sexta-feira, 23 de abril de 2021

Cheryl tem já 12 anos, mas os outros 10 (somente 10?) - Essa é a história dos dois amigos e Eric

Eric estava preocupado. Depois de sua primeira experiência sexual, achou que finalmente havia obtido a resposta que tanto esperava e, para a sua surpresa, era melhor do que imaginava: ele não era gay. Entretanto, com o passar do tempo ele foi perdendo as esperanças, especialmente depois dos últimos acontecidos.

– Asa! Asa, tenho que te contar uma coisa.

O filho de Andrew, que estava prestando atenção na aula, virou toda a sua atenção para o amigo e perguntou:

– O que houve?

– To achando que eu não sou hétero.

Asa sabia que Eric não era hétero, mas preferiu não falar nada antes, pois achava que era uma jornada que o amigo deveria descobrir sozinho.

– Por que você não acha mais isso?

– Então... O sexo com a Naya foi gostoso, sabe? Mas agora que eu não tenho mais ela nem nenhuma outra garota, eu acabei desanimando e... Bem... Eu tento assistir pornô hétero, mas não me anima. Só o gay.

Asa mordeu os lábios, tentando pensar em algo que fizesse o amigo se sentir melhor.

– Talvez você seja bi. – Finalmente disse.

– É, sei lá... Se eu fosse bi, também me animaria com pornô hétero.

– Já tentou ver entre lésbicas?

– Já. Achei horrível.

– Nadinha?

– Nada.

– Hmmmm... Então não sei. Acho que você só vai descobrir quando tiver a sua primeira experiência com um garoto.

– Não tem nenhum gay nessa escola, pelo menos, que eu saiba.

– Talvez não aqui, mas lá fora tem um monte.

– Mas o pior é que eu não conheço ninguém.

– Um dia você vai conhecer.

– Isso é horrível. Queria saber se eu sou ou se eu não sou logo.

– Olha... Se você não se excita com mulheres, é bem provável que...

– Eu sei. Mas é que eu gostei tanto da minha primeira vez com a Naya.

– Talvez tenha sido porque foi a primeira vez que você sentiu aquelas coisas.

– Queria tanto ser hétero, de verdade.

– Você não deveria se sentir assim. Você tem que se aceitar do jeito que é. Você é uma ótima pessoa, isso é o mais importante.

– É que eu não acho isso legal, sabe? Eu fico com medo de ir pro inferno. E sofrer também. Tem muito homofóbico no mundo.

– Essa coisa de inferno é muito relativa. Além do mais, eu não acredito que orientação sexual seja pecado.

– Mas ta na bíblia, cara.

– A bíblia ta desatualizada.

– Em algum lugar, tem uma Jessica chorando nesse momento. – Asa riu. – Você já visitou ela?

– Eu ia visitar, mas tive febre.

– Jura? E o que era?

– Sei lá. Foi meio que do nada.

– É o seu corpo que não quer ver ela.

– Acho que não. Na verdade, eu quero ver ela. Eu só tenho medo quando ela descobrir sobre a Emma, porque eu sei que ela vai.

– Mas o combinado não é ninguém falar nada?

– Mas sempre acabam descobrindo. Ainda mais que todo mundo sabe. Um bom segredo só fica bem guardado se tiver duas pessoas de confiança envolvidas.

– E o novo “amigo” da Emma? Ela levou ele pra lá de novo?

– Sei lá. Eu nunca mais fui pra lá.

– Podia perguntar pra Cassie.

– Eu não. Vou parecer ciumento.

– Mas você não ta com ciúmes?

– To tranquilo.

– Sei...

– Emma nunca mais.

– Porque ela não quer.

–  Sim, mas eu também não quero.

– É mesmo? – Eric perguntou cético.

– Não existe só ela de garota.

– Existe a Lana também.

– Para, cara!

– Ta gostando dela?

– To de boa. Não to gostando de ninguém, o que é ótimo pra mim, porque eu ainda não me sinto preparado pra nada, só pra passar vergonha.

– Fiquei com pena dela com o negócio do pai. Você leu?

– Li. Também fiquei preocupado.

– Eu não disse que fiquei preocupado, disse que fiquei com pena. Cara, tu ta gostando dela, admita.

– Juro que não to, de verdade. Só acho ela bacana.

– É só uma garota te tratar bem que você começa a gostar.

– Já disse que não gosto dela, cara. Eu... Bem, deixa pra lá.

– Eu queria estar passando pelos seus dilemas.

– Eu não tenho dilema nenhum no momento.

– Você vai ter quando a Jessica descobrir tudo sobre a Emma e você. – Asa sorriu com a frase do amigo.

– Não vou, porque eu vou aceitar se ela ficar com raiva. Vou ficar na minha até passar. A gente que é muito desesperado e acha que as coisas vão durar pra sempre. Digamos que ela pegue ranço de mim, o que eu acho que ela já teve algumas vezes, porque eu sou meio abusado... Bem, ela depois vai superar, porque o tempo vai passando e as coisas vão deixando de ter aquela proporção e virando insignificantes ou, pelo menos, com menos significado do que antes.

– Queria que você tivesse um conselho sábio desses pra mim.

– Bem, eu tenho: se você não morrer cedo, uma hora ou outra você vai saber o que é e esse tempo de espera é bem menor do que o tempo que você vai poder aproveitar a sua descoberta.

– Mas eu não quero ser gay.

– Vamos por parte, ok? Você ainda não tem 100% de certeza que é gay. Você precisa descobrir isso primeiro. Talvez você seja um bi que não gosta de pornô lésbico ou um bi que se interessa mais por homem do que por mulher, mas que também gosta de mulher.

– É, espero que sim.

– Se não for, aí a gente pensa depois num jeito de você se aceitar.

– Queria descobrir logo.

– Se eu pudesse, eu te ajudaria.

– Eu sei, eu sei. Valeu mesmo, amigo.

– Eu vou tentar buscar um bom pornô lésbico pra você também. O diferencial pra funcionar ta na história. Tem que ser bem feita.

– Só não quero atriz ruiva, por favor. – Asa ficou vermelho.

– Eu não faço mais isso.

– Nem japonesa.

– Chinesa. – Asa corrigiu.

– Tudo olho puxado.

– Tem hentai também.

– Eu deixei de ser virgem, Asa. Não se esqueça disso.

– Não parece... – Ele riu.

– Nem você! Parece um garoto tarado.

– Só eu?

– Só você. Não se esqueça que eu peguei a gostosa da Naya.

– E você não se esqueça que a Cheryl me pediu pra frequentar as festas que dão.

– Para de elogiar ela pra você ver. Vai te tratar igual uma criança retardada que inventa o plano mais idiota poss...

– Não me lembra disso, por favor. – Eric riu.

– Você tem muita titica na cabeça.

– Tudo tem o seu tempo. Tudo tem o seu tempo.

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