domingo, 23 de abril de 2023

Casamento a vista!

 A professora de matemática é a mais nova noiva do pedaço. Seu noivo, Ashton Kutcher, pediu Letícia em casamento, num fim de semana em Campos do Jordão. O pedido foi romântico e pegou a professora de surpresa. Parabéns aos noivos!!



Especial: O que esperar quando você está esperando - Capítulo XI: Oi, Bento!

Bradley foi para a parte externa do hospital encontrar Emma.

A ruiva deu um meio-sorriso ao avistar o padrinho. Eles se entreolharam por alguns segundos, até Emma quebrar o transe. "Parabéns." Ela abraçou o padrinho. 

"Obrigado." Bradley envolveu a menina com bastante força, e depois afrouxou um pouco com medo de machucar o bebê. Bradley conhecia muito bem a dor que Emma estava sentindo, e o sentimento de impotência era simplesmente devastador. Ele queria protegê-la de tudo, mas, para sua infelicidade, depois que os filhos atingiam uma certa idade, ficava cada vez mais difícil blindá-los dos perigos e infortúnios do mundo.

"Me conta como ele é." A menina quebrou o abraço. 

"Ele é tão bonitinho e pequeno. É o bebê mais bonito da maternidade." Bradley sorriu ao descrever o filho.

"Não duvido." Emma abraçou a própria cintura.

"Tem certeza que não quer ver ele? Eu queria tanto que ele conhecesse a irmã linda dele." Bradley tocou o queixo da filha.

Emma pensou no que seu padrasto dissera outrora. 

Segura a Sadie como a sua irmã. Você não precisa fazer associações.

"Tá bom." Emma concordou. 

Bradley sorriu e abraçou a menina. "Obrigado."

O professor levou a filha para o quarto que sua noiva estava internada. Ele abriu a porta com cuidado. 

"Olha quem veio conhecer o irmão mais novo." Bradley anunciou e revelou Emma atrás dele. 

"Oi, Emma." Elizabeth cumprimentou a menina com o bebê nos braços. 

"Oi. Parabéns pelo filho." Emma disse tímida. 

"Obrigada." Elizabeth sorriu docemente. 

"Ele é muito pequeno." Brian observou tocando a mãozinha do bebê. 

Bradley se aproximou da Elizabeth, beijou sua cabeça, e se dirigiu ao Bento. "Vem aqui com o papai." Bradley pegou o filho do colo da noiva e foi até Emma. "Esse é o Bento, seu irmão." 

Emma olhou para o bebê, se atentando a cada traço do menino. 

Bradley ficou aliviado ao ver que Emma não tinha perdido a compostura. Talvez ele havia superestimado a sensibilidade da menina. 

"Posso dar ele pra você segurar?"

Emma assentiu. 

"Agora você vai pro colo da sua irmã." Bradley avisou Bento e o entregou à Emma. 

A ruiva observou o bebê nos seus braços. "Oi, Bento." Emma falou com sua voz baixa para não assustar o bebê. "Eu sou a Emma."

Bradley olhou para aquela cena com lágrimas nos olhos. 

"Ele é lindo." Emma falou para Bradley e Elizabeth, mas sem tirar os olhos do bebê. "Tão perfeitinho..." Ela contornou sua orelha de leve e depois segurou sua mãozinha, passando o polegar pelos seus cinco dedos. 

Quando se deu por si, estava chorando, fazendo o bebê começar a chorar também. Bradley tirou o caçula às pressas dos braços filha e entregou a sua noiva. 

Emma estava soluçando e Bradley tirou a menina do quarto. 

"Já passou, já passou." Bradley tentou secar suas lágrimas, inutilmente. Ele sentou em uma das cadeiras acolchoadas do hospital e puxou Emma para o seu colo, balançando a menina como se ela tivesse cinco de novo. "Já foi, meu amor. Tá tudo bem." Bradley tentou acalmá-la, mesmo estando também nervoso. 

Brian saiu do quarto e correu até os dois. 

"O que aconteceu com ela?" Brian perguntou, sem entender o que tava acontecendo. 

"Ela tá tendo uma crise de ansiedade. Segura a mão dela pra ajudar ela a se acalmar." Bradley informou e Brian obedeceu. 

Emma apertou a mão do irmão e continuou chorando contra o peito do dindo. 

Bradley sentiu seus batimentos cardíacos diminuindo aos poucos e ficou mais calmo. 

"Por que ela ficou assim, pai?" Brian perguntou perdido. 

"Não sei. Ela tinha muito isso na infância. Parece que tá voltando." Bradley decidiu contar apenas meia verdade. 

"Que droga." Brian resmungou com pena da irmã. 

Emma parou de chorar e levantou a cabeça do peito de Bradley.

"Tá melhor?" Brian perguntou ansioso. 

"Tô. Eu não devia ter visto aquele filme ontem à noite."

"Que filme?" Brian perguntou. 

"O bebê de Rosemary. Quando eu segurei o Bento acabei me lembrando do filme."

"Aaah ta!" Brian começou a rir. "Que bobona!" 

"Nada de comparar o Bento com o bebê de Rosemary." Bradley chamou atenção da menina, e beliscou a cintura da menina de leve, fazendo-a rir. 

"E por que você foi assistir a esse filme logo ontem?" 

"Pareceu uma boa temática pra noite." Emma respondeu. 

"Você é muito estranha." Brian riu mais. 

"Você que é estranho." Emma rebateu. 

"Você que é!" Brian falou bravo. 

"Ninguém aqui é estranho." Bradley interviu. "Querem tomar sorvete?" 

"Eu quero!" Brian falou animado. 

"Pode ser." Emma deu de ombros. 

