sexta-feira, 18 de agosto de 2023

Vôlei de praia

Depois da escola, na sexta-feira, alguns alunos do Cavalinho Feliz saíram para jogar vôlei de praia. Eles estavam fazendo isso por tantas semanas, que já tinha quase virado rotina. Niall ligou a jbl num volume alto e a partida começou. 

Nem todos iam para jogar, muitos só iam para curtir a praia e confraternizar. Vincent era muito competitivo, diferente de Gosling, seu oponente de vôlei. Eles sempre lideravam times opostos.

A partir do terceiro set, algumas pessoas foram cansando e saindo, e outras foram entrando. No sexto, Cheryl também cansou e foi para a areia descansar.

“A gente vai ficar sem líbero!” Vincent gritou para a menina.

Cheryl respondeu com o dedo do meio. Ela não era líbero, assim como ninguém era levantador ou ponteiro. Não havia posição marcada. 

Ryan riu da dinâmica dos dois e anunciou que também daria uma pausa. Ele comprou uma água de coco e sentou ao lado da Geordie.

“Quer um gole?” Ryan ofereceu à menina.

Cheryl ponderou por alguns segundos. “Aye.” Ela segurou o coco junto ao Gosling, e se aproximou para beber.

“O Vincent tirou seu coro hoje.” Ryan observou descontraído.

Cheryl comprimiu os olhos tentando compreender o que o menino dissera. Não importava quantos anos estava morando no Brasil, os brasileiros conseguiam sempre surpreendê-la com uma expressão nova.

“Eu juro que não tentei falar difícil!” Ryan se defendeu rindo.

“Sei. Primeiro você rouba 3 pontos da gente no vôlei e agora fica falando difícil comigo só pra rir da minha cara. O que você tem contra mim, Gosling?”

“Nada. Eu tô dividindo meu coco com você, não tô?”

“É sua consciência pesando.”

“Você tá muito errada. Eu não poderia estar mais em paz com a minha consciência.”

“Right.” A inglesa fitou o menino e desceu o olhar para as suas costas. “Você tá passando protetor, pet?”

“Não.” Ele admitiu.

“Dá pra ver. Suas costas tá toda vermelha.”

“Sério?” Ryan virou a cabeça e se assustou com as suas costas. “M***a.”

“Eu não sei o que vocês homens têm contra protetor solar.”

“É grudento e cheira a praia.” Ryan falou com cara de nojo.

“Mas você tá na praia, dummy.” Cheryl riu.

“Agora quem tá se divertindo às custas de quem?” Ryan jogou areia na garota.

“Ei! Eu ia te ajudar, depois disso, esquece.” Ela tentou se limpar da areia.

“Deixa de ser vingativa. Não combina com esse seu rostinho.”

“É?” Cheryl levantou as sobrancelhas.

“Se bem que você é literalmente a fundadora do grupo da vingança da escola.” Ryan fingiu estar refletindo sobre um assunto muito importante.

“Idiota.” A Geordie terminou de beber a água de coco do colega.

“Você bebeu da minha água. Isso no mínimo vale uma passada de protetor nas minhas costas.”

 “Tenho certeza que meu namorado ia ficar super feliz com isso.” Cheryl debochou.

“Você não disse que ia ajudar?”

“Eu ia arrumar um protetor emprestado pra você. Acho que a Hailee trouxe o dela.”

“Isso eu posso pedir.” Ryan falou como se a ajuda da menina não fosse nada demais.

“Tá bom. Peça.”

“E quem vai passar?” Ryan olhou para a menina como se o que ele disse fosse um grande problema.

“Tenho certeza que as meninas fariam fila pra passar protetor em você.”

“E você não estaria nela?”

“Nos seus sonhos, pet.” A inglesa falou convencida. “Sabe de uma coisa? Talvez você nem precise de uma fila. Por que não fala com a Margot?” Cheryl sorriu animada com a ideia.

“Não.” Ryan respondeu sério.

“Por que não? Você gosta dela, né?”

“Ela tá com tantos admiradores agora que eu não quero ser mais um.”

“Você não seria mais um. Você seria O admirador.” A menina deu ênfase na letra o.

“E também tem a Emma.”

“Como é que ela tá?” As feições da inglesa mudaram de brincalhona para preocupada.

“Não sei. Ela não fala comigo!” Ryan falou frustrado. “Já mandei mil mensagens, liguei várias vezes e nada.”

“Ela provavelmente tá querendo um pouco de espaço e de privacidade. Graças ao blog ela não teve nenhuma dessas coisas.”

“Eu sei. Mas é que eu tô tão preocupado que eu tô quase ligando pro Bradley pra saber dela.” Ryan admitiu.

“Ela provavelmente tá bem. Triste, mas bem.”

“É que a Emma é tão sensível, por mais que tente se fazer de durona. Pra maioria das pessoas na situação dela, perder o bebê seria um alívio, mas pra Emma... Ela... ela se apegou.”

“Acho que não foi só apego ao bebê, mas o modo como tudo aconteceu. Acho que se eu passasse pelo mesmo que ela passou, eu estaria traumatizada.”

“Verdade.” Ryan não conseguiu deixar de pensar no trauma que a Geordie também passara há poucos anos. Ele sentiu uma vontade repentina de abraçá-la e dizer que sentia muito pelas coisas que tinham acontecido com ela ainda tão nova. “Você pode me dá um abraço? Tô me sentindo meio mal.”

“Vem aqui.” Cheryl envolveu o menino nos seus braços, que aparentavam serem um pouco frágeis demais pela espessura. “Acho muito fofo o modo como você se preocupa com a Emma.”

“Obrigado.”

Ryan envolveu a pequena cintura da menina e depois soltou quando percebeu Vincent parado do seu lado.

“E aí? Vai querer revanche ou não?”

“Meu time perdeu?” Ryan perguntou atônito.

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