sexta-feira, 31 de março de 2023

Especial: O que esperar quando você está esperando - Capítulo VI: Feliz aniversário, dinda!

Desde pequena, Jessica nunca fora muito fã do seu aniversário. Ele só era um lembrete dos poucos amigos que tinha e que sua família era pequena e retraída. Para sua mãe, seu aniversário era um dia como outro qualquer, ela costumava dar um presente que a menina nunca gostava e dizia parabéns de forma fria. Seu pai, era quase a mesma coisa, mas pelo menos ele dava um abraço, além do simples parabéns. Emily era a melhor. Ela fazia um dia todo só de brincadeiras com Jessica, mesmo já sendo uma adolescente, e dava toda a sua atenção à irmã mais nova. Com sua partida, seu aniversário se tornou ainda mais solitário e um lembrete de que a única pessoa que a amava não estava mais ali.

Jessica só foi gostar um pouco mais do aniversário com alguns anos namorando o Bradley. Ele tentava surpreendê-la com flores e fazia o dia inteiro sobre ela, assim como sua irmã costumava.

Após a entrega de Emma, seu aniversário perdeu novamente o significado e nunca mais ela se alegrou com a data.

Aquela manhã era diferente. Ser acordada com as crianças pulando na cama e seu marido dando um beijo de feliz aniversário com a caçula nos braços, fez com que a ruiva pensasse que estava numa espécie de sonho encantado. Ela amava a família que construíra com Andrew, e se há alguns anos, alguém dissesse que aquele seria seu futuro, ela riria na cara da pessoa.

A única coisa impedindo daquela manhã ser perfeita, era a ausência de sua primogênita. Entretanto, mais tarde ela viria almoçar e passar o resto do dia, o que encheu a ruiva de expectativa.

A família tomou café e depois Jessica se despediu de parte dela para irem à escola, enquanto ela ficou em casa com os gêmeos e Sadie June.

Jessica sentou com os meninos na mesinha do quarto deles e ficou entretendo eles com massinha. Levi e Theo estavam numa fase de competição constante entre os dois e a advogada sempre tinha que intermediar as brigas. Aquela manhã não foi diferente. 

Mais tarde Sadie chorou de fome e Jessica levou os meninos para sala para assistirem desenho e ficou no sofá com eles, amamentando a caçula. 

Levi, de vez em quando, olhava para a mãe para saber se estava se divertindo com o desenho, porém sentiu seu olhar meio vazio. Levi cutucou Theo e o chamou para o quarto. 

"Vamos fazer xixi." Levi avisou. 

"Os dois?" Jessica perguntou vendo os dois se levantarem. 

"É coisa de gêmeos." Levi deu um sorriso amarelo e correu para o quarto com o irmão. 

"Que foi? Eu quero saber o que vai acontecer com a espada de fogo!" Theo reclamou. 

"Eu também tô curioso com o que vai acontecer com a espada, mas hoje é o aniversário da nossa mãe! Ela tem que tá sorrindo o dia inteiro, mas a gente tá entediando ela, cara!" 

"E o que você quer fazer?" Theo perguntou. 

"Vamos fazer uma super apresentação de aniversário pra ela!" Levi falou animado com a própria ideia. 

"Mas o que a gente vai apresentar?"

"Deixa eu ver o que temos aqui." Levi abriu o baú de brinquedo e começou a revirar tudo. "Aqui!" Ele levantou o ukulele. 

"A gente vai tocar?" Theo perguntou se animando com a ideia do Levi. 

"Não, meu irmão. Eu vou tocar e você vai dançar."

"Mas eu prefiro tocar!" Theo falou irritado. 

"Só que eu toco melhor." Levi retrucou. 

"Quem disse?" Theo cruzou os braços. 

"A Zendaya. Agora deixa eu achar a saia de hula hula da Mel."

"Eu não vou usar saia!" Theo bateu o pé no chão. 

"Calma, irmão. Vai ficar em cima da calça. Você não vai parecer uma menina."

"Vou sim!"

"Não vai não. É saia de palha. Os homens usam no Havaí." Levi explicou. 

"Eu nem sei o que é esse tal de Havaí."

"É um lugar que tem praia. Acho que fica perto do posto 6. Agora posso pegar a saia?" 

"Pode." Theo concordou a contragosto. 

Levi pegou a saia de palha no quarto da Mel e levou para Theo. 

"Toma. Coloca por cima da calça."

"Assim?" Theo perguntou depois de colocar a saia. 

"Isso. Agora vamos ensaiar."

Levi e Theo passaram 5 minutos ensaiando a apresentação e depois foram pra sala. 

"Mãe, eu e o Theo queremos mostrar uma coisa pra você." Levi desligou a tv. 

"O que vocês fizeram?" A ruiva começou a olhar a sua volta para ver o que tinha quebrado. 

"Theo!" Levi chamou o irmão para se juntar a ele em frente à tv. "Essa é pra você!" Levi começou a tocar notas sem sentido no ukulele e Theo começou a dançar. 

"Hula hula, hula hula, cortesia, cortesia, hula hula, hula hula, gira, gira, hula hula, hula hula, pliê pliê, hula hula, hula hula, gira gira,..." Levi ficou narrando os passos que Theo teria que fazer enquanto continuava a tocar aleatoriamente. 

No final, Theo abriu os braços e fez um sorriso forçado e Levi posou do lado dele com outro sorriso arreganhado. 

"Feliz aniversário, mamãe!" Os dois falaram juntos. 

Jessica que estava quase engasgando de rir, começou a aplaudir com cuidado pra não assustar a caçula nos braços. 

"Venham cá, meus meninos lindos."

Os dois correram para os braços da mãe e a ruiva beijou cada um. 

"Vocês são os melhores meninos do mundo, sabia?" Ela deu outro beijo nos dois. 

Mais tarde, Andrew voltou para casa com os filhos e com a Emma. 

"Feliz aniversário, dinda!" Emma desejou ao ver a madrinha e entregou o presente. 

"Não precisava, meu amor." Jessica deu um abraço apertado na menina.

"Aposto que nossa mãe vai gostar mais do presente dela do que da nossa dancinha." Theo reclamou com Levi. 

"O nome disso é showbiz, meu irmão." Levi apoiou o braço no ombro de Theo. 

"Uau. Você deve ter gastado uma nota." Jessica exclamou quando abriu o presente. Um terno na cor off white da Dolce&Gabbana, no valor de 27 mil reais. "Nossa, muito muito lindo! Eu amei. Obrigada, filha."

"Achei bem a sua cara." Emma falou. 

"Muito! Vem cá e me dá outro abraço." Jessica puxou a menina de volta. "Eu tô sentindo tanto a sua falta. Você quase não me visita mais. Eu fiz alguma coisa que te deixou chateada?" Jessica se afastou para olhar nos olhos da menina, e colocou uma mecha solta do seu cabelo atrás da orelha. 

"Não." Emma se afastou e sentou na ponta mais afastada do sofá. 

Jessica olhou triste a afilhada se distanciar. 

"Tem alguma coisa diferente em você." Levi falou para Emma, segurando uma lupa parecida com a do Sherlock. 

"Sai daqui, Levi. Ninguém te perguntou nada." Emma empurrou o garoto para trás pelo ombro. 

"Você tá escondendo alguma coisa." Levi continuou provocando e aproximou a lupa do seu rosto. 