"Então fiquem aqui que eu vou avisar a Elizabeth que a gente vai dar uma saída." Bradley beijou a cabeça dos dois filhos e entrou no quarto. 

sexta-feira, 21 de abril de 2023

Nasceu!!!

Nasceu no dia 21 de agosto, às 4h32min, Bento Knightley Cooper, pesando 2,9kg. Parabéns para os mais novos papai e mamãe! 

segunda-feira, 10 de abril de 2023

Especial: O que esperar quando você está esperando - Capítulo X: Recaída

Bradley deixou a filha no apartamento de Jonathan para ela passar a tarde lá.

Emma tocou a campainha, mas ninguém atendeu. Ela começou a bater na porta e chamar o nome do inspetor, porém nenhuma resposta.

Uma senhora saiu do apartamento da frente para ver quem estava gritando.

"Você é filha do homem que mora aí?" A senhora perguntou.

Emma olhou para a senhora desconfortavelmente e negou. "Não. Sou uma amiga."

"Não pensa em ter amigos da sua idade?" A senhora perguntou atrevidamente.

A ruiva-aloirada balançou a cabeça. "É complicado."

"Imagino... Ele fez muito barulho ontem à noite. Ele gritava e parecia que tava quebrando todas as coisas do apartamento. Meu filho quase chamou a polícia. Estávamos com medo dele tá agredindo alguém."

Emma arregalou os olhos espantada.

"Você é tão bonita. Tem que tomar cuidado com quem anda." A senhora parou o olhar nos olhos da ruiva. "Você tem olhos muito bonitos. Nem parece que é brasileira. Parece mais uma gringa." A senhora sorriu. 

"Obrigada." Emma respondeu sem graça. 

"Olha, se você precisar de alguma coisa, pode bater na minha casa. Eu tenho um filho que mora comigo, mas ele é um rapaz muito bonzinho e trabalhador."

"Vou lembrar disso. Obrigada."

"De nada, querida. Prazer em conhecê-la." A senhora acenou.

"Prazer."

A senhora voltou para dentro de seu apartamento. Emma respirou fundo pensando no que a senhora dissera. Jonathan tinha bebido, não havia dúvidas. Emma pegou a cópia da chave do apartamento que o inspetor tinha deixado com ela e destrancou a porta.

A cena a sua frente era de uma verdadeira catástrofe. Jonathan estava largado no chão, perto do sofá. Tinham diversas coisas quebradas, com cacos de vidros espalhados por tudo, e várias garrafas de bebidas deixadas pelos cantos.

Emma encostou a porta e se aproximou de Jonathan para ver se ele respirava, quando se certificou que sim, olhou em volta perplexa com o estado da casa.

Ela, então, começou a recolher as garrafas de bebida e entornou seus conteúdos na pia. Quando terminou de esvaziar todas as garrafas, levou-as para fora do apartamento. Ao voltar para dentro, pegou uma vassoura e começou a varrer os vidros quebrados, tirando os pedaços grandes com a mão e os menores com a vassoura.

Ela sentiu seu estômago revirar e vomitou no balde de lixo que tinha pegado para agrupar os itens quebrados que não tinham mais conserto.

Se sentindo fraca, de repente, a ruiva ficou ajoelhada no chão com o balde na mão, tentando recuperar as forças para levantar. Quando se sentiu um pouco mais forte, ela se apoiou no chão para levantar e acabou cortando a mão com o vidro.

"M***a." Emma xingou e foi até o banheiro lavar o corte. Ela pensou em como sua dinda fazia, intencionalmente, aquele tipo de ferida e sentia prazer naquilo. Emma apertou o corte para sair mais sangue, sentindo a dor aguçar, e depois balançou a cabeça se dando conta do que estava fazendo.

Ela se olhou no espelho e temeu seu reflexo. Com a mão boa, abriu a torneira e jogou água no rosto, e fez uma compressa, com uma toalha de rosto, para estancar o sangue da outra mão. Depois pegou o listerine, que estava em cima da pia, e fez um bochecho para tirar o gosto de vômito da boca.

Emma voltou para a sala, terminou de varrer o vidro e ouviu Jonathan chamar seu nome.

"Emma? Emma, me perdoa!" Jonathan começou a chorar.

A ruiva se agachou do seu lado. "Por que você foi beber? Você tava indo tão bem."

"Eu fiquei muito mal com a notícia do nosso bebê. Eu tentei ser forte, eu juro que tentei."

"Mas nosso bebê tá vivo ainda. Você tá mal por uma coisa que nem aconteceu. E mesmo que aconteça, você pode ter outro filho com outra mulher no futuro."

"Eu não quero filho com outra mulher. Eu só quero filho com você. Eu te amo, Emma." Jonathan falou como uma criança mimada.

"Nem sempre a gente tem o que a gente quer. Na verdade, na maioria das vezes, a gente não tem o que a gente quer. Você tem que aprender a lidar melhor com as suas frustrações."

"Você tá assim porque você não queria esse filho."

"Não pense que tá sendo fácil pra mim. Não, eu não queria esse filho, mas eu acabei desenvolvendo um instinto materno por ele." Ela abriu aspas ao falar materno. "Ou o que seria pra mim um instinto materno. Só que eu decidi que não vou ficar de luto por ele enquanto ele estiver vivo. E quando a hora chegar, eu vou lidar com a perda dele, assim como eu tô lidando com ter herdado o problema da minha dinda, e que pra ter um filho vivo, vou ter que passar pela perda de vários. Mas por acaso você me viu bebendo e dando uma de o iluminado com a minha casa? Não, não viu."

Jonathan tentou falar, mas Emma interrompeu. 

