terça-feira, 14 de março de 2023

Especial: O que esperar quando você está esperando - Capítulo I: A descoberta

Bradley estava preocupado com Emma. Ela parecia mais pálida que o normal e comia bem menos do que o de costume. Será que tinha pegado alguma virose? 

"Tem certeza que não quer mais um pedaço de carne?" Bradley perguntou insatisfeito com o quanto a menina tinha comido no jantar.

"Tenho. Eu vou pro meu quarto." A ruiva se apoiou na mesa para tentar se levantar e acabou desmaiando.


Bradley foi até a afilhada, desesperado. Ele tentou acordá-la, porém sem sucesso.

"Minha filha tá doente, Elizabeth! Vou levar a Emma pra emergência e vou pedir pro Andrew te levar pra casa dele."

"Não, eu vou com você." Elizabeth protestou.

"Você tá perto de dar a luz e eu não quero você se cansando no hospital e também não quero você sozinha em casa. Vou ligar pro Andrew e ele vem te buscar." Bradley falou firme, pegando a menina no colo e a chave do carro.

"Manda notícias, por favor." Elizabeth pediu preocupada.

"Pode deixar." Ele deu um selinho na diretora e saiu.


Dentro do carro, Bradley ligou para o professor de inglês.

"Andrew, por favor, você pode passar na minha casa e buscar a Elizabeth pra ficar com vocês? A Emminha desmaiou e não sei o que ela tem. Tô com medo de ser grave. Ela não come, tá pálida e tava vomitando outro dia."

"Tudo bem. Ela já acordou?"

"Ainda não. Tô muito preocupado."

"Fica calmo. Não há de ser nada. Me mantenha informado." Andrew falou num tom sério.

"Tá bom. Obrigado. Se a Jessica perguntar, inventa uma história pra ela não ficar preocupada." Bradley encerrou a ligação e foi o mais rápido possível ao hospital.

Chegando lá, Emma foi internada e Bradley ficou aguardando notícias.

Quando a médica entrou no quarto para verificar os sinais vitais da menina, o professor de estatística aproveitou para saber o que havia acontecido. 

"Já sabem o que ela tem?" 

"Ela sabe que tá grávida?" A médica perguntou checando a menina.


"Grávida?" Bradley perguntou perplexo. 

"Desculpa, você é o pai dela?" 

"Sou." Seus olhos se encheram de lágrimas. "Tem certeza que ela tá grávida?" 

"Positivo. Acusou no exame de sangue. Ela tem se alimentado direito?" 

Bradley fez que não com a cabeça, pois não tinha forças para falar. 

"Ela tá muito fraquinha. Me preocupa alguns níveis dela. Vou precisar que sua filha passe a noite aqui pra observação. Tá tudo bem pra você?" 

Bradley assentiu, novamente sem conseguir emitir nenhum som. 

"Se precisar de alguma coisa é só avisar na recepção." A médica deixou o quarto. 

Bradley segurou a mão da sua filha, abaixou a cabeça e deixou o choro tomar conta.


Mais tarde, ele ligou para Elizabeth para mandar notícias. 

"A Emma vai precisar passar a noite aqui em observação."

"Que pena. Ela acordou?"

"Ainda não."

"Qualquer coisa, me avisa."

"Aviso sim. Você tá bem?" 

"Tô sim. Não precisa se preocupar comigo. Foca na Emma."

"Tudo bem." Bradley desligou o telefone e passou a noite em claro.


Quando amanheceu, a médica voltou ao quarto para deixar as receitas dos remédios da Emma e informou que quando a menina acordasse, estaria liberada.

Quando a ruiva acordou, Bradley correu para o seu lado. 

"Como você tá?"

"O que aconteceu?" Emma perguntou confusa. 

"Você desmaiou quando foi levantar da mesa do jantar."

Emma assentiu, assimilando a informação. "E?"

"E eu trouxe você pro hospital. Você tomou soro e passou a noite aqui. Agora já tá liberada. Consegue se levantar?"

"Consigo."

Bradley segurou a mão da garota para ajudá-la a se levantar.

"Acha que consegue andar até o carro?" Bradley perguntou sem soltar sua mão. Ele não iria arriscar que caísse de novo.

