sábado, 8 de abril de 2023

O pedido de casamento de Bradley

Bradley levantou de fininho da cama para não acordar a namorada e foi para o quarto da Emma.

"Emminha! Emminha!" Bradley falou no seu ouvido e apertou de leve seu braço.

"Que foi?" Emma falou sonolenta.

"Acorda pra gente comprar o anel de noivado pra Elizabeth." Bradley disse animado.

"Você tem certeza?" Emma deu um bocejo.

"Sim, eu tenho. Eu pensei muito sobre isso e eu quero ter a Elizabeth como esposa."

"É que más línguas..."

"Acham que eu não superei a Jessica. Bom, eu superei. O amor que eu sinto pela sua dinda agora é de mãe da minha adorável filha." Bradley acariciou a bochecha da menina com o polegar.

"Você tá sentimental." Emma o acusou.

"Pode me culpar? Eu vou casar, ter um filho e tô vendo minha princesinha grávida pela primeira vez. Eu tô mais que sentimental." Bradley falou com lágrimas nos olhos.

"Eu quero que você seja muito feliz, de verdade." Emma secou as lágrimas do dindo, um olho por vez.

"Eu digo o mesmo a você, minha filha." Bradley puxou a menina para um abraço. "Como eu deixei a Jessica tirar tanto tempo você de mim?"

Pela primeira vez, Bradley a chamando de filha não soou estranho, pelo contrário, soou certo, no seu devido lugar.

"Não sei." Emma riu.

Bradley segurou o rosto da menina e olhou nos seus olhos. "Eu sei que você tá assustada com muitas coisas, mas eu tô aqui por você. Eu sempre vou tá do seu lado pro que der e vier. Não tem nada que você possa fazer que me faça te amar menos. Eu te amo muito. Às vezes eu acho que vou explodir de tanto amor que eu tenho por você."

"Eu também te amo... pai."

O coração de Bradley pareceu saltar do peito.

"Não espere que eu vá te chamar assim porque dindo já tá muito entranhado em mim. Mas eu olho pra você e vejo o meu pai e eu tenho muito orgulho de ser sua filha. Então toda vez que eu falar dindo, na verdade eu quero dizer pai."

Bradley começou a chorar até soluçar. Emma abraçou o pai, como se ele fosse a criança e ela a adulta.

"Você me fez o homem mais feliz do mundo agora."

Bradley demorou a parar de chorar. Todos os traumas do passado pareceram terem sidos lavados naquele dia momento que Emma o chamou de pai. Foi como se o buraco que atormentava seu ser e causava uma dor intensa e pulsante, fosse preenchido pela palavra pai e tudo o que seu significado englobava. 

Bradley ficou tão feliz, emocionado e redimido com a manhã que teve, que ficou ainda mais confiante com a decisão de pedir Elizabeth em casamento. Ele teria uma esposa boa, íntegra e linda, e uma família unida e feliz com seus três filhos, e quem sabe, um quarto no futuro.

O professor passou com Emma na casa de Andréia para pegar Brian. Ele queria que a escolha do anel fosse um momento em família. 

"Brian, seu pai chegou!" Andréia gritou ao atender a porta e ver que era o ex com a filha. 

"Parabéns pelo bebê, Emma." A mãe de Brian desejou sarcástica. 

"Obrigada." Emma respondeu calmamente. 

"É pra quando?" Andréia abriu um sorriso falso. 

"Novembro." Emma retrucou. 

"O mês que você nasceu. Muito abençoado." Bradley beijou a cabeça da filha. 

"Vou ter que admitir que tô surpresa em te ver tão calmo com essa situação." Andréia falou um pouco incomodada. 

"Pois é. Eu também." Bradley manteve a compostura. 

"Tô pronto." Brian apareceu na porta com a mochila do homem-aranha nas costas. 

"Vamos lá, filho. Não quero que a Elizabeth fique muito tempo sozinha. Tchau Andréia."

"Tchau, mãe!" Brian acenou com a mão. 

"Tchau." Andréia respondeu e fechou a porta. 

Na joalheria, Bradley escolheu o anel que teve aprovação unânime dos filhos. Ele guardou a jóia no bolso e levou as crianças para a casa de Jessica, já que queria estar sozinho com a futura noiva no momento do pedido. 

"Quando você se casar com a Elizabeth você ainda vai me ver?" Brian perguntou manhoso ao pai. 

"Que pergunta é essa? Você é meu filho. Não tem nada no mundo que faça eu me afastar de você." Bradley bagunçou o cabelo do garoto. 

"Tudo bem." Brian sorriu e correu para brincar com os filhos de Jessica e Andrew. 

"Vai dar tudo certo." Jessica falou, sentindo o desepero nos olhos do ex-marido. 

"E se ela não quiser casar comigo?" Bradley sentiu sua confiança esvair. 

"Você tá brincando? Ela te ama! É claro que ela vai querer casar com você." Jessica riu da insegurança do ex. 

"Tem razão." Bradley riu como se sua preocupação fosse uma bobeira. 

"Eu tô muito orgulhosa de você." Jessica falou sinceramente. "Se tem uma pessoa que merece ser feliz, essa pessoa é você."

"Não me faça chorar." Bradley enxugou uma lágrima. "Sua filha já fez isso comigo hoje de manhã."

"É?" Jessica levantou uma sobrancelha. 

"A gente fez um ser humano muito especial." Bradley enxugou outra lágrima. 

"Fizemos mesmo." Jessica concordou. 

Os dois se olharam com emoção nos olhos por alguns segundos, até se abraçarem. 

"Eu tô muito feliz por você." Jessica falou no seu pescoço. 

"Obrigado."

Bradley ficou feliz em saber que toda a sua história cheia de altos e baixos com Jessica tinha resultado numa amizade sólida e verdadeira.

"Depois me conta como foi." Jessica falou quando o abraço chegou ao fim. 

"Pode deixar."

Bradley aproveitou o cochilo de Elizabeth da tarde para preparar o jantar e todo o cenário para o pedido de casamento. 

Ele ficou um tempão preparando e arrumando cada detalhe. O professor queria que aquela noite ficasse na memória dos dois pelo resto de suas vidas. 

No jantar, ele não parou de elogiar a Elizabeth, e diga-se de passagem, ela estava deslumbrante, e de alguma forma, grávida caía muito bem nela.


Ele amava fazê-la sorrir. Elizabeth tinha um sorriso perfeito. Não era metido ou prepotente, mas singelo e caloroso. Aquele que te acolhia e te fazia sorrir horas a fio. 

Antes da sobremesa, Bradley começou seu discurso. 

"Eu sempre sonhei em ter uma mulher dos sonhos e uma família, mas eu não sabia que era possível até te conhecer. Não é todo mundo que tem a sorte de conhecer alguém que faça a gente sentir o que é o amor, e eu pude ter essa honra com você. E você sabe o dizem, quando a gente acha a pessoa certa, a gente tem que fazer de tudo pra que essa pessoa não saia da nossa vida. Eu eu vou fazer de tudo pra ser uma pessoa que faça você sentir metade da felicidade que você me faz sentir todos os dias. Lizzie, você me daria a honra de ser minha esposa?"

"Sim!" Elizabeth exclamou surpresa. 

No fim da noite, eles riram, choraram, comeram a sobremesa e se amaram.

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