Vocês mulheres são muito engraçadas." Vincent riu. "O que você achou dessa?" O garoto apontou para um modelo da vitrine. 

"É bem bonita." Cheryl assentiu, em aprovação.

"Posso colocar em você? Só pra ver como é que fica no pulso."

A menina prensou os lábios pensativa, e concordou.

"Pode."

Vincent pediu para a vendedora a pulseira, depois abriu o fecho, e colocou com cuidado no pulso da Geordie. Seus dedos entraram em contato com a pele suave da menina, e os dois tomaram consciência daquilo ao mesmo tempo, e se entreolharam.

Para a Geordie, aquilo significava que Vincent podia tocá-la, sem ativar nenhum mecanismo de defesa seu. Aquilo era um avanço, e ela não via a hora de contar para a psicóloga na próxima sessão. 

Para Vincent, era a consciência de que seu toque não a fazia mais mal. Pelo menos, não os inofensivos, como aquele.

"Ficou bem bonita no seu pulso. Eu posso levar essa pra você e escolher outra pra Nicola." 

"Não precisa. Vai ficar linda na Nicola também. Ela tem um tom de pele que tudo fica bonito." Cheryl tirou a pulseira do pulso e entregou para o amigo.

"Tudo bem." Vincent assentiu e disse para a vendedora que iria levar.

Depois de saírem da joalheria, a inglesa pediu para parar numa boutique de doces franceses.

Vincent assistia contentemente a menina devorar o quarto L'éclair.

"So good." A inglesa lambeu o polegar.

"Tô vendo." Vincent riu e tomou um gole do seu capuccino.

"Taí uma coisa que eu pagaria mais caro que a maconha do Thomas." A Geordie brincou. 

"Deixa o Thomas saber disso." Vincent falou sorridente. 

"Sooo, como tão as coisas com a Nicola? Ela ainda é virgem, né?"

"Muito virgem. A não ser que ela tenha me traído e perdido com outro. Aí eu sou um bobalhão." Vincent brincou e Cheryl fez uma careta. 

"Ela tá indo muito pra cima de você?" A menina perguntou curiosa. 

"Tava. Aí eu disse que eu tava doido pra fazer com ela, mas a única coisa que me impedia é você, porque você me proibiu." Vincent falou despretensiosamente. 

"Por que você disse isso?" A inglesa falou chocada. 

"Porque é verdade. Você me proibiu, esqueceu?" Vincent riu. 

"Mas você também disse que não queria fazer." Cheryl retrucou confusa. 

"Sim, antes não queria mesmo. Agora eu não ligo de fazer com ela. O que tá me impedindo é você." Vincent falou como se não fosse nada demais. "Ela disse que vai falar com você sobre isso, e que você não é a dona dela." Ele acrescentou. 

"Great." A inglesa falou sarcástica. "Eu sempre fico como vilã."

"Ei, ela sabe que você só quer o bem dela. Só te acha um pouco intrometida." Vincent riu e Cheryl revirou os olhos. 

Alguns segundos depois, o menino ficou encudado, e olhou sério para a Geordie. "Você não quer que ela faça nada comigo porque acha que tem que proteger ela de mim?" 

"Não, claro que não!" 

"É que eu fiquei com medo de você..."

"Não." A inglesa balançou a cabeça veementemente. "Eu sei que você não faria nenhum mal pra ninguém. A não ser no grupo da vingança, mas nisso você tinha meu apoio."

"Eu sei que te fiz muito mal, e me desculpa por isso, Cheryl. Eu tenho visto tudo o que você tem passado e eu me sinto péssimo, péssimo mesmo. E saber que você tá tendo problemas sexuais por conta do que eu fiz... Me sinto um lixo!"

"Tudo bem. Felizmente o Edward é muito compreensivo e paciente e não se importa de esperar. E na verdade quando meu corpo tensiona é sempre lembrando da outra vez. O que aconteceu com você serviu mais pra acordar o que tava adormecido da outra vez do que qualquer outra coisa. Não sei se eu tô fazendo sentido."

"Tá sim. Muito." Vincent respondeu imediatamente. 