"Cara, você é muito chato. É por isso que todo mundo prefere o Theo."

"Sério?" Theo levantou do chão animado. 

"Sim, Theo. Você é muito mais legal que o Levi."

"Ebaaa." Theo começou a correr pela casa em círculos. 

"Tô de olho em você ." Levi aproximou mais uma vez a lupa na menina e depois se afastou. 

"Tô de olho em você." Emma remedou o irmão. 

Em seguida, Mel parou na frente da Emma com a mamadeira na boca. "xaudadi" Mel balbuciou. 

"Você me vê todo dia na escola."

"Mái num ti veiju em caja."

"Pois é." Emma tirou o celular do bolso do short e começou a mexer. 

Mel não saiu da sua frente e Emma respirou fundo, tentando ignorar a presença da irmã mais nova. 

"Trouxe a Sadie pra cá porque você quase não vê sua irmãzinha." Jessica balançou a filha no colo. "Diz oi pra Emminha, filha. Diz oi."

"Eia num sabe faiar, mãe." Mel avisou. 

"Eu sei, Melzinha. Mas a gente tem que incentivar pra depois ela tá falando igual a você e aos seus irmãos." Jessica estendeu a bebê na direção da primogênita. "Segura a Sadie um pouquinho."

Emma arregalou os olhos. "Eu lembrei que fiquei de ligar pro meu dindo pra dizer que eu cheguei bem. Já volto." Emma levantou e saiu rapidamente do cômodo. 

Jessica suspirou frustrada com o comportamento da filha. 

"Acho que a Emma tá com raiva de mim." Jessica falou para o marido. 

"Claro que não. Ela tava reclamando no carro da prova de matemática. Deve ser isso." Andrew respondeu com naturalidade. 

"Mas ela quase não vem mais pra cá. E quando vem fica distante. Eu conheço a Emma. Aconteceu alguma coisa."

"Você acabou de descrever todas as adolescentes do mundo. Relaxa. Hoje é seu aniversário. É dia de comemorar e não de ficar se preocupando com coisas bobas."

"Tem razão." Jessica concordou, ainda pensativa. 

"Sim, eu tenho." Andrew deu um selinho na esposa. "Agora mudando de assunto. Nossa filha não tá igual a Annie?" Andrew passou a mão no cabelo laranja vivo da filha, e a bebê sorriu para ele. 

"Um pouco." Jessica riu. 

"Um pouco? Ela tá quase o clone dela." Andrew pegou a travessa de salada do balcão da cozinha para começar a colocar a mesa do almoço. 

"Ei, sabe o que os meninos fizeram hoje?" Jessica riu ao lembrar e começou a contar a manhã dela para o marido, enquanto o ajudava a preparar a mesa. 

quarta-feira, 29 de março de 2023

Especial: O que esperar quando você está esperando - Capítulo V: Devaneios

Desde que se entendia por gente, Emma foi instruída pela igreja acerca dos pecados, os perigos do pecado e os frutos do pecado. 

Dentre os frutos do pecado, estavam os filhos bastardos, aqueles concebidos fora do casamento. De acordo com a doutrina da sua igreja, esses frutos, já nasciam marcados pela besta, pela natureza de sua concepção. Inevitavelmente, suas tendências seriam sempre inclinadas para o maligno. Essas crianças poderiam sim alcançar a salvação, mas teriam que se empenhar dez vezes mais que as crianças normais para derrotar suas verdadeiras essências.

Emma sempre achou que tudo isso não passava de um folclore cristão, mas era inegável o quanto ela se sentia diferente dos demais. Se alguém dissesse que certa coisa era errada, aí é que ela teria que fazer. Emma tinha uma atração mordaz pelo sombrio e pelo errado. Seus pais notaram isso na menina e tentaram se fazer de cegos, ignorando seu comportamento diversas vezes, até atingirem suas cotas.

Quando descobriu que era fruto do pecado, tudo pareceu fazer sentido e o folclore não pareceu tão fantasioso quanto antes. 

Jonathan era bonito e charmoso, mas o que realmente a atraíu, foi o fato que ele tinha idade para ser o seu pai e que já tinha sido amante da sua mãe biológica. Agora, ela carregava o fruto da sua maior traição no ventre.

No dia seguinte, Emma teria que ir para casa da sua mãe biológica para comemorar seu aniversário. Jessica, sem dúvidas, era a mulher que ela mais amava no mundo, e olhá-la nos olhos e fingir que nada estava acontecendo era um ato quase impossível de performar. Além disso, Emma tinha adquirido uma nova admiração, tanto por Bradley, quanto por Jessica, por tudo o que eles passaram para tê-la. Agora que estava numa situação similar, ela percebeu o quanto que eles provavelmente lutaram para dar a ela o simples direito de viver.

Retomando aos erros que Emma insistia em cometer. Esse último, como os outros, ela sabia que não deveria, mas acabou fazendo mesmo assim. 

Gosling apertou o corpo nu da menina contra si e sentiu a tensão de seus músculos.

"Tá arrependida?" Ryan fitou a menina de forma cautelosa.

Emma assentiu.

"Me fala o que tá na sua cabeça."

A menina não respondeu.

"Você acha que tá traindo o Channing?"

"Não. Só acho que... eu sei que o bebê não sente nada e não sabe nada do que tá acontecendo. Na verdade, eu vejo ele mais como um conceito do que como uma pessoa. Tipo, eu sei que ele existe e em oito meses eu vou ter um bebê, mas agora ele parece mais uma ideia ou uma previsão. Talvez porque eu ainda não vi ele. Mas, mesmo enxergando ele assim, eu não consigo deixar de achar que ele fica triste por eu tá tendo relações com alguém que não é o pai dele." Emma explicou, odiando a sensação de falar seus sentimentos em voz alta. "Eu sei, eu sou maluca."

"Não acho." Gosling falou sério. "Eu te entendo completamente."

"É?"

"Claro que sim. Mas Em, isso é coisa da sua cabeça. O bebê não liga com quem você tá tendo relações sexuais. Pelo menos não ainda. E além do mais, tenho certeza que ele vai querer a sua felicidade acima de tudo."

"Tem razão." Emma concordou.

"Tem mais alguma coisa te incomodando? Aproveita que hoje eu tô me sentindo inspirado." Ryan brincou.

Emma passou os dedos pelo antebraço do menino. "Eu queria muito que você tivesse me escolhido." Uma lágrima saiu do canto do olho da menina e ela secou rapidamente.

Ryan arregalou os olhos surpreso.

"Em..."

"Eu sei, você preferia a Ariana...  É que parte de mim acredita que se você tivesse me escolhido, ou melhor, se você tivesse ficado comigo quando eu terminei com o Guilherme pra ficar livre pra você, as coisas teriam sido diferentes e eu não estaria grávida agora."

"Você acha isso? A gente não era muito cuidadoso, então provavelmente a gente já teria três filhos e agora você estaria esperando o nosso quarto."

Emma espremeu os olhos, em reprovação.

Ryan riu. "Tudo bem, vou falar sério. De verdade, verdade mesmo, quando você terminou com o Guilherme eu nunca cogitei que foi porque você queria namorar comigo. Você sempre disse pra todo mundo que não queria nada sério e eu acreditei. Eu só fui saber depois de anos que você tava esperando um movimento da minha parte e eu me senti um lerdão."

"Eu só disse que não queria nada com você porque não queria parecer a idiota que queria algo sério enquanto você não."

