sábado, 11 de fevereiro de 2023

Inception

 Edward estava enrolando o cabelo de Cheryl pensativo, quando a Georgie interrompeu seus fluxos de consciência e perguntou: 

“What are you thinking of?”

“That I like it when your hair is red”.

“But me hair isn't red now”, disse a garota desconfiada.

“No, it isn’t”, ele constatou com uma cara séria e brincalhona ao mesmo tempo. 

“You know what I think?”, ela se virou agora totalmente em direção a ele. “I think you're lying”.

“Why would I lie to you?”

Edward sabia qual era a desconfiança dela, mas não poderia simplesmente adivinhar, pois deixaria tudo muito suspeito. Pareceria que ela estava certa.

“I don’t know”, ela colocou os braços ao redor do pescoço dele. “But people do that”. 

Ele não podia dizer que com ele era diferente, porque, de fato, mentia para ela naquele momento.

“People are idiots!”, respondeu o vampiro, colocando as mãos ao redor da cintura da namorada. Sabia que aquela resposta não fazia sentindo algum, mas não queria mentir mais uma vez para a Georgie. Ele aproximou os lábios do dela e os dois se beijaram ternamente, algo que estava se tornando mais comum entre os dois, o que, para Edward, era ótimo e péssimo.


Assim que se separaram, ela o encarou com seus puppy eyes, analisando-o. 

“You look sad, pet. Actually, you've been looking sad for a while”, ela falou séria.

“Say what you’re really thinking. Say that I'm sad since Bella's father had a heart attack”, pensou ele.



“I am sad”, ele aproximou o nariz do dela encostando-os e movendo de um lado para o outro.

“Tell me what’s going on”.

Vamos pôr alguns pingos nos is. Aquilo não tinha absolutamente nada a ver com Charlie e Bella, nunca teve. De fato, ele tinha ficado preocupado com a situação, mas era uma preocupação de amizade. Ele sempre se preocuparia com Bella. Não que os outros precisassem saber. Ou a própria Bella. Era melhor do jeito que estava para que não houvessem especulações. Por acaso ele cogitou ficar alerta para transformar Charlie em vampiro caso algo de pior acontecesse? Carlisle o chamou de louco. Disse que não poderiam transformar todo mundo que eles conhecessem só porque corriam risco de vida. A morte era inevitável e natural. 

“Você quis transformar a Katie”.



“Eu quis assustar a Katie, é diferente. Ela não estava cuidando da própria saúde”.

“Carlisle, eu leio mentes. Se ela estivesse morrendo daquela vez, você transformaria ela. Se ela estivesse morrendo hoje”, frisou Edward, ‘você transformaria ela”.

“Eu não precisaria fazer isso, você já teria feito antes”.

“A casa inteira já teria feito isso antes”.

“O que prova que a Katie é muito diferente do Charlie”.

“Eu não preciso mentir pra você, Carlisle. Você sabe que eu não estou pensando no Charlie”.



“Bella tem a mãe, Edward. Não é como se ela fosse ficar sozinha no mundo. Sem contar que nem sabemos se a Bella gostaria dessa ideia”.

“Nem a Katie e ainda assim ela não tem livre arbítrio algum. Ninguém ligaria se ela dissesse que não”.

Foi um flash. Tudo muito rápido. Carlisle era bom de esconder seus pensamentos de Edward, pelo menos os mais importantes. Mas Edward também era um bom leitor de mentes, nada passava despercebido por ele.

“Você vai transformar a Katie?”

“Eu vou oferecer à Katie essa opção”.

“Ela está viva”.

“Não consigo mais viver sem ela”.

Edward ficou quieto. Ele também não conseguia mais viver sem ela. Mas condenar a alma de Katie, isso era complicado. Mas viver sem a Katie, mais complicado ainda. Se ela morresse, ele morreria e, pelo visto, Carlisle também.

“E se ela não aceitar?”

“Não seria para agora, Edward. É para um futuro. Quero que a Katie aproveite o pai, tenha uma vida, filhos, se ela conseguir tê-los”.

“Se a Katie tiver filhos, ela não vai querer viver pra sempre sem eles”.

“Eu sei, eu sei! Daí eu teria que respeitar a decisão dela, mas, por agora, pelo o que sabemos, ela é estéril”.

“E o marido dela?”

“Você pode ser o marido dela!”

Carlisle estava muito, mas muito louco.

“Com 7 anos? Ela e as pessoas aceitariam muito bem isso”.

“Agora com a tecnologia do Jorge, podemos aparentar qualquer idade. Você envelheceria e ficaria da idade dela”.

“Carlisle, você não pode estar falando sério!”