"Que bom. É que eu não sou muito boa de explicar meus sentimentos." A Geordie pegou um guardanapo e limpou a mão. "Pode falar do seu jeito, Cheryl." A menina fez uma imitação da psicóloga. 

Vincent olhou para a menina como se ela fosse a coisa mais preciosa do mundo. "Eu vou passar o resto da minha vida tentando me redimir com você."

Cheryl colocou a mão em cima da mão do garoto. "Eu sei."

Vincent posicionou as mãos dos dois, de modo que a dele segurava a dela, e seu polegar acariciava o dorso da mão da Geordie. "Eu também prometo respeitar o seu relacionamento com o Edward. Claramente ele te faz muito feliz, e com isso, ele tem o meu respeito. Acho que ele não quer muito papo comigo, mas no que depender de mim, eu estou disposto a ser legal com ele."

"Obrigada. Significa muito pra mim." Cheryl disse com sinceridade. 

Vincent levou a mão da menina à boca e deu um beijo, antes de devolvê-la, em cima da mesa. 

"Vai querer mais alguma coisa ou posso pedir a conta?" O garoto perguntou. 

"Hummm, acho que eu aguento mais um de doce de leite." A britânica falou se sentindo um pouco culpada pelas indulgências nas calorias. 

"Relaxa, eu não tô julgando." Vincent riu. "Vou pedir pra você. " Ele fez sinal para a atendente. 

domingo, 29 de outubro de 2023

Sororidade

 “Margot, darling, are you listening me?”


A loira despertou dos seus devaneios e olhou para a avó, que a encarava preocupada.



“Sorry, grandma, I got distracted”.


“With what? Did something happen?”


“With tomorrow's exam”, mentiu Margot.


“Do you have an exam tomorrow? No going out today then!”


“Okay.”, concordou Margot, que não tinha planos para aquele dia. A loira sentia falta de UK.


“Com licença, o lanche está pronto!”, falou uma das empregadas da casa.


“Get your sister upstairs!”


Margot fez uma careta. Ela queria contestar, mas desistiu por saber que seria uma batalha perdida. Era melhor chamar Maeve logo. A inglesa entrou no quarto da irmã e percebeu que Maeve estava na suíte tomando banho. Antes que falasse algo, viu o seu hidratante em cima da mesa de cabeceira de sua irmã.


“Thief!”, falou baixo Margot com raiva. Desconfiada de que houvesse outra coisa sua no quarto da irmã, a garota começou a vasculhar silenciosamente o quarto da irmã. Não era sempre que tinha uma oportunidade dessas e achou que era a melhor chance de encontrar objetos seus que havia “perdido”. Nessa brincadeira, achou um anel seu e um antigo piercing que nunca havia usado. 


Ao abrir o armário e mexer em algumas gavetas de Maeve, encontrou outro pertence seu que nunca havia dado falta até aquele momento: uma foto de Sebastian. “Wtf???”, pensou Margot surpresa. Sua irmã gostava de Sebastian? Como assim? Ela era tão nova quando os dois namoraram e nunca tinha comentado nada. É claro que não comentaria nada com ela, as duas nem amigas eram, mas ainda assim…


Margot percebeu que Maeve estava prestes a sair do banheiro. Valeria a pena confrontá-la sobre algo assim? Ela nem gostava mais de Sebastian, pelo contrário, agora o detestava! 


Maeve abriu a porta do banheiro de toalha e viu a irmã em frente a sua gaveta de calcinhas.


“What are you doing here?”, gritou Maeve. “I can't believe you're going through my things, you little prick!”


“Why do you keep a photo of Seb in your knicker drawer? A photo that used to be mine, by the way!”


Maeve entrou em choque. Não esperava que Margot tivesse encontrado a prova do crime.


“Hello? Cat got your tongue?”


“This has nothing to do with you!”


“He was my boyfriend“.


“And now it’s your ex-boyfriend”, corrigiu Maeve.



“He's an idiot. And he's married!”


“If you must know, I don't like him anymore, but I forgot the photo in the drawer. You shouldn't look through my things!”


“It's your fault for stealing from me!”


“I'm not stealing anything from you, you crazy!”


“That was my picture, that ring too!”


