sexta-feira, 29 de maio de 2020

Eu tô com ciúmes de você. Eu tô, eu tô, eu tô.

Jessica conhecia alguns colegas de trabalho do marido. Entretanto, ela nunca ouvira falar daquela tal de Cristiane. Por que ela o abraçou, com tamanha intimidade? Por que na mesa ela não tirava a mão de Bradley? A ruiva queria dar na cara daquela mulher.
A advogada, porém, respirou fundo e tentou agir naturalmente, como se aquela piranha não tivesse se atirando para o seu marido.


Isso era ruim. Ela estava pré-julgando alguém que mal conhecia, mas quem age com tanta intimidade com o marido de outra? E na frente da própria esposa! Era como se Cristiane quisesse passar a mensagem de que o Bradley não era tão seu quanto a ruiva pensava.

E o pior de tudo? Seu marido ainda dava trela! Ele ria das suas piadas, não afastava sua mão, e nem mandava ela pastar. Por que ele tinha que flertar com todas as mulheres do mundo?


Jessica conversava com Gillean enquanto fazia um pequeno comparativo mental. Cristiane tinha a boca mais carnuda, uma bunda maior e um tom de pele mais saudável. Jessica ganhava no cabelo. Droga! Essa era a única coisa da qual ela conseguia se gabar.

Jessica se impressionou com a habilidade de assentir pra tudo que Gillian falava sem ao menos prestar atenção.

A ruiva não se considerava muito ciumenta, mas o Bradley parecia gostar de testar seus limites.

A gota d'água para a advogada foi quando Cristiane puxou Bradley para dançar.

"Seu marido adora uma pista de dança." Comentou, Reginaldo.

"E se adora." Jessica respondeu sarcasticamente.

Na viagem para casa, a ruiva entrou no carro sem dirigir nenhuma palavra ao marido.

"A festa tava boa, né? Você viu o whiskey que eles tavam servindo?" Bradley comentou animado.

"Aham." Jessica murmurou estressada.

"E as músicas! Tinham umas que eu nem lembrava mais que existiam. Pedi pra Daniela me passar a lista depois."

"Aham." Jessica estava com menos paciência para o marido a cada segundo.

"Ta tudo bem?" O professor perguntou, estranhando a falta de palavras da ruiva.

"Aham."

"Dá pra você falar outra coisa sem ser aham?"

Jessica não respondeu. Bradley respirou fundo e desistiu de fazer sua esposa falar. Mulheres eram tão voláteis. Não devia de ser nada.

Quando o casal chegou em casa, Jessica tirou os sapatos na entrada enquanto seu marido jogava a chave em cima da mesa e avançava para a cozinha para beber um copo de água.

Jessica sentou no sofá e ligou a televisão.
Ela estava furiosa, principalmente por seu marido não conseguir se portar como um homem comprometido diante de outras mulheres. Ele sempre tinha que ser simpático demais, engraçado demais, solícito demais. E por isso as mulheres sentiam-se na liberdade de flertarem e ficarem cheias de toque com seu marido.

O pior de tudo era o medo da advogada de seu esposo perceber que elas eram melhores.
Isso ela não gostava nem de pensar, a ideia de perder Bradley era algo que ela não podia suportar.

O professor sentou do lado da ruiva e ficou assistindo em silêncio ao programa que a mulher tinha colocado.


Jessica olhou-o de soslaio e ele estava com aquela carinha de inocente e de quem não estava entendendo nada.
Droga! Mas ela tinha o direito de ta com raiva, certo? Seu marido tinha esse poder sobre ela. Ele confundia tanto as suas razões quanto as suas emoções.

A ruiva não conseguiu ficar mais naquele silêncio ensurdecedor com o marido, e foi para o banheiro tomar banho e se preparar para dormir.
Bradley desligou a televisão e repassou toda a noite deles, até o momento em que percebeu que ela estava com raiva. O que ele tinha feito? Pelo que se lembrava, ele só conversou com alguns amigos e dançou com a Cristiane.

Cristiane....

Ela estava com ciúmes! Só podia ser isso! Bradley soltou uma risada. Como sua mulher podia ter ciúmes de um homem claramente só dela?
Agora que o professor sabia o motivo da indisposição da ruiva, ele se sentia mais tranquilo.

Bradley entrou no quarto e viu sua mulher organizando os travesseiros para ir se deitar.
Ela ignorou completamente sua presença no cômodo e continuou arrumando a cama.

"Jess?" Bradley tentou chamar sua atenção, porém a advogada fingiu que não escutou.

"Meu amor..." O professor se aproximou e tocou o braço da ruiva.

"Eu to cansada." A ruiva passou por Bradley e foi até o banheiro da suíte para pegar seu hidratante.

"Por que você ta me evitando?" Bradley gritou do quarto.

Silêncio.

"Foi algo que aconteceu na festa?" Bradley gritou novamente.

Jessica reapareceu no quarto com o hidratante na mão.

"Algo que você não gostou?" O professor diminuiu sua voz, agora que a ruiva voltara ao seu campo de visão.

