domingo, 8 de outubro de 2023

Anel de Noivado

Ainda era cedo quando o celular de Tom começou a tocar.

"Alô." Tom atendeu com voz de sono.

"Não me diga que você ainda tá dormindo. Era pra você já tá pronto." Seu primo, Marcus reclamou.

"Eu perdi a hora. A festa de ontem terminou tarde e ainda tive que deixar a Camila na casa dela." O professor segurou o cenho.

"Sempre com uma desculpa. Se troca rápido que eu já tô chegando."

"Vai sem mim. Eu não entendo nada de anel mesmo."

"Mas você disse que ia ajudar escolher o anel. Além disso, você vai ser meu padrinho. Essa vai ser sua primeira missão."

"Tá bom. Vou só jogar uma água no corpo." Tom se rendeu.

"Vai rápido!" Marcus ordenou e desligou o celular.

Na loja de joias, a vendedora começou a apresentar diferentes modelos enquanto flertava com o professor de francês.

"E você? Não tá a procura de um anel também? Ela com certeza seria a mulher mais feliz do mundo." A vendedora sorriu para Tom.

"Ainda não." Tom respondeu tímido.

"Esse aqui não quer saber de casamento. Só de curtição com belíssimas modelos." Marcus brincou apoiando o braço no ombro do primo.

"Pra sua informação, eu penso em casar sim. Só que eu ainda não sei se a Camila é a pessoa que eu quero passar a vida." Tom tirou o braço de Marcus em cima de si.

"Ela é linda, simpática, jovem, e ainda é modelo! O que mais que você quer?" Marcus falou enquanto analisava um outro anel.

"Não sei. Eu queria ter a certeza que o nosso avô costumava contar. De quando ele percebeu que nossa avó era a mulher que ele queria passar o resto da vida."

"Nosso avô era um romântico incorrigível. As coisas agora não são como antes. Os tempos mudaram, as pessoas mudaram, o romance mudou." Marcus argumentou.

"Pra mim não. Eu quero me acomodar e ter uma família, mas quero que seja com uma mulher que eu seja louco."

"Sabe que eu acho? Eu acho que o nosso avô te estragou com aquelas histórias melosas de romance dos anos 50."

"Acho que sim." Tom riu.

"A sua sorte é que você roubou toda a beleza da família, senão você ia acabar sozinho." Marcus brincou.

"Cala a boca." 

Tom pegou um dos anéis e girou no dedo, pensativo. 

"O que você achou desse? O diamante não é grande, mas até que tá razoável." Marcus mostrou para o primo, mas ele não respondeu. "Tom!" Ele deu um tapa nas costas no professor. 

"Que foi?" Tom falou perdido.

"No que você tá pensando? Tá pensando em pedir a Camila em casamento? É bom que a gente faz um casamento duplo e eu economizo um dinheiro."

"Claro que não." Tom colocou o anel de volta no mostruário.

"Não é na Cheryl, é?"

"Que mané Cheryl! Por que vocês sempre têm que falar nela? Ela tem namorado." Tom falou como se fosse um absurdo o que o primo insinuara.

"E como se isso fosse impeditivo pra alguma coisa."

"Eu respeito o relacionamento dela."

"Aham." Marcus respondeu em tom de deboche.

"Ela tá feliz e é isso que eu quero pra ela. Que ela seja feliz."

"Tudo bem, tudo bem. Não tá mais aqui quem falou."

"Ótimo."

"Mas se você quiser levar esse anel pra ela, a gente pode tentar conseguir um desconto por tá levando dois anéis." 

"Vai se ****." Tom falou bravo. 

"Calma, cara! Eu tava brincando. O que você achou desse anel?"

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