terça-feira, 27 de outubro de 2020

Everybody hurts


    James estava sentado, enquanto a professora rebolava em cima dele. O coordenador segurava com toda a força possível o gozo, fazendo sua veia da testa saltar. Ele começou a pensar no comercial do Médicos Sem Fronteiras, ao mesmo tempo que Letícia cavalgava nele, ora lentamente, ora rápidamente.
    – Você vai chegar? – Perguntou a professora ofegante ao ver a cara de James, sem parar o trabalho.
    – Eu consigo segurar. – Falou ele com dificuldade.
    – No que você ta pensando?
    – No comercial do Médicos Sem Fronteiras. – A boca deles se encontraram, as línguas encharcadas.
    – Ta funcionando? – Ela perguntou, ao trocar de lado. 

 

   – O comercial já ta acabando. – Ele disse entre o beijo. – Você tem algo interessante pra compartilhar?
    – Você sabia que o Tolkien fez quatro livros sobre o universo do Senhor dos Anéis? – Ela se mexia devagar. – O primeiro é O Hobbit, que conta a história do Bilbo, tio do Frodo, e explica como o Um Anel entra na história. Depois vem O Senhor dos Anéis, um marco da literatura, eleito por especialistas como um dos mais importantes do século XX, ao lado até mesmo de Ulisses, do James Joyce. Foi daí que surgiu o gênero "fantasia". – Letícia começou a aumentar cada vez mais o ritmo – Então temos O Silmarillion, que conta a "mitologia" da Terra Média. Na ficção do Tolkien, seria o equivalente ao Livro de Gênese. Conta toda a história da Terra Média, desde o surgimento do mundo até a época do Senhor dos Anéis, descrevendo lugares, períodos e personagens históricos. E por último temos Contos Inacabados. – Ela falava entrecortada e com dificuldade pelo ritmo que os dois tinham atingindo – Este, como o próprio nome diz, foi mesmo inacabado. Tolkien já havia morrido quando o livro foi editado. É... uma coletânea de textos...., rascunhos... e contos... relacionados ao Silmarillion e ao Senhor dos Anéis... que não chegaram a ser utilizados nesses livros..., e foram reunidos.... e publicados.... pelo... Ai, f***-se! 

 
   ...
    – Uau! – Letícia virou o rosto na direção de James, com um sorriso fechado no rosto, ao ouvir a exclamação do coodernador. – Você é realmente superdotada. – Ele virou o rosto e olhou para ela. A professora, então, mirou o teto.
    – Você também não foi nada mal.
    – P**a que pariu. – James disse ainda ofegante, dessa vez mirando o teto. – P**a que pariu. – Ele repetiu, rindo e passando a mão no cabelo.
    – Eu sei, é uma sina que eu carrego comigo. – Letícia bem que queria, mas o pai de Saoirse deixava muito difícil a tarefa de não fazê-la se gabar.


    – Hoje você pode se gabar do que quiser. – Ele fez uma pequena pausa, antes de complementar – Até mesmo do seu conhecimento inútil sobre Senhor dos Anéis.
    – Funcionou, não funcionou?
    – Funcionou. – Disse James sarcasticamente, porque, na verdade, havia piorado a situação. – Você, sem dúvida, é bem nerd. Não sabia que você gostava tanto dos filmes do Senhor dos Anéis.
    – Eu não gosto muito dos filmes. O Peter Jackson estragou muita coisa.
    A nerdice da professora de matemática tinha um efeito reverso em James. Quanto mais ela falava, mas ele queria muito beijá-la, mas a falta de ar o impedia no momento.
    – Tem algum xingamento em outra língua que você possa me ensinar para eu poder me expressar nesse momento?
    – Qual língua? 
    – Na língua da sua amiga, Verinha. – Letícia riu do comentário.
    – Himmel, Arsch!
    – Himmel, Arsch! – Repetiu James capengamente. 
    – Não é a língua da minha amiga Verinha, mas é que o alemão tem uma boa variedade de palavrões.
    – E o que significa esse daí?
    – Significa exatamente o que você falou agora há pouco.
    – O que eu falei agora há pouco? Não me lembro. – mentiu James.
    – P**a que pariu.


    – Ah é. P**a que pariu. – Ouvir Letícia falando palavrão foi o combustível suficiente para fazer o coordenador atacar a boca da professora outra vez e tudo começar novamente.

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