"E mais, para de falar que me ama. É impossível alguém amar outra pessoa em tão pouco tempo." Emma virou o rosto e viu o peixe dela imóvel no chão. "Você matou o Padre-Peixe?" A menina levantou irritada e pegou ele do chão. 

"Ele me lembrava a você." Jonathan explicou. 

"E você mata meu peixe?" Emma abriu a boca do peixe com o mindinho e tocou seus dentinhos. 

"Você já queria matar ele!" Jonathan se defendeu. 

"Eu sei... mesmo assim... se fosse pra você matar, eu teria matado do meu jeito."

"É sério que a gente tá discutindo isso?"

"Eu tinha pensado em mortes legais." Emma disse chateada com a situação. 

Jonathan levantou do chão e foi até a menina. "Olha, desculpa. Eu compro outro peixe e você pode matar do jeito que você quiser." Ele tocou seu braço. 

"Mas o novo peixe não vai ser padre." Emma falou na defensiva. 

"A gente bota pra fazer um curso. Ele vai virar padre em um mês." 

"Eu vou pensar." Emma se acalmou. 

"Tudo bem. Depois você me diz."

"Promete pra mim que vai tentar não beber, pelo menos enquanto nosso filho ainda tá vivo? Eu quero que ele tenha uma boa impressão da gente." 

Jonathan olhou para a menina tocado com as suas palavras. "Claro. Eu prometo."

sábado, 8 de abril de 2023

O pedido de casamento de Bradley

Bradley levantou de fininho da cama para não acordar a namorada e foi para o quarto da Emma.

"Emminha! Emminha!" Bradley falou no seu ouvido e apertou de leve seu braço.

"Que foi?" Emma falou sonolenta.

"Acorda pra gente comprar o anel de noivado pra Elizabeth." Bradley disse animado.

"Você tem certeza?" Emma deu um bocejo.

"Sim, eu tenho. Eu pensei muito sobre isso e eu quero ter a Elizabeth como esposa."

"É que más línguas..."

"Acham que eu não superei a Jessica. Bom, eu superei. O amor que eu sinto pela sua dinda agora é de mãe da minha adorável filha." Bradley acariciou a bochecha da menina com o polegar.

"Você tá sentimental." Emma o acusou.

"Pode me culpar? Eu vou casar, ter um filho e tô vendo minha princesinha grávida pela primeira vez. Eu tô mais que sentimental." Bradley falou com lágrimas nos olhos.

"Eu quero que você seja muito feliz, de verdade." Emma secou as lágrimas do dindo, um olho por vez.

"Eu digo o mesmo a você, minha filha." Bradley puxou a menina para um abraço. "Como eu deixei a Jessica tirar tanto tempo você de mim?"

Pela primeira vez, Bradley a chamando de filha não soou estranho, pelo contrário, soou certo, no seu devido lugar.

"Não sei." Emma riu.

Bradley segurou o rosto da menina e olhou nos seus olhos. "Eu sei que você tá assustada com muitas coisas, mas eu tô aqui por você. Eu sempre vou tá do seu lado pro que der e vier. Não tem nada que você possa fazer que me faça te amar menos. Eu te amo muito. Às vezes eu acho que vou explodir de tanto amor que eu tenho por você."

"Eu também te amo... pai."

O coração de Bradley pareceu saltar do peito.

"Não espere que eu vá te chamar assim porque dindo já tá muito entranhado em mim. Mas eu olho pra você e vejo o meu pai e eu tenho muito orgulho de ser sua filha. Então toda vez que eu falar dindo, na verdade eu quero dizer pai."

Bradley começou a chorar até soluçar. Emma abraçou o pai, como se ele fosse a criança e ela a adulta.

"Você me fez o homem mais feliz do mundo agora."

Bradley demorou a parar de chorar. Todos os traumas do passado pareceram terem sidos lavados naquele dia momento que Emma o chamou de pai. Foi como se o buraco que atormentava seu ser e causava uma dor intensa e pulsante, fosse preenchido pela palavra pai e tudo o que seu significado englobava. 

Bradley ficou tão feliz, emocionado e redimido com a manhã que teve, que ficou ainda mais confiante com a decisão de pedir Elizabeth em casamento. Ele teria uma esposa boa, íntegra e linda, e uma família unida e feliz com seus três filhos, e quem sabe, um quarto no futuro.

O professor passou com Emma na casa de Andréia para pegar Brian. Ele queria que a escolha do anel fosse um momento em família. 

"Brian, seu pai chegou!" Andréia gritou ao atender a porta e ver que era o ex com a filha. 

"Parabéns pelo bebê, Emma." A mãe de Brian desejou sarcástica. 

"Obrigada." Emma respondeu calmamente. 

"É pra quando?" Andréia abriu um sorriso falso. 

"Novembro." Emma retrucou. 

"O mês que você nasceu. Muito abençoado." Bradley beijou a cabeça da filha. 

"Vou ter que admitir que tô surpresa em te ver tão calmo com essa situação." Andréia falou um pouco incomodada. 

"Pois é. Eu também." Bradley manteve a compostura. 

"Tô pronto." Brian apareceu na porta com a mochila do homem-aranha nas costas. 

"Vamos lá, filho. Não quero que a Elizabeth fique muito tempo sozinha. Tchau Andréia."

"Tchau, mãe!" Brian acenou com a mão. 

"Tchau." Andréia respondeu e fechou a porta. 

Na joalheria, Bradley escolheu o anel que teve aprovação unânime dos filhos. Ele guardou a jóia no bolso e levou as crianças para a casa de Jessica, já que queria estar sozinho com a futura noiva no momento do pedido. 

"Quando você se casar com a Elizabeth você ainda vai me ver?" Brian perguntou manhoso ao pai. 

