sexta-feira, 29 de dezembro de 2023

A árvore

Edward e Cheryl estavam caminhando enquanto a menina contava os últimos acontecimentos, até que ela parou de andar do nada. 

“There it is!” Cheryl falou alegre e com um sorriso no rosto. 

“What?” Edward perguntou confuso. 

“Our tree.” A menina tirou os olhos da árvore para fitar o namorado, com o sorriso ainda estampado. 

“Our tree? Do we have a tree?” Edward achava a cena um pouco cômica. 

“Well… I kinda made this tree our tree the other day.” Cheryl explicou se sentindo, de repente, envergonhada. 

“You did?”

“Yeah… I mean… I was with me friends the other day and we were smoking pot… just a little really, then I saw this tree and how beautiful it was and I was kinda mesmerised by it and then I noticed how it only had one fruit and I got really sad about it and then it hit us how everybody kinda doubts our love, just like they must doubt that this beautiful tree can give more than this one fruit. And that’s when I realised that that should be our tree. So I came back the next day and engraved our initials on it.” Cheryl se aproximou da árvore e tocou o tronco. “See? That’s our initials right there. It’s not really well done, but I really really tried… I tried because…” Ela abaixou o olhar. “Because I love you and I wanted to materialize that love... “ Cheryl bagunçou um pouco a terra com o chinelo. “And now that I’m saying it out loud everything sounds very weird.”

“I don’t think it’s weird. I think it’s very sweet.” Ele levantou o rosto da menina pelo queixo. “I love your randomness and I love you.” O inglês sorriu. 

“I love you too.” Ela sorriu de volta. 

Edward a beijou. 

“There’s one more thing.” Cheryl disse, quando o beijo chegou ao fim, lambendo os lábios. 

“What?” Edward riu. 

“Hold me phone.” Cheryl tirou o celular do bolso e entregou para o namorado. 

“What you’re doing?” Edward perguntou, mais uma vez confuso. 

“I put the thing there on top.” Cheryl apontou para o galho localizado na parte de cima da árvore. 

“Why?”

“So no one would take it.” Cheryl falou como se fosse óbvio. “Don’t worry I’m used to heights.”

“I’m sure you are, but let me take it for you.” Ele devolveu o celular para a menina. 

“I’m the one who put it there, ya know, in case you’re thinking I’ll fall.”

“I know. And what a great climber you are.” Ele deu três tapinhas no topo da cabeça dela. “But you’re not climbing this tree.”

“Fine.” Cheryl se deu por vencida. Ela se afastou um pouco da árvore e observou o namorado escalar, pegar uma caixinha de couro marrom e trazer de volta. 

“Here.” Ele estendeu a mão com a caixa para a Geordie. 

“Open it.” Cheryl instruiu. 

Edward puxou o zíper, deixando o papel dobrado da parte de dentro à mostra. O inglês abriu o papel, e Cheryl começou a explicar nervosamente o que era. 

“So, me psychologist the other day ask us to draw a happy moment… and I… I thought of us…. seeing the Christ for the first time together. I wasn’t able to ace any subject in school this year to gift you with me test, but I figured I could give this drawing, ya know… for you to keep it instead. I know it’s a bit childish...”

Edward analisou o desenho dos dois ao lado do Cristo, e achou o gesto adorável. 

“I don’t think it's childish at all, but babe, you’ve got something really wrong.” Ele falou olhando fixo para o papel. 

“What?” Cheryl olhou para o desenho confusa.  

“You made us the same height.” Edward brincou. 

“You’re not as tall as you think.” A menina implicou. 

“I’m not?” Ele abraçou a meninas, quase a engolindo com o abraço. 

“No.” Cheryl balançou a cabeça rindo. 

“You’re sure of that?” O inglês levantou a menina com facilidade, e andou com ela, até as costas da menina encostarem no tronco da árvore. 

“Well…” Cheryl fingiu ponderar. “I should’ve made you an inch or two taller than us.”

“An inch or two?” Edward aproximou o rosto do dela para beijá-la. 