“It was mum's ring!”


“And she gave it to me!”


“She lent it to you! I have the right to borrow it too!”


“You're so jealous! You want everything that's mine!”


“Me? Get a grip, you've got nothing! You beat the prettiest girl in school and half your mates have already regretted voting for you because you're boring and dull!”


“Meanwhile you can't even win the prettiest title! You're just my ugly sister”.



“I might be, but at least the guys really like me for who I am and none of them say I'm insufferable!”


“Oh great, so Asa likes you! Great man!”


“Who says I'm talking about Asa?”


“What other man likes you, honey?”


“From my class, a lot, if you ask me”.


“In my class, most of the boys like me and the ones in your class, I'm pretty sure that if I showed any interest, they'd prefer me over you!”


“Margot, if men like you so much, why are you still single?”


“Because I want to!”


“And why do the men you've dated want nothing but distance from you?”


“Who wants to stay away from me? Seb? No wonder everyone's calling him gay!”


“Not just Sebastian. Joe”.


“Joe wants distance from me?”, Margot forçou uma risada.


“He runs away from you!”


“Girl, you talk about me, but you don't have anyone! That ex of yours was awful!”


“He likes me to this day”.


“Because he's ugly, it's obvious that he'd latch on to anyone who gave him the time of  her day”.


“And not even an ugly man can get attached to you! Not even Wade, right, dear?”


“Wade is NOT ugly!”


“And Ryan just wanted to kiss you, because he'd rather have a girl who got pregnant as a teenager than to be with the prettiest girl in school! There's no point in being pretty and empty, Margot! Next year you'll lose your place and people will laugh at you for having voted for someone as empty as you. Good luck finding a big love, you'll need it!”



“You idiot! I'm taking all my stuff back, including that stupid photo, which was the most you got from Seb”.


“At least he doesn't say that even for all the beauty in the world, I'm not worth it!”


“F**k off, you f**king bitch”, Margot saiu batendo a porta fortemente.



No final do corredor, a avó de Margot estava parada olhando perplexa para a neta.


“Next time, you'll call her! I'm not hungry anymore!”, disse a loira indo em direção ao seu quarto e batendo o pé com raiva, enquanto se segurava para não deixar as lágrimas caírem.

sexta-feira, 27 de outubro de 2023

Berenice


           “Would to God that I had never beheld them, or that, having done so, I had died!” Nunca o conto de Edgar Allan Poe, Berenice, tinha feito tanto sentido para Andrew quanto nos últimos meses. Enquanto Elizabeth falava e ria, ele olhava absorto para aqueles dentes perfeitamente imperfeitos.

Algumas mulheres eram lindas por serem exatamente padrões, já outras se destacavam por fugirem do padrão. Elizabeth era uma mistura dos dois casos. Já fazia um tempinho que Andrew tentava flertar com ela, mas a portuguesa era uma incógnita. Ou ela não levava a sério as suas investidas ou não percebia as suas investidas ou aceitava as suas investidas ou era apenas simpática ou... Eram muitas possibilidades!

– Que foi? Tem algo no meu dente? – Perguntou Elizabeth, cobrindo a boca com a mão envergonhada. Andrew tinha sido indiscreto demais.

– Não, eu só gosto dos seus dentes. – Ele respondeu sinceramente. A diretora o olhou desconfiado. Não dava para saber se era porque não acreditava no que o inglês havia dito ou se era por razão do flerte descarado. Ou talvez porque a resposta tivesse sido estranha. Novamente, muitas possibilidades!

– Eu odeio os meus dentes, mas eu odeio ainda mais a ideia de ir para um dentista, então prefiro ficar sem consertar e deixar eles como estão.

– Nunca faça isso! Seria um pecado se você fizesse.

Elizabeth semicerrou os olhos, olhando o professor, mais uma vez, de maneira desconfiada.

– Não consigo dizer se você está debochando ou se...

– Jamais! – Andrew a interrompeu. – Eu realmente gosto dos seus dentes. Te deixam mais jovial e realmente são muito bonitos. São diferentes. – A diretora parecia... desconfortável ou nervosa. Talvez fosse por causa do assunto ou porque... Vocês entenderam. Muitas possibilidades! – O que eu quero dizer é que você tem um sorriso muito bonito. Não só o sorriso, outras coisas também. Você é muito bonita.