"Que pergunta é essa? Você é meu filho. Não tem nada no mundo que faça eu me afastar de você." Bradley bagunçou o cabelo do garoto. 

"Tudo bem." Brian sorriu e correu para brincar com os filhos de Jessica e Andrew. 

"Vai dar tudo certo." Jessica falou, sentindo o desepero nos olhos do ex-marido. 

"E se ela não quiser casar comigo?" Bradley sentiu sua confiança esvair. 

"Você tá brincando? Ela te ama! É claro que ela vai querer casar com você." Jessica riu da insegurança do ex. 

"Tem razão." Bradley riu como se sua preocupação fosse uma bobeira. 

"Eu tô muito orgulhosa de você." Jessica falou sinceramente. "Se tem uma pessoa que merece ser feliz, essa pessoa é você."

"Não me faça chorar." Bradley enxugou uma lágrima. "Sua filha já fez isso comigo hoje de manhã."

"É?" Jessica levantou uma sobrancelha. 

"A gente fez um ser humano muito especial." Bradley enxugou outra lágrima. 

"Fizemos mesmo." Jessica concordou. 

Os dois se olharam com emoção nos olhos por alguns segundos, até se abraçarem. 

"Eu tô muito feliz por você." Jessica falou no seu pescoço. 

"Obrigado."

Bradley ficou feliz em saber que toda a sua história cheia de altos e baixos com Jessica tinha resultado numa amizade sólida e verdadeira.

"Depois me conta como foi." Jessica falou quando o abraço chegou ao fim. 

"Pode deixar."

Bradley aproveitou o cochilo de Elizabeth da tarde para preparar o jantar e todo o cenário para o pedido de casamento. 

Ele ficou um tempão preparando e arrumando cada detalhe. O professor queria que aquela noite ficasse na memória dos dois pelo resto de suas vidas. 

No jantar, ele não parou de elogiar a Elizabeth, e diga-se de passagem, ela estava deslumbrante, e de alguma forma, grávida caía muito bem nela.


Ele amava fazê-la sorrir. Elizabeth tinha um sorriso perfeito. Não era metido ou prepotente, mas singelo e caloroso. Aquele que te acolhia e te fazia sorrir horas a fio. 

Antes da sobremesa, Bradley começou seu discurso. 

"Eu sempre sonhei em ter uma mulher dos sonhos e uma família, mas eu não sabia que era possível até te conhecer. Não é todo mundo que tem a sorte de conhecer alguém que faça a gente sentir o que é o amor, e eu pude ter essa honra com você. E você sabe o dizem, quando a gente acha a pessoa certa, a gente tem que fazer de tudo pra que essa pessoa não saia da nossa vida. Eu eu vou fazer de tudo pra ser uma pessoa que faça você sentir metade da felicidade que você me faz sentir todos os dias. Lizzie, você me daria a honra de ser minha esposa?"

"Sim!" Elizabeth exclamou surpresa. 

No fim da noite, eles riram, choraram, comeram a sobremesa e se amaram.

Especial: O que esperar quando você está esperando - Capítulo IX: Não tem um dia que eu não pense em vocês

Emma estava extremamente sonolenta na aula de matemática. Letícia percebeu a menina piscando prolongado na hora da explicação e se aproximou da aluna.

"Se tiver com dificuldade de prestar atenção, pode abaixar a cabeça. Depois você pega com alguém a explicação, e se ficar alguma dúvida, pode perguntar pra mim." Letícia tentou falar num volume que só a menina escutasse, mas Lana ouviu tudo.

Emma agradeceu a professora e abaixou a cabeça, que também doía.

Letícia voltou para a frente do quadro e voltou com a explicação.

Na aula de francês, Emma pediu para ir ao banheiro.

"Pode ir. Saoirse, pode acompanhar a Emma no banheiro pra ela não ter que andar sozinha?" Tom perguntou para a amiga loira.

Saoirse assentiu e foi ao banheiro com Emma.

Lana observou todo o zelo que as pessoas estavam tendo com Emma e se revoltou. Por que quando fora sua vez ninguém teve esse cuidado? Quando tinha ficado grávida, ela era muito mais nova e não tinha a rede de apoio familiar que a ruiva tinha, e mesmo assim, foi esnobada e tratada como uma piranha que teve o que merecia. Lana não queria ser uma pessoa rancorosa, mas Emma grávida reabria velhas feridas que ainda não tinham sido cicatrizadas.

A morena conseguia sentir o julgamento das pessoas. Os pensamentos maldosos que apontavam que enquanto ela abortou, Emma estava disposta a dar a vida pelo bebê. 

Porém aquilo era injusto! Emma era muito mais velha do que Lana, que era apenas uma criança, grávida de duas outras crianças que provavelmente a matariam, caso a morena não interrompesse a gestação. Emma estava numa situação muito mais privilegiada. 

E o pior seria quando o seu bebê nascesse. Seria um lembrete constante dos próprios filhos que não chegaram a ver a luz do dia e do seu fracasso como mãe e como mulher. 

No recreio, Guilherme foi sentar com o seu grupo, mas era só para falar com a ruiva. Lana escutou a conversa dos dois. 

"Como você tá hoje?" 

"Agora você tá falando comigo?" Emma perguntou num tom quase acusatório. 

"Eu sei que você tá chateada..."

"Eu tava chateada, não mais. Obrigada por ter me ajudado no domingo." Emma abraçou o menino. 

"Não foi nada." 

"Se eu fizer alguma outra coisa que deixe você com raiva, desconta em mim de qualquer forma, mas por favor, não para de falar comigo."

"Tudo bem." Guilherme sorriu.

