sábado, 18 de setembro de 2021

7Belo

Joy estendeu a mão para Asa, que compreendeu exatamente o que ela estava pedindo. Ele colocou a mão no bolso, procurando uma bala, mas só encontrou papéis vazios. 

“Desculpa, Joy. Acho que acabou.”

A menina fez uma cara triste em resposta. 

“Talvez tenha na minha mochila. Eu vou ver pra você.”

“Não antes do almoço.”, atentou Antonella. “E não adianta fazer cara feia. Primeiro, comida, depois doce.”

“Você não me entende!”, choramingou Joy.

“É incrível como as meninas puxaram você, Antonella. O único que é mais diferente é o Asa.”, disse Rita, a empregada da casa.

“Que isso, Rita? Eu não era dramática assim não!”

“Mas é o jeito que ela fala; é todinho da senhora.”

“Não me inclua nessa também, Rita. Eu não sou nem um pouco dramática.”, reclamou Crystall.

“Não, só é extremamente carente.”, replicou Asa.

“Carente é a sua namorada sereia!”

“Ta vendo? Super carente. Teve até que meter a Nic no meio.”

“Nic, Nic.”, remendou Crystall, debochando de Asa. “Tem coisa mais forçada do que o Asa tentando chamar aquela menina de Nic?”

“Nic parece apelido de menino.”, falou Rita.

“Eu até que acho...”, começou Antonella, que se interrompeu quando ouviu barulho de coisas caindo no chão. “Joy, o que você fez? Você mexeu na mochila do Asa?”

Joy ficou olhando com cara de culpada, no meio das coisas de Asa espalhadas pelo chão. Antonella, então, foi até a filha, se ajoelhou até ela e começou: “Olha só o que você fez! Olha essa bagunça! E ainda por cima me desobedecendo. Por que você abriu a mochila do Asa? Fala pra mim.”

“Pra pegar lápis de cor.”

“Essa daí já é uma boa mentirosa.”, comentou Crystall.

“Ah, é? Não foi pra pegar bala então? Deixa isso aí, Asa. A Joy quem vai arrumar isso.”, ela alertou o filho mais velha. “Sabia que quem mente pra mãe fica com dor de barriga, Joy?”

“Pior que fica mesmo.”, concordou Rita.

“Eu vou guardar.”, disse Joy.

“Acho bom. E o que é isso na sua mão que você ta escondendo? É bala?”

“Não.”

“Joy, abre a mão!”

“Não é bala.”

“Eu vou só falar mais uma vez, Joy. Abre a mão agora!”

A mão de Joy se abriu e, de fato, não era bala. Para a surpresa de todos, era uma camisinha. A garota tinha achado dentro da carteira de Asa, que estava dentro da mochila, e tinha achado que era chiclete. 

“F**k, f**k, f**k, f**k!”, pensou Asa enquanto Rita, Crystall e Antonella de Joy se viraram para olhar Asa.

“A escola que deu pros alunos.”, mentiu o garoto nervoso. “Foi na aula de biologia.”

A italiana parecia ainda sem reação, mas Rita quebrou o silêncio dizendo para Crystall:

“Vamos subir, que você acabou de voltar da escola e precisa tomar banho. Vamos lá escolher uma roupa pra você.”, ela disse puxando a menina, que olhava a cena em choque. “Antonella, pode deixar que eu levo a Joy também.” 

Antonella entregou a menina ainda olhando para o filho, enquanto Asa só conseguia pensar repetidas vezes “F**k!” Ela tinha pego a camisinha da mão da pequena, que entregou sem reclamar. Quando todos saíram, Antonella perguntou sentida:

“Asa, você é virgem?”

O garoto se sentiu ficar vermelho. Esse era um assunto que ele gostaria de nunca falar com a mãe. Ele podia mentir, podia dizer que ainda era, mas que gostava de estar preparado, afinal nunca se sabe...

“Não.”

Antonella ficou em silêncio. Asa, de repente se sentiu apressado em dizer:

“Mas eu não perdi com a Emma, eu juro. Não foi com ela!”

Tecnicamente aquilo era verdade para quem acreditava que a perda de virgindade era só quando havia penetração. 

“Foi com quem?”

“Foi com uma garota da escola. Eu perdi um tempo antes de namorar com a Emma. Mas quando eu namorei com a Emma, a gente nunca fez nada. Nem deu tempo, na verdade. Você sabe que a gente não durou quase nada. E eu nem sei se ela aceitaria fazer algo comigo. Eu só to falando isso, porque eu sei que você vai achar que foi com ela, mas isso seria muito injusto.”, despejou o menino.

“Você e a Nicola...?”

“Não. A Nicola é...”

Antonella se sentou, olhando ainda sentida para o filho. Desconfortável com tudo e sem saber o que falar, Asa disse:

“Se te servir de consolo, foram só duas vezes. Com a mesma menina.”

A italiana assentiu, olhando para o vazio. Asa ficou esperando ela dizer alguma coisa. 

“Foi confortável pra você?”

“Foi.”

“Que bom, meu filho. Que bom.”

...

“Seu pai sabe?”

“Ele descobriu. Ele me ouviu falando com o Eric no telefone. Eu pedi pra ele não contar pra você.”

Antonella assentiu novamente.

...

“Não precisa olhar assustado pra mim, Asa. Foi só o baque mesmo, mas eu to bem. Você é jovem e inevitavelmente passaria por essa experiência mais cedo ou mais tarde. Fico feliz de saber que foi confortável e espero que você tenha gostado. Eu sei que sou super protetora com você e peço desculpas por isso. Eu sei que você também não gosta quando eu te trato como meu menininho, mas Asa, não importa a idade, se você estiver casado, se tiver filhos, você sempre será meu menininho. Eu te amo muito.”

“Eu também te amo.”

“E eu não to chateada, ok? Eu só quero que você se proteja.”, ela estendeu a camisinha para Asa, que pegou de volta incrivelmente sem graça. “E que você respeite as meninas que você estiver. Você é o homem e não é não. Respeite seus próprios limites também, Asa, e tudo ficará bem. E tenha cuidado com a Nicola. Não a pressione a nada que ela não queira fazer e respeite o tempo dela, ok?”

“Ok.”

“Agora me dá um abraço.”

Asa deu um abraço na mãe ainda com muita vergonha. Apesar disso, ele preferiu se livrar logo de tudo e contar a verdade. A culpa daquela situação também era de seu pai, que tinha dado as camisinhas para Asa e pedido para ele guardar pelo menos duas na carteira (fora o discurso que tinha recebido sobre o assunto., de novo). Tudo o que o garoto queria era que a mãe não achasse que tudo tinha acontecido com Emma. No momento, ele não sabia o que ela achava. Talvez o excesso de explicação tenha tido o efeito reverso. De qualquer forma, Asa não queria que sua mãe tivesse raiva de Emma, a garota mais legal que ele já conheceu. Depois da Nadine, claro.





Brincadeirinha!

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