Depois da escola, na sexta-feira, alguns alunos do Cavalinho Feliz saíram para jogar vôlei de praia. Eles estavam fazendo isso por tantas semanas, que já tinha quase virado rotina. Niall ligou a jbl num volume alto e a partida começou.
Nem todos iam para jogar, muitos só iam para curtir a praia e confraternizar. Vincent era muito competitivo, diferente de Gosling, seu oponente de vôlei. Eles sempre lideravam times opostos.
A partir do terceiro set, algumas pessoas foram cansando e saindo, e outras
foram entrando. No sexto, Cheryl também cansou e foi para a areia
descansar.
“A gente vai
ficar sem líbero!” Vincent gritou para a menina.
Cheryl respondeu com o dedo do meio. Ela não era líbero, assim como ninguém era levantador ou ponteiro. Não havia posição marcada.
Ryan riu
da dinâmica dos dois e anunciou que também daria uma pausa. Ele comprou uma
água de coco e sentou ao lado da Geordie.
“Quer um
gole?” Ryan ofereceu à menina.
Cheryl
ponderou por alguns segundos. “Aye.” Ela segurou o
coco junto ao Gosling, e se aproximou para beber.
“O Vincent
tirou seu coro hoje.” Ryan observou descontraído.
Cheryl
comprimiu os olhos tentando compreender o que o menino dissera. Não importava
quantos anos estava morando no Brasil, os brasileiros conseguiam sempre
surpreendê-la com uma expressão nova.
“Eu juro que
não tentei falar difícil!” Ryan se defendeu rindo.
“Sei. Primeiro você rouba 3 pontos da gente no vôlei e agora fica falando difícil comigo só pra rir da minha cara. O que você tem contra mim, Gosling?”
“Nada. Eu tô
dividindo meu coco com você, não tô?”
“É sua consciência pesando.”
“Você tá
muito errada. Eu não poderia estar mais em paz com a minha consciência.”
“Right.” A
inglesa fitou o menino e desceu o olhar para as suas costas. “Você tá passando
protetor, pet?”
“Não.” Ele
admitiu.
“Dá pra ver.
Suas costas tá toda vermelha.”
“Sério?”
Ryan virou a cabeça e se assustou com as suas costas. “M***a.”
“Eu não sei o
que vocês homens têm contra protetor solar.”
“É grudento
e cheira a praia.” Ryan falou com cara de nojo.
“Mas você tá
na praia, dummy.” Cheryl riu.
“Agora quem
tá se divertindo às custas de quem?” Ryan jogou areia na garota.
“Ei! Eu ia
te ajudar, depois disso, esquece.” Ela tentou se limpar da areia.
“Deixa de
ser vingativa. Não combina com esse seu rostinho.”
“É?” Cheryl levantou as sobrancelhas.
“Se bem que
você é literalmente a fundadora do grupo da vingança da escola.” Ryan fingiu
estar refletindo sobre um assunto muito importante.
“Idiota.” A
Geordie terminou de beber a água de coco do colega.
“Você bebeu
da minha água. Isso no mínimo vale uma passada de protetor nas minhas costas.”
“Tenho certeza que meu namorado ia ficar super
feliz com isso.” Cheryl debochou.
“Você não
disse que ia ajudar?”
“Eu ia
arrumar um protetor emprestado pra você. Acho que a Hailee trouxe o dela.”
“Isso eu
posso pedir.” Ryan falou como se a ajuda da menina não fosse nada demais.
“Tá bom.
Peça.”
“E quem vai
passar?” Ryan olhou para a menina como se o que ele disse fosse um grande problema.
“Tenho
certeza que as meninas fariam fila pra passar protetor em você.”
“E você não
estaria nela?”
“Nos seus
sonhos, pet.” A inglesa falou convencida. “Sabe de uma coisa? Talvez você nem precise
de uma fila. Por que não fala com a Margot?” Cheryl sorriu animada com a ideia.
“Não.” Ryan
respondeu sério.
“Por que
não? Você gosta dela, né?”
“Ela tá com
tantos admiradores agora que eu não quero ser mais um.”
“Você não
seria mais um. Você seria O admirador.” A menina deu ênfase na letra o.
“E também
tem a Emma.”
“Como é que
ela tá?” As feições da inglesa mudaram de brincalhona para preocupada.
“Não sei. Ela
não fala comigo!” Ryan falou frustrado. “Já mandei mil mensagens, liguei várias
vezes e nada.”
“Ela provavelmente tá querendo um pouco de espaço e de privacidade. Graças ao blog ela não teve nenhuma dessas coisas.”
“Eu sei. Mas
é que eu tô tão preocupado que eu tô quase ligando pro Bradley pra saber dela.”
Ryan admitiu.
“Ela
provavelmente tá bem. Triste, mas bem.”
“É que a
Emma é tão sensível, por mais que tente se fazer de durona. Pra maioria das
pessoas na situação dela, perder o bebê seria um alívio, mas pra Emma... Ela... ela se apegou.”
“Acho que não
foi só apego ao bebê, mas o modo como tudo aconteceu. Acho que se eu passasse pelo
mesmo que ela passou, eu estaria traumatizada.”
“Verdade.” Ryan não conseguiu deixar de pensar no trauma que a Geordie também passara há poucos anos. Ele sentiu uma vontade repentina de abraçá-la e dizer que sentia muito pelas coisas que tinham acontecido com ela ainda tão nova. “Você pode me dá um abraço? Tô me sentindo meio mal.”
“Vem aqui.”
Cheryl envolveu o menino nos seus braços, que aparentavam serem um pouco frágeis demais pela espessura. “Acho muito fofo o modo como você se preocupa com a Emma.”
“Obrigado.”
Ryan envolveu
a pequena cintura da menina e depois soltou quando percebeu Vincent parado do
seu lado.
“E aí? Vai querer
revanche ou não?”
“Meu time perdeu?” Ryan perguntou atônito.
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