"Consigo. Eu tô bem."

"Então vamos."


A viagem de carro foi desconfortavelmente silenciosa, até o professor de estatística quebrar o silêncio.

"Posso te levar pra um lugar antes de ter levar pra tomar café?"

"Pode."

Bradley levou Emma até a um parquinho a 15 minutos dali. Ele andou com ela até um banco, onde os dois sentaram.

Bradley começou a falar olhando em volta do parquinho.

"Eu costumava te trazer aqui quando você era criança. Você tinha uns 5 ou 6 anos e adorava brincar nesses brinquedos." Ele suspirou. Sua memória sendo tomada por diversas lembranças de Emma correndo, ralando o joelho, descendo no escorrega, se lambuzando de sorvete,...

Naquele momento, Emma teve certeza que ele sabia.

"Você amava brincar aqui. Uma vez você fez um escândalo porque eu e sua dinda estávamos muito cansados e negamos te trazer. Você chorou e berrou tanto que a gente acabou cedendo." As lágrimas começaram a deixar os olhos do professor.

"E eu lembro que o seu brinquedo favorito de todos era o balanço. Você gritava: "Mais alto, dindo. Mais alto... Mais alto." Bradley soluçou. "Há quanto tempo você sabe que tá grávida?" O professor se virou para afilhada, fitando seus olhos.


Emma queria chorar também, mas procurou ser forte. "Quase duas semanas."

"E você pensou em esconder isso de mim até quando?"

"Não sei."

"Não sabe?'

"Até não dar mais pra esconder."

"Até não dar mais pra esconder. Entendi. Eu sempre achei que tinha tido uma filha tão inteligente. Eu sempre me gabei pra todo mundo por causa disso. Como é que você foi tão burra de deixar isso acontecer com você? Uma adolescente que nem terminou a escola, grávida de outro adolescente completamente irresponsável."

Uma indagação passou pela cabeça da menina. Contar a verdade ou não?

"O pai não é o Channing." Emma disse hesitante.

"Como assim?" Bradley perguntou ainda mais bravo.

"O pai é o Jonathan." Emma falou de uma vez, como se tivesse puxado um band-aid num só movimento. 

"Jonathan, o inspetor? Jonathan, o alcoólatra? Jonathan, o ex da sua mãe? Jonathan, o cara que não tem onde cair morto? É esse homem que você tem como pai do seu filho? Você é louca? Não acredito que você foi tão burra a esse ponto! Você tá fazendo isso pra atingir a gente? Pra se vingar por eu e sua mãe termos dado você, é por isso? Você quer me ver tendo um troço? Ver sua mãe se cortar até a morte de desgosto? É isso que você quer? ME RESPONDE, EMMA!" Bradley gritou.

"Não, eu não queria." Emma começou a chorar. "Foi um acidente. Eu juro."

"Diga adeus pra os seus queridos paizinhos, porque eles não vão nem querer olhar pra sua cara quando descobrirem. Nem aquele seu irmão. Eu avisei, alertei, orientei, e você nunca escuta! Você sempre quer fazer as coisas pela sua cabeça. Acha que sabe mais do que eu que tenho quase o triplo da sua idade. Tá vendo no que deu? E agora? Qual é o plano?" 

Emma não respondeu.

"Aquele f**** sabe que você tá esperando um filho dele?"

"Sabe."

"Aposto que ele deve tá feliz da vida que ganhou na loteria." Bradley falou debochado.

Emma não respondeu.

"Eu tô muito muito decepcionado com você."

"Eu sei."


Bradley olhou para o rosto triste de Emma e sua raiva foi abrandada, assim como acontecia desde que ela era criança. O professor voltou a sentar ao seu lado e segurou sua mão.

"Eu te amo e não vou deixar nada de mal acontecer com você ou com o meu neto. Não importa o tamanho da raiva que eu esteja sentindo agora."

Emma assentiu.

"Tô preocupado com o seu desmaio. Você precisa se alimentar. Vamos num restaurante tomar café e depois vamos buscar a Elizabeth da casa do Andrew." Os dois levantaram e começaram a andar de volta para o carro. " Me conta como tá sendo os enjoos."

Emma começou a contar como vinha se sentindo e Bradley ouviu tudo com atenção. 


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