quarta-feira, 23 de dezembro de 2020

Contos natalinos - Os presentes do Papai Noel

 


Damon finalmente tomou coragem e foi fazer as temidas compras de Natal. Como era um cara prático, resolveu comprar tudo num mesmo lugar: a loja Tocca Square, localizada em Time Square. Aquele lugar era perfeito, pois eram várias lojas chiques em um só lugar.

"Ok, eu tenho Stefan, Chuck, meus pais, Rosalie e Katie", ele suspirou, revirando os olhos ao pensar na última pessoa da lista. "Por que eles tinham que continuar trocando presentes?" era uma pergunta que ele se fazia todo o Natal.

Passando por uma das lojas, viu um Whiskey dos anos 60. Pensou que seria uma boa opção de presente para seu pai e Chuck. O do amigo só seria um mais novo e mais barato comparado ao do pai.

"Pronto! Só faltam quatro agora."


Do Stefan seria difícil... Ele queria dar um caderno fancy, mas o amigo já tinha um milhão desses. Viu uma papelaria e entrou. Olhando as coisas que tinha na vitrine, foi surpreendido pela atendente:


- Posso ajudá-lo?

- Sei lá! Você tem alguma ideia de presente para um amigo aspirante a escritor?


- Você pode dar um caderno para ele. Nós temos cadernos super bonitos...


- Ele já tem mil cadernos. Queria que fosse algo mais especial. "Soei muito viado agora".


- Claro! Mais especial... Vejamos... Ele gosta dr escrever prosa ou poesia?


- Acho que mais poesia.


- Ele tem algum poeta preferido?


- Não faço a mínima ideia de quem seja, mas deve ter.


- Olha... - a atendente se aproximou de Damon e começou a falar num tom mais baixo - Tem um site que vende os tinteiros e penas de escritores brasileiros famosos. É a família que vende. É bem, mas bem caro e não tem tantas opções assim. Você pode comprar um do Alencar, do Drummond e por aí vai.


- Sério? Pode me mostrar o site?


- Posso sim! É um site confiável, é realmente só família desses escritores envolvida. Tem um artigo na Época sobre isso.


- Poxa, moça, muito obrigado!


- De nada!


Damon foi procurar pelo site e realmente parecia 100% confiável. Comprou logo um tinteiro e pena de Drummond, vendido pela família Drummmond, a fim de que não demorasse a entrega.

- Agora minha mãe...


O garoto entrou numa loja de jóias e viu uma pulseira de brilhantes que achou a cara da mãe. Achou que seria uma boa ideia comprar uma para Rosalie também, de modelo diferente, porque realmente ele não tinha ideia do que comprar para a namorada. Rosalie tinha tudo. Era difícil dar algo para pessoas ricas. Ela, apesar de durona, parecia gostar de jóias chiques e bonitas. Os anéis dela pareciam custar muito e eram de muito bom gosto. Ele, então, comprou uma pulseira rosé delicada, com alguns detalhes discretos em brilhante. Combinava com o tom de pele dela e era diferente das que ela tinha.

 Satisfeito, saiu da loja com presente para duas.
Agora só faltava a Katie...

"Roupa não. Eu sempre dou peça de roupa: bota, sobretudo... E ela nem liga pra roupa. Natura também não. É muito barato e ela já tem tudo da Natura... Jóia seria, no mínimo, estranho. Hmmmm... Do que mais a Katie gosta? Hmmmmm... Nossa, do que mais a Katie gosta?" Damon ficou olhando de loja em loja e nada parecia se encaixar com Katie. Tapetes persas, perfume, material escolar, móveis, artigos de luxo: nada parecia bom! "Katie safada! Vou dar pra ela artigo de macumba e ela vai vir com um castelo nas Arábias pra mim! Não, pensa, pensa. Dessa vez vai ser o presente do ano. O que deixaria a Katie feliz? Hmmmmm... o pai... a mãe... o... a mãe. Ok, mas... Hmmmmm... Bulgária. A mãe, Bulgária..."
Damon entrou numa loja com artigos de diferentes países. Chegou no atendente e falou:

- Boa tarde! O que tem da Bulgária aqui?


- Tapete, chocolate...


- Tem essência?


- Sim, tenho essências da Bulgária.


- Me vê um kit!


- Ok!


- Você tem difusor?


- Tenho vários. Só não são da Bulgária.


- Tem algum que possa lembrar da Bulgária? É para uma grande amiga bulga-alemã-brasileira.


- Tenho um difusor que é tipo um globo terreste iluminado. É bem bonito!


- Vou levar!

Damon saiu satisfeito. Não era o melhor presente do mundo, mas era melhor que os presentes passados. Melhor que o sobretudo. Será? Um difusor e essências da Bulgária?
Era preciso melhorar. Katie era bulga-alemã-brasileira. Apesar de só ter vivido no Brasil, ela era uma mistura dos três. Na verdade dos dois primeiros, mas o terceiro moldou sua personalidade. 

Damon teve finalmente uma ideia.
Entrou numa loja de objetos personalizados, colocou o difusor em cima do balcão e perguntou:


- Você consegue realçar 3 países desse difusor globo? Ele já é iluminado quando liga, mas eu queria que 3 países se destacassem.


- Bem... eu posso colocar uma espécie de pérolas pequenas e iluminadas em torno desses países, tipo um espelho com luzes em volta.


- Elas acendem?


- Eu posso mudar o glow do difusor pra ficar mais fraco e deixar os países que você escolher mais fortes e botar uma pérolas bem delicadas em volta.


- Ótimo!


Depois de 1h25min, Damon saiu da Tocca Square assoviando Jingle Bell Rock, satisfeito com todos os seus presentes de Natal.

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