"Eu tô falando sério." Emma encerrou o abraço e sorriu de volta.

"Eu também."

Jonathan se aproximou dos dois com a cara fechada.

"Emma, seu padrinho pediu pra eu te acompanhar até a sala dos professores." Jonathan falou, olhando só para Emma e ignorando o garoto do lado dela. 

"Pode ir." Guilherme incentivou. 

Emma levantou e foi com Jonathan. 

"O que você tá fazendo?" O inspetor perguntou, quando estavam mais afastados do grupo. 

Emma olhou sem entender o que ele estava se referindo. 

"Por que você tava abraçando aquele garoto? E por que você tem estado de papinho com o Channing? Você tá com o meu filho na barriga!" 

"Shhhhh, você quer que alguém escute?" Emma olhou para os lados para se certificar que ninguém havia escutado nada. 

"Eu não sei por que a gente tá escondendo que o filho é meu. Uma hora eles vão saber."Jonathan falou impaciente. 

"Porque eu traí o Channing com você, esqueceu? A última coisa que eu preciso agora é das pessoas me chamando de nomes."

"Mas eles vão acabar descobrindo de qualquer forma."

"Sim. Quando eu tiver com o meu bebê nos braços, eles vão. Mas aí eu já não vou mais ligar tanto. Agora seria um inferno."

"Não gosto de ver você rodeada por esses garotos."

"A gente tá junto, mas a gente não namora." Emma se referiu ao seu status com o inspetor. 

"A gente pode namorar. Eu quero namorar com você."

"Eu não. Desculpa, Jonathan, mas eu não tô pronta pra um relacionamento sério com você. Pelo menos não agora."

"Sua família fez sua cabeça, não foi? Agora você quer me descartar."

"Não, não é isso. Eu não quero te descartar. Você é o pai do meu filho e eu quero que ele tenha um pai presente. Só tô dizendo pra gente ir com calma nessa coisa de relacionamento."

"Eu te amo, Emma. Eu não consigo mais ficar sem você."

"Você tem que parar de fazer isso." Emma falou frustrada. 

"O que eu tô fazendo?" 

"Você sabe o que tá fazendo." A ruiva secou uma lágrima no canto do olho. 

"Eu não sei o que eu tô fazendo. Por que você não diz então?" Jonathan cruzou os braços. 

Bradley reparou que os dois estavam numa discussão e se intrometeu. 

"O que vocês pensam que tão fazendo? Eu já disse que vocês têm que interagir o mínimo possível na escola." Bradley falou sério. "Seja lá o que vocês tavam discutindo vai ficar pra depois." O professor se virou para a ruiva. "Vai pra sala dos professores que eu te encontro lá daqui a pouco."

Emma assentiu e saiu.

"Presta bem atenção em mim, Jonathan. Eu não quero ver você discutindo com a Emma. Se eu notar que você tá fazendo mal a minha filha, pode dizer adeus a esse emprego."

"A gente não tava discutindo."

"Não pareceu. Eu tô fazendo o máximo pra aceitar essa situação da melhor forma possível e pra fazer as vontades da minha filha, que no caso, é que você seja presente e não perca o emprego. Mas eu não vou permitir que você se aproveite da ingenuidade e do bom coração dela. Se eu tiver que te colocar no fundo do poço, eu não vou nem pensar duas vezes em te botar lá."

"Não precisa se preocupar. A gente tá no mesmo time. Eu também quero o melhor pra Emma."

"É melhor pra você que isso seja verdade." Bradley falou num tom ameaçador e foi para a sala dos professores encontrar com a afilhada.

Lana observou tudo, sem conseguir ouvir, triste de que até o inspetor estava preocupado com a gravidez de Emma, e ponderou que se na sua vez, as pessoas tivessem a apoiado ao invés de julgado, talvez tivesse tido a coragem de morrer pelos seus bebês. 

A morena queria que seus filhos soubessem que ela os amava muito e que não tinha um dia sequer que ela não pensasse neles.

quinta-feira, 6 de abril de 2023

Era para ser do especial, mas não quiseram colaborar...

            Asa sentou no banco após ter sido retirado do treino por não estar conseguindo defender nenhuma bola até então. Ao contrário dos colegas, ele não se sentia mal por ficar no banco. Para falar a verdade, sentia-se bem apático.

– Bem-vindo ao mundo dos meros mortais. – Disse Bela, que estava no banco. Ela sempre ficava no banco.

Asa continuou olhando para a partida que acontecia, sem realmente reparar nas coisas.

– Está chateado?

– Por que eu estaria chateado?

– De ficar no banco, ora bolas!

– O que significa “ora bolas”?

Bela sorriu condescendente para ele.

– Não quer falar, não quer falar.

Asa tinha muita dificuldade de entender Bela. Além do sotaque paulista, ela usava expressões muito estranhas.

– Eu não ligo de ficar no banco.

– “Eu não ligo de ficar no banco”, disse Asa, que odiava ficar no banco. – Ela sorriu mais uma vez, mas Asa a ignorou, então ela voltou a olhar para o jogo.

Nathan estava dando o seu melhor no gol para conseguir seu lugar como goleiro oficial do time de volta e estava se saindo muito bem. Bela olhava de vez em quando de soslaio para Asa com o intuito de ver como o garoto estava se sentindo, mas ele não demonstrava nenhuma reação. Na verdade, parecia nem estar prestando atenção no jogo.

 Ela não deveria falar. Ela sabe que não deveria falar. Ela havia prometido a Eric que não falaria.

– Emma. Você está pensando nela.

– Não estou.

– Você está triste porque ela engravidou...

– Eu não quero ser mais um capítulo daquele especial do blog.