O silêncio de Elizabeth, seus olhos arregalados e os lábios entreabertos significaram para o inglês apenas uma coisa.

Sim, o amigo teve uma breve quase-história com Elizabeth, mas aquilo já tinha passado. Além do mais, Bradley era fissurado na ex-mulher. Ele certamente não ficaria chateado. Ele nem tinha o direito de ficar chateado.

Andrew se aproximou dos lábios da portuguesa, os olhos cravados em sua boca, a mão quase em seu rosto e em sua cintura, as respirações próximas, os narizes já se encostando, um leve e macio toque, sua língua já ansiosa para saltar de sua boca para a dela, quando os dois foram interrompidos pelas batidas na porta. Tudo muito rápido. Os dois se afastaram rapidamente, ela olhando para a porta assustada, ele olhando para ela. Ninguém entrou. Eles estavam no colégio, ela era a diretora, a pessoa estava esperando um aval. Rapidamente se dando conta disso, Elizabeth disse:

– Entra!

A voz um pouco mais rouca do que o de costume, constatou Andrew. Ele sorriu.

A mãe de Daniela entrou. O inglês poderia matá-la, mas manteve um sorriso amigável no rosto.

– Elizabeth, licença, é que estamos precisando comprar alguns ingredientes no supermercado se formos fazer o fricassé amanhã.

– Ah, sim, claro! Quais são os ingredientes que estão faltando? Vocês fizeram uma lista com as quantidades?

Recomposta e dissimulada.

– Sim, já fizemos. Só estamos na dúvida de alguns detalhes, se é melhor creme de leite em caixa ou creme de leite fresco, frango fresco ou de bandeja...

“F**k you!”

– Eu vou deixar vocês duas resolverem essas coisas. – Disse Andrew. Elizabeth assentiu quase que imperceptivelmente. – Bárbara – O inglês moveu a cabeça olhando para a mãe de Daniela. – Lizzie. – Ele então olhou diretamente para a diretora, com um sorrisinho safado. – Nos vemos depois. – E saiu.

Elizabeth olhou a cena atônita. Ela nunca poderia imaginar que o começo dos eventos levaria àquilo.

– Quem é Bárbara? – Perguntou a mãe de Daniela sem entender. – Sou eu?

Elizabeth deixou escapar um princípio de risada, mas tapou a sua boca antes que todo aquele riso e todos os seus dentes ficassem de fora.

quinta-feira, 26 de outubro de 2023

Prova de física

Kimberley terminou de corrigir os exercícios de física que tinha passado para a Geordie fazer para treinar para a prova.

"Parabéns, Cheryl! Acertou tudo!" Kimberley parabenizou a amiga, colocando o caderno em cima da mesa.

"A gente pode fazer uma pausa agora? I'm f***in exhausted!" Cheryl falou mal-humorada, fechando a tampa da caneta, indiferente ao fato de ter feito todos os exercícios corretamente. Ela só queria tirar a cabeça da física por algumas horas, antes da amiga obrigá-la a voltar aos estudos.

"Tá tão ruim assim?" Apesar de achar a Cheryl raivosa, sexy, e de certa forma, adorável, a loira tinha medo dela não tá feliz em sua companhia, e essa ideia, deixou-a angustiada. 

"Não. Eu que tô agindo como uma verdadeira twat." A inglesa falou sem graça ao ver a cara tensa da outra menina. 

"Tudo bem. Você acertou todos os exercícios da lista e merece um descanso." A loira sorriu amigavelmente. 

"Obrigada por put up with us. Eu sou muito grata pelo que você tá fazendo por mim." 

O coração da loira bateu mais forte ao sentir o corpo quente da Geordie encostando no seu, e os lábios macios da menina pressionando seu rosto. 

Cheryl cheirava a halls de cereja. A inglesa disse que a bala estava ajudando a enganar o cérebro a não pensar em maconha, o que não fazia sentido nenhum para a loira. Mas se a tal da halls de cereja estava ajudando a amiga não fumar maconha, não seria a Kimberley que iria contestar sua eficácia. 

