sexta-feira, 22 de setembro de 2017

Private show

Essa notícia tem o efeito Amendobobo, que faz com que vocês sejam atrapalhados de perceberem claramente quem são os envolvidos na história, apesar de serem óbvios, ou seja, vocês vão apreender bem o ocorrido, mas as pistas que tornam fácil vocês descobrirem de quem se trata a narração vão se tornar nubladas na cabeça de vocês num ponto que ninguém saberá de quem se trata.
Ps.: Se os envolvidos verdadeiros contarem para as pessoas que a notícia se trata deles, imediatamente o efeito Amendobobo é perdido e quando elas lerem de novo repararão em todas as pistas.

Legenda: A = homem / B = mulher


Era final da tarde. As cortinas estavam fechadas, o ambiente meio escuro. Os dois estavam sentados no chão num tapete felpudo e encostados no sofá. Eles conseguiam se ver, pois seus olhos já haviam se acostumado com aquela escuridão. Tocava Metrolândia e os dois cantavam divertidamente as letras berradas pelo vocalista berrando juntos. A campainha tocou por um longo tempo, mas nenhum dos dois escutaram, até que poucos segundos depois o interfone tocou e finalmente eles ouviram. A abaixou o volume e depois de alguns segundos voltou pra sala dizendo brincalhão:
- Eu não disse que os vizinhos iriam reclamar? Isso é tudo culpa sua!
B disse uma coisa inaudível.
- Quê?
B repetiu mais alto, mas continuou inaudível.
- P*** que pariu, B, eu não to escutando nada! - Ele se sentou ao lado dela e ela falou em seu ouvido com o máximo de força que pode.
- Por que você não cantou pra ela "Vadia, quem manda nessa p**** sou eu"?
- E não é que a Metrolândia tem a resposta pra todas as situações? - Riu A - Mas sério, essa cantoria não fez nada bem pra sua voz.
- O que eu quero fazer agora, eu não preciso usar a voz. - Falou B sedutoramente.
- Quê?
B bufou frustrada:
- Eu disse que o que... Ah, esquece!
- Eu escutei - Disse A sorrindo maliciosamente indo em direção aos lábios dela.
Os dois se deitaram no tapete e começaram a se pegar com muita sintonia, o que foi quebrado poucos minutos depois com a música "Morra!" da Metrolândia, que levou os dois às gargalhadas. A saiu de cima dela para desligar o rádio e ela falou:
- Coloca outra música.
- O que você prefere: KC and the Sunshine Band ou Bee Gees?
- Não tem algo mais rock não?
- A sra. Pinto me impediu de escutar rock por hoje.
- Não sabia que pinto te intimidava.
- B - A respirou fundo - sai dessa escolinha de palhaços, por favor. Seus trocadilhos são péssimos.
- Meus trocadilhos são ótimos.
- Não são!
- Você tem inveja deles.
A colocou o cd dentro do rádio e se virou pra ela:
- Eu faço trocadilhos melhores que você.
- Mas não faz mesmo.
- Faço sim. - Sussurrou A, ajoelhado indo em direção a B e encostando, em seguida, seu nariz no dela.
- Faz não. - Retrucou B continuando o beijinho de esquimó.
- Faço sim. - E finalmente os dois se beijaram.
Alguns minutos depois, B interrompeu o beijo e perguntou:
- Que banda é essa?
- Cigarettes after sex. Gostou?
- Gostei. As músicas são bem sexys.
- É, eu gosto muito. Principalmente do nome da banda.
- Por que você gosta de fumar depois do sexo?
- Eu gostava... Mas eu não fumo mais. Quase comprei um cigarro hoje pra entrar no clima da Metrolândia, mas consegui me controlar.
- É, faltou a fumaça aqui.
- E o cheiro de maconha.
Os dois sorriram e ficaram se olhando, até que B quebrou o silêncio:
- Eu gostei muito de hoje.
- Eu também.
- Principalmente de você dançando. - Voltou B para o jeito brincalhão.
- Eu não tava dançando, eu tava me movimentando um pouco e levantando os braços ocasionalmente.
- Ah ta, então eu gostei muito de você se movimentando e levantando os braços ocasionalmente.
- Eu realmente senti a música.
- Éééé, eu vi você fechando os olhos.
Começou a tocar o sino anunciando às 18h.
- Eu preciso ir.
- Já? Você não pode ficar nem mais um pouco? Eu te levo pro seu centro.
B riu e A continuou:
- Eu tenho até atividades pra gente fazer agora... - Disse ele sedutoramente e com um olhar malicioso - E se a sua madre superior reclamar, eu digo pra ela: "Vadia, quem manda nessa p**** sou eu".
- Um simples "Morra!" já é o suficiente.
- Então "Morra!" será.
Os dois sorriram novamente um para o outro e acabaram fazendo no próprio tapete.

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