“Yeah. Maybe three.” Cheryl respondeu, sentindo sua respiração pesar. 

“Three?” Ele arqueou as sobrancelhas, os lábios quase encostando nos dela. 

“A hundred. A thousand. Whatever you want, just kiss us, please.”

Edward obedeceu a menina e a beijou.

quarta-feira, 27 de dezembro de 2023

Elu

 Asa estava no celular quando Bela chegou por detrás dele perguntando:


“Está falando com quem?”


O garoto desligou a tela do celular rapidamente e olhou para e garote. 


“E aí?”, ele disse.


“Tava falando com a Jane?”, Bela perguntou debochade.


“Por que todo mundo está falando que eu estou com ela?”, Asa indagou irritado.


“Porque vocês dois vivem praticamente juntos agora. E você faz o tipo dela”.


“As pessoas são tão insensíveis. Ela e a família dela até hoje estão sofrendo por conta do que ela tentou fazer enquanto essa escola idiota fica arrumando homem pra garota. Você realmente acha que ela tem cabeça pra isso agora? E você realmente acha que eu sou insensível a esse ponto de me jogar pra uma garota que há uns dois meses não queria nem viver? Francamente…”, Asa se levantou com raiva.



“Por que quando todo mundo fala você fica de boa mas quando sou eu que falo você me trata assim?”, Bela questionou visivelmente abalade.


“Desculpa”, falou Asa arrependido. “Eu descontei na pessoa errada, me desculpa”.


“Tudo bem”, Bela respondeu ainda chateade.


“Bela”, ele se aproximou de amigue, “desculpa, meu comportamento foi errado. Eu não queria te magoar”.


“Tá bom, Asa”, Bela deu de ombros. “Nos falamos depois”. E saiu.


Eric chegou assim que Bela acabava de sair. 


“O que aconteceu?”



“Bela perguntou sobre a Jane e eu e eu acabei explodindo com a pessoa errada”.


“Asa, coitadinhe! Você tem que tomar mais cuidado. Você sabe que elu gosta de você”.


Asa fez uma cara de desgosto.


“Mas é verdade! Se elu perguntou isso, mais do que fofoca, foi por ciúmes!”


“Eu não sei do que você está falando”.


“Para de fingir que não sabe! Todo mundo sabe disso, tá na cara!”


“Bela não falou nada disso comigo. Todo mundo pode estar lendo a situação de maneira errada, assim como todo mundo está lendo a situação envolvendo a Jane de maneira errada!”


“Asa, sério mesmo: a Emma acabou. Outras garotas não têm. Por que você não dá uma chance pra… pre Bela?”


O filho de Andrew estava odiando aquela conversa. Ele só queria mudar de assunto e não falar mais sobre aquilo.


“Eu nunca me envolveria com Bela justamente por causa desse ‘pre Bela’, ‘elu’ e essas coisas mais”.


“Mas é uma questão de costume! Elu entende quando os outros erram!”


“Não é uma questão de errar, eu só não quero me envolver com alguém que não se identifica como mulher. Eu quero uma mulher, eu gosto de mulher”.



“Mas elu também não se identifica como um homem”.


“Se identifica como os dois ou como um entremeio. Eu quero uma mulher, eu não quero falar que eu tenho um namorade”. 


“Entendi”.


“Você tá achando que eu sou preconceituoso?”


“Um pouco”.


“Eu não sou preconceituoso. Eu entendo a situação que elu passa, respeito isso, mas não quero isso pra mim”.


“Se você se envolvesse com elu isso não te faria um homossexual e não teria problema nenhum se você fosse, aliás. E elu é tão legal que se vocês namorassem, elu iria aceitar se você falasse que elu é sua namorada. Sabe o que me chateia, Asa? É que se fosse porque você não gosta delu é uma coisa, mas não querer se envolver porque elu é não-binário é preconceituoso sim! Tô muito decepcionado com você!”, Eric saiu sem esperar uma resposta de Asa, que teve que assistir mais um amigo saindo com raiva delu, quer dizer, dele.

terça-feira, 26 de dezembro de 2023

Virose de natal

Ficar doente era horrível, principalmente no Natal.