"Então, depois que eu fui chegar nessa conclusão. Na hora eu realmente acreditei que você não queria nada comigo."

"Uau." Emma exclamou. 

"É." Gosling riu. "A gente é tão burro quando é jovem."

"Verdade."

Ryan tocou o rosto da menina e Emma inclinou ao seu toque. 

"Quanto a Ari, eu não vou mentir, eu gostava muito dela, mas nunca gostei mais dela do que de você." 

"Então por que você escolheu ela?" 

"Naquela aula do Carlisle eu me senti tão pressionado a escolher de uma hora pra outra uma das duas, que eu fui em quem eu achava que era a mais certa pra mim naquele momento. Não posso te dizer que me arrependo da decisão. Foi um namoro muito bom e eu fui muito feliz. Mas uma grande parte de mim ficou em pedaços por ter te perdido."

"Você ficou em pedaços porque queria as duas."

"Eu admito, nessa época, eu não queria ficar exclusivo. Só que você fala como se você tivesse ficado só comigo e não é verdade."

"Mas se eu tivesse que escolher, eu teria te escolhido sem nem pensar duas vezes. Mas agora deixa. O que passou, passou e é isso."

Emma se levantou e começou a se vestir. 

"Não vai embora, por favor." Ryan tentou segurar sua mão. "O que você quer que eu diga?" 

"Eu não quero que você diga nada."

"Você tá me punindo por uma coisa que aconteceu há anos."

"Eu não tô te punindo. Eu só tô lidando com muita coisa agora e não quero adicionar você a esse estresse."

"Mas eu não tenho que ser um estresse. Você fala de mim, mas você também tá se acovardando."

"Fala sério, Ryan."

"Eu tô dizendo pra você que eu quero um relacionamento sério e você se apega a primeira coisa do passado pra fugir. E sabe por quê? Porque você tem medo, assim como um dia eu já tive. Não somos tão diferentes assim."

"Você quer se comparar comigo? Eu vou ter um filho. É claro que eu tô com medo. Morrendo de medo, aliás. Eu não tô pronta pra ser mãe." Emma sentou na cama e começou a chorar. 

"Ei." Ryan se aproximou da menina e a puxou para si. "Vai todo mundo te ajudar. Você não vai passar por isso sozinha. Vai dar tudo certo. Eu prometo." Ele beijou sua cabeça.

"Eu não vou aguentar." Emma falou entre o choro. 

"Claro que vai. Eu já disse que você é forte."

"Não sou forte."

"É sim. Muito muito forte." Ryan apertou a menina com mais força. 

"Meus pais não vão mais falar comigo e minha dinda vai se matar de desgosto."

"Nenhuma dessas coisas vai acontecer. Seus pais vão acabar te perdoando, e sua dinda, nossa, se ela não se matou depois do divórcio com o Bradley, não vai ser agora que ela vai se matar. Sério, o que é pior do que perder o Bradley como marido? Hein?" Ryan chacoalhou a menina de leve e arrancou uma risada dela. "Eu não tenho razão? Eu odiaria ter que me divorciar do Bradley."

"Obrigada. " Emma sorriu e relaxou seu corpo no de Gosling.

Ryan abraçou a menina com força e descansou o queixo na sua cabeça, não preparado para vê-la partir.

sexta-feira, 17 de março de 2023

Especial: O que esperar quando você está esperando - Capítulo IV: A concessão

Jonathan deu um jeito na casa para receber Emma, que viria passar a tarde com ele. Bradley tinha liberado a menina de ir para sua casa duas vezes por semana. Era para o inspetor se sentir grato, mas ele estava odiando se sentir a mercê dos familiares da Emma, e diga-se passagem, ele odiava todos eles, menos a Elizabeth. A Elizabeth parecia bacana. 

O orgulho de um homem é muito atrelado à capacidade de prover pela sua família. Jonathan queria ter condições de sustentar Emma e seu filho, mas mesmo que conseguisse, sempre seria porque alguém da família dela o ajudou, e isso o frustrava. Sem contar as aulas de inglês humilhantes que tinha que ter com o Andrew várias vezes na semana.

O inspetor tinha encontrado outro grupo de apoio para que pudesse descarregar suas frustrações sem que Jessica ficasse sabendo de tudo o que acontecia em sua vida. Ele comentou no grupo que estava feliz como não era há anos e que seu filho lhe dera um novo senso de propósito, tornando a renúncia à bebida mais fácil. Mas que ao mesmo tempo, a família da mãe do seu filho, o viam como um inseto e que isso acabava com a sua autoestima e o fazia querer beber. No final do encontro, ele recebeu muitos cumprimentos de que daria tudo certo.

O inspetor colocou comida para o Padre-Peixe e aguardou a menina chegar.

Emma tocou a campainha e Jonathan a cumprimentou com um beijo.

"Como você tá?" Jonathan perguntou, sentando com a menina no sofá.

"Bem. Acho que o meu dindo descobrir acabou sendo pra melhor."

"Não sei se foi não. Achei um absurdo ele limitar suas vindas aqui pra duas vezes na semana. Eu sou o pai do seu filho e não posso nem cuidar de vocês."

"Dá um tempo pra ele. Na verdade, meu dindo tem sido bem legal e compreensivo. Ele tem me ouvido e levado as minhas vontades em consideração. Em outros tempos, ele não me deixaria vir aqui nenhum dia da semana."

"Santo Bradley." Jonathan debochou. Ele estava cansado de ver todo mundo glorificar Bradley. Anos atrás, Jessica o fazia parecer como se fosse uma espécie de imaculado. Ver Emma se referindo a ele da mesma forma trazia velhas feridas de volta. Ele nunca seria bom o suficiente perto do Bradley.

"O que você quer dizer com isso?"

"Esquece."

"Você parece que tá com ódio gratuito pelo meu dindo."

"É que enquanto você morar com ele, a gente vai sempre ter que dançar conforme a música da sua família. E depois que o bebê nascer? Ele vai acabar criando o nosso filho como dele, e o pior de tudo, você vai deixar."

"Eu tô lutando pra que isso não aconteça, mas não ajuda muito que seu emprego depende da minha família."

"Eu sei. Eu sou um fracassado. Não posso oferecer nada pra vocês."

"Eu não disse isso." Emma tocou o rosto do inspetor. 

"Tudo bem. Eu que tô com baixa autoestima." Jonathan acariciou a barriga da menina. "Eu tava com saudades de vocês."

"Você me vê na escola todos os dias." Emma riu. 

"Não é o suficiente. Nunca é o suficiente." Jonathan beijou a menina. 

"Lembra do que você me prometeu da última vez que eu vim aqui?" Emma disse quando o beijo chegou ao fim. 

"Pra não engordar o Padre-Peixe?"

"Também, mas não é isso. Você disse que ia me ensinar a tocar violão."

"Hoje?" Jonathan deitou no sofá, se fazendo de cansado.

"Sim!" Emma chacoalhou o braço do inspetor.

"Tá bom, pessoa insistente. Vou pegar o violão." Ele se levantou, foi pegar o violão e entregou para a menina.

"Tô pronta." Emma começou a tocar uns acordes aleatórios.

"Essa primeira aula vai ser de como segurar um violão porque claramente você não sabe."

"Como se segura então?"

"Eu já vou te falar. Essa é a aula." Jonathan riu.

