sexta-feira, 5 de janeiro de 2024

Lamentações de aniversário

Os meses que ela mais odiava eram dezembro e janeiro. O primeiro porque era o mês do natal, e o segundo por ser o mês do seu aniversário. Duas datas importantes que exacerbavam a falta de sua família. 

Ela amava os Cullens, de fato, mas seus pais eram insubstituíveis. Sua mãe, uma mulher tão doce e serena, ao contrário de si mesma, fazia uma tremenda falta. Mesmo tendo se passado anos e anos, Katie ainda lembrava do seu cheiro, do seu sorriso e da sua amabilidade. 


Dentro de poucas horas, seria seu aniversário, e tudo o que a morena queria era uma oportunidade de ver sua mãe de novo, ao menos, mais uma vez. Se pudesse, faria um pedido para algum ser mágico desejando a mãe por mais um dia, como o menino do filme inteligência artificial. 


Seu aniversário perdeu ainda mais o significado quando seu pai foi para a prisão. Apesar de parecer um homem de negócios frio e sério era um pai amoroso e bondoso. A única família que tinha foi tomada de si, de forma cruel e abrupta. 



Na noite da véspera do seu aniversário, Katie chorou até cair no sono abraçada com uma foto dos seus pais. 


Ao acordar, a morena ligou para o Chris. 


“Chris?” Katie falou quando o amigo atendeu. 


“Oi, Katie! Eu que devia tá te ligando. Feliz aniversário!” Ele falou animado. 


“Obrigada. Quer tomar café da manhã comigo hoje?”


“Claro. Vai mais quem?”


“Ninguém. Só a gente.”


“Melhor ainda.” Chris riu. 


“Pode ser daqui a uma hora naquela cafeteria perto da praia?”


“Pode sim.”


“Então até lá.”


“Até.”


Katie pegou a foto dos pais, que estava em cima da cama, e guardou na gaveta da cabeceira. Ela queria muito ver Chris. Ela queria vê-lo porque sempre se sentia mais próxima da sua mãe quando estava com ele. 


Quando era viva, sua mãe adorava o garoto, e sempre levava Chris para brincar com a menina. Ela dizia que se tivesse um menino queria que fosse um super fofo e adorável como o Chris. 



Quando Katie estava com Chris era sempre como se sua mãe estivesse um pouquinho mais perto. 


A menina respirou fundo antes de descer e enfrentar os Cullens. Ela teria que fingir que estava animada com o aniversário. Fingir que amava ficar mais velha, enquanto se distanciava cada vez mais da infância, a mesma qual seus pais não puderam testemunhar. Fingir que estava tudo bem quando nada realmente estava. 


Novamente, ela amava os Cullens com todo o seu ser, e amava o fato deles serem órfãos, assim como ela, o que ajudava que não se sentisse sozinha na sua dor, mas em datas comemorativas eles costumavam colocar muita expectativa. 


Chegando na sala, a morena encontrou Edward com uma expressão séria perto do piano. Ele certamente escutara seu choro durante a noite. Todos escutaram. O inglês se virou para a menina, comunicando só pelo olhar, que sabia o que estava passando, e que a entendia.

Katie não fingiu. 


Não fingiu que estava feliz com o aniversário. Não fingiu que estava feliz em ficar mais velha. Tampouco fingiu que estava tudo bem. Ela se permitiu chorar e ser vista chorando.


Edward a abraçou e a dor de um virou a dor de dois, e posteriormente, a dor de oito. 


Katie aceitou ser confortada e consolada pelos Cullens, não se sentindo mais sozinha, mas rodeada de pessoas que a amava, sua família. 


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