"A gente pode assistir a um filme na nossa pausa dos estudos?" Cheryl encostou o queixo no ombro da amiga. 

"Podemos." Kimberley passou a mão pelas madeixas da morena. 

"Eu escolho o filme!" A inglesa falou animada e pegou o controle da tv. 

"Não se anima tanto não, porque depois do filme a gente vai maratonar física até a hora de dormir." Kimberley avisou, enquanto a Geordie se jogava no sofá com o controle remoto na mão. 

"Pelas próximas duas horas, as palavras física e estudo estão estritamente proibidas." A britânica falou enquanto analisava o catálogo de filmes. 

"Tá bem, tá bem." Kimberley levantou as mãos, em rendição. "Vem, levanta pra eu sentar." A loira puxou a Geordie pelos braços para abrir lugar para sentar, levantando-a com extrema facilidade, já que a inglesa era bem levinha, a ponto de parecer frágil. 

"Kimba, vamos assistir a origem?" A modelo perguntou, acomodando a cabeça no colo da amiga. 

"Esse filme tem duas horas e meia, Cheryl."

"E?"

"E eu sei o que você tá fazendo." Kimberley apertou o rosto da modelo. 

"É só meia hora a mais. Não vai fazer diferença." Cheryl argumentou, virando para cima, para olhar para a amiga. 

Kimberley olhou para seus olhos escuros e profundos, que constrastavam perfeitamente com o tom da sua pele. 

A loira acariciou a cabeça da menina, e Cheryl fechou os olhos, ao seu toque. "Hmmm." A morena murmurou, em satisfação. 

Kimberley se sentiu encorajada a continuar seus movimentos. Uma mão continuou no cabelo da menina, e a outra contornou os delicados traços de seu gracioso rosto.

A pele da menina era suave e macia sob seu toque, e emanava descargas elétricas por todo o corpo da loira. 

Cheryl continuou de olhos fechados, abrindo um sorriso quando a amiga começou a cutucar sua bochecha direita, em busca das suas covinhas.

Aquele sorriso fez o coração da loira pular. 

"Você não poderia ser mais perfeita." Kimberley contemplou, em pleno fascínio, a beleza da menina. 

"Você ama me deixar sem graça." Cheryl tapou o rosto com as duas mãos. 

"Desculpa. Não foi minha intenção." Kimberley abaixou e beijou as duas mãos da menina que estavam em cima do rosto. 

"Ano que vem, vou pedir pra você fazer minha campanha, pra ver se eu ganho da Margot." Cheryl brincou e removeu as mãos do rosto. 

"A beleza dela é mais convencional. A sua não, a sua é única. Não tem ninguém como você. E é tudo numa proporção tão certinha, que parece que cada partezinha sua foi cuidadosamente pensada, planejada, e então, moldada."

"Você realmente acha isso?" A Geordie perguntou com os olhos brilhando. 

"Sim, eu realmente acho." Kimberley sorriu. 

Cheryl tocou o rosto da amiga e alisou sua bochecha. "Eu também te acho maravilhosa. E o fato de você não perceber isso, de alguma forma, te deixa ainda mais bonita."

"Obrigada." As bochechas da loira coraram. Ela não costumava ser elogiada, e ouvir aquelas palavras, da sua pessoa favorita, significava muito. Kimberley pegou a mão da menina que estava no seu rosto, e deu um beijo. "Então, vamos ver o filme?" 

"Sim!" A inglesa falou animada e Kimberley gargalhou. 

Em poucos minutos de a origem, Kimberley sentiu a inglesa dormindo no seu colo. Ela continuou alisando contentemente seu braço, sentindo o ar quente da respiração da Geordie na sua coxa, e tentando aproveitar ao máximo aquele momento. 

Quando o filme acabou, Kimberley não teve coragem de acordá-la, pois sabia que a menina estava enfrentando problemas para dormir à noite.

De repente, ela sentiu a menina se espreguiçando no seu colo, com um sorriso no rosto, fitando-a com aquele lindo par de olhos castanhos. 

"E aí, o que eu perdi?"