"Mas eu vou aprender outras coisas hoje, né? Porque o bebê tá crescendo rápido e não dá pra perder um dia de aula só com essa besteira." Emma reclamou.

Jonathan riu. "Te amo." O inspetor se inclinou e deu um selinho na menina. "Agora vamos pra aula. Primeira lição: Postura!"

Jonathan ficou um pouco mais de uma hora ensinando a Emma a segurar o violão de forma correta e explicando os princípios do instrumento. Após isso, eles ficaram conversando no sofá. 

"Quer fazer o que agora? Ver filme?" O inspetor sugeriu à menina. 

"Eu faço a pipoca e você escolhe o filme?" 

"Não é melhor o contrário?"

"Não." Emma deu um beijo no Jonathan e levantou para fazer a pipoca.

Depois da pipoca pronta, os dois se sentaram no sofá e Jonathan deu play no filme.

"Nossa, Emma, quanta manteiga." Jonathan falou, ao colocar a pipoca na boca.

"A manteiga é que dá gosto!" Emma retrucou, enchendo a boca de pipoca.

"Essa pipoca gordurosa não te enjoa, né?" Jonathan perguntou num tom brincalhão.

"Não." Emma balançou a cabeça rindo e pegou mais pipoca do balde.

Quando o balde de pipoca chegou até a metade, com praticamente só a Emma comendo, Jonathan tirou da mão dela.

"Chega de dar manteiga pro meu filho."

"Mas... " Emma começou a protestar e Jonathan interrompeu.

"Mas nada. Eu vou pegar o outro aperitivo que preparei pra você." Jonathan deu pause no filme, saiu da sala e voltou com um pote de cenoura que ele tinha cortado mais cedo. "Pode comer à vontade."

"Sério?"

"Muito." Jonathan voltou a sentar do lado dela e  retomou o play.

"Podia pelo menos ter deixado eu terminar minha pipoca." Emma reclamou e obedeceu o inspetor.

quinta-feira, 16 de março de 2023

Especial: O que esperar quando você está esperando - Capítulo III: Nem tudo está perdido!

Desde que havia descobrido que estava grávida, Emma estava com dificuldade de dormir, apesar do sono constante, dificuldade de se concentrar, de comer e de relaxar. Mas o pior de tudo, é que a gravidez colocava todos os seus sonhos a perder. Toda dedicação que tivera desde a infância com os estudos fora por água abaixo. Ela não iria a MIT e não viraria uma cientista de sucesso como os seus pais. Se conseguisse terminar o ensino superior já seria muito. Tudo porque ela não foi mais cuidadosa e confiou demais no anticoncepcional. 

Emma começou a jogar todos os panfletos, souvenir e fotografias da universidade fora, já que eram um lembrete de mau gosto do que nunca poderia ter, em seguida, ligou o rádio na estação de rock e se jogou na cama.

Bradley tentou ignorar o volume da música, mas ficou preocupado da Elizabeth não conseguir descansar por causa do barulho.

"Vou diminuir o volume só um pouquinho." Bradley abaixou o rádio.

Emma apertou os olhos para tirar o excesso de água dos olhos.

"O que é isso?" Bradley perguntou, se referindo ao lixo transbordando de coisas da MIT. "Tem certeza que vai jogar isso tudo fora?"

"Eu não preciso mais dessas coisas." Emma respondeu, sem se virar para o seu dindo.

"Vamos conversar." Bradley sentou na cama da menina e deu um tapinha na perna dela para que se sentasse também.

Emma sentou e olhou para seu dindo desanimada.

"Você tá chateada porque não vai conseguir fazer a faculdade que você queria?"

"Eu acho que se eu conseguir fazer uma Estácio, eu vou ter sorte."

"Isso não é verdade. Olha a rede de apoio que você tem aqui. Você não vai criar o seu filho sozinha. Vai ter eu, a Elizabeth, a Jessica, o Andrew, a Octavia e mais uma porção de gente que tá doida pra te ajudar."

"Por que você nunca cita o Jonathan?"

"Ele pode até ajudar, mas, por exemplo, eu nunca deixaria o bebê sozinho com ele. Não confio. Esses viciados colocam uma gota de álcool na boca e viram outra pessoa."

"Eu também não quero que vocês criem o bebê pela gente."

"A gente vai criar juntos, e veja isso como um privilégio. Você não sabe o quanto eu e sua mãe queríamos que nossos pais tivessem nos dado esse apoio com você. A gente nunca teria te perdido e ainda teria dado pra gente ter as carreiras que temos agora, e mais, não quero que você pense que só porque vai ter um filho com o Jonathan, você tem que namorar e casar com ele. Na verdade, eu te digo, não namore com ele. Vocês vão ser pais separados e o Jonathan vai ter todo o direito de visitação exigido por lei, nada além disso. Eu percebi que você tá sentindo que tá presa a ele e não é verdade."

"Tudo bem."

"E quanto a faculdade, você realmente não vai poder ir pra MIT enquanto seu filho for muito pequeno, mas ele com 4, 5 anos, a gente pode pensar em uma pós lá. Eu e a Elizabeth podemos pedir pra diretora geral nos transferir pro Cavalinho Feliz dos Estados Unidos, matriculamos as crianças nas escolas de lá e problema resolvido."

Emma começou a vislumbrar um futuro de novo e se sentiu mais feliz.

"Obrigada, dindo."

"Se depender de mim, você vai ter tudo." Bradley beijou sua cabeça.

"Eu sei. Te amo."

"Também, minha filha. Eu também."

No dia seguinte, depois da aula de matemática, Letícia pediu para falar com a garota. 

"Como é que você tá?" Letícia perguntou, demonstrando interesse genuíno pela menina. 

"Tô bem. Na medida do possível."

"Desde que eu passei aquele ano dando aula de recuperação pra você e os meninos, eu acabei desenvolvendo um carinho muito grande pelos três."

"Obrigada."

"Quase ninguém sabe, mas eu já passei pelo que você tá passando quando eu tinha a sua idade."

"Sério? Você ficou grávida?" Emma perguntou surpresa. 

"Fiquei. Eu já era professora daqui. Eu lembro que foi um pesadelo. Apesar de, na época, eu já tinha terminado o pós-doutorado, minha mãe era, e ainda é, uma católica fervorosa, até mais que a sua. E eu sempre tive medo da minha mãe. Aliás, até hoje eu tenho, tanto que não aceitei morar com o Ashton com medo do que ela ia pensar."

"E o que aconteceu?" Emma abaixou o tom de voz. 

"Eu perdi. Na hora eu fiquei bastante aliviada, mas depois comecei a me sentir mal. E de verdade, eu acho que eu seria mais feliz hoje se ele tivesse sobrevivido."

"Mas você ainda é nova." Emma argumentou. 

"Eu sei que ainda posso ter filhos, mas é um grande estresse, a incerteza. Eu tenho estado muito ansiosa. Não só com a questão do filho, mas com tudo. Eu sei que o dia de eu assumir o comando de todas a franquia do Cavalinho Feliz tá chegando e eu morro de medo disso."

"Você vai se sair bem. Ninguém vai te passar pra trás porque você é um gênio."

Leticia riu. "Obrigada, Emma. Eu nunca me canso de ser chamada de gênio."

"Se eu fosse um gênio também não me cansaria."

"Você é muito inteligente pra uma não prodígio e vai ter um futuro brilhante."