Cheryl começou a se sentir mal dia 23, piorando consideravelmente dia 24. O médico disse que ela estava com uma virose, provavelmente a mesma que estava assolando o Rio de Janeiro naquele período. E não tinha muito o que fazer, analgésico para amenizar os sintomas, repouso e muito líquido. 

Jean e sua família alugaram um casarão em Búzios para passarem o natal juntos. Todos os familiares festejavam a véspera do Natal no espaço requintado externo da casa, onde a piscina estava situada, enquanto a Geordie estava de cama. A menina até tentou por um momento descer e socializar com os parentes do padrasto, mas logo voltou para o quarto, sentindo seu corpo inteiro doer. 

Todos ficaram com bastante dó da garota, pois via-se na cara dela, que a garota sempre sorridente, não estava nada bem. 

Joan subia de tempos em tempos para verificar o estado da filha. 

“How is she?” JB perguntou para a esposa, sentando ao seu lado, quando ela voltou da milésima viagem ao quarto da menina. 

“Same. I think she should try to eat something, but she doesn’t want to. She said her stomach is a bit funny and she might throw up if she eats.”

“I think l’ll make her a soup or something. Try to get her some nutrients in.” Jean sugeriu. 

“I’ll do it. You enjoy the party and your family.” Joan tentou se levantar, mas seu marido segurou seu braço. 

“No. I’ll do it. You already do so much for us. Let me do this one.”

“I don’t mind.” Joan retrucou. 

“But I do. Take this opportunity to talk with my family. They think you don’t like them very much.” 

“I don’t know how to talk with them.” Joan olhou para baixo. 

“Just try it, ok? For me.” Ele encarou os olhos da esposa. 

“Ok.” Joan concordou à contragosto. 

“Thank you.” Ele beijou sua mão e levantou para preparar a sopa. 

Depois de pronta, o padrasto da menina subiu com a comida para o quarto onde a Geordie estava. 

Ele abriu a porta com cuidado, e viu Cheryl encolhida debaixo da coberta. A menina parecia estar morrendo de dor e ele ficou mal que estivesse se sentindo daquela maneira. 

“Trouxe comida.” Jean avisou, colocando a sopa em cima da mesa de cabeceira e sentando na extremidade da cama. 

“Não tô com fome.” Cheryl falou sem olhá-lo. 

“Mas como você espera ficar boa sem se alimentar?” Jean perguntou carinhosamente. “Vem. Se senta um pouquinho pra comer.” Ele puxou o braço da menina para ajudá-la a se sentar. 

“Eu tô enjoada.” Cheryl protestou. 

“Eu sei. Mas faz um esforço pra comer. Eu fiz essa sopa especialmente pra você.” Jean pegou o prato e mexeu um pouco a sopa com a colher para ajudar a esfriar. “Abre a boca.”

“Eu posso comer sozinha.” Cheryl estendeu a mão para pegar o prato da mão dele. 

“Nada disso. Eu dou pra você.”

“Mas…”

“Eu quero cuidar de você.” Jean interrompeu a menina. “Posso?”

Cheryl não respondeu. Só ficou encarando o padrasto. 

“Abre a boca. Você vai ver que a sopa tá gostosa.”

Cheryl abriu a boca e seu padrasto começou a alimentá-la. 

“Sabe o que isso me lembra? Me lembra de quando eu era criança, e ficava doente… minha mãe sempre fazia uma sopa pra mim, com os legumes que ela encontrava na geladeira. Essa era a única circunstância que ela fazia sopa lá em casa. Quando eu ou meus irmãos ficávamos doentes. Acho que é por isso que hoje em dia eu não sou muito chegado a sopa… Engraçado como são as coisas.” Ele riu. 

“Você ama caldo verde.” A inglesa limpou o canto da boca com o dedo. 

“Só quando tem muito bacon e linguiça. O que não é nada saudável.” Ele brincou e ganhou um pequeno sorriso da menina. 

“Eu sinto que eu tô estragando o natal de todo mundo.”