“Você ama a Katie!”

“Eu amo a Cheryl!”



Carlisle pareceu ficar surpreso por um momento, mas depois se recompôs.

“Já falou isso pra ela?”

“Já”.

“E ela?”

“Quando as pessoas da idade dela dizem ‘Eu te amo’ não é como se elas tivessem a mesma consciência que nós temos. E ela certamente amou mais o Tom, o Vincent, o Sebastian e até mesmo o Niall mais do que eu”.

Uma piada rápida passou pela cabeça de Carlisle, o que deixou Edward com ódio. Carlisle estava realmente descuidado naquele dia.

“Então você realmente está amando a Cheryl?”

Edward suspirou. Não queria se abrir sobre os seus sentimentos, mas sentia que estava explodindo e a melhor pessoa para desabafar sobre era o Carlisle.

“Muito”, ele fez uma careta. “O quão idiota eu sou?”

“É bom amar, Edward!”

“Eu amo para perder. Me imbrico nas pessoas, a gente termina, elas seguem as vidas e eu fico ali, arruinado, remoendo tudo até ter reaproveitado todo o possível e mais um pouco”.

“Você acha que esse é o caso da Cheryl também?”

Edward assentiu sem graça. “Você acredita que um dia eu quase falei: ‘Cheryl, eu quero ser seu príncipe’ e ‘Queria comer o seu cabelo’?”.



“Eu não diria a do cabelo”.

“Eu sei que eu sou estranho, mas ela não precisa saber. Sabe? Às vezes eu queria nunca ter namorado com ela. Menos estresse”.

“Amar é bom, Edward. Nem todo mundo tem esse privilégio”.

“Ela nunca vai me amar como eu a amo. Ninguém nunca me ama como eu amo”.

“Katie quase morreu por causa do seu relógio”.

“E eu morreria por um fio de cabelo dela, Carlisle, sabendo pelo o que eu estava morrendo. Ela foi inconsequente, era mais nova, não sabia direito a seriedade daquilo”.

“Acho que a primeira facada deu uma ideia a ela”.

“Se ela morresse naquele dia, eu já estaria morto no dia seguinte”.



“Você seria feliz se ela fosse a sua esposa”, constatou Carlisle para provar o seu ponto.

“Mas ela não, o que me deixaria infeliz”, falou Edward com dificuldade. “A verdade é que a Katie não é uma pessoa que seria feliz com um ‘para sempre’. Pessoas como ela gostariam de morrer. Ela…”, aquilo era difícil. Edward odiava aquela sensação horrível de choro preso que nunca sairia. “Ela precisa reencontrar a mãe”.

Dessa vez Carlisle ficou em silêncio.

“Acho que nos apegamos demais a essas pessoas”, disse o professor quebrando o silêncio.

Aquele era o momento pelo qual Edward estava esperando. Aquela era a hora de dar voz ao que estava martelando na sua cabeça há um tempo.

“Carlisle, por que não morremos? Por que não tornamos essa a nossa última vez? Aproveitamos a máquina do Jorge, aproveitamos a chance de envelhecermos que nos foi negada e quando chegar a idade certa, vamos todos juntos aos Volturi?”

“Eu amo vocês, Edward. Não posso pensar numa vida em que eu perco a todos propositadamente, ver meus filhos morrerem, a mulher da minha vida… Aliás, não acho que aqui seja o momento ou a hora apropriada de falarmos dessas coisas. Eu preciso voltar a trabalhar logo, logo”.



“Está bem!”

O psicólogo estava preocupado. Edward era impulsivo. Era bem capaz dele já ter chegado a resolução de que aqueles seriam seus últimos anos. Provavelmente, acabaria depois do último suspiro de Katie ou de Bella. Agora tinha a Cheryl também, mas o quão longe tinha chegado aquela paixão? Será que era tão forte como as outras? Carlisle duvidava, mas vai que… O professor deixaria o assunto passar no momento. Ainda tinha um bom tempo para convencer Edward do contrário. Se acontecesse algo com Edward e com Katie, Carlisle não aguentaria, o que acabaria condenando Esme. Os outros sobreviveriam sem eles, mas não seriam os mesmos. Ele decidiu espantar o assunto. Não queria mais aquelas agruras no momento. 

Tudo aquilo havia acontecido há pouco tempo e tinham ocupado a cabeça de Edward durante alguns dias, mas naquele momento com Cheryl, tudo o que ocupava sua mente eram os sentimentos que nutria pela Georgie e o quanto eles estavam aumentando e o quanto isso era perigoso para ele.

“Pet”, disse Edward resoluto, “I want to be your prince for your 15th birthday”.

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