"Obrigada. Vindo de você significa muito." Emma tocou o coração para efeito dramático. 

"Volta pra aula." Letícia riu.

quarta-feira, 15 de março de 2023

Especial: O que esperar quando você está esperando - Capítulo II: A declaração

A notícia do dia, na escola, era o término de Emma e Channing, e que aparentemente, Emma tinha traído o Channing. Com quem, Ryan não sabia. Não havia sido com ele, por mais que tivesse vontade, Channing era seu brother. 

Gosling não conseguiu de deixar de ficar pensativo. Ele sempre gostou da ruiva, mas sempre teve apreensão de viver algo perto da intensidade de que foi seu relacionamento com Rachel McAdams. Por esse receio, Ryan sempre boicotou qualquer possibilidade de ter um relacionamento sério com Emma. Porém, ele sentia muita falta da proximidade que um dia tivera com a menina. Naquela época, ele estava apaixonado e o medo o travou. O término de Channing e Emma abria um leque de possibilidades que o menino começava a contemplar.


Na reunião do Grêmio, a menina estava estranhamente quieta. Quando todos começaram a ir embora, ela ficou. Parecia querer falar alguma coisa. Teria sido ele o real motivo do término dos dois? 

Emma se aproximou de sua mesa. (Sim, agora o presidente do Grêmio tem uma mesa.)

"Eu preciso falar com você." Emma ajeitou o grampeador da mesa dele.

"Pois não?"

Emma fez uma careta e Ryan riu.

"Tô brincando, pode falar." Ryan falou mais sério.

"Eu vou sair do Grêmio."

"O quê? Por quê?" Ryan perguntou surpreso com o anúncio da menina. Será que o motivo do término com o Channing era que, na verdade, ela gostava dele, e não conseguia mais dividir o mesmo ambiente, e por isso a saída do Grêmio?

"Eu tenho muitas coisas pessoais pra resolver e não consigo mais conciliar com as coisas daqui." A menina explicou.

"Sem querer me meter na sua vida, mas que coisas pessoais? Você quer tempo pro bebê da Elizabeth?"

"Não."

"Então o quê? Me fala, Emma. Eu quero entender." Ryan estava frustrado. Qual era o ponto de ser do Grêmio se ela não fazia parte?

"Eu disse, coisas pessoais que não quero compartilhar."

"Não quer compartilhar comigo." Ryan falou chateado.

"Não é isso."

"Por que você terminou com o Channing?" Ryan ignorou o atrevimento da própria pergunta.

"É sério isso?"

"Eu só tô tentando te entender, Emma. Você não confia mais em mim?"

"A gente não é mais tão próximo. Você não pode cobrar de mim as mesmas coisas de antes."

"Eu queria que a gente fosse. O que eu posso fazer pra gente voltar a ser próximo? Eu faço qualquer coisa."

"Não tem o que fazer. Fica bem, Ryan." Emma saiu.

Ryan encostou a cabeça na mesa, frustrado.


********

A notícia do dia, na escola, era a gravidez de Emma. Tudo finalmente fazia sentido para Ryan, o término com o Channing, a saída do Grêmio, os segredos... Ryan precisava aceitar que o filho era provavelmente de Channing e que eles teriam um elo para a vida inteira. Ele queria xingar a Emma por ter deixado que isso acontecesse com ela, ao mesmo tempo que queria apoiá-la e mostrar que estaria com ela para o que desse e viesse. Ryan não conseguia deixar de odiar o Channing por ter roubado sua garota e feito um filho nela.

Emma provavelmente estava assustada e com medo. Será que Emma sentia que não podia confiar em Ryan com aquele segredo? Será que achou que ele a veria de modo diferente? Aquilo era um absurdo e não fazia sentido. Ele precisava mostrar que ela estava errada e que nada que acontecesse mudaria o como se sentia em relação a ela.

Ryan queria falar com a menina quando estivesse sozinha, mas o problema é que ela nunca estava. Ora estava com o seu grupo, ora com a Zendaya, ora com o Bradley, ora com o Andrew, ora com a Elizabeth e ora até com o inspetor. O jeito seria tentar falar com a menina fora da escola.

Gosling foi até a casa de Bradley e pediu, por mensagem, para Emma encontrá-lo no portão. Para sua sorte, ela aceitou.

Emma saiu do portão, empurrando o  Devon para dentro, e disse: "Já falei que não volto pro Grêmio." A menina brincou, sabendo que não era por esse motivo que Ryan tinha aparecido na sua casa.

Ryan ficou feliz ao ver que Emma não tinha perdido o senso de humor, mesmo diante àquela situação.

"Eu tinha que implorar mais um pouco." Ryan retrucou, no mesmo tom descontraído que a menina usara.

"Quer saber se é menino ou menina ou hermafrodita?"

"Vindo de você com certeza é hermafrodita." Gosling brincou.

"Tem razão." Emma riu.

"Olha, eu queria dizer que você podia ter me dito que tava grávida. Eu não ia te julgar nem nada." Ryan redirecionou o tópico da conversa.

"É que até eu tô me julgando."

"Eu não." Ryan falou sério. "Eu odeio que isso aconteceu com você, mas não te julgo. Jamais te julgaria."

"Eu só queria que isso tudo fosse um pesadelo e que eu pudesse acordar disso." Emma falou chorando.

"Ei. Vem cá." Ryan puxou Emma pelo braço e a abraçou. "Sabe o que eu sempre admirei em você? A sua força." Ele falou em seu ouvido. "Pode parecer difícil agora, mas você vai tirar isso de letra. Confia em mim."

"Eu nunca quis ser mãe."

"Eu sei. Mas às vezes no futuro você vai ser grata por ter sido mãe. E sendo seu filho, tenho certeza que vai ser uma figurinha muito especial."

"Obrigada."

Ryan pensou em se declarar naquele momento, mas imaginou que a cabeça da ruiva estava cheia de coisas mais importantes do que sua paixonite.

"Posso pedir pra você não sair do Grêmio? Agora que você tá grávida, a gente pode pensar em projetos para melhorar a acessibilidade da escola para as grávidas, criando rampas e essas coisas." Ryan riu e ele pôde sentir a menina rindo também.

"Até nos processarem dizendo que estamos comparando gravidez com deficiência física." Emma rebateu, sorrindo. 

Ryan acariciou a bochecha da menina e a vontade de beijá-la foi mais forte que ele. Ryan avançou para o beijo, porém Emma recuou. 

"Desculpa." Gosling abaixou a mão. 

"Não precisa. É que eu me sinto estranha beijando outra pessoa estando...tsc tsc" Emma fez um barulho com a boca se referindo a gravidez. 

"Mas o que é que tem? Você tá pensando em voltar com o Channing?" 

"Não, não é isso."

"Porque depois a desculpa vai ser que você não quer por causa do bebê."

"Não vai ser bem uma desculpa, vai?" 

"Eu sei que não."

"Eu também acho que você merece muito mais do que uma garota que vai ter filho de outro."

"Mas eu não ligo. A Cinthia tinha filho e eu tinha um crush gigantesco nela."

"Sim, era bem óbvio."

"Não era? A Cinthia e a Cheryl foram os meus maiores crushs."

"E você acabou perdendo pro Edward."

"Foi! Quem diria que ele ia voltar à moda."

"Também fiquei surpresa." Emma concordou. 

"Eu sou um bom perdedor."

"Aham."