“Claro que não. A gente tá preocupado com você, mas tá todo mundo se divertindo lá embaixo.”

“Minha mãe não tá.” Cheryl argumentou. 

“Mas isso não tem nada a ver com você. Ela que não gosta de interagir com a minha família.”

“Não é que ela não gosta de interagir com eles. É que a minha mãe é tímida.” 

“Eu comprava essa desculpa nos primeiros anos de casado. Agora eu só acho que ela não faz questão mesmo.”

“Ela faz questão, só que ela é introvertida. Ela queria ser sociável, assim como você é, mas ela não consegue.”

“Eu sei... Eu vou tentar ser mais compreensível em relação a isso.”

“Good.” Cheryl falou satisfeita. 

JB deu a última colherada de sopa para a Geordie, levando a outra mão ao seu queixo, caso o líquido entornasse. 

“E aí? Achou a sopa boa?” Jean colocou o prato, agora vazio, de volta à mesa de cabeceira. 

Cheryl assentiu enquanto terminava de engolir. 

JB riu. “Que bom.” 

“Obrigada pela sopa.”

“Não foi nada. Como você tá se sentindo?” Ele tocou seu rosto para checar sua temperatura. 

“Meu corpo inteiro dói.” A inglesa reclamou. 

“Eu acho que você tá com febre.” Jean abriu a gaveta integrada à mesa de cabeceira, e pegou o termômetro. “Coloca pra gente ver sua temperatura.” Ele entregou o termômetro para a menina e ela obedeceu. “Eu queria poder fazer alguma coisa pra fazer você se sentir melhor. Eu odeio ficar doente e só consigo imaginar como você tá se sentindo.” Ele afastou o cabelo da inglesa do rosto. 

“Você já tá fazendo.” Cheryl respondeu cansada. 

O termômetro apitou. 

“38,6.” Jean informou. “Vou pegar um analgésico pra você tomar e daqui a pouco você vai tá se sentindo melhor.” Ele a olhou com pena. 

Cheryl assentiu e voltou a se deitar na cama. 

JB saiu e voltou com o remédio e um copo de água. 

“Peguei a novalgina de 1g que é a mais forte.”

“Eu tomei uma dessas mais cedo e não ajudou em praticamente nada.” Cheryl choramingou, pegando o remédio da mão do padrasto e engolindo junto à água. 

“Mas agora vai ajudar.” Ele não sabia se realmente iria, mas pelo menos torcia que sim. “Eu também trouxe uma pomada que ajuda nas dores. Eu posso fazer uma massagem nas suas têmporas pra ajudar na dor de cabeça.” Jean ofereceu. 

“Não precisa.” A menina voltou a deitar. 

Jean sentou do seu lado e fitou o seu rosto triste e cansado. “Cheryl, deixa de ser teimosa. Não precisa ficar com medo. Eu só quero que você fique bem. De verdade. Deixa eu fazer a massagem. Eu juro que vai ser só isso. Uma massagem nas têmporas pra te ajudar na dor de cabeça. Nada mais.” Jean falou, praticamente implorando. 

“Não é isso. Eu só acho que não vai adiantar.” Cheryl falou conflituosa. Ela não gostava de ficar sozinha com o padrasto, mas ao mesmo tempo, estava com tanta dor, que tudo o que queria era não sentir mais dor. 

“A gente tenta. Pior não vai ficar.”

“Tá bom.” A inglesa concordou. 

“Minha mãe usava essa pomada em mim quando eu era criança e realmente ajudava. Funciona pra dor no corpo também. Depois vou pedir pra sua mãe passar nas suas costas. Posso ligar a televisão e botar um filme de Natal? Acho que vai ajudar a distrair a sua mente da dor e fazer você sentir que tá vivenciando um pouco o natal. A não ser que a luz da tv te dê mais dor de cabeça. Aí é melhor não ligar.”

“Pode botar o filme.” Cheryl concordou. “Mas sem ser aqueles romances cheesy natalinos.” A Geordie acrescentou. 

“Esses são os que mais tem.” Jean riu. 

