sábado, 18 de junho de 2022

Alarme falso


Elizabeth fechava os olhos com força enquanto Angélica tirava o seu sangue. Ela odiava sangue, principalmente em grande quantidade. Se fosse só um machucadinho, como acontecia a muitos alunos, tudo bem, mas cortes profundos ou exames de sangue sempre a deixavam com náuseas, parecendo que a qualquer momento iria desmaiar.

“Viu? Já acabou!”

“Obrigada, Angélica!”, Lizzie respondeu ainda de olhos fechados.

“Pensa que é por um bom motivo.”

“É a toa, mas tudo bem.”

“Vai que você esteja mesmo grávida?”

Elizabeth sorriu sem humor. Ela sabia que ainda não estava grávida. Tinha menstruado havia pouco tempo, sem contar que o seu corpo não timha dado nenhum sinal disso. Entretanto, todo mês agora, antes de tomar a injeção para tratar do seu mais novo possível problema, síndrome do ovário policístico, fazendo o tratamento de indução da ovulação, ela teria que fazer um exame de sangue para se certificar de que não estava grávida. Era um sofrimento, principalmente pelo nervoso de sangue que tinha, mas era algo necessário para alcançar o seu sonho e pelo o sonho dela, ela faria tudo.

Ela se encaminhou até a sala de espera, aguardando ser chamada para fazer o procedimento da injeção. Uns 15 minutos haviam se passado até ela ser chamada. Chegando na sala de seu médico, Dr. Tobias, um senhorzinho de mais de 75 anos, ela se sentou na maca para já dar seguimento à injeção e poder retornar ao trabalho, já que estava fazendo tudo aquilo no seu horário de almoço.

“Como você tá hoje?”

“Bem! E você, doutor?”

“To com aquela dor nas costas de sempre, mas já tomei um anti-inflamatório para ver se passa.”

“Que pena, doutor, mas vai passar sim!”, Elizabeth disse genuinamente preocupada. Ela gosta do Dr. Tobias, pois ele a lembrava fisicamente de seu pai.

“Você tá com pressa pelo visto. Já até se sentou na maca.”, ele riu.


“Um pouquinho! To no horário de almoço do trabalho.”

“Tudo certo! A boa notícia é que a injeção não vai demorar, porque hoje você não vai precisar tomar ela. A má notícia é que você vai precisar chegar atrasada pro trabalho, porque você tá grávida e, por causa disso, vamos precisar gastar um tempo conversando. É o seu primeiro fi...”


Mas Dr. Tobias não conseguiu terminar a pergunta, porque nesse meio tempo, Elizabeth já tinha desmaiado.

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