"Vai me convidar pra entrar?" Ryan pediu com o charme que fazia as garotas caírem pra trás. 

"Não." Emma riu. 

"Vai sair do Grêmio?" 

"Eu vou pensar." 

"Tem certeza que não quer me dar um beijo?" 

"Tchau, Ryan."

"Tchau, Em."

terça-feira, 14 de março de 2023

Especial: O que esperar quando você está esperando - Capítulo I: A descoberta

Bradley estava preocupado com Emma. Ela parecia mais pálida que o normal e comia bem menos do que o de costume. Será que tinha pegado alguma virose? 

"Tem certeza que não quer mais um pedaço de carne?" Bradley perguntou insatisfeito com o quanto a menina tinha comido no jantar.

"Tenho. Eu vou pro meu quarto." A ruiva se apoiou na mesa para tentar se levantar e acabou desmaiando.


Bradley foi até a afilhada, desesperado. Ele tentou acordá-la, porém sem sucesso.

"Minha filha tá doente, Elizabeth! Vou levar a Emma pra emergência e vou pedir pro Andrew te levar pra casa dele."

"Não, eu vou com você." Elizabeth protestou.

"Você tá perto de dar a luz e eu não quero você se cansando no hospital e também não quero você sozinha em casa. Vou ligar pro Andrew e ele vem te buscar." Bradley falou firme, pegando a menina no colo e a chave do carro.

"Manda notícias, por favor." Elizabeth pediu preocupada.

"Pode deixar." Ele deu um selinho na diretora e saiu.


Dentro do carro, Bradley ligou para o professor de inglês.

"Andrew, por favor, você pode passar na minha casa e buscar a Elizabeth pra ficar com vocês? A Emminha desmaiou e não sei o que ela tem. Tô com medo de ser grave. Ela não come, tá pálida e tava vomitando outro dia."

"Tudo bem. Ela já acordou?"

"Ainda não. Tô muito preocupado."

"Fica calmo. Não há de ser nada. Me mantenha informado." Andrew falou num tom sério.

"Tá bom. Obrigado. Se a Jessica perguntar, inventa uma história pra ela não ficar preocupada." Bradley encerrou a ligação e foi o mais rápido possível ao hospital.

Chegando lá, Emma foi internada e Bradley ficou aguardando notícias.

Quando a médica entrou no quarto para verificar os sinais vitais da menina, o professor de estatística aproveitou para saber o que havia acontecido. 

"Já sabem o que ela tem?" 

"Ela sabe que tá grávida?" A médica perguntou checando a menina.


"Grávida?" Bradley perguntou perplexo. 

"Desculpa, você é o pai dela?" 

"Sou." Seus olhos se encheram de lágrimas. "Tem certeza que ela tá grávida?" 

"Positivo. Acusou no exame de sangue. Ela tem se alimentado direito?" 

Bradley fez que não com a cabeça, pois não tinha forças para falar. 

"Ela tá muito fraquinha. Me preocupa alguns níveis dela. Vou precisar que sua filha passe a noite aqui pra observação. Tá tudo bem pra você?" 

Bradley assentiu, novamente sem conseguir emitir nenhum som. 

"Se precisar de alguma coisa é só avisar na recepção." A médica deixou o quarto. 

Bradley segurou a mão da sua filha, abaixou a cabeça e deixou o choro tomar conta.


Mais tarde, ele ligou para Elizabeth para mandar notícias. 

"A Emma vai precisar passar a noite aqui em observação."

"Que pena. Ela acordou?"

"Ainda não."

"Qualquer coisa, me avisa."

"Aviso sim. Você tá bem?" 

"Tô sim. Não precisa se preocupar comigo. Foca na Emma."

"Tudo bem." Bradley desligou o telefone e passou a noite em claro.


Quando amanheceu, a médica voltou ao quarto para deixar as receitas dos remédios da Emma e informou que quando a menina acordasse, estaria liberada.

Quando a ruiva acordou, Bradley correu para o seu lado. 

"Como você tá?"

"O que aconteceu?" Emma perguntou confusa. 

"Você desmaiou quando foi levantar da mesa do jantar."

Emma assentiu, assimilando a informação. "E?"

"E eu trouxe você pro hospital. Você tomou soro e passou a noite aqui. Agora já tá liberada. Consegue se levantar?"

"Consigo."

Bradley segurou a mão da garota para ajudá-la a se levantar.

"Acha que consegue andar até o carro?" Bradley perguntou sem soltar sua mão. Ele não iria arriscar que caísse de novo.

"Consigo. Eu tô bem."

"Então vamos."


A viagem de carro foi desconfortavelmente silenciosa, até o professor de estatística quebrar o silêncio.

"Posso te levar pra um lugar antes de ter levar pra tomar café?"

"Pode."

Bradley levou Emma até a um parquinho a 15 minutos dali. Ele andou com ela até um banco, onde os dois sentaram.

Bradley começou a falar olhando em volta do parquinho.

"Eu costumava te trazer aqui quando você era criança. Você tinha uns 5 ou 6 anos e adorava brincar nesses brinquedos." Ele suspirou. Sua memória sendo tomada por diversas lembranças de Emma correndo, ralando o joelho, descendo no escorrega, se lambuzando de sorvete,...

Naquele momento, Emma teve certeza que ele sabia.

"Você amava brincar aqui. Uma vez você fez um escândalo porque eu e sua dinda estávamos muito cansados e negamos te trazer. Você chorou e berrou tanto que a gente acabou cedendo." As lágrimas começaram a deixar os olhos do professor.

"E eu lembro que o seu brinquedo favorito de todos era o balanço. Você gritava: "Mais alto, dindo. Mais alto... Mais alto." Bradley soluçou. "Há quanto tempo você sabe que tá grávida?" O professor se virou para afilhada, fitando seus olhos.


Emma queria chorar também, mas procurou ser forte. "Quase duas semanas."

"E você pensou em esconder isso de mim até quando?"

"Não sei."

"Não sabe?'

"Até não dar mais pra esconder."

"Até não dar mais pra esconder. Entendi. Eu sempre achei que tinha tido uma filha tão inteligente. Eu sempre me gabei pra todo mundo por causa disso. Como é que você foi tão burra de deixar isso acontecer com você? Uma adolescente que nem terminou a escola, grávida de outro adolescente completamente irresponsável."

Uma indagação passou pela cabeça da menina. Contar a verdade ou não?

"O pai não é o Channing." Emma disse hesitante.

"Como assim?" Bradley perguntou ainda mais bravo.

"O pai é o Jonathan." Emma falou de uma vez, como se tivesse puxado um band-aid num só movimento. 

"Jonathan, o inspetor? Jonathan, o alcoólatra? Jonathan, o ex da sua mãe? Jonathan, o cara que não tem onde cair morto? É esse homem que você tem como pai do seu filho? Você é louca? Não acredito que você foi tão burra a esse ponto! Você tá fazendo isso pra atingir a gente? Pra se vingar por eu e sua mãe termos dado você, é por isso? Você quer me ver tendo um troço? Ver sua mãe se cortar até a morte de desgosto? É isso que você quer? ME RESPONDE, EMMA!" Bradley gritou.

"Não, eu não queria." Emma começou a chorar. "Foi um acidente. Eu juro."