“Eu quero um de crianças aventureiras salvando o Natal. Ou um de alguém aprendendo o verdadeiro significado do Natal.”

“Um do Disney plus, você quer dizer.” O padrasto da menina brincou. 

“Isso.” Cheryl riu. 

Jean passou pelo catálogo de filmes do Disney Plus. “O que acha desse? Um herói de brinquedo? Ele se enquadra nos seus requisitos.”

“Hummm. Pode botar.”

“Não senti muita firmeza. Posso botar mesmo?” Ele brincou.

“Pode.” A menina revirou os olhos e sorriu. 

JB deu play no filme e se ajustou na cama, colocando um travesseiro no seu colo para a garota deitar em cima. Ele passou os dedos no remédio e começou a fazer a massagem, enquanto assistia o filme com a enteada. De todos os momentos do dia, aquele estava sendo o seu preferido. 

O filme era divertido e os dois riam das mesmas partes, mas, infelizmente, por volta da metade do filme, a mãe da menina apareceu, pedindo para revezar com o marido. 

Quando Jean abriu a porta para sair, a Geordie falou da cama. 

“Eu tô me sentindo bem melhor… obrigada.”

“De nada.” JB deu um meio sorriso e voltou para a festa.

sexta-feira, 22 de dezembro de 2023

Highway to Hell



Margot estava deitada na cama com os seus fones de ouvido quando digitou AC/DC no seu Spotify. 

A primeira música no top da banda era “Back in Black”. Ela colocou play e assim que começou o instrumental, ela reconheceu rapidamente. Aquilo não havia tocado em um comercial recente na televisão? 

“Is not that bad…”, ela pensou. 

Entretanto, ela não estava esperando a voz do cantor, que parecia que estava engasgado. Aquela parte da garganta que saía sua voz não parecia a mais correta de se usar. Ainda assim, Margot se obrigou a ouvir a música toda. No fim, ela não achou tão ruim, mas também não tinha vontade de ouvir de novo. Além disso, achou muito longa. 

A segunda da lista era “Highway to Hell”, muita famosa. Margot preferiu ir para uma playlist representativa do AC/DC. Ela queria descobri uma boa música e que não fosse uma poser. Infelizmente, não ficou impressionada com a lista. Uma parte considerável das músicas tinha nome satânico ou que remetia à bruxaria ou que remetia à violência. A loira tentou escolher o nome menos pior e decidiu por ouvir “Live Wire”. A capa do álbum era horrorosa. Um velho feio de boné e dando língua. 

A canção tinha quase 6 minutos. Ela suspirou, mas decidiu continuar. A princípio era só um baixo, depois entrou uma bateria e, por fim, a guitarra. A voz era de um velho, talvez o mesmo da capa. Só conseguiu chegar até o refrão. So boring. Como alguém conseguia gostar daquilo?

Não se deu por vencida. Foi para a próxima. “Sin City” ela escolheu. Outra capa horrorosa. Um homem laranja com a boca aberta. 

Será que não tinha ninguém na gravadora que vetasse aquelas capas? Era uma pior que a outra. A música começou, aquela voz que já se tornara reconhecível apareceu. A verdade é que todas músicas pareciam a mesma, todas chatas e com aquela voz feia. 

Margot desistiu. Ela sabia que poderia tentar mais, mas aquela pequena tentativa já tinha exaurido seus ouvidos. Voltou para as suas músicas natalinas. 

Santa, tell me if you're really there”.

quarta-feira, 20 de dezembro de 2023

I guess you're in London today and I don't wanna need you this way

Kimberley observou Cheryl fechar a mala com lágrimas nos olhos. A loira secou rapidamente uma gota que teimou sair, antes que a Geordie percebesse que estava chorando. 

Sim, era patético. Ela sabia que era patético o que estava sentindo, mas ela não conseguia evitar aquelas emoções. Por mais que tentasse vê-la como uma amiga normal, ela era mais, muito mais. 

Cheryl era quem dava vida aos lugares, com seu sorriso, sotaque carregado, atrevimento, sensualidade, expressividade, sentenças repletas de duplo sentido, e com seu olhar ora inocente, ora cheios de malícia. 

