sábado, 18 de dezembro de 2021

Sejam bem-vindos

O nascimento dos gêmeos tinha sid tranquilo, considerando sua última experiência. Primeiro veio Levi chorando alto, seus pulmõezinhos comprimindo e expandindo rapidamente enquanto via pela primeira vez o mundo. Três minutos depois veio o Theo, um pouco menorzinho que seu irmão, chorando tão alto quanto ele. A enfermeira aninhou os dois junto a Jessica e a ruiva cheia de lágrimas nos olhos beijou suas cabeças e agradeceu a Deus pela vida de seus dois meninos. 

Nos dias seguintes, a ruiva recebeu visitas diárias de Andrew e Bradley. Outras pessoas da sua família também visitavam, porém com menos frequência que os dois. 

Jessica se irritava com as infantilidades do marido. Ele estava dando valor a coisas frívolas ao invés de focar no nascimento de seus dois filhos. A ruiva não gostou do modo como ele estava se referindo aos gêmeos e o cúmulo foi o escutar mandando Emma para aquele lugar. 

Era tarde da noite quando a enfermeira levou os bebês para o quarto para a milésima rodada de mamadas. Ao terminar de alimentar os dois, ela ficou admirando seus meninos, cheirando suas cabecinhas e enroscando seu dedo nos dedinhos deles. Aqueles bebês eram seus pequenos milagres. 

A advogada estava imersa nos meninos quando a enfermeira entrou. 

"Vim buscar os bebês." A enfermeira disse ao entrar. 

"Tão rápido..." Jessica lamentou. "Você pode deixar eles aqui mais um pouquinho? Por favor?" 

A enfermeira ponderou por alguns segundos e acabou concordando. "Tudo bem. Mas só cinco minutos."

"Obrigada." Jessica sorriu e abaixou para beijar Levi que tentava pegar seu queixo. 

"Eles são umas gracinhas." A enfermeira falou, se aproximando dos três. 

"São mesmo." A ruiva concordou. 

"O pai deles é meio estressado, né?" 

"Um pouco." Jessica agora acariciava a barriguinha de Theo.

"Ele gostou de ter gêmeos?" 

"Não cheguei a perguntar. Acho que sim. São filhos dele, né? (pausa) Eu só queria que ele falasse dos meninos com o mesmo amor nos olhos de quando ele fala do outro filho dele."

"Aquele garoto com o olhão azul?" 

"Esse mesmo."

"Tem pais que são mais apegados aos filhos mais velhos mesmo."

"Eu sei. Eu tenho duas meninas além dos gêmeos. A primeira veio quando eu era bem novinha. Depois dela passei por uma série de abortos espontâneos antes de vir a minha segunda."

"Que pena!" 

"Duas das crianças eram meninos. Não consigo de deixar de ver meu Arthur e meu Miguel neles."

"A senhora acha que os filhos que a senhora perdeu reencarnaram nos gêmeos? Sabe, eu sou espírita, isso pode ter realmente acontecido. Já vi casos desses antes."

"Eu não acredito nessas coisas."

"Mas essas coisas são reais sim. Já vi casos da crianças se lembrarem da vida passada e saberem de informações sobre a outra pessoa que não deveriam saber, caso não fossem elas."

"Alguém deve ter contado. Ou pode ser essas histórias que alguém inventa e vai passando."

"Não foi não, dona. Vi com meus próprios olhos. Olha a hora. Vou ter que levar os bebês de volta."

"Tá bom." Jessica se despediu dos gêmeos e os entregou à enfermeira. 

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