sábado, 8 de abril de 2023

Especial: O que esperar quando você está esperando - Capítulo IX: Não tem um dia que eu não pense em vocês

Emma estava extremamente sonolenta na aula de matemática. Letícia percebeu a menina piscando prolongado na hora da explicação e se aproximou da aluna.

"Se tiver com dificuldade de prestar atenção, pode abaixar a cabeça. Depois você pega com alguém a explicação, e se ficar alguma dúvida, pode perguntar pra mim." Letícia tentou falar num volume que só a menina escutasse, mas Lana ouviu tudo.

Emma agradeceu a professora e abaixou a cabeça, que também doía.

Letícia voltou para a frente do quadro e voltou com a explicação.

Na aula de francês, Emma pediu para ir ao banheiro.

"Pode ir. Saoirse, pode acompanhar a Emma no banheiro pra ela não ter que andar sozinha?" Tom perguntou para a amiga loira.

Saoirse assentiu e foi ao banheiro com Emma.

Lana observou todo o zelo que as pessoas estavam tendo com Emma e se revoltou. Por que quando fora sua vez ninguém teve esse cuidado? Quando tinha ficado grávida, ela era muito mais nova e não tinha a rede de apoio familiar que a ruiva tinha, e mesmo assim, foi esnobada e tratada como uma piranha que teve o que merecia. Lana não queria ser uma pessoa rancorosa, mas Emma grávida reabria velhas feridas que ainda não tinham sido cicatrizadas.

A morena conseguia sentir o julgamento das pessoas. Os pensamentos maldosos que apontavam que enquanto ela abortou, Emma estava disposta a dar a vida pelo bebê. 

Porém aquilo era injusto! Emma era muito mais velha do que Lana, que era apenas uma criança, grávida de duas outras crianças que provavelmente a matariam, caso a morena não interrompesse a gestação. Emma estava numa situação muito mais privilegiada. 

E o pior seria quando o seu bebê nascesse. Seria um lembrete constante dos próprios filhos que não chegaram a ver a luz do dia e do seu fracasso como mãe e como mulher. 

No recreio, Guilherme foi sentar com o seu grupo, mas era só para falar com a ruiva. Lana escutou a conversa dos dois. 

"Como você tá hoje?" 

"Agora você tá falando comigo?" Emma perguntou num tom quase acusatório. 

"Eu sei que você tá chateada..."

"Eu tava chateada, não mais. Obrigada por ter me ajudado no domingo." Emma abraçou o menino. 

"Não foi nada." 

"Se eu fizer alguma outra coisa que deixe você com raiva, desconta em mim de qualquer forma, mas por favor, não para de falar comigo."

"Tudo bem." Guilherme sorriu.

"Eu tô falando sério." Emma encerrou o abraço e sorriu de volta.

"Eu também."

Jonathan se aproximou dos dois com a cara fechada.

"Emma, seu padrinho pediu pra eu te acompanhar até a sala dos professores." Jonathan falou, olhando só para Emma e ignorando o garoto do lado dela. 

"Pode ir." Guilherme incentivou. 

Emma levantou e foi com Jonathan. 

"O que você tá fazendo?" O inspetor perguntou, quando estavam mais afastados do grupo. 

Emma olhou sem entender o que ele estava se referindo. 

"Por que você tava abraçando aquele garoto? E por que você tem estado de papinho com o Channing? Você tá com o meu filho na barriga!" 

"Shhhhh, você quer que alguém escute?" Emma olhou para os lados para se certificar que ninguém havia escutado nada. 

"Eu não sei por que a gente tá escondendo que o filho é meu. Uma hora eles vão saber."Jonathan falou impaciente. 

"Porque eu traí o Channing com você, esqueceu? A última coisa que eu preciso agora é das pessoas me chamando de nomes."

"Mas eles vão acabar descobrindo de qualquer forma."

"Sim. Quando eu tiver com o meu bebê nos braços, eles vão. Mas aí eu já não vou mais ligar tanto. Agora seria um inferno."

"Não gosto de ver você rodeada por esses garotos."

"A gente tá junto, mas a gente não namora." Emma se referiu ao seu status com o inspetor. 

"A gente pode namorar. Eu quero namorar com você."

"Eu não. Desculpa, Jonathan, mas eu não tô pronta pra um relacionamento sério com você. Pelo menos não agora."

"Sua família fez sua cabeça, não foi? Agora você quer me descartar."

"Não, não é isso. Eu não quero te descartar. Você é o pai do meu filho e eu quero que ele tenha um pai presente. Só tô dizendo pra gente ir com calma nessa coisa de relacionamento."

"Eu te amo, Emma. Eu não consigo mais ficar sem você."

"Você tem que parar de fazer isso." Emma falou frustrada. 

"O que eu tô fazendo?" 

"Você sabe o que tá fazendo." A ruiva secou uma lágrima no canto do olho. 

"Eu não sei o que eu tô fazendo. Por que você não diz então?" Jonathan cruzou os braços. 

Bradley reparou que os dois estavam numa discussão e se intrometeu. 

"O que vocês pensam que tão fazendo? Eu já disse que vocês têm que interagir o mínimo possível na escola." Bradley falou sério. "Seja lá o que vocês tavam discutindo vai ficar pra depois." O professor se virou para a ruiva. "Vai pra sala dos professores que eu te encontro lá daqui a pouco."

Emma assentiu e saiu.

"Presta bem atenção em mim, Jonathan. Eu não quero ver você discutindo com a Emma. Se eu notar que você tá fazendo mal a minha filha, pode dizer adeus a esse emprego."

"A gente não tava discutindo."

"Não pareceu. Eu tô fazendo o máximo pra aceitar essa situação da melhor forma possível e pra fazer as vontades da minha filha, que no caso, é que você seja presente e não perca o emprego. Mas eu não vou permitir que você se aproveite da ingenuidade e do bom coração dela. Se eu tiver que te colocar no fundo do poço, eu não vou nem pensar duas vezes em te botar lá."

"Não precisa se preocupar. A gente tá no mesmo time. Eu também quero o melhor pra Emma."

"É melhor pra você que isso seja verdade." Bradley falou num tom ameaçador e foi para a sala dos professores encontrar com a afilhada.

Lana observou tudo, sem conseguir ouvir, triste de que até o inspetor estava preocupado com a gravidez de Emma, e ponderou que se na sua vez, as pessoas tivessem a apoiado ao invés de julgado, talvez tivesse tido a coragem de morrer pelos seus bebês. 

A morena queria que seus filhos soubessem que ela os amava muito e que não tinha um dia sequer que ela não pensasse neles.

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