Sua ausência se equiparava a uma eclipse solar na vida da loira.

“Kimba!”

“O quê?” Kimberley perguntou perdida. 

“Eu perguntei se você quer sair pra tomar sorvete mais tarde.” Cheryl repetiu. 

“Ah. Claro.” A loira concordou ainda atordoada. 

“O que tá havendo com você?” Cheryl se levantou de onde estava a mala e foi até a amiga. Ela levantou a cabeça da loira pelo queixo e inspecionou seu rosto. “Parece que você tá a quilômetros de distância.”

“Só tô um pouco distraída.” Kimberley, que estava sentada na beirada da cama, puxou a Geordie para entre o vão das suas pernas e abraçou sua cintura.

“Isso já deu pra ver.” A Geordie riu. “Me fala o que tá na sua cabeça.” Ela passou a mão pelo cabelo loiro da amiga. 

“É bobeira.” Kimberley falou, intensificando o aperto na inglesa, e escondendo o rosto no seu corpo, desejando internamente que pudesse, de alguma forma, prendê-la ali nos seus braços para sempre. 

“Nada que te deixa triste é bobeira pra mim.” A britânica falou carinhosamente. “Me conta.”

Kimberley tirou os braços de volta da inglesa, mantendo-a presa apenas com as pernas, e ocupou suas mãos dobrando e desdobrando a barra inferior da camisa da inglesa. 

“É que…. bem… três semanas é muito tempo.” A loira falou envergonhada. 

Cheryl pensou no que a amiga dissera, até que a ficha caiu sobre o que ela estava se referindo. “Babe!” Cheryl sorriu. “Vai passar rápido.” Ela beijou a cabeça da amiga. 

“Não vai não. Três semanas é muito muito tempo, Cheryl. É quase um mês. Eu vou sentir muita saudade.” Kimberley não conseguiu mais segurar as lágrimas, e deixou cair livremente. 

“Eu também vou sentir saudades, babe. Mas olha. A gente vai continuar se falando, só que por telefone.”

“Você vai tá toda ocupada com o Edward e com a sua família. Não vai querer perder tempo falando comigo.”

“Deixa de ser boba, é claro que eu vou!” Ela secou suas lágrimas. “Tell you what, eu vou te ligar todos os dias que eu tiver fora. Eu prometo.”

“Eu não quero ser um fardo pra você.”

“E você não é.“ Cheryl segurou seu rosto. “A gente vai se falar todos os dias e você vai me contar tudo o que tá acontecendo com você e todos os babados da escola.”

“A escola não tá tendo grandes babados.”

“Ah, mas vai ter. Sabe o Ryan? Ele vai chamar a Margot pra um encontro.”

“É sério? E a Emma?” A loira perguntou surpresa. 

“Emma deu outro fora nele. Ela não quer exclusividade com ninguém agora. E sabe que eu entendo? Se ela aceitasse namorar o Ryan, o namoro ia começar meio estranho, com o clima lá embaixo.”

“Verdade. Mas não gosto do casal Ryan e Margot.” Kimberley revelou. 

“Não tenho uma opinião formada sobre eles.”

“Então você não se importa da Margot namorar o Ryan?”

“Not really.” A Geordie deu de ombros. “Deveria?”

“Não. É só que vocês foram ficantes e você tá cismada com a Margot.”

“Não mais.” Cheryl sorriu. 

“Não?” Kimberley perguntou surpresa. 

“Uh-uh.” Cheryl balançou o rosto ainda sorridente. “Acho que perder pra ela acabou me afetando porque eu sempre ganhei todas as competições de beleza desde bebê, então foi estranho perder pra ela. Mas quer saber? Não me importo mais em ser a mais bonita.”

“Não?” A loira perguntou cética. 

“Não.” Cheryl beijou o rosto de Kimberley e puxou a garota pelas mãos. “Vamos tomar sorvete? Me treat.”

