quinta-feira, 8 de agosto de 2019

Até que a morte nos separe


Antonella acordou atordoada. Ela olhou o relógio. Já eram 3h da manhã. Meu Deus, ela havia dormido muito. O que aconteceu com as crianças? E a Joy? Ela desceu rapidamente as escadas e deu de cara com uma figura de costas, sentada no sofá, assistindo tv e dando de mamar para o seu bebê. Ela conhecia bem aquela figura mesmo de costas. Era Andrew. Ela esfregou os olhos para ver se estava enxergando bem. Andrew continua lá, sem se dar conta da presença dela. Ele resmungava bem baixinho para o nenê, inconformado de que Michael havia ganhado uma rosa de Lorene. Antonella, tentando entender tudo aquilo, se lembrou, de repente, de que realmente o ex-marido estava lá. John havia viajado à negócios, deixando ela sozinha com as crianças. Não tinha ninguém para ajudá-la. Sua irmã e cunhada já haviam voltado para a Itália e Reino Unido, respectivamente. Ela estava virada praticamente por duas noites, pois Joy ficava acordada a madrugada inteira e quando finalmente a menina dormia lá pelas 6h da manhã, Asa e Crystall estavam prestes a se levantarem. Vendo que a mãe não estava conseguindo dar conta de tudo aquilo sozinha, depois do ataque que ela deu no café da manhã com os dois, só porque ela pisou numa peça de lego no corredor, Asa decidiu chamar o pai para ajudar nas coisas. Ao chegar, Andrew encontrou Antonella meio acordada, meio dormindo, secando os pratos. Ele direcionou ela para cama, que o seguiu sem reclamar, e desde então, passou o resto do dia lá, repondo as energias.
Depois de colocá-la na cama, Andrew assumiu todas as tarefas da casa, além de ter uma conversa com as duas crianças sobre a importância delas começarem a ajudar a mãe em algumas atividades do lar, já que a mesma estava muito sobrecarregada. Ele fez as compras, preparou almoço, lanche e jantar, arrumou a bagunça da casa junto com Asa e Crystall, brincou com eles, ajudou nas lições escolares, como pode, e às 18h começou a cuidar também de Joy, que acordou. Enquanto isso, Antonella dormia pesadamente, sem acordar com um barulho sequer. 
Embora tudo isso pudesse ser deduzido só pelo horário, Antonella não refletia em nada daquilo. Ela só olhava aquela cena: seu ex-marido segurando a filha que ela teve com outro, alimentando aquela menina, brincando com ela. Parecia que o tempo tinha voltado uns 8 anos. Ela já havia encontrado ele naquela mesma situação, só que com Asa, filho dele. Ela ficou paralisada olhando tudo aquilo não se sabe por quanto tempo.

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