domingo, 15 de novembro de 2020

I'm moving to Engl.. Canada

Era tarde da noite e a ruiva escutou três batidas na sua porta e depois o barulho da porta abrindo.

"Emma, você tá acordada?" Jeff perguntou da porta.

"O que foi?" Emma perguntou confusa.

"Eu e a sua mãe queremos conversar com você."

"Eu tô acordada." Emma não sabia o motivo da conversa, mas provavelmente não seria algo bom.

"Ótimo. Vou chamar sua mãe."

Depois de poucos minutos Jeff voltou para o quarto da filha com Krista logo atrás. Eles acenderam as luzes e se sentaram na cama da ruiva.

Emma olhou para eles ansiosa.

"Filha, como você sabe, seu pai e eu vamos para o Canadá no final do mês."

"Sim."

"A gente não mencionou o tempo que ficaremos lá." Krista segurou a mão da filha.

"Até a vacina ficar pronta." Emma respondeu.

"A gente vai ficar 2021 todo lá." Jeff falou logo, tirando o band-aid de uma vez só.

"O ano todo? Mas por quê?" Emma falou confusa.

"Porque fomos convidados a compor uma nova equipe." Krista respondeu.

"E vocês aceitaram?" As lágrimas de Emma já estavam caindo.

"Filha, vai ser bom pra nossa carreira." Krista acariciou a mão da menina.

"E eu?" Emma se sentia estúpida fazendo aquela pergunta.

"É isso que a gente veio falar com você. A gente quer que você vá com a gente. Vai ser tão bom! Vamos ficar juntos de novo, como nos velhos tempos." Krista falou animada.

"E o Bryce?"

"Já falamos com o Bryce. Ele vai com a gente." Jeff respondeu.

"Só falta você." Krista olhou-a carinhosamente.

"Vocês querem que eu largue tudo e vá morar com vocês no Canadá no final do mês?" Emma ainda tentava processar a informação.

"Eu sei que parece muita coisa, mas você vai se adaptar bem lá. E o mais importante, a nossa família vai tá reunida de novo. Você não quer isso?" Jeff argumentou.

"É óbvio. Mas vocês podiam ficar aqui. Fazer o trabalho de vocês aqui. A gente nem precisaria ter se separado em momento nenhum se vocês não tivessem colocado na cabeça saírem daqui."

"Esse é o nosso trabalho, Emma. Você acima de todas as pessoas deveria entender isso. Que espécie de cientista você quer ser se não consegue nem entender os sacrifícios da nossa profissão?" Jeff retrucou.

"Quer saber? Não, eu não entendo."

"Você tá assim porque você não quer deixar aqueles seus padrinhos perdidos." Krista disse com amargor.

"Krista, vamos deixar ela pensar na proposta." Jeff apoiou a mão no ombro da mulher.

"Tudo bem." Krista concordou.

"Vamos deixar você amadurecer a ideia." Jeff informou e Emma concordou.

Na escola, Emma agiu naturalmente durante toda a manhã, como se nada tivesse atordoando sua cabeça.

À tarde, a ruiva estava na sala do Grêmio, montando no Excel uma planilha de previsão de gastos para a próxima peça. Ryan estava na outra mesa trabalhando na adaptação de Frozen. O ambiente estava terrivelmente silencioso e Emma parecia estranha, talvez retraída demais. Ryan a observou por alguns segundos antes de fazer a coisa no qual estava tentando tomar coragem. 

"Qual foi o primeiro single do Deep Purple?"

"Hã?" Emma levantou a cabeça perdida.

"Deep Purple. Primeiro single. Qual foi?"

"Não sei. Hush?"

"Pode ser. Vou ter que procurar."

Emma assentiu e voltou a olhar para a tela do computador. Ryan não se dando por vencido arrastou a cadeira para o seu lado.

"O que você tá fazendo?" Ryan olhou a planilha tentando fazer senso das informações.

"Uma previsão de gastos. Acho que a gente gastou muito na primeira peça. Quero ver se a gente gasta menos nessa." Emma explicou.

"Entendi. Tá tudo bem com você? Eu tô te achando meio caída." Ryan falou enquanto rodava um lápis nos dedos.