“Vamos.” Kimberley riu da animação da inglesa e se permitiu ser levada até a sorveteria.

segunda-feira, 18 de dezembro de 2023

She's a bad bad girl

Ashley e Cheryl estavam se beijando na cama estreita de solteiro da menina. A sensação de beijar alguém era totalmente nova para a Geordie. Ela se via cada vez mais viciada nos lábios grossos do amigo e na língua dele acariciando a sua. Ela tentava ignorar as necessidades inéditas que estava sentindo. Cheryl era muito nova e sabia disso. Sexo estava completamente fora de questão, por ora. 

A Geordie sabia que mesmo seus pais sendo liberais, não aprovariam que se iniciasse sexualmente ainda tão nova. Principalmente seu irmão mais velho Joe. Esse seria capaz de matar quem viesse a tirar sua virgindade. 


Cheryl parou de beijá-lo, e Ashley entrelaçou as mãos dos dois. Eles estavam deitados virados frente a frente. A morena sentia o olhar fixo do menino no seu rosto, se apegando a cada detalhe seu. 


“Have you ever had sex?” Cheryl perguntou num sussurro, como se aquele fosse um assunto proibido, que só os adultos podiam falar. 


“No. Not yet.” Ele acariciou a mão da menina com o polegar. “Have you?”


“Me neither.” Cheryl franziu o nariz e balançou a cabeça. 


Ashley se aproximou e beijou o nariz da menina. “Some of my friends already did it.” Ele voltou a se acomodar no seu lugar. 


“You think about opening up to that?”


“I don’t know. I certainly feel the need for it. But for now I’m handling in my own way.” Ashley levou a mão livre ao topo da cabeça da Geordie, e acariciou seu coro cabeludo com as pontas dos dedos. 


“So you masturbate?”


“Yeah.” Ashley respondeu meio envergonhado. 


“I do it too.”


“Really?” Ashley perguntou surpreso. 


“Yeah.” Cheryl abriu um sorriso fraco. “Not very often though.”


“Sometimes I wonder how it would feel… to cum by someone else’s hand… a girl’s hand.”


De repente, o ambiente ficou sufocante. Cheryl teve que lembrar a si mesma de respirar. Inspirar, expirar, inspirar, expirar. 

 

“Do you want us…. ya know… to make you cum?” A Geordie não sabia da onde tinha tirado coragem, mas o desejo e a curiosidade, tinham se apoderado do seu bom senso. 


Ashley olhou para a menina surpreso com a pergunta inusitada. “You don’t have to.” Ele continuou acariciando sua cabeça. 


“I know I don’t have to. But I think I want to, I mean, if you want us do it as well.”


“Of course I want to, but are you sure? I don’t want you doing something you might regret later.”


“Why would I regret? It’s not like I’m losing me innocence with you.” Ela deu uma risada nervosa. 


“I know.” Ele se aproximou e deu um selinho nos seus lábios. “Stop whenever you don’t feel like it anymore, will ya?” Ashley falou olhando atentamente nos seus olhos, tentando encontrar alguma hesitação por parte da menina. 


“Don’t worry. I will.” A Geordie ficou surpresa em como estava conseguindo soar calma quando estava completamente nervosa. 


Ashley soltou a mão da menina, a que estava entrelaçada com a sua, e abriu a calça, se revelando para a Geordie. 


Ele olhou para a menina procurando sua reação, que apenas abriu um fraco sorriso, meio que para dizer que estava tudo bem. 


Ela estendeu sua mão e segurou sua extensão, que já estava acordada.


“Show me how you like it.” A menina falou com a voz baixa, o acariciando. 


Apesar da fala confiante, Ashley reparou nas mãos trêmulas da Geordie. 


Ele colocou a mão por cima da pequena mão tatuada da menina e guiou seus movimentos. 


Não demorou muito pra ele chegar ao seu ápice na mão da garota. 


Ele tirou a camisa e limpou a mão da Geordie com ela.


“That was amazing, babe.” Ashley beijou a palma da sua mão, a mesma que o tinha levado ao extremo há poucos minutos. 


“Same for us.” Cheryl sorriu e deu um selinho nele. 


