terça-feira, 30 de janeiro de 2024

Autoestima

Tom encerrou a aula na turma da Miranda Cosgrove e liberou os alunos para o intervalo. Todos se levantaram e se direcionaram para o pátio. Ao ver Cheryl desaparecendo na multidão, Tom puxou seu braço de volta à sala. 

“Você fica.” 

Kimberley olhou para o lado, e não vendo mais a amiga, voltou para a sala. 

“Cheryl, por que…”

“Kimberley, me dá um minutinho com a Cheryl, por favor?” Tom interrompeu a loira. 

“Claro.” Kimberley respondeu e deixou a sala. 

Tom olhou para Cheryl, e suspirou. “Me dá um abraço.” O professor de francês não esperou a inglesa responder, e a envolveu num forte abraço. Ele sentiu os braços da menina o abraçando de volta, e soltou um suspiro. Fazia muito tempo que ele não sentia o corpo da menina no seu, e bem, ele sentia saudade. 

“O que tá acontecendo com você?” Tom falou com Cheryl nos braços. “Hein?” O professor desfez o abraço para olhar a menina. “O que tá acontecendo? Você sempre foi uma menina tão forte, tão confiante. O que tá havendo?” Ele apertou seu queixo e a olhou com ternura. 

“Não sei. Me sinto estranha.” Cheryl abaixou o olhar e fitou o chão. 

“Como assim estranha?”

A inglesa pensou por alguns minutos em como responder àquela pergunta. 

“É difícil explicar. Nem eu sei direito.”

“Deixa eu te ajudar. Você vem sentindo ciúmes do Edward, não é?”

“Sim. São essas malditas notícias. Quem anda encomendando essas m***as?”

“Não vem ao caso.” Tom tentou não sorrir ao ver o ataque de raiva da garota. “Essas notícias não deveriam te incomodar. Elas são velhas. De uma época que você nem estudava aqui.”

“E eu não sei? Mas eu fico p**a mesmo assim, e agindo como uma twat com o Edward, por eu não ser capaz de despertar uma reação extrema nele como as outras conseguiram.”

“E essas outras são Bella e Katie?”

“Quem mais seria? A não ser que a Zoe também tenha conseguido esse feito e eu não tô sabendo.” Cheryl falou sarcástica. 

“Cheryl, você não tem que ter ciúmes delas. Você não tem que ter ciúmes de ninguém. Olha pra você. Qualquer homem em sã consciência não teria nem coragem de pensar em outra estando com você.”

A menina ficou em silêncio, cética às palavras do professor. 

Tom balançou a cabeça incrédulo. “Que baixa de confiança repentina é essa? Não vai me dizer que tá se achando feia agora?”

Cheryl ameaçou falar, mas se calou, pensando no assunto. 

“Você se acha feia?” Tom repetiu a pergunta, perplexo com a falta de resposta da garota. 

“Não.” Cheryl respondeu, por fim. “Só que eu não sou uma mulher que os homens se apaixonam.” A Geordie olhou para baixo, evitando o olhar do professor. 

“Como não?”

“Eu só sou uma mulher que os homens sentem desejo e procuram pra se satisfazerem.”

“Claro que não.” Tom protestou incisivamente. 

“Você sabe que eu tô falando a verdade.”

O professor segurou o queixo da Geordie, obrigando-a a olhá-lo. “Por mais que você esteja toda enciumada e insegura, o Edward te ama, e tá com você independente de tá te levando pra cama ou não.” Tom lambeu os lábios e respirou fundo. “E eu te amei… como nunca amei nenhuma outra mulher. E eu sei que foi meio estranho e distorcido no começo, mas no final, ficou claro que você era a mulher que eu queria pra minha vida. E a única coisa que me impediu de colocar um anel no seu dedo e pedir pra passar o resto da vida ao seu lado foi a droga da sua idade. Não que isso tenha me impedido de pensar várias vezes em tacar o f***-se e te pedir em casamento, apesar de tudo. Mesmo você não tendo idade pra casar nem com a autorização dos seus pais.”

Cheryl olhou para o professor surpresa com a sua confissão, absorvendo lentamente as suas palavras.

“Então sim, Cheryl, você é uma mulher que os homens se apaixonam, porque você foi a mulher por quem eu me apaixonei.”

A inglesa fechou os olhos e deixou as lágrimas caírem. “Desculpa.” Cheryl tentou secar suas lágrimas, só pra elas caíram ainda mais. 

Tom olhou para a menina preocupado. “Tá tudo bem?”

A Geordie assentiu e lambeu as lágrimas que foram para perto da boca. “Acho que eu precisava ouvir isso.” 

A ficha caiu para o professor sobre o que aquilo se tratava. Os traumas da menina a fizeram se sentir como um objeto para o bel-prazer dos homens, quando estes sentiam vontade, e não como um ser humano digno de ser amado. As palavras dele provavam que aquilo não era verdade. 

“Obrigada.” Cheryl falou com dificuldade. 

“Vem cá.” Tom a puxou para um abraço. 

Ainda que Edward tenha dito incontáveis vezes que amava a modelo, era difícil acreditar plenamente naquele amor, já que as notícias do inglês com as exs, e o ciúmes que a menina tinha delas, faziam a Geordie sempre comparar o amor que o inglês sentia por ela com o amor que ele sentia pelas outras. 

Cheryl, inevitavelmente, sempre perdia, quando comparada às outras, fazendo-a se sentir, como segunda opção ou o prêmio de consolação.

A confissão de Tom fez a menina se sentir em primeiro lugar no coração de alguém, ao menos, uma vez.

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