– Então você está triste!

– Eu tenho outras coisas na minha cabeça. Não tenho tempo para pensar no que está acontecendo na vida de outras pessoas.

– Não quer falar, não quer falar.

– Estou pensando na mudança.

– Você tinha dito na escola que não tinha sido tão ruim.

– Eu menti.

– Sua madrasta fez alguma coisa?

– Eu não me sinto à vontade naquela casa nem com aquela família. Lá eu sempre me sinto deslocado, bobão, intruso e desconfortável. Não queria ter deixado a minha família.

– Aquela também é a sua família.

– Eu não me sinto assim.

Bela ficou quieta, olhando para Asa, que continuava olhando para frente.

– Desculpa por estar chato. Mais chato do que o de costume.

– Você vai se acostumar com a situação. No começo vai ser difícil, mas depois vai ser como se você sempre tivesse vivido naquela casa.

– Eu sei. Mas isso não significa que eu não vou continuar achando aquela casa chata, porque aquela casa é muito chata. Parece que todo dia é a mesma coisa. Todo mundo é muito caricato. Meu pai é o tiozão, estressadinho e bobão, a Jessica é a tiazona reclamona, mãe de todos, nojenta, a Mel é a maluca, o Levi é o metidão, o Theo é o sensível copycat, a Emma, quando está, é a estranha, sem noção, a Zendaya é coração e eu sou o chato, insuportável e estranho. Só a Sadie que ainda não entrou no pacote...

– E o filho da Emma. Acho que essa dinâmica vai mudar bastante quando o bebê nascer...

Asa ficou em silêncio.

– Você ainda gosta dela?

– Não. Faz tempo que eu não gosto dela.

– Entendi.

– Desculpa pela reclamação.

– Ninguém é mais reclamone do que eu.

– Eu não acho você reclamona. Uma pessoa reclamona. - Asa se corrigiu.

– Não? – Ela riu.

– Suas reclamações são todas... Esqueci a palavra, mas são todas... Você tem o direito de fazer as suas reclamações. Elas fazem sentido.

– Eu acho que vou sair do futebol. Cansei de ficar no banco.

Asa franziu a testa e ficou quieto. Bela voltou a olhar para a partida. Pouco tempo depois, o garoto disse:

– Queria que você não saísse.

– Também, mas ninguém me leva a sério.

– Eles que perdem.

– Com certeza! Eu sou muito boe. Melhor do que todos aqui!

– Nisso eu não tenho do que discordar.

Bela sorriu.

– Melhor do que você!

– Você nem é goleiro.

– Mas se eu fosse, seria melhor do que você.

– Nem você acredita nisso.

Ela sorriu mais uma vez e virou o rosto em direção ao jogo.

– Não quer falar, não quer falar.

– Não é assim que funciona!

– E quem disse isso?

– Hã? Meu, você é maluco!

– Não gostou, não gostou.

– Você está me zoando?

– Claro que não!

– Porque se você estiver me zoando, eu posso te zoar muito mais.

– Não duvido disso.

– Então não me provoque!

– Eu estou recuando.

– Ótimo!

– Ótimo.

E os dois voltaram a sua atenção para o treino mais uma vez.

Aparentemente.

quarta-feira, 5 de abril de 2023

Especial: O que esperar quando você está esperando - Capítulo VIII: A oração

Quando era muito criança, Guilherme acreditava que um dia se casaria com Luciana.

Ele tinha tanta certeza disso que quando imaginava seu futuro, ela sempre estava lá. Quando Lana chegou na escola, ele achou a menina tão encantadora, que se revoltou com o seu destino, até se dar conta que poderia namorar outras meninas antes de casar com a Ferreira do Mar.

O futuro com Luciana, acima de tudo, lhe dava paz de espírito. Enquanto a maioria das pessoas, não tinha noção alguma do que iria acontecer anos a frente, Guilherme já tinha tudo mapeado. Até reparar em Emma.

Emma sempre fez parte da sua igreja e seus pais eram amigos de Jessica, não muito de Bradley, pois o professor de estatísca era muito reservado. Guilherme chegou a ir a todas as festinhas de aniversário da menina e ela às suas. Entretanto, eles não se falavam. Emma parecia ser uma criança estranha e sempre estava cercada de seus pais ou seus padrinhos, motivo qual, Guilherme não fazia questão de falar com a menina.

Conforme foi entrando na adolescência, muitos de seus amigos da igreja começaram a ter uma quedinha por Emma. Parecia até uma epidemia, onde ele e mais alguns poucos ainda não tinham sido atingidos, e que a cada semana, um garoto novo era contagiado. 

Guilherme se sentia imune a beleza da menina, até porque ele estudava no Cavalinho Feliz, onde basicamente todas as garotas eram puras beldades.

Tudo mudou no dia que Jessica foi até sua casa visitar sua mãe e levou Emma consigo.

Guilherme estava jogando video game no quarto e desceu para pegar uma coisa para comer. Emma estava lendo um livro no sofá ao lado da madrinha. 

Ele abriu a geladeira e pegou uma jarra de suco. Depois foi até o balcão, colocou o suco no copo e começou a beber. O menino deu um pulo para trás quando Emma se aproximou pelas suas costas. 

"Desculpa ter te assustado. Sua mãe pediu pra eu levar o resto dos sanduíches pra sala. Você sabe onde tá?" 

Ele não lembrava de já ter olhado a menina de tão perto assim. Naquele momento, Guilherme sentiu seu corpo sendo infectado pela doença dos amigos. 

"Hã, dentro da geladeira." Guilherme engoliu em seco. 

"Obrigada." Emma foi até a geladeira. "Vai fazer o que nas férias?" A menina perguntou casualmente. 

