quinta-feira, 16 de março de 2023

Especial: O que esperar quando você está esperando - Capítulo III: Nem tudo está perdido!

Desde que havia descobrido que estava grávida, Emma estava com dificuldade de dormir, apesar do sono constante, dificuldade de se concentrar, de comer e de relaxar. Mas o pior de tudo, é que a gravidez colocava todos os seus sonhos a perder. Toda dedicação que tivera desde a infância com os estudos fora por água abaixo. Ela não iria a MIT e não viraria uma cientista de sucesso como os seus pais. Se conseguisse terminar o ensino superior já seria muito. Tudo porque ela não foi mais cuidadosa e confiou demais no anticoncepcional. 

Emma começou a jogar todos os panfletos, souvenir e fotografias da universidade fora, já que eram um lembrete de mau gosto do que nunca poderia ter, em seguida, ligou o rádio na estação de rock e se jogou na cama.

Bradley tentou ignorar o volume da música, mas ficou preocupado da Elizabeth não conseguir descansar por causa do barulho.

"Vou diminuir o volume só um pouquinho." Bradley abaixou o rádio.

Emma apertou os olhos para tirar o excesso de água dos olhos.

"O que é isso?" Bradley perguntou, se referindo ao lixo transbordando de coisas da MIT. "Tem certeza que vai jogar isso tudo fora?"

"Eu não preciso mais dessas coisas." Emma respondeu, sem se virar para o seu dindo.

"Vamos conversar." Bradley sentou na cama da menina e deu um tapinha na perna dela para que se sentasse também.

Emma sentou e olhou para seu dindo desanimada.

"Você tá chateada porque não vai conseguir fazer a faculdade que você queria?"

"Eu acho que se eu conseguir fazer uma Estácio, eu vou ter sorte."

"Isso não é verdade. Olha a rede de apoio que você tem aqui. Você não vai criar o seu filho sozinha. Vai ter eu, a Elizabeth, a Jessica, o Andrew, a Octavia e mais uma porção de gente que tá doida pra te ajudar."

"Por que você nunca cita o Jonathan?"

"Ele pode até ajudar, mas, por exemplo, eu nunca deixaria o bebê sozinho com ele. Não confio. Esses viciados colocam uma gota de álcool na boca e viram outra pessoa."

"Eu também não quero que vocês criem o bebê pela gente."

"A gente vai criar juntos, e veja isso como um privilégio. Você não sabe o quanto eu e sua mãe queríamos que nossos pais tivessem nos dado esse apoio com você. A gente nunca teria te perdido e ainda teria dado pra gente ter as carreiras que temos agora, e mais, não quero que você pense que só porque vai ter um filho com o Jonathan, você tem que namorar e casar com ele. Na verdade, eu te digo, não namore com ele. Vocês vão ser pais separados e o Jonathan vai ter todo o direito de visitação exigido por lei, nada além disso. Eu percebi que você tá sentindo que tá presa a ele e não é verdade."

"Tudo bem."

"E quanto a faculdade, você realmente não vai poder ir pra MIT enquanto seu filho for muito pequeno, mas ele com 4, 5 anos, a gente pode pensar em uma pós lá. Eu e a Elizabeth podemos pedir pra diretora geral nos transferir pro Cavalinho Feliz dos Estados Unidos, matriculamos as crianças nas escolas de lá e problema resolvido."

Emma começou a vislumbrar um futuro de novo e se sentiu mais feliz.

"Obrigada, dindo."

"Se depender de mim, você vai ter tudo." Bradley beijou sua cabeça.

"Eu sei. Te amo."

"Também, minha filha. Eu também."

No dia seguinte, depois da aula de matemática, Letícia pediu para falar com a garota. 

"Como é que você tá?" Letícia perguntou, demonstrando interesse genuíno pela menina. 

"Tô bem. Na medida do possível."

"Desde que eu passei aquele ano dando aula de recuperação pra você e os meninos, eu acabei desenvolvendo um carinho muito grande pelos três."

"Obrigada."

"Quase ninguém sabe, mas eu já passei pelo que você tá passando quando eu tinha a sua idade."

"Sério? Você ficou grávida?" Emma perguntou surpresa. 

"Fiquei. Eu já era professora daqui. Eu lembro que foi um pesadelo. Apesar de, na época, eu já tinha terminado o pós-doutorado, minha mãe era, e ainda é, uma católica fervorosa, até mais que a sua. E eu sempre tive medo da minha mãe. Aliás, até hoje eu tenho, tanto que não aceitei morar com o Ashton com medo do que ela ia pensar."

"E o que aconteceu?" Emma abaixou o tom de voz. 

"Eu perdi. Na hora eu fiquei bastante aliviada, mas depois comecei a me sentir mal. E de verdade, eu acho que eu seria mais feliz hoje se ele tivesse sobrevivido."

"Mas você ainda é nova." Emma argumentou. 

"Eu sei que ainda posso ter filhos, mas é um grande estresse, a incerteza. Eu tenho estado muito ansiosa. Não só com a questão do filho, mas com tudo. Eu sei que o dia de eu assumir o comando de todas a franquia do Cavalinho Feliz tá chegando e eu morro de medo disso."

"Você vai se sair bem. Ninguém vai te passar pra trás porque você é um gênio."

Leticia riu. "Obrigada, Emma. Eu nunca me canso de ser chamada de gênio."

"Se eu fosse um gênio também não me cansaria."

"Você é muito inteligente pra uma não prodígio e vai ter um futuro brilhante."

"Obrigada. Vindo de você significa muito." Emma tocou o coração para efeito dramático. 

"Volta pra aula." Letícia riu.

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