"Diga adeus pra os seus queridos paizinhos, porque eles não vão nem querer olhar pra sua cara quando descobrirem. Nem aquele seu irmão. Eu avisei, alertei, orientei, e você nunca escuta! Você sempre quer fazer as coisas pela sua cabeça. Acha que sabe mais do que eu que tenho quase o triplo da sua idade. Tá vendo no que deu? E agora? Qual é o plano?" 

Emma não respondeu.

"Aquele f**** sabe que você tá esperando um filho dele?"

"Sabe."

"Aposto que ele deve tá feliz da vida que ganhou na loteria." Bradley falou debochado.

Emma não respondeu.

"Eu tô muito muito decepcionado com você."

"Eu sei."


Bradley olhou para o rosto triste de Emma e sua raiva foi abrandada, assim como acontecia desde que ela era criança. O professor voltou a sentar ao seu lado e segurou sua mão.

"Eu te amo e não vou deixar nada de mal acontecer com você ou com o meu neto. Não importa o tamanho da raiva que eu esteja sentindo agora."

Emma assentiu.

"Tô preocupado com o seu desmaio. Você precisa se alimentar. Vamos num restaurante tomar café e depois vamos buscar a Elizabeth da casa do Andrew." Os dois levantaram e começaram a andar de volta para o carro. " Me conta como tá sendo os enjoos."

Emma começou a contar como vinha se sentindo e Bradley ouviu tudo com atenção. 


terça-feira, 7 de março de 2023

Cause, I built a home, for you, for me

Desde que se mudara para a casa de seu padrinho, Bradley, Emma passava a maior parte dos seus dias no quarto, ou pedia para Channing visitá-la e dedicava sua atenção somente a ele. Exceto nos dias que Brian estava em casa, nesse caso, sua atenção ia toda ao irmão mais novo. Entretanto, os dias que Channing e Brian não estavam eram solitários. 

Emma gostava quando Jonathan ligava ou mandava mensagem. Ele era um excelente interlocutor, ouvia seus assuntos sobre o mundo da música com atenção, dava os comentários certos nas horas certas e fazia exatamente as perguntas que Emma estava doida para responder. Ela também comentava sobre os assuntos que estava estudando, e mesmo sendo leigo, ele tentava entender o que a menina estava explicando, fazendo comentários, que a menina considerava pertinentes.

Certo dia, Jonathan mandou uma mensagem pedindo para que se encontrassem. Emma disse ao padrinho que visitaria seu namorado. Bradley protestou, porém foi convencido quando sua filha argumentou que eles só se viam caso Channing fosse à sua casa, nunca o contrário.

Emma encontrou Jonathan na saída do metrô de Copacabana. O inspetor deu um selinho ao vê-la. Emma se sentia estranha em cumprimentar dessa forma uma pessoa que não fosse o Channing, afinal, ela era uma infiel com princípios, e certas coisas deviam ser reservadas somente ao namorado.

Jonathan parecia feliz em vê-la. Na verdade, estava animado até demais. Sua postura estava inquieta e com um sorriso largo fixo no rosto.

"Tenho uma supresa!" Jonathan anunciou, segurando as duas mãos da menina.

"Qual?" Emma encarou o rosto do inspetor, à espera da grande novidade.

"Você vai ter que vir comigo."

Jonathan, ainda segurando sua mão esquerda, começou a guiá-la pelas ruas de Copacabana. Outro movimento que fez Emma se sentir mal pelo namorado.

"A surpresa é um lugar?"

"É. E é só isso que eu vou te adiantar."

"Tá bom." Emma não estava mais curiosa. Ela pensou que seria mais um daqueles lugares que teria algum valor sentimental para ele, porém que não significava nada para ela.

"E como tão as coisas na sua casa?" Jonathan mudou de assunto enquanto andavam até o local.

"Na mesma. Quero que o filho da Elizabeth nasça logo pra ele pegar o foco pra ele. Ainda mais agora que o Paquito morreu... Acredita que o meu dindo quase me mandou pro psicólogo?"

"Por quê, se você tá bem?"

"Ele achou que eu fui muito fria. Só porque eu não chorei e dei descarga nele logo depois que eu vi que tava morto."

"Mas você chegou a ficar triste?"

"Não. Ele era só um peixe. Queria matar o Padre-Peixe também."

"Por quê?"

"Sei lá. Não gosto mais dele."

"Dá ele pra mim. Eu cuido dele pra você." Jonathan ofereceu.

"Se você quiser, eu dou mesmo."

Jonathan entrou num edifício com Emma, cumprimentou o porteiro e apertou o botão do elevador. Emma observou ao redor sem entender o que estava acontecendo.

"Você vai me apresentar alguém?" Emma perguntou, desconfiada.

"Minha mãe quer te conhecer." Jonathan mentiu para assustar a menina. 

"Sua mãe não mora aqui." Emma retrucou.

O elevador abriu e Jonathan guiou Emma para dentro.

"Me conta quem a gente veio ver! É uma senhora doando gatos? Eu não quero mais nenhum animal de estimação."

Jonathan riu da especulação da menina.

"Por que eu ia querer te dar um gato? Pra você matar ele que nem você quer fazer com o Padre-Peixe?" Jonathan riu mais ainda.

O terceiro andar chegou e a porta do elevador abriu.

Jonathan segurou a mão da Emma de novo e a levou até uma porta de madeira. O inspetor colocou a mão livre do bolso e tirou uma chave.

"O que tem aí dentro?"

"Você já vai ver, sua impaciente." Jonathan abriu a porta e Emma observou seu interior pelo lado de fora. "Entra." Jonathan a encorajou.

"É um apartamento normal." Emma disse, não muito impressionada com o que estava vendo.

"Ainda bem. Não queria que meu apartamento fosse anormal." Jonathan brincou.

"Seu apartamento?" Emma perguntou, surpresa.

"Sim, meu. Eu finalmente consegui ter dinheiro pra alugar um apartamento e sair da casa dos meus pais. É bem pequeno, mas é tudo novinho e o ponto é ótimo. Perto do metrô." Jonathan falou animado.

"Parabéns!" Emma abraçou o inspetor

"Obrigado." Jonathan agradeceu orgulhoso. "Quer conhecer?"

"Quero."

"Estamos na sala. Aqui do lado é a cozinha. Aqui nesse pedaço é uma área de serviço. Voltamos pra sala. Aqui é o banheiro e aqui é o quarto." Jonathan apresentou todos os cômodos. "O que achou? É muito pequeno, né?"

"Não! O tamanho tá ótimo. Ainda mais que é só você morando."

Jonathan colocou os braços em volta da cintura da menina.

"Eu tava esperando que agora que eu tenho um lugar só pra mim... que você passasse mais tempo comigo." Jonathan disse sedutoramente.

Emma tentou disfarçar a surpresa que estava sentindo, porém sem sucesso. "Uau." A ruiva exclamou.

"Você não quer?" Jonathan perguntou decepcionado.

"Não é isso."

"Então o quê? Você não vive dizendo que não se sente confortável na casa do Bradley? Tá aí a solução. Você passa mais tempo aqui do que na casa dele." Jonathan falou como se fosse simples.

"Não é assim. Meu dindo não vai gostar. E também tem o Channing."

"Que bom que você falou no Channing. Acho que tá na hora de você terminar com ele."

"Você tá louco? Não vou terminar com ele."

Jonathan fitou Emma, perplexo. Por um segundo, ele enxergou Jessica na sua frente. "Você não gosta de mim?"

"Gosto."