"Vou pra a Austrália surfar com o meu pai." Guilherme respondeu, observando atentamente a loira. 

"Não sabia que você surfava."

Ela sabe alguma coisa sobre mim? Será que já perguntou de mim pra alguém? 

"Eu tento. Não sou muito bom." Guilherme admitiu. "E você? O que vai fazer nas férias?" 

"Vou pra um curso de verão de química molecular." Emma levou a bandeja de sanduíches para o balcão. 

"É sério? Você vai estudar nas férias?" Guilherme perguntou perplexo. 

"É melhor do que ficar em casa olhando pro teto."

"Por que você não viaja?" 

"Porque meus pais não vão tá de férias e não posso viajar sem eles."

"E aí você prefere estudar?" 

Emma riu. "É muito estranho?" 

"Um pouco." Guilherme riu junto. 

Quando a risada cessou, veio o silêncio constrangedor. 

"Vou levar os sanduíches pra sala. Foi bom falar com você." Emma pegou a bandeja. 

"Você gosta de video game?" Guilherme perguntou quando a menina estava perto da saída. 

"Depende do jogo."

"Eu tenho vários jogos no meu quarto. Você quer jogar comigo?" Guilherme perguntou tentando prolongar ao máximo o seu momento com a Emma. 

"Quero."

Depois daquele dia, Guilherme nunca mais conseguiu se ver com outra garota que não fosse a loira.

Descobrir que Emma estava grávida foi um golpe no estômago. Corrigindo, um golpe no estômago doeria menos do que a gravidez da menina. E para piorar, o filho era de Channing, a pessoa que ele mais odiava no mundo. Imaginar Emma com um bebê com a cara babaca de Channing e aqueles músculos toscos dentro dela era pior do que assistir a um filme de David Cronenberg. Ele queria que aquela aberração morresse. 

Guilherme estava bravo, mas acima de tudo, decepcionado e triste. Agora todos os planos que tinha para o futuro foram por água abaixo. O amor da sua vida tinha escapulido de suas mãos e não havia mais nada a fazer. O menino não conseguia nem ao menos falar com ela. Doía demais. 

Certo domingo, na igreja, Emma o olhou com expectativa que lhe dirigisse a palavra, porém ele ignorou seus olhos pedintes. Dava para ver que a menina estava carente e assustada, mas Guilherme não podia ceder. Ele tinha que ser forte e passar a mensagem que nunca apoiaria aquela gravidez, e por conta daquele erro, ela o havia perdido para sempre. 

Guilherme estava totalmente decidido até ver Bradley segurando a menina quase desacordada pelos braços, perto da saída da igreja. 

"Tá tudo bem com ela?" Guilherme perguntou ao Bradley. 

"Ela tá tonta. Você pode ficar com ela enquanto eu corro pra farmácia?" Bradley falou nervoso. 

"Claro." 

"Vou só colocar ela sentada lá dentro." 

"Eu ajudo." Guilherme ofereceu. 

Eles guiaram a menina para dentro e colocaram ela sentada no banco. 

"Vou pegar um remédio pra você e já volto." Bradley avisou a menina e saiu. 

"Tá muito ruim?" Guilherme perguntou para a sua ex. 

"Aham." Emma respondeu com os olhos fechados. 

Guilherme sentou do seu lado. "Apoia a cabeça no meu ombro. Vai ajudar na estabilidade." 

Emma levantou a cabeça com dificuldade e Guilherme ajudou a menina a descansar no seu ombro.

"Obrigada." Emma falou ainda de olhos fechados. 

"Tá tendo muito isso?" 

"Às vezes. Mas na maioria das vezes é rápido."

"Você sempre tem que tá com alguém por perto. Imagina se isso acontece na rua e você tá sozinha?" 

"Verdade." Emma concordou. 

O reverendo passou perto dos dois e parou para cumprimentá-los. 

"Vocês voltaram?" O reverendo perguntou sorrindo. 

"Não. Ela tá passando mal." Guilherme respondeu. 

"Pobrezinha. Tá com o quê?" 

"Uma virose." Guilherme não gostava de mentir na igreja, mas por Emma, ele abriria uma exceção. "O Bradley foi comprar um remédio pra ela tomar."

"Tem mesmo uma virose circulando por aí que todo mundo tá pegando. Fica bem, Emminha. Vou tá orando por você."

"Obrigada."

"Se cuida, viu?" 

O reverendo saiu. 

"Você tá tremendo." Guilherme esfregou seu braço. 

"Eu tô com frio." Emma se encolheu do seu lado. 

Guilherme continuou esfregando o braço da menina e iniciou uma oração silenciosa. 

Pai, cuida da Emma e do bebê dela. 

sábado, 1 de abril de 2023

Especial: O que esperar quando você está esperando - Capítulo VII: O que esperar quando você não estava esperando?

 Fazia quase 10 minutos que Channing estava parado com o celular na mão em estado de choque. 

Emma. Grávida. 

Emma. Grávida.

Emma. Grávida. De um filho seu.

Channing seria pai.

Channing não queria ser pai. 

Channing só queria ser Channing.

Havia 1001 razões pelas quais Channing seria um pai horrível. A maior delas era que ele nunca quis ser pai, nunca quis ter um filho. Era legal o filho dos outros, mas seu próprio filho era outra história. Channing queria chorar, gritar, mas permanecia imóvel com a cabeça fervendo em um turbilhão de pensamentos. 



