domingo, 19 de maio de 2019

Mais um baby?


Viemos trazer uma notícia que acabou de sair do forninho. Jessica está esperando um filho com o auxílio de uma barriga de aluguel. Ela fez o processo em segredo com a ajuda de um amigo que ofereceu para ser o doador. Não sabemos o quanto que a barriga de aluguel recebeu para carregar o tão esperado baby da ruiva, porém sabemos que ela está com seis semanas. Abaixo temos a reação do Júlio quando ficou sabendo da notícia.
"Você realmente não vê nenhum futuro comigo?" Júlio perguntou sério.
"Como assim?" Jessica perguntou confusa.
"Porque se você visse, você ia ter me cogitado como o doador. Isso sequer chegou a passar pela sua cabeça, né?" Ele falou ressentido.
"Na verdade, sim. Mas eu não achei justo colocar isso nos seus ombros. Esse é um problema meu. Uma deficiência minha. Eu nem sei se vai dar certo... E eu não acho que você queira mais filhos. E  mesmo se você quisesse, a gente poderia não dar certo como casal e você se arrependesse." Jessica se explicou.
"Aí você aceita os espermas de um homem gay pra ser o pai do seu filho? Você sabe como esses gays são, eles são expansivos. Eles vão querer decidir tudo sobre a criança." Júlio argumentou.
"Honestamente, existindo uma criança eu não ligo. Eu só quero que dê certo. Se depois eu e o Ricco vivermos em pé de guerra por causa da criação, pra mim ta ótimo. Eu só quero que dê certo." A voz da Jessica falhou mas ela tentou manter a compostura.
"Ai, Jess." Ele pegou a ruiva nos braços que começou a chorar. "Vai dar certo." Ele disse firme.

sexta-feira, 17 de maio de 2019

You've been cheating on me and I've been cheating on you


- Eu já te trai, sabia?
Chris, que estava de costas para Samantha pegando uma camiseta no armário, virou surpreso para ela e a viu ajoelhada na cama, segurando a coberta com força. Seu coração batia forte com a revelação, porque ele não imaginava onde isso tudo os levaria.
- Por quê? - Perguntou o professor com a voz grave, depois de um tempo.
- Eu não gostava de você. - Ela disse olhando para baixo.
- E por que quis se casar então? - Ele indagou calmo.
- Porque eu não queria ser mãe solteira.
Chris estava com muita raiva, mas procurou se conter, pois, apesar de tudo, Samantha ainda estava doente. Ele sabia que não era nenhum santo, já que traíra a esposa duas vezes. A diferença é que ele zelava pela casa, por ela e pelos seus filhos e enteados. Ela, ao contrário, só se preocupava com os negócios. 
- Por que você decidiu me contar isso agora?
- Porque eu te amo! - Ela respondeu calmamente.
Outro baque! Essa, definitivamente, não era a resposta que ele estava esperando. Seu coração começou a bater mais rápido novamente. "Putz!", pensou.
- Talvez você esteja confundindo amor com gratidão. - Ponderou Chris.
- Eu sei o que é amor, Chris. Por incrível que possa parecer, eu já amei.


