quarta-feira, 1 de setembro de 2021

Bolo, praia, churrasco e beijo

O futebol de areia ainda estava rolando. Cheryl pediu para ficar de fora da partida seguinte e só observar para recuperar o fôlego. 

Vincent também disse que ia ficar de fora e sentou do lado da britânica, observando seus amigos e familiares jogando. 

"Topa uma caminhada rápida?" Vincent sugeriu. 

"Rápida? Não consigo andar rápido nem sonhando."

"Não, sua lerda. Eu quis dizer rápida de breve. Ir e voltar rápido, antes que sintam nossa falta." Vincent explicou.

"Ok, mas acho melhor avisar alguém que a gente vai se afastar, just in case, pra não ficarem preocupados com a gente."

"Tá bom. Vou falar com o Nico."

Vincent correu para falar com o amigo e voltou estendendo uma mão a britânica.

"Vamos, madame?" O garoto falou, galanteador.

"Só porque você é o aniversariante." Cheryl piscou um olho e segurou sua mão. 

Ele ajudou a levantá-la do chão e os dois seguiram pela orla, caminhando lado a lado. O sol incidia forte contra seus rostos, contrastando com o frescor da água que batia nos seus pés. 

"Eu não tava esperando tudo isso. Vocês realmente me pegaram de surpresa." Vincent falou, preenchendo o silêncio entre os dois.

"Gostou?" Cheryl olhava para baixo, observando a areia úmida entre os seus pés.

"Claro."

"Que bom." Cheryl falou, satisfeita. 

"Imagino que foi você quem cabeceou tudo."

"Eu criei o grupo no WhatsApp e todo mundo foi jogando ideias lá. Você é muito querido, sabia?" 

"Tô vendo."

"Seu pai tá dando uma surra em todo mundo no futebol." Cheryl falou depois de um tempo.

"É, ele é muito competitivo." Vincent riu.

"E muito habilidoso também."

"E exibido." O menino acrescentou.

"É, isso eu não posso negar. Você puxou a ele." A inglesa implicou com o amigo.

"Olha quem fala. Quer sentar um pouco?"

"Já cansou?" Cheryl falou, caçoando dele.

"Sim. Algum problema?"

"Nenhum. Vamos lá."

Vincent e Cheryl subiram o monte de areia e sentaram. 

"Gostou de ver a Lana?" A Geordie puxou assunto. 

"Gostei. Não tava esperando encontrar ela aqui hoje."

"É muito estranho ver ela com o seu primo?" 

"No início foi. Agora, acho que já me acostumei. A gente seguiu caminhos muito diferentes."

"Entendo."

"Que horas você vai dar meu presente de aniversário?" 

"Eu passei o sábado inteiro fazendo brownie pra sua festa, acordei cedo em pleno domingo, ajudei o seu pai a comprar as coisas do churrasco e você ainda tem a cara de pau de me pedir presente?" Cheryl fingiu estar ofendida. 

"Não me entenda mal, acordar com vocês cantando parabéns pra mim foi uma baita surpresa, mas não é bem um presente, é?"

"Sim."

"Não."

"Sim."

"Não."

"Sorte sua que eu sou muito legal e também comprei um presente, seu ingrato."

"Então... o que eu realmente queria, não é uma coisa que dê pra comprar."

"O que você quer?" A Geordie encarou o menino.

"Posso pedir qualquer coisa?"

"Pedir você pode, se eu vou te dar é outra história."

"Eu quero um beijo de aniversário."

"Meu?"

"Podia ser de qualquer garota, mas como só tem você aqui..."

"Não vai acontecer, Vincent."

"Por quê? É só um beijo, Cheryl. Não precisa significar nada. São só duas bocas se tocando e se acariciando."

"Só isso, nada demais." Cheryl falou debochada. 

"O seu beijo com a Nadine significou alguma coisa? Porque pelo o que você tá dizendo..."

"É sério isso?" A Geordie perguntou com raiva.

"Não, desculpa." Vincent abaixou a cabeça e a apoiou entre as pernas. 

"Eu te dou um beijo de aniversário." Cheryl falou depois de um tempo de reflexão. 

"Não precisa. Vamos voltar."

"Eu quero. Vamos lá. Não precisa significar nada, certo?" 

"Certo."

Vincent levantou a cabeça e encarou a Geordie, esperando ela tomar alguma ação.

"Eu vou até você ou você vai até mim?" A menina perguntou, notando que ninguém tinha feito movimento algum para iniciar o beijo.

"A gente pode ir junto." O menino sugeriu. 

"Não. Eu vou até você." 

Cheryl se arrastou na areia, chegando mais perto do amigo e colocou a mão no seu rosto. 

"O que você tá fazendo?" Vincent perguntou a menina ao vê-la acariciando seu rosto com o polegar. 

"Criando clima." A britânica respondeu olhando fixamente para ele enquanto continuava a acariciá-lo. 

"Por quê?" 

Cheryl revirou os olhos. "Você quer que eu pare?"

"Não."

"Então não reclama."

Vincent observou os olhos castanhos da menina. Tão doces, expressivos e profundos, escaneando atentamente seu rosto, como se ele fosse um manuscrito a ser descriptografado. Eles tinham uma intensidade e uma pureza que o fazia, tanto querer desviar deles, quanto encará-los com a mesma audácia e vigor, os desafiando, assim como, se sentia desafiado por eles. 