Sua vida havia acabado, tudo o que ele sonhava para si. Na verdade, Channing não tinha sonhos nem ambições, mas gostava da ideia de ser jovem e livre. Ele não conseguiria ser jovem e livre com um filho. A não ser que ele fosse um pai ruim, um pai ausente. Ele queria ser um pai ausente, mas ele tinha um pai ausente e refletindo sobre aquilo, pela primeira vez, doía saber disso. Os pais pouco falavam com ele ou se importavam com o que fazia ou deixava de fazer. No fundo, sentia certa inveja de como Emma era protegida. Não que ele quisesse o mesmo, mas proteção demais mostrava que a pessoa se importava e seus pais… Bem, eles se importavam pouco, muito pouco.

Como ser um bom pai sem ter tido um bom pai e querendo ser livre? 



Um pai com Emma. Emma seria uma péssima mãe. Não, Emma seria uma ótima mãe. Ela começari… Não, ela seria uma mãe ruim. Ela tentaria, mas não conseguiria, assim como ele. Que criança fadada ao fracasso! 

Por que justo com ele? Por quê?

Ele pensou em um bebê imaginário. Esticando a pequena mão para tocá-lo. Tudo perdido. Toda juventude. Todo o futuro jovem. Toda a liberdade. Porque se ele aproveitasse da liberdade, ele sempre se sentiria culpado. Sempre haveria a sensação de ter deixado algo para trás. 

Por isso Emma havia terminado com ele. Ela estava perdida, sem direção! Mas ela estava errada! Mais do que nunca, eles deveria estar juntos. Perdidos juntos. Olhando um para o outro sem saber o que fazer. Pensando no erro que haviam cometido e em como lidariam com aquilo. 

Channing não era contra aborto, mas sabia que Emma seria incapaz de fazer algo assim. Mas seria tão mais fácil… Ele nunca a convenceria, nunca. Ela cuspiria na cara dele. Diria com a sua voz rouca e um pavor na cara: “Channing?!” Toda a repreensão de uma vida. Channing imaginou tudo aquilo e se sentiu culpado. Não, não era culpa do bebê. Ele poderia dar uma vida confortável para o bebê. Os dois. Só não seriam bons pais. Mas tentariam. Falhariam, mas tentariam. E também acertariam.



O choro começou a explodir de Channing. Ele não queria ser pai. A ideia o deixava triste, mas o bebê sozinho o deixava triste. Channing odiava se sentir triste. Como Emma deveria estar se sentindo? Desamparada! Eles deveriam estar sofrendo juntos. Seria melhor para os dois, alguém para contar, alguém no mesmo barco, o mesmo bebê de dois jovens inconsequentes, sem um pingo de responsabilidade e sustentados pelos pais. 

Ele era um homem morto.

Mas Emma era uma mulher mais morta ainda. Sua dinda e seu dindo quando descobrissem… Eles acabariam com ela. Diriam coisas horríveis, chamariam ela de piranha, da rua, da vida. Olhariam-a com desprezo, com vergonha, como se ela fosse uma abominação. Filha do pecado, pecado teve… Ele tinha que estar lá para protegê-la e proteger o bebê. Emma era muita coisa, mas não era uma piranha. Não mere…

A não ser, a não ser… E se o filho não fosse seu? Emma saía com outros homens, ele era corno. E se ela terminou com ele, porque o filho não era dele e sim de outro? Piranha! Vadia! Melhor para ele e pior para a piranha e o otário. 

Que humilhação! A namorada grávida de outro. O terror de antes desapareceu e tudo nele era raiva, ódio.

Mas a vingança veio e era enorme.

Channing tinha que se certificar de que aquele filho não era dele. Ele enxugou as lágrimas, respirou fundo e pensou: “Se não for meu, estou livre. Tomara que não seja meu!”

Ele levantou mais tranquilo. Tinha quase certeza de que não era dele. Não fazia sentido ela terminar se fosse dele. Uma hora ele descobriria, então por que não contar antes? Ela poderia até querer terminar com ele, mas contaria, não carregaria aquilo sozinha. É, não era dele, não era dele.

Channing decidiu seguir sua rotina tranquilo. Estava atrasado para malhar. Tinha que malhar.

O restante do dia correu tranquilamente. Várias vezes o assunto reaparecia em sua mente, mas ele o expulsava com o máximo de vigor possível. 

Seus pais chegaram em casa, falaram rapidamente com ele, tudo de volta ao lugar, porque não era dele, ele sentia. Pediu sinais que confirmassem sua teoria e os recebeu ao não avistar bebê algum ou grávida no decorrer do dia. Ele estava a salvo. Tinha que confirmar, mas estava a salvo. Perguntaria duramente: “Eu só preciso saber a verdade. Você me deve isso! É meu?” “Não.” “Espero que tenha valido a pena ter me traído. Boa sorte!” E ele sairia vitorioso, pensou antes de dormir. 



Mas por que ele não se sentia assim? Por que agora antes de dormir a dor voltava, ele se lembrava do bebê imaginário e no fundo pensava: “Podia ser meu…”? Por que ele queria passar por isso com Emma? Por que ele queria provar para si que seria um bom pai? Por que ele se sentia em frangalhos ao pensar no filho sozinho, sofrendo? Por que ele pensava em Emma e o quanto a amava e que seria um privilégio tê-la como mãe de seu filho? Eles poderiam descobrir como ser pais juntos. A vida dele seria menos sozinha. Eles eram jovens. Tinham pais. Poderiam aproveitar a liberdade, deixar o bebê sob cuidado dos pais no dia em que quisessem ir a uma festa. O relacionamento deles não daria certo para sempre… Mas talvez no futuro. Os dois tendo um filho. A porta nunca estaria fechada definitivamente.

Aquela criança era dele? 

Channing fechou os olhos. Nem sentiu a lágrima descendo quando respondeu para si mesmo.

“Tomara que seja!”