terça-feira, 28 de janeiro de 2020

Tempo na tela

Carlisle e Giovanna estavam conversando, enquanto tomavam banho:


"Eu ainda não sei se vai ser legal os quatro viajando juntos. Quer dizer, o Zac ta em aula e ele nem ta a fim de ir...", disse a médica se ensaboando.

"Bem, sobre a aula, teria como ele ir, porque vai ser na sexta, então pode ser depois da escola. E eles vão voltar no domingo, não?"

"Sim, sim. Mas também tem o fato de ele não querer ir."

"Entendi!", respondeu Carlisle, olhando para cima, pensando. Ele pegou o sabonete que ela entregou para ele e começou a passá-lo no pescoço e nas costas da morena. "Mas você não acha que talvez seja bom pra ele ir? Ver que tem mais família: tios, primos, avós?"

"Ué, mas se eles quisessem conhecer o Zac, eles já teriam vindo pra cá, você não acha? Por que o Zac que tem que ir pra lá?", ela perguntou indignada.

Carlisle entendia Giovanna. Ele sabia que ela tinha um ponto. Mas também sabia que o Zac poderia estar fingindo não querer conhecer a família para não magoar a mãe ou com medo de se magoar. 
Ele virou a namorada em sua direção, a fim de olhar para ela. A médica estava com a testa franzida, não por estar com raiva do Carlisle, mas pela situação toda. 

"Você sabe que é a coisa mais importante pra ele e que nunca vai deixar de ser, não é?", ele perguntou, segurando os ombros da namorada.

Ela curvou os lábios triste, porque na verdade tinha medo de que aquilo deixasse de ser verdade, uma vez que ele conhecesse a nova família. Como se ele soubesse exatamente aquilo que ela estava pensando, o professor de Psicologia falou:

"Disso você não precisa ter medo, Gio. O Zac te ama muito. Você sempre vai ser a primeira na vida dele, mas se isso te incomoda tanto, você não precisa deixar ele ir, por enquanto. O Derek que espere."

Giovanna passou o dedo indicador no peitoral de Carlisle, olhando para os pelos que ele tinha na região. Ela ponderou se deveria dizer aquilo que queria dizer. A morena acabou desistindo, decidindo, ao invés de falar algo, simplesmente beijá-lo. O beijo, que era para ser curto, acabou ficando animado, principalmente por parte do professor de Psicologia, que a empurrou contra a parede e levantou uma de suas coxas. A médica começou a arfar, ao sentir os beijos de Carlisle em seus seios. O Cullen, sabendo que sexo no chuveiro, na prática, tinha muitas desvantagens, enfiou os dois dedos dentro de Gio para ver se ela estava lubrificada o suficiente ou se a água estava tirando sua lubrificação natural. Com uma mão no cabelo do namorado e outra na torneira, a mãe de Zac desligou o chuveiro, gemendo ao sentir os dedos de Carlisle dentro dela. Sentindo que ela poderia ficar ainda mais molhada, o professor voltou a investir nas preliminares, mas assim que ele começou a beijar o pescoço da amada, ouviu as terríveis palavras de Giovanna:

"Eu quero me casar com você."

Carlisle parou de beijá-la naquele mesmo instante, assustado com o que tinha acabado de ouvir. 

Escapoliu. Simplesmente, escapoliu aquilo que a médica estava doida para falar, desde muito tempo.

O professor tentou disfarçar o medo que estava sentindo quando foi olhar Gio. Ela olhava para baixo. O timing tinha sido péssimo, mas era agora ou nunca. Ela já tinha começado...

"Eu nunca pensei em me casar. Eu me tornei muito independente, desde que o Zac nasceu. Eu era muito vigiada pelos meus pais, não tinha liberdade pra nada, então eu gostei da minha independência e me acostumei muito com ela. Só que o tempo passou, o Zac cresceu, daqui a pouco ele vai pra faculdade, sei lá aonde, e eu vou ficar sozinha... Não, espera! Eu acho que eu to me explicando um pouco errado", ela respirou fundo e conitnuou: "Eu to acostumada a fazer as coisas sozinha: acordar sozinha, lembrar de pagar as contas sozinha, criar o Zac sozinha, cuidar da casa sozinha e eu sou feliz assim... Quer dizer, eu era. Eu nunca tive uma companhia de verdade, alguém que eu pudesse contar, desabafar, pedir conselhos... Alguém que genuinamente se preocupa por mim e pelo meu filho, até te conhecer... Eu fiquei noiva da última vez, como você sabe. Mas eu não queria. Eu não queria mesmo. Mas dessa vez eu quero. Eu sei que você tem seus filhos, etc., mas eles podem morar aqui ou a gente pode se mudar para uma casa maior. Eles também podem continuar morando com a Esme, aqui em frente. Você pode ver eles todos os dias, sei lá, o que você achar melhor. Eu sei que é tudo muito confuso, tem uns arranjos, mas acho que dá pra resolver. Não é que eu queira me casar amanhã, nem nada. A gente pode esperar. Eu posso esperar. Eu acho que o que eu realmente quero dizer é que eu tenho 34 anos e eu te amo e isso soou muito brega e a gente ta pelado. A gente pode sair do chuveiro?". Giovanna nem esperou a resposta do Carlisle que estava mais pálido do que o habitual. Ela pegou a toalha e saiu do banheiro. O que havia de errado com ela? Nem ela sabia responder. Foi muita estupidez falar aquilo, justamente naquele momento. Ela trancou a porta do quarto e foi se vestir. Tempo era uma coisa que o médico precisava e ela daria isso a ele. Bem, 10 minutos, pelo menos. 

Ela finalmente saiu do quarto e viu Carlisle, já vestido, pensativo, olhando pela janela da cozinha. Zac estava sentado, mexendo no celular, terminando de tomar seu café da manhã.

"Bom dia, Zac!", Giovanna falou com a voz rouca.

"Bom dia, mãe", respondeu Zac ainda olhando para a tela do celular. 

"Já terminou, Zac? Eu posso te dar uma carona pra escola. A gente só precisa passar lá em casa pra buscar a Katie e o Edward."

"Carona com o gripinha e a Katie? Eu to fora!"

"Você vai a pé à toa então?"

Zac revirou os olhos e respondeu, se levantando:

"Ta bom, mas eu vou no banco da frente! Tchau, mãe!"

"Tchau, filho! Juízo! E para de chamar o outro de gripinha. Coisa velha."

"Foi o Carlisle que inventou esse apelido", retrucou Zac rindo e indo em direção à porta.

Carlisle se aproximou de Giovanna e falou:

"Sobre o que você falou agora há pouco, eu realmente acho que a gente tem que conversar, mas pode ser depois da escola? Hoje mesmo, até."

"Sim, claro! A gente conversa hoje então."

"Ok!"

Carlisle deu um selinho rápido em Giovanna e foi embora, sem a menor ideia do que iria fazer. Contar a verdade? Ela iria acreditar? E agora?

Giovanna observou ele saindo, pensando se tinha feito bem em ter falado a verdade. E se ele não quisesse? O que eles iriam fazer? Terminar? Aquilo começou a causar uma dor de cabeça na morena, que ainda tinha que se encontrar com os acionistas do hospital naquele mesmo dia. Ela tomou o remédio e tentou não pensar naquilo. Pelo menos, até a noite, quando tudo seria, finalmente, resolvido.

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