terça-feira, 7 de março de 2023

Cause, I built a home, for you, for me

Desde que se mudara para a casa de seu padrinho, Bradley, Emma passava a maior parte dos seus dias no quarto, ou pedia para Channing visitá-la e dedicava sua atenção somente a ele. Exceto nos dias que Brian estava em casa, nesse caso, sua atenção ia toda ao irmão mais novo. Entretanto, os dias que Channing e Brian não estavam eram solitários. 

Emma gostava quando Jonathan ligava ou mandava mensagem. Ele era um excelente interlocutor, ouvia seus assuntos sobre o mundo da música com atenção, dava os comentários certos nas horas certas e fazia exatamente as perguntas que Emma estava doida para responder. Ela também comentava sobre os assuntos que estava estudando, e mesmo sendo leigo, ele tentava entender o que a menina estava explicando, fazendo comentários, que a menina considerava pertinentes.

Certo dia, Jonathan mandou uma mensagem pedindo para que se encontrassem. Emma disse ao padrinho que visitaria seu namorado. Bradley protestou, porém foi convencido quando sua filha argumentou que eles só se viam caso Channing fosse à sua casa, nunca o contrário.

Emma encontrou Jonathan na saída do metrô de Copacabana. O inspetor deu um selinho ao vê-la. Emma se sentia estranha em cumprimentar dessa forma uma pessoa que não fosse o Channing, afinal, ela era uma infiel com princípios, e certas coisas deviam ser reservadas somente ao namorado.

Jonathan parecia feliz em vê-la. Na verdade, estava animado até demais. Sua postura estava inquieta e com um sorriso largo fixo no rosto.

"Tenho uma supresa!" Jonathan anunciou, segurando as duas mãos da menina.

"Qual?" Emma encarou o rosto do inspetor, à espera da grande novidade.

"Você vai ter que vir comigo."

Jonathan, ainda segurando sua mão esquerda, começou a guiá-la pelas ruas de Copacabana. Outro movimento que fez Emma se sentir mal pelo namorado.

"A surpresa é um lugar?"

"É. E é só isso que eu vou te adiantar."

"Tá bom." Emma não estava mais curiosa. Ela pensou que seria mais um daqueles lugares que teria algum valor sentimental para ele, porém que não significava nada para ela.

"E como tão as coisas na sua casa?" Jonathan mudou de assunto enquanto andavam até o local.

"Na mesma. Quero que o filho da Elizabeth nasça logo pra ele pegar o foco pra ele. Ainda mais agora que o Paquito morreu... Acredita que o meu dindo quase me mandou pro psicólogo?"

"Por quê, se você tá bem?"

"Ele achou que eu fui muito fria. Só porque eu não chorei e dei descarga nele logo depois que eu vi que tava morto."

"Mas você chegou a ficar triste?"

"Não. Ele era só um peixe. Queria matar o Padre-Peixe também."

"Por quê?"

"Sei lá. Não gosto mais dele."

"Dá ele pra mim. Eu cuido dele pra você." Jonathan ofereceu.

"Se você quiser, eu dou mesmo."

Jonathan entrou num edifício com Emma, cumprimentou o porteiro e apertou o botão do elevador. Emma observou ao redor sem entender o que estava acontecendo.

"Você vai me apresentar alguém?" Emma perguntou, desconfiada.

"Minha mãe quer te conhecer." Jonathan mentiu para assustar a menina. 

"Sua mãe não mora aqui." Emma retrucou.

O elevador abriu e Jonathan guiou Emma para dentro.

"Me conta quem a gente veio ver! É uma senhora doando gatos? Eu não quero mais nenhum animal de estimação."

Jonathan riu da especulação da menina.

"Por que eu ia querer te dar um gato? Pra você matar ele que nem você quer fazer com o Padre-Peixe?" Jonathan riu mais ainda.

O terceiro andar chegou e a porta do elevador abriu.

Jonathan segurou a mão da Emma de novo e a levou até uma porta de madeira. O inspetor colocou a mão livre do bolso e tirou uma chave.

"O que tem aí dentro?"

"Você já vai ver, sua impaciente." Jonathan abriu a porta e Emma observou seu interior pelo lado de fora. "Entra." Jonathan a encorajou.

"É um apartamento normal." Emma disse, não muito impressionada com o que estava vendo.

"Ainda bem. Não queria que meu apartamento fosse anormal." Jonathan brincou.

"Seu apartamento?" Emma perguntou, surpresa.

"Sim, meu. Eu finalmente consegui ter dinheiro pra alugar um apartamento e sair da casa dos meus pais. É bem pequeno, mas é tudo novinho e o ponto é ótimo. Perto do metrô." Jonathan falou animado.

"Parabéns!" Emma abraçou o inspetor

"Obrigado." Jonathan agradeceu orgulhoso. "Quer conhecer?"

"Quero."

"Estamos na sala. Aqui do lado é a cozinha. Aqui nesse pedaço é uma área de serviço. Voltamos pra sala. Aqui é o banheiro e aqui é o quarto." Jonathan apresentou todos os cômodos. "O que achou? É muito pequeno, né?"

"Não! O tamanho tá ótimo. Ainda mais que é só você morando."

Jonathan colocou os braços em volta da cintura da menina.

"Eu tava esperando que agora que eu tenho um lugar só pra mim... que você passasse mais tempo comigo." Jonathan disse sedutoramente.

Emma tentou disfarçar a surpresa que estava sentindo, porém sem sucesso. "Uau." A ruiva exclamou.

"Você não quer?" Jonathan perguntou decepcionado.

"Não é isso."

"Então o quê? Você não vive dizendo que não se sente confortável na casa do Bradley? Tá aí a solução. Você passa mais tempo aqui do que na casa dele." Jonathan falou como se fosse simples.

"Não é assim. Meu dindo não vai gostar. E também tem o Channing."

"Que bom que você falou no Channing. Acho que tá na hora de você terminar com ele."

"Você tá louco? Não vou terminar com ele."

Jonathan fitou Emma, perplexo. Por um segundo, ele enxergou Jessica na sua frente. "Você não gosta de mim?"

"Gosto."

"Mas gosta mais do Channing." Não era uma pergunta, mas uma afirmação. Jonathan soltou Emma e foi se sentar no sofá. Os olhos cheios de lágrimas. Ele tirou os óculos e secou.

Emma se ajoelhou em frente ao inspetor e segurou seus braços. "Eu tô traindo ele com você, não tô?"

Jonathan assentiu.

"O que acontece é que você é tecnicamente o ex da minha mãe. Eu ainda tô me acostumando a não problematizar o que a gente tem."

"Tudo bem." Jonathan concordou.

"A gente pode pedir comida pra comemorar seu apartamento novo. O que acha?" Emma tentou mudar o clima.

"Acho ótimo." Jonathan concordou.

"É?" Emma se levantou e sentou no seu colo.

"Sim." Jonathan sorriu, sendo domado pela ruiva e colocando os braços em volta dela.

"Perfeito." Emma beijou Jonathan.

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