"Não." Jessica agora passava o hidratante pelos braços.

"Se você não me contar o que te deixou chateada, eu não vou poder consertar." Bradley falou manso.

"Eu não estou chateada, mas talvez aquela Cristiane tenha ficado por você ter ido embora da festa." Jessica apoiou uma perna na cama, despejou o hidratante e começou a massagear.

Bradley sorriu ao ouvir sua mulher mencionar Cristiane. Ele não conseguia deixar de achar fofo quando sua mulher ficava com ciúmes.

"Agora eu entendi tudo!" Bradley falou sorridente.

"É?" Jessica o encarou séria.

"Você ta com ciúmes!" Ele disse como se tivesse desvendado um grande mistério.


"Não fala besteira." A ruiva rebateu com raiva.

"É por isso que você me ignorou a viagem inteira de volta!" Bradley estava realmente se divertindo com aquilo.

"Você se acha. Eu não fiquei com ciúmes de você. Por mim você pode ficar agarrado com quem você quiser, eu realmente não ligo." A advogada trocou de perna e voltou a passar o hidratante. "E mais, se vocês quiserem marcar de se encontrarem pra continuarem aquela dança da festa eu acho ótimo."

Bradley riu. Ela ficava tão sexy com ciúmes. Ele foi até sua esposa e agarrou-a por trás.

"Você sabia que você fica linda quando ta com ciúmes." Bradley deu uma fungada no cabelo da esposa e deu um beijo por detrás da sua cabeça.

"Para de palhaçada, Bradley. " Jessica se desprendeu do seu abraço.

"É verdade." Bradley insistiu.

"Queria ver se você ia gostar de me ver agarrada com outro homem." Jessica disse seca.

"Eu odiaria." As veias da testa do professor saltaram só de pensar na hipótese de ver sua Jessica nos braços de outro homem. Sua mulher era só sua e de mais ninguém.

"Então!" A advogada falou provando seu ponto.

"Desculpa. Você tem razão."

"Eu odiei te ver todo íntimo daquela mulher." Jessica admitiu, por fim.

"Eu e a Cristiane não somos íntimos."

"Ela acha que são."

Bradley se aproximou e ficou de frente para sua mulher.

"Desculpa se eu dei liberdade demais pra Cristiane." Ele disse olhando nos seus olhos.
"Eu te amo e nunca, nunca, jamais iria olhar pra outra mulher. Você tem a minha palavra quanto a isso."

"Ela é bem bonita." Jessica argumentou.

"Sério? Eu não reparei." O professor riu.

"Sei..."

"Eu to sendo sincero! Eu não reparo nas outras mulheres. Tem uma do trabalho que todos os meus colegas acham linda e eu nunca vi nada demais. Eu só olho você, só reparo em você... Pra mim só existe você." Ele fechou os olhos e inalou sua mulher. "Minha vida." Bradley sussurrou.

Jessica também fechou os olhos encantada com o romantismo do marido.


"Me perdoa?" Bradley quebrou o silêncio.

"Ainda não."

"Ainda não?" Ele abriu os olhos surpreso e a fitou.

"Eu acho que você tem que pagar de alguma forma." Ela olhou para o marido com uma cara de travessa.

"Eu já não paguei?"

"Claro que não!"

"O que você quer de mim?"

"Bridget Jones."

Bradley arregalou os olhos.

"Os dois filmes."

"Dois?"

"Seguidos."

"Aí você quer demais do seu marido. Prefiro assistir os três filmes do senhor dos anéis seguidos do que esse aí."

"Tudo bem. Três senhor dos anéis seguidos, mas eu vou ficar checando se você ta assistindo mesmo ou ta dormindo."

"Não. Tudo bem. Vai Bridget Jones mesmo."

"Próximo sábado então!" Ela disse animada. "E nada de inventar que ta doente, ou que ta com dor nos olhos ou alguma das suas desculpas esfarrapadas."

"Eu não dou desculpa esfarrapada! Elas são muito bem elaboradas." Bradley brincou e a ruiva fez careta. "Mas tudo bem, eu assisto os dois filmes daquela loira sem graça com você."
Ele deu um beijo na esposa.

"Vai ter pausa pro banheiro?" Ele perguntou abraçando ela.

"Vai! Uma entre os dois filmes." Jessica informou no mesmo tom de brincadeira.

"Me lembra de não beber muita água nesse dia."

"Pode deixar." Jessica riu.

"Agora deixa eu tomar banho que eu anda tô com a roupa da rua."

"Não!" Jessica segurou ele no lugar. "Eu quero você." Ela ficou na ponta do pé e beijou seus lábios.

"Tem certeza? Eu tomo um banho rapidinho." Bradley estava se sentindo meio sujo perto da sua mulher limpinha e cheirosa.

"Tenho!" A ruiva disparou com desespero na voz. "Não dá pra esperar." Ela admitiu um pouco envergonhada.

O professor entendeu o recado e a beijou. Ela correspondeu calorosamente, puxando a cabeça dele pra baixo, para melhorar o acesso. Bradley, por sua vez, pegou a ruiva no colo e a levou para a cama...

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