sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

False God/Sparks Fly

Victoria era muito magra... 
E também não tinha muita força... 
E também não cheirava a mulher... 
E também era muito nova... 
E também não escondia uma fênix dentro dela. 


Desde que Daniel se envolveu com a fênix, as mulheres que ele pegava perderam a graça. Para ser justo com as mulheres, ele só havia dormido com Victoria, mas mesmo assim, ele achava que as mulheres, no geral, tinham perdido a graça. É porque não é qualquer mulher que tenta segurar os seus impulsos o máximo possível. Essas são as melhores, pois quando entram em erupção, é uma das melhores sensações da vida. A ideia também de elas não entregarem tudo nas primeiras noites, de terem que ser atiçadas de pouquinho a pouquinho para liberarem tudo para o homem é sensacional. O desejo, a vontade, a luxúria depois da entrega... Nossa, aquilo era bom demais. Só que nos dias de hoje, esse tipo de mulher está escasso, principalmente no Cavalinho Feliz. Segundo Daniel, na escola há dois tipos de garotas: as ousadas e as menos ousadas. Ah, também tem as castas, mas essas daí não tem graça nenhuma, afinal você não vai conseguir nada com elas, pelo menos, não o Danny, já que ele respeita a crença alheia. Enfim... As ousadas parecem que são maravilhosas e, de fato, elas sabem muito. Conseguem deixar um homem com muita vontade e talz, mas o problema é que com elas, o cara sempre fica pressionado. Além disso, para satisfazer uma ousada é muito difícil, uma vez que elas, para provarem que são maravilhosas, fornecem o melhor serviço, mas, em contrapartida, não são tão fáceis de serem agradadas, nem de aceitarem o agrado. As menos ousadas também são boas, mas elas, na maior parte das vezes, são esquecíveis. Não tem um je ne sais quoi. A mulher-fênix que ele havia conhecido era maravilhosa, porque ela não sabia de tudo, como as super ousadas, o que permitia ao Daniel a chance de proporcionar/provocar novas sensações na fênix. Além disso, por mais que ela não fizesse tudo, a intensidade da fênix supria qualquer coisa. O fato de ela enxergar o sexo como um certo tipo de tabu era ótimo também, porque trazia a consciência o que o ato em si implica. Muito banalizado atualmente, transar com alguém é algo íntimo, é adentrar espaços não frequentados por qualquer um, é realmente possuir por certo momento uma pessoa, sentir seu gosto, desbravar caminhos. Alguém que vê as coisas dessa maneira traz esse sentido para o outro, que começa a ter consciência do que está fazendo, da intimidade, de tudo. O garoto amou arrancar gemidos presos e tímidos da fênix, deixar sua marca naquela pele branca e sensível. O prazer psicológico que ela causava nele, baseado não numa performance, mas na genuinidade da excitação que ela expressava, somado ao prazer físico que sentiu, foi como uma droga viciante. Ele estava tentando se desintoxicar, mas era difícil. Daniel achou que dormir com Victoria, sua ex de longa data, supriria a situação, pois seria como uma espécie de reencontro de corpos, mas se viu frustrado, uma vez que tudo veio fácil, nada escondido, nada errado, nenhum prazer pecaminoso. Ele reconhecia que a culpa não era de Victoria, mas sim do fato de ele ter provado uma mulher como a fênix. Só de lembrar da fênix saindo... Uau! Era incrível que só de ver ela, ele já se sentia excitado, e depois, na hora da ação, ele percebia que ela estava tão excitada quanto ele, com a calcinha praticamente encharcada. Essa era a verdadeira vitória, com o perdão do trocadilho. Claro que a única coisa que poderia bater a fênix, seria dormir com alguém que ele gostasse, mas isso estava fora de cogitação.


Jennifer... Que patética! Com certeza, ela não era uma fênix. Deveria ser bem estranha na cama, aliás. Bem possível que ela fizesse barulho de pum quando o homem beijasse seu pescoço ou que ela realmente soltasse um pum. Que nojeira! Daniel sorriu de canto. Ela certamente deve sentir muita cosquinha. Ele sabia disso, porque já usou dessa arma para conseguir tirar algo dela. Claro que nunca funcionava, uma vez que ele, quando parava de fazer cosquinha e pedia para ela contar alguma coisa que ele quisesse saber, por exemplo, ela falava alguma aleatoriedade, se fazendo de sonsa. Dormir com a Jennifer deveria ser muito estranho e muito engraçado, ao mesmo tempo. Os dois, certamente, ficariam tímidos, pela proximidade que sempre tiveram, e para quebrar o gelo fariam piadas atrás de piadas. Foi assim da primeira vez que eles se beijaram, então poderia ser assim na hora do "vamo ver". Em algum momento eles parariam de rir, porque a realidade do ato, pautada no desejo mútuo, seria mais forte que tudo; a descoberta um do outro. No final, ela iria falar algo idiota para dissipar a verdade que o sexo inebriante tentou esconder e ele iria rir e continuar falando outro nonsense, mas nada disso importaria, porque no meio de toda aquela baboseira, outras verdades estariam sendo reveladas. Ele puxaria ela para mais perto. Outra piada vindo dela, pois para ela, aquilo seria muito estranho. Ele riria de novo e devolveria a piada, mas dessa vez abraçado com ela. Seria, de novo, piada atrás de piada. Um glorioso stand up comedy, que tentaria ocultar a inevitável verdade: os dois abraçados. 

Ele queria que ela tivesse dado uma chance para ele. 
Ele queria que ela não tivesse pensado tanto na amizade entre os dois. 

Não importa o que acontecesse no hipotético relacionamento, ele nunca abandonaria aquela amizade. Todos dizem isso, mas para ele, que é tão pragmático, essa é a única verdade possível.

Ele queria ela.

Sempre quis. Era incrível como uma mesma piada sobre o pescoço da Margot, repetida diversas vezes, diariamente, nunca perdia a graça. Ele ria, genuinamente, como se fosse a primeira vez que ela tivesse contado. Era incrível como ele a viu fazendo as mais absurdas coisas e imitações e nunca ficou com nojo da garota. Éééé... O Bradley é um homem de sorte. E põe sorte nisso. Ele não dá valor a genialidade da Jennifer, mas é como dizem, o cavalo que...


- No que você ta pensando? - Victoria perguntou, deitada de lado, olhando para um Daniel reflexivo, mirando o teto.
- Oi? Eu? - Perguntou Daniel meio confuso. - Eu tava pensando... no quão louco foi isso. Você e eu.
- É verdade! - Concordou Victoria. - Faz quanto tempo desde a última vez que ficamos juntos?
- Muito tempo...

Daniel já gostou muito de Victoria numa época. A época passou. Ele descobriu isso naquele mesmo instante.

- Você gostou tanto quanto eu dessa noite? - Indagou a garota ansiosa.
- Gostei.
- Eu também. - Disse a garota se aproximando dele e deitando em seu peitoral. 
Ele passou a mão no cabelo dela, fazendo carinho e se sentindo culpado. Ele não sabia que Victoria ia gostar tanto assim daquela noite. O problema é que ele estava inundado por tantos sentimentos que não conseguia aproveitá-la.

"É...", pensou Daniel, "eu definitivamente sou uma música da Taylor Swift".

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