quarta-feira, 20 de dezembro de 2023

I guess you're in London today and I don't wanna need you this way

Kimberley observou Cheryl fechar a mala com lágrimas nos olhos. A loira secou rapidamente uma gota que teimou sair, antes que a Geordie percebesse que estava chorando. 

Sim, era patético. Ela sabia que era patético o que estava sentindo, mas ela não conseguia evitar aquelas emoções. Por mais que tentasse vê-la como uma amiga normal, ela era mais, muito mais. 

Cheryl era quem dava vida aos lugares, com seu sorriso, sotaque carregado, atrevimento, sensualidade, expressividade, sentenças repletas de duplo sentido, e com seu olhar ora inocente, ora cheios de malícia. 

Sua ausência se equiparava a uma eclipse solar na vida da loira.

“Kimba!”

“O quê?” Kimberley perguntou perdida. 

“Eu perguntei se você quer sair pra tomar sorvete mais tarde.” Cheryl repetiu. 

“Ah. Claro.” A loira concordou ainda atordoada. 

“O que tá havendo com você?” Cheryl se levantou de onde estava a mala e foi até a amiga. Ela levantou a cabeça da loira pelo queixo e inspecionou seu rosto. “Parece que você tá a quilômetros de distância.”

“Só tô um pouco distraída.” Kimberley, que estava sentada na beirada da cama, puxou a Geordie para entre o vão das suas pernas e abraçou sua cintura.

“Isso já deu pra ver.” A Geordie riu. “Me fala o que tá na sua cabeça.” Ela passou a mão pelo cabelo loiro da amiga. 

“É bobeira.” Kimberley falou, intensificando o aperto na inglesa, e escondendo o rosto no seu corpo, desejando internamente que pudesse, de alguma forma, prendê-la ali nos seus braços para sempre. 

“Nada que te deixa triste é bobeira pra mim.” A britânica falou carinhosamente. “Me conta.”

Kimberley tirou os braços de volta da inglesa, mantendo-a presa apenas com as pernas, e ocupou suas mãos dobrando e desdobrando a barra inferior da camisa da inglesa. 

“É que…. bem… três semanas é muito tempo.” A loira falou envergonhada. 

Cheryl pensou no que a amiga dissera, até que a ficha caiu sobre o que ela estava se referindo. “Babe!” Cheryl sorriu. “Vai passar rápido.” Ela beijou a cabeça da amiga. 

“Não vai não. Três semanas é muito muito tempo, Cheryl. É quase um mês. Eu vou sentir muita saudade.” Kimberley não conseguiu mais segurar as lágrimas, e deixou cair livremente. 

“Eu também vou sentir saudades, babe. Mas olha. A gente vai continuar se falando, só que por telefone.”

“Você vai tá toda ocupada com o Edward e com a sua família. Não vai querer perder tempo falando comigo.”

“Deixa de ser boba, é claro que eu vou!” Ela secou suas lágrimas. “Tell you what, eu vou te ligar todos os dias que eu tiver fora. Eu prometo.”

“Eu não quero ser um fardo pra você.”

“E você não é.“ Cheryl segurou seu rosto. “A gente vai se falar todos os dias e você vai me contar tudo o que tá acontecendo com você e todos os babados da escola.”

“A escola não tá tendo grandes babados.”

“Ah, mas vai ter. Sabe o Ryan? Ele vai chamar a Margot pra um encontro.”

“É sério? E a Emma?” A loira perguntou surpresa. 

“Emma deu outro fora nele. Ela não quer exclusividade com ninguém agora. E sabe que eu entendo? Se ela aceitasse namorar o Ryan, o namoro ia começar meio estranho, com o clima lá embaixo.”

“Verdade. Mas não gosto do casal Ryan e Margot.” Kimberley revelou. 

“Não tenho uma opinião formada sobre eles.”

“Então você não se importa da Margot namorar o Ryan?”

“Not really.” A Geordie deu de ombros. “Deveria?”

“Não. É só que vocês foram ficantes e você tá cismada com a Margot.”

“Não mais.” Cheryl sorriu. 

“Não?” Kimberley perguntou surpresa. 

“Uh-uh.” Cheryl balançou o rosto ainda sorridente. “Acho que perder pra ela acabou me afetando porque eu sempre ganhei todas as competições de beleza desde bebê, então foi estranho perder pra ela. Mas quer saber? Não me importo mais em ser a mais bonita.”

“Não?” A loira perguntou cética. 

“Não.” Cheryl beijou o rosto de Kimberley e puxou a garota pelas mãos. “Vamos tomar sorvete? Me treat.”

“Vamos.” Kimberley riu da animação da inglesa e se permitiu ser levada até a sorveteria.

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