"Eu to bem." Emma mentiu.

"Ok."

Emma continuou trabalhando na planilha e Ryan permaneceu quieto ao seu lado, até decidir falar de novo.

"Eu te comprei algo."

"O quê? Por quê?" Emma virou a cabeça para olhá-lo.

"Porque foi o seu aniversário. Eu queria ter te dado antes, mas eu comprei na internet e só chegou ontem." Ryan explicou timidamente.

"Você não precisava me comprar nada."

"Não é nada demais. É mais uma lembrancinha de recordação." Ryan titubeou nervoso.

"Tudo bem" 

Emma observou Ryan tirar uma pequena caixa com um laço do bolso.

"Feliz aniversário." Ryan entregou o pacote para a menina.

"Obrigada."

Emma abriu a pequena caixa e viu um par de brincos, todo coloridinho e em formato de floco de neve.

"É um presente pelo seu aniversário e por ter conseguido o papel principal na peça. Você vai ser uma bela Elsa." Ryan explicou.

"É lindo." Emma analisou o par de brincos por um momento e considerou o gesto do amigo adorável. 

"Eu imaginei que você podia usar os brincos no dia da apresentação da peça." Ryan expôs seu desejo. "Se você quiser, é claro." Ele acrescentou. 

"Eu não acho que vá fazer a peça." Emma contou despretensiosamente. 

"Como assim? Por causa das músicas? A gente treina! Vai ficar lindo let it go numa voz rouca. Revolucionário até." Ryan tentou dissuadí-la. 

"Não é isso." Emma respirou fundo e guardou os brincos de volta na caixa. "Meus pais vão se mudar pro Canadá no ano que vem e querem que eu vá junto. Eles não chegaram me obrigar a ir, mas me deram a opção e eles são os meus pais e eu não sei se consigo ficar mais um ano sem eles."

"Ah." Ryan não sabia o que dizer. Pedir pra ela ficar pareceria egoísmo, mas não dizer nada e deixá-la simplesmente ir, também não soava a coisa certa a fazer. "Por quanto tempo?" Ryan falou, por fim. 

"Eles falaram que até o final do ano que vem, mas honestamente, eu não sei. A princípio eles iam ficar pouco tempo fora na última viagem e já faz quase dois anos."

"Mas você ainda não decidiu?" 

"Não completamente."

"E quando você iria?" 

"No final desse mês."

"Que m***a!" Ryan resmungou, frustrado. 

"Eu sei." Emma viu a cara de desapontado do Ryan e se sentiu mal por ter mencionado seu dilema a ele. "Não temos que pensar nisso agora. Eu ainda tenho alguns dias antes de decidir alguma coisa."

"O Canadá é frio, você odiaria lá."

"Acho que o frio não seria bem um problema pra mim."

"E tem crise de personalidade linguística. Por que não decidem se falam inglês ou francês? Por que confundir a cabeça das pessoas com dois idiomas?" 

"Isso realmente é muito problemático." Emma tentou conter o sorriso que estava se formando nos lábios. 

"E qual é daquela folha no meio da bandeira deles?" 

"É folha de bordo. É de uma árvore muito comum no Canadá."

"Achei de mau gosto."

"Entendo."

"Vai ser uma grande m***a se você for embora." Ryan admitiu. 

"Talvez eu nem vá."

"Mas você quer ir."

"Na verdade não."

"Eu queria poder fazer alguma coisa pra você ficar."

"Você já tá fazendo."

"E tá funcionando?" 

Emma fez que sim com a cabeça, mordendo de leve o lábio inferior daquele modo que a ruiva costumava fazer de forma inconsciente. Isso trouxe a atenção de Ryan para seus lábios. Ele observou-a hipnotizado, se perguntando o que deveria fazer em seguida. Emma,  então, decidiu falar, quebrando seus devaneios. 

"Eu vou pra casa." Emma se levantou e começou a arrumar suas coisas. 

"Certo. Te vejo amanhã?" 

"Claro." Emma segurou seus livros no braço e caminhou até a porta. 

"Então até amanhã." Ryan falou, de seu lugar. 

"Até amanhã, Ryan."

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