Outro silêncio. Dessa vez, Sam decidiu quebrá-lo.
- Eu entendo que você não sinta o mesmo. De verdade! Eu sei que não sou fácil.
Depois de poucos segundos, reflexivo com tudo o que havia escutado, o professor, enfim, revelou:
- Eu... Eu também já te traí, Samantha. 
Ela abaixou os olhos decepcionada, mas depois olhou para ele e disse calma:
- Eu já imaginava... 
Os dois ficaram quietos de novo, até que ela perguntou:
- Posso saber com quem?
- Foi com uma mãe da aula de natação. 
- Hmmm... Só ela?
- Só!
Se Chris estava convicto de uma coisa, é que ele não contaria sobre a outra.
- Entendo...
- Eu estava me sentindo sozinho.
- Eu sei. Me desculpa!
Chris nunca tinha visto Samantha daquele jeito. Tão impotente, tão vulnerável. Aquilo era muito estranho.
- Você então não gostava de mim, porque gostava de outro?
- Não. Eu não gostava de você, porque eu sabia que você não gostava de mim e isso me deixava irritada. Visivelmente, você se casou obrigado. - Expôs Sam, de maneira não acusatória.
- Então agora a culpa é minha? - Chris se alterou um pouco.
- Não, eu não disse isso. A culpa é minha! Eu te obriguei a se casar comigo.
- E você não tem como saber dos meus sentimentos. Saber que eu nunca gostei de você. Eu nunca disse isso! - Chris cuspiu as palavras, como se estivesse tentando justificar a si mesmo, ignorando o que Samantha havia acabado de dizer.
- Uma mulher sente essas coisas...
- As pessoas se enganam, sabia?
- Eu não!
- Como você tem tanta certeza disso?
- Eu tenho certeza do mesmo jeito que eu tenho certeza que até hoje você não gosta de mim.
- Ah é? E como você sabe disso?
- Você nem me perguntou com quem eu te traí, enquanto o meu primeiro instinto foi perguntar a mulher com quem você dormiu. A gente só sente ciúmes de quem gosta, Christopher.
Chris ficou um pouco envergonhado. Realmente, ele não estava nem aí para quem tinha sido a pessoa. Ele não sentia ciúmes de Sam com outro homem, só se sentia desrespeitado.
- Com quem foi?
- Com o pai das crianças.
Calvin. Essa revelação deveria causar algo nele, mas não causou nada.
- Enquanto a mulher dele estava grávida?
- Sim!
- Puxa... Coitada!
- Bem, os dois também me colocaram chifres. Aliás, ele me trocou para ficar com ela. - Ela se justificou zangada.
- Não devemos pagar o outro com a mesma moeda.
- Eu não sou moralista!
- É, nem eu, para falar a verdade. - Refletiu Chris.
Silêncio. Sam, então, medindo as palavras, perguntou:
- Você vai sair de casa?
Chris pensou. Aquela era uma boa oportunidade para terminar tudo. Ele não gostava de Samantha e sentia falta de sua liberdade. Ainda assim, aquilo não parecia ser certo. Aquela casa precisava dele. Aquela família precisava dele. Aquela família agora era a sua família.
- Não! - Respondeu ele finalmente.
- Ah! - Samantha pareceu respirar. Esboçou um pequeno sorriso, que ela logo fez questão de fazer desaparecer. Ela estava demonstrando mais emoções do que gostaria. 
- Bem - disse Chris colocando a camisa - parece que resolvemos esse problema. - Ele, então, se ajeitou na cama, querendo terminar aquele assunto.
- Parece que sim!
- Vai querer massagem hoje? - Perguntou o professor, se fazendo de sonso, como se nada tivesse acontecido.
- Não. - Ela também se deitou, se ajeitando na cama.
- Ok, então. Boa noite, Samantha!
- Boa noite, Christopher.
Cada um virou a cabeça para um lado. Apesar do peso que havia saído das costas de Sam, ela se sentia muito triste. Chris ficou pensativo. Ele também estava incomodado. Parecia que por mais que tudo estivesse "resolvido", na verdade, eles só jogaram mais poeira para debaixo do tapete. A revelação de Samantha também o incomodara demais. Ela o amava e a verdade é que no momento que ela falou aquilo, ele sabia que não era mentira. Ele virou o corpo, então, na direção dela, a viu encolhida na cama e se perguntou se ela ainda estava acordada. Seu coração pesava e ele sabia que era por causa da culpa que ele sentia por não amá-la e por tê-la traído. Começou a pensar no que ele gostava em Samantha e percebeu que tinha dificuldade de listar. Ele gostava da casa em que morava e, por incrível que pareça, já estava acostumado com a família que ela lhe dera. Ele também gostava de quando ela zelava por Enzo, quando achava que não estava sendo observada. Já a viu cantando a música da tartaruga para ele. Eram momentos muito raros, mas que o deixavam feliz. Com Joanne, ela era um pouco mais fria, porém lembrou de quando ela comprou o DVD do Elton John para a menina, o que deixou a garota doida de felicidade. Ela até assistiu o show junto com a filha e cantarolou algumas canções. Aquilo tinha sido legal, mas, ainda assim, continuavam sendo momentos raros. 
Chris também gostava quando ela o chamava de Christopher. Aquilo demonstrava intimidade. Só pessoas muito próximas a ele se sentiam confortáveis para o chamar assim, o que era quase ninguém. Ser chamado de Christopher lembrava certas situações de sua vida. A escola, a mãe dando bronca, a avó o pegando no flagra fazendo coisa errada... É, era legal, mas fora essas coisas, ele não se lembrava mais de nenhuma. 
Instintivamente, ele se aproximou de Sam e disse perto de seu ouvido:
- Desculpa!
Ele devia isso a ela. Ele também havia errado. Seu coração ficou mais leve, depois de dizer essas palavras. Ela continuou virada de costas. Devia estar dormindo. Ele, então, colocou um dos braços em cima dela e apertando-a frouxamente, fechou os olhos.