"Mas gosta mais do Channing." Não era uma pergunta, mas uma afirmação. Jonathan soltou Emma e foi se sentar no sofá. Os olhos cheios de lágrimas. Ele tirou os óculos e secou.

Emma se ajoelhou em frente ao inspetor e segurou seus braços. "Eu tô traindo ele com você, não tô?"

Jonathan assentiu.

"O que acontece é que você é tecnicamente o ex da minha mãe. Eu ainda tô me acostumando a não problematizar o que a gente tem."

"Tudo bem." Jonathan concordou.

"A gente pode pedir comida pra comemorar seu apartamento novo. O que acha?" Emma tentou mudar o clima.

"Acho ótimo." Jonathan concordou.

"É?" Emma se levantou e sentou no seu colo.

"Sim." Jonathan sorriu, sendo domado pela ruiva e colocando os braços em volta dela.

"Perfeito." Emma beijou Jonathan.

quarta-feira, 1 de março de 2023

Gêmeos em ação

"Theo, Theo, Theo!" Levi gritou correndo procurando o irmão. Ele disparou para seu quarto, após não encontrá-lo na sala e parou ao lado da porta. "O que você tá fazendo?" Levi perguntou surpreso com o cenário diante de si.

"Não tá vendo? Tô fazendo bigode nas bonecas da Mel." Theo respondeu com uma canetinha preta na mão e uma boneca em outra. Tinham outras bonecas já com bigode desenhado, espalhadas pelo chão.

"Seu idiota! Por que você fez isso? A Mel vai começar a chorar e nossa mãe vai ficar super brava. A gente tem que limpar isso agora." Levi pegou uma boneca do chão e começou a tentar limpar com cuspe.

"E daí? Vai ser muito engraçado quando a Mel vir como as bonecas dela ficaram."

"Minha mãe disse pra gente não mexer com a Mel porque ela não sabe se defender ainda." Levi retrucou, preocupado. "Não tá saindo. A gente vai ter que dar um banho nelas."

"Sabe sim. Ela só finge que não sabe pra continuar sendo a favorita do nosso pai."

"Me escuta, cara." Levi segurou o irmão pelos ombros. "Nossa mãe tá triste. E você estragando as bonecas da Mel só vai deixar ela ainda mais triste."

"Como assim?" Theo falou, perdido. 

"Eu acabei de ver ela chorando no quarto dela."

"E por que ela tá chorando?" Theo perguntou preocupado. 

"Isso eu não sei, irmão. Só sei que ela tá muito muito triste. A gente tem que ajudar a nossa mãe!"

"Mas como?"

"Primeiro a gente tem que tirar os bigodes das bonecas, antes que a Mel chegue em casa e surte. Depois a gente faz um desenho bonitão pra nossa mãe ficar feliz de novo." Levi explicou o plano. 

"Tá bom!" Theo fechou a tampa da canetinha e levantou animado. 

"Abre a torneira da banheira enquanto eu junto as bonecas." 

Theo correu para o banheiro e Levi puxou o lençol da cama, forrou o chão e começou a jogar as bonecas em cima do lençol. 

Depois de alguns minutos, Levi entrou no banheiro arrastando o lençol cheio de bonecas com as duas mãos. 

"Pega o sabão que fica naquele vidro laranja enquanto eu jogo as bonecas na banheira." Levi instruiu o irmão. 

Theo pegou o vidro laranja do armário do banheiro. 

"Assim?" Theo perguntou, ao virar o conteúdo na banheira. 

"Bota mais pra fazer bastante espuma." 

"Tudo bem." Theo entornou o vidro todo na banheira e Levi terminou de colocar as bonecas dentro. 

"Agora a gente deixa elas aí de molho e vamos fazer o desenho pra mamãe." 

Levi e Theo correram para o quarto, e espalharam giz de cera, canetinha e lápis de cor no chão. 

"A gente pode fazer um coração grandão e escrever o nome dela no meio." Theo sugeriu. 

"Boa ideia! Só que a gente não sabe escrever o nome dela." Levi falou pensativo. 

"Qual é o nome da nossa mãe mesmo?" Theo coçou a cabeça.

"É Jessica, seu burro!"

"Ah é!" Theo riu. 

"Vou perguntar pra Siri como se escreve Jessica." Levi pegou o ipad da mesinha. "Siri, como é que se escreve Jessica?" 

"J E S S I C A." Siri respondeu. 

Theo e Levi olharam para o ipad como se Siri tivesse falado grego. 

"É melhor a gente desenhar a cara da mamãe dentro do coração." Theo falou e Levi concordou. 

Depois de vários minutos, o desenho ficou pronto. 

"Será que ela vai gostar?" Theo perguntou inseguro. 

"Acho que é melhor a gente fazer o cabelo dela maior. Me passa o giz laranja." Levi alongou o cabelo no desenho até o final da folha. "Pronto. Agora ela vai gostar." Levi falou orgulhoso.

"Vamos entregar logo!" Theo pulou animado. 

"Tá bom, vamos lá."

Levi e Theo foram até o quarto dos pais e encontraram a mãe deitada na cama chorando contra o travesseiro. 

"Mãe?" Levi chamou intimidado. 

Jessica secou os olhos rapidamente e sentou na cama, forçando um sorriso para seus filhos. "Meninos! Vieram fazer companhia pra mãe de vocês?"

"Você tá triste?" Theo perguntou acanhado. 

"Claro que não. Vêm aqui." Jessica deu um tapinha na cama. 

Os meninos foram até a ruiva, e ela puxou os meninos para cima. "Meus amores." A advogada trouxe os meninos para si e beijou e fungou suas cabeças loiras.

"A gente fez pra você." Theo entregou o desenho. 

Jessica pegou o desenho e deu um grande sorriso. "Que lindo! Essa sou eu?" 

"É. Tem o seu cabelo, viu?" Levi traçou o cabelo laranja do desenho. 

"Tem sim." A ruiva concordou. "Vocês são dois artistas." Jessica beijou as bochechas dos meninos. 

"Eu fiz a maior parte." Theo enunciou. 

"Não fez não!" Levi falou com raiva. 

"Vocês fizeram um gesto tão bonito. Não vão brigar por isso." Jessica advertiu. 

Levi ficou de pé na cama e abraçou seu pescoço possessivamente. "Você se machucou?" Levi tentou afastar o cabelo da mãe para olhar melhor, mas Jessica afastou a mãozinha do menino, gentilmente. "Eu sou meio desastrada."

"Então é por isso que você tava chorando?" Theo perguntou, enrolando o cabelo da ruiva no dedo, com a cabeça deitada no colo dela. 

"Na verdade, eu tô com saudade da Emma." Jessica respondeu com sinceridade. 

"Eu também."

"Também tô." Os gêmeos responderam juntos. 

Jessica sorriu ao ver que os filhos eram apegados à irmã mais velha. 

"Queria ter tido mais tempo sendo mãe dela." Jessica escondeu o rosto que voltava a ficar com lágrimas na barriga de Levi. 

"Não chora, mamãe." Levi abraçou a cabeça da mãe e deu um beijo. 

"Eu amo muito muito muito vocês, sabia?" Jessica começou a fazer cócegas de leve nos filhos, fazendo os meninos gargalharem. 

Mais tarde quando Andrew foi no banheiro depois de ter voltado com as crianças da escola, ele encontrou a banheira cheia de sabão e bonecas bigodudas dentro.