O garoto começou a focar em outros elementos daquele rosto singular. As sardas da menina, por exemplo, geralmente, discretas a ponto de muitos desconhecerem suas existências, estavam mais acentuadas por conta do sol. Apesar de achar todas adoráveis, tinham duas, em particular, que eram as preferidas de Vincent. Uma em cima da sobrancelha direita e outra no canto do olho.

Os lábios da britânica pareciam sempre estarem implorando para serem beijados. Eles eram cheios, robustos e muito muito beijáveis. 

O corpo da menina era um espetáculo a parte. Tudo nela tinha a medida e a proporção correta, parecendo até ter sido cuidadosamente calculada de tão perfeita. As covinhas nas costas eram extremamente sexy e suas tatuagens realçavam sua bela forma.

Cheryl se aproximou e deixou seus lábios pairar sobre os deles, perto o suficiente para sentirem a respiração um do outro. 

O garoto se aproximou, sedento por contato, mas ela se afastou, deixando claro que ela quem estava no comando. 

A Geordie sorriu ao constatar a impaciência do menino e se aproximou lentamente, observando os olhos do garoto fecharem em antecipação, até unir seus lábios aos dele.

Macios.

Cheryl o beijou bem devagar, como se tivesse todo o tempo do mundo para explorá-lo.

Vincent segurou sua cintura, amando senti-la sob seu cuidado e manuseio.

Cheryl puxava seus lábios com força, não se incomodando em ser gentil. Sua mão direita desceu pelo pescoço do menino, o polegar passando de leve pelo seu pomo de adão e apertando sua nuca.

Era impressionante ver que uma menina tão pequena e delicada podia ter tanta ferocidade dentro de si.

Os melhores presentes vêm em embalagens pequenas.

Vincent subiu a mão da cintura da inglesa até a barra inferior do seu biquíni, sentindo o corpo esbelto da menina no percurso e segurando-a, firmemente. 

Ele se projetou em cima da Geordie, fazendo-a deitar na areia, ele em cima dela, e parou um momento de beijá-la para admirá-la. Se ele fosse obrigado a escolher ver apenas uma imagem pelo resto da vida, seria a da inglesa naquele exato momento. Pele dourada, lábios devorados, sorriso no rosto, covinhas à mostra, respiração ofegante e à espera de seu próximo movimento. 

"You're not dreaming, I'm real." Cheryl brincou, tirando o menino de seus devaneios. 

"Nossa, muito metida." Vincent falou, se aproximando dela novamente. A Geordie deu uma risadinha, antes de ter seus lábios capturados para uma nova rodada.

Eles se beijaram por mais algum tempo, até a britânica lembrá-lo que o aniversariante não podia ficar sumido por muito tempo.

Quando retornaram, o grupo de amigos não questionou a demora dos dois.

Mais tarde, durante o churrasco, Nadine perguntou o que tinha acontecido entre os dois para a amiga. 

"Ele me pediu um beijo." Cheryl confessou. 

Nadine abriu a boca chocada. 

"E você deu?" 

"Sim." A Geordie notou o olhar de reprovação da amiga para si. "É o aniversário dele, o que você queria que eu fizesse?" 

"Você quem sabe, Cheryl."

"Fiz mal?" 

"Depende. Depois que se cruza essa linha é difícil voltar atrás."

"Nós somos amigos. Um beijo não nos transforma automaticamente em amantes."

"Ele é apaixonado por você. Você acha que ele vai se contentar só com um beijo? Ele provavelmente já tá pensando no segundo, terceiro, quarto,..."

"E daí?"

"E daí?" Nadine repetiu, surpresa com a atitude da menina.

"É, e daí?"

"E daí que uma hora sua amizade não vai ser o suficiente pra ele, principalmente quando você dá amostras do que ele tá perdendo não sendo seu namorado."

"E você acha que ele deixaria de ser meu amigo por causa disso?"

"Não sei, talvez. Depende do quanto for difícil pra ele se segurar perto de você. Já vi muitas amizades terminarem por conta disso."

"Viu onde?"

"Em filmes."

"É sério?" Cheryl perguntou pouco impressionada com a resposta da amiga.

"Muito."

"Tá bom. Não vai mais acontecer."

"E o beijo foi bom?" Nadine agora parecia uma amiga que queria saber uma boa fofoca.

"Foi." Cheryl admitiu e elas riram uma para outra, como duas menininhas.

"E você ficou com vontade de beijar ele de novo?"

"Não. Eu tô muito focada no Edward. Eu só queria que ele me olhasse como o Vincent olha pra mim."

"Difícil. Se fosse pra ele te olhar assim, ele já teria olhado. Acho que ele realmente se importa com a beleza interior ou com conexão de almas."

"É frustrante. Ele diz que me acha bonita, outro dia usou até usou o advérbio muito."

"Não me diga!"

"Mas ele não me trata assim. Eu sei que pareço muito superficial falando isso, mas sei lá."

"Ele namorou a Katie. Tá acostumado com meninas bonitas. Isso não impressiona mais ele."

"Pode ser."

"Vamos, melhora essa cara. Hoje o dia é do Vincent." Nadine deu um tapinha na perna da amiga e levantou do lugar.

"Tem razão." Cheryl concordou, se levantando também.

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