“I could do the same thing for you….if you’re comfortable.” Ele colocou uma mecha do cabelo dela atrás da orelha. 


Cheryl mordeu o lábio pensativa. Seus pais e seu irmão não aprovariam a menininha deles se envolvendo em atividades sexuais, mas o modo como Ashley a olhava, com olhos tão compenetrantes e envolventes, junto com o que acabara de testemunhar, elevaram seu desejo a décima potência. 


“I’m comfortable.” Ela se viu dizendo. 


“Yeah?” Ashley sorriu e se aproximou para beijá-la. 


“Yeah.” Ela sorriu de volta e respondeu o beijo. 


Depois de alguns minutos, a Geordie levantou da cama e Ashley a olhou confuso.

 

“Better safe than sorry, right?” Cheryl passou a tranca na porta do quarto e deu um sorriso travesso. 


Ele deu uma risada. “Right.”


Ao se aproximar da cama, a menina desabotoou o short jeans e o colocou de lado. 


Ashley observou, com olhos famintos, a menina voltar para cama. 


Ele tocou sua tatuagem da perna, enquanto absorvia os detalhes dela. 


“How long do you have this?” Ele contornou o desenho. 


“About a month.”


“Your folks let you do it?” Ashley perguntou surpreso. 


“Me dad wasn’t too happy about it. But he ended up letting us do it only because the tattoo artist is me siblings’s biological dad.”


“It’s beautiful. Also very very sexy.”


“You think so?” Cheryl sorriu. 


“Yeah. Just when I thought you couldn’t get sexier.” Ashley retribuiu o sorriso e voltou a beijá-la. 


O beijo foi esquentando rapidamente e Cheryl abaixou a calcinha, descendo até o joelho. Ashley terminou de removê-la, e voltou a colar seus lábios no dela, alisando sua intimidade com um dedo. 


“F**k.” Cheryl xingou com o contato repentino. 


Ashley sorriu com a reação da Geordie. Ele não sabia muito bem como satisfazer uma mulher. Todo o seu conhecimento vinha de filmes adultos que tinha assistido e dos comentários dos seus amigos. Saber que era capaz de arrancar um xingamento de prazer da menina, foi um golpe favorável para sua confiança. 


Ele continuou acariciando ela enquanto beijava seu pescoço, até o momento que a Geordie colocou as duas mãos em cima da dele e o pressionou contra si com força.  


Ashley observou a menina inclinar a cabeça para trás, enquanto aumentava a intensidade de seus movimentos, respirando com dificuldade, e soltando gemidos cada vez mais audíveis. 


Cheryl mordeu o lábio inferior tentando suprimir os gemidos, movimentando o quadril para encontrar os movimentos da mão dele, que cobria toda a extensão da sua intimidade, numa tentativa quase animalesca de chegar ao clímax. 


Ashley a beijou, abafando os gemidos da Geordie. Suas línguas se enroscando e dançando descoordenadamente. 


Pouco tempo depois, ele sentiu o corpo da menina se contrair num espasmo, e ela soltou um último palavrão. 


Cheryl afrouxou o aperto das mãos sobre a dele, com os olhos ainda fechados, e ofegante como se tivesse corrido uma maratona. 


Ashley observava a menina, pensando que nenhuma mulher dos filmes adultos que assistira se comparava a que estava à sua frente. Cheryl chegando ao ápice era um momento que ele queria guardar para sempre. 


Ele beijou seus lábios com delicadeza e encostou a cabeça no travesseiro, fitando-a, enquanto afastava uma mecha de cabelo do seu rosto. 


A menina abriu os olhos com dificuldade e deu um sorriso fraco. As covinhas cortavam suas bochechas, transformando, em instantâneo, o sexy e o selvagem em juvenilidade e pureza. 

“That was intense.” Cheryl brincou. Seus olhos escuros, que há minutos eram puro desejo, agora, gentis e inocentes.


Ashley deu uma gargalhada. “Yeah. That’s one way to put it.” Ele beijou sua testa. 


Cheryl entrelaçou sua mão na dele. “I’m glad we did this.”


“Me too.”