Andrew estava em êxtase depois de ver a melhora repentina de Jessica. Apesar de um detalhe da recuperação ter sido desagradável, vê-la bem fazia com que um elefante saísse de suas costas. Enquanto a ruiva tagarelava sobre algo que ele não prestava atenção, o professor olhava fixamente para a boca dela. Naquele dia, já tinha beijado ela mais de um milhão de vezes, mas assim que seus lábios paravam de se tocar, parecia que ele estava há anos sem beijá-la. Sem conseguir mais esperar Jessica terminar de falar, Andrew se adiantou e jogou sua boca contra a dela. A advogada pareceu não se importar e na primeira abertura, enfiou sua língua dentro dele. Pouco tempo depois, o inglês encerrou o beijo, dizendo:
"Desculpa. Não consegui me controlar."
"Eu não me importo.", falou ela carinhosamente, segurando o rosto dele.
"Pode voltar a falar o que você tava falando."
"Eu já até me esqueci."
"Desculpa, eu deveria ter esperado você terminar de falar."
"Não era nada demais. Preferi o beijo. Senti falta de te beijar."
"Sério? Nossa, eu senti muita falta do seu beijo. Honestamente, eu não consigo prestar atenção em nada do que você fala. Só consigo pensar no próximo beijo."
"Ei, eu aqui contando uma história boazona de como eu arrasei na minha entrevista de emprego e você não prestou atenção em nada?", reclamou Jessica, fingindo estar irritada.
"Eu prestei atenção na sua boca."
Jessica fez uma careta.
"Eu não preciso ouvir a história, porque eu sei que, quando se trata do seu trabalho, você arrasa em tudo.", justificou Andrew.
Jessica não respondeu nada.
"Você ficou chateada? Eu juro que não faço mais."
Jessica continuou quieta.
"Você vai me dar o tratamento do silêncio agora?"
"O que você disse?"
"Eu perguntei se você vai me dar o tratamento de silêncio agora."
"E por que eu faria isso?"
"Sei lá. Você que parou de me responder."
"Ah, desculpa. Eu não prestei atenção. Tava olhando só pra sua boca."
Andrew olhou para Jessica com cara de bunda.
"Quanto tempo você demorou pra pensar nessa cantada de pedreiro?"
"Ué, quando você faz é charmoso e sexy e quando eu faço é cantada de pedreiro?"
"Você me achou sexy?"
Jessica se arrependeu de ter falado aquilo. Ficou sem graça na mesma hora, mas tentou manter a compostura:
"Você sabe o efeito que causa nas mulheres."
"No momento, eu só me importo no efeito que eu causo em uma mulher.", ele disse se aproximando dos lábios dela.
"Sua mãe definitivamente não te acha sexy", falou Jessica com dificuldade, olhando fixamente para a boca de Andrew. Parecia que ela não tinha beijado ele há anos.
"É nessa hora que um homem, estando na cama com uma mulher, brocha.", ele se afastou da boca da advogada.
"Que foi?", perguntou a ruiva, engolindo em seco. A frustração foi tamanha que fez ela se esquecer da analogia de Andrew.
"Tinha que falar da minha mãe?"
"A sua família só tem homem."
"Você não consegue aceitar um elogio?"
"Andrew!"
"O quê?"
"Para com isso e me beija logo!"
Andrew não perdeu tempo e já enfiou a língua dentro da boca de Jessica. Ele não estava com muita paciência para continuar fazendo joguinhos. A verdade é que ele queria muito mais do que somente beijos, mas sabia que dentro do hospital seria impossível. Na verdade, até que daria para fazer algo, mas a advogada nunca estaria disposta a isso. Talvez ela se sentisse da mesma maneira, visto a urgência que tinha em beijá-lo.
Alguns beijos que deram ao longo do dia eram mais carinhosos, outros mais ardentes. Aquele definitivamente tinha começado ardente, mas com o tempo foi se tornando carinhoso. Pareciam dois adolescentes apaixonados que, quando tomavam consciência um do outro e de sua realidade, cediam mais para o lado da ternura. Andrew estava tão feliz de Jessica estar bem e daí crescia todo o seu carinho, já a ruiva estava tão feliz de estar de volta com o professor, que também era pai da sua filha, que daí vinha o lado carinhoso no beijo. Toda aquela alegria acabou afetando a menina que sentiu vontade de liberar a energia em forma de chute. Andrew sentiu levemente por conta da posição em que se encontrava. Com muita força de vontade, tentou ignorar aquilo que acontecia na barriga da noiva. Jessica, no entanto, por causa do bom humor, decidiu parar o beijo e disse:
"Parece que alguém sentiu falta do pai."
"Eu senti ela se mexendo um pouquinho.", falou Andrew, tentando esconder a emoção da ação da bebê e do que Jessica havia dito.
A advogada, sem perguntar, pegou a mão de Andrew e colocou em cima da barriga dela, sem tirar a própria mão.
"Posso falar com ela?", o professor perguntou pouco tempo depois.
"Se você quiser..."
O inglês engoliu em seco e já desenrolou a falar, antes que Jessica mudasse de ideia:
"Bebê...", ele se aproximou mais da barriga, "eu sei que não deve estar sendo fácil..."
Jessica se arrependeu de ter deixado Andrew falar com a barriga; as lágrimas já ameaçando a sair.
"...mas a Jessica faz o que pode. Nem todo mundo tem uma habilidade natural de fazer piadas.", Andrew fez mão de conchinhas. "Peraí, ela ta me falando uma coisa....... 'Mas a cantada de pedreiro foi horrível!'", ele falou, fazendo voz de menina. "Eu sei, mas o ponto forte da Jessica não é a comédia, infelizmente. O ponto forte dela é a advocacia, como ela adora se gabar, e perambular pela cidade, claro. É uma verdadeira flâuner."
"Jesus, Andrew.", ela riu; as lágrimas saindo de seus olhos.
"Que foi? Não chora, Jessica.", ele disse enxugando as lágrimas com uma mão, enquanto continuava tocando a barriga dela com a outra. "Um dia você será tão boa piadista como eu." Andrew deu um selinho na noiva e depois beijou a mão que estava junto a dele. "Pronto, já conversei. Muito obrigado, de verdade!"
"Eu te amo."
"Eu te amo.", ele deu outro selinho nela.
"Mas nunca mais faça aquela voz pra ela. Foi horrível. Parecia um travesti."
"Como assim? Aquela voz é perfeita. Imagina um lírico com aquela voz?"
"Não."
"All the lonely people, where do they all come froOoooooOOOOOoooooooom?"
"Não."
"Sério! Você não tem bom gosto, como assim um..."
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