Eram 21 horas e passos foram ouvidos no corredor do hospital. George gostava desse horário porque sabia que não haveria ninguém da família e que poderia conversar tranquilamente com a ruiva.
Ele abriu a porta, olhou para o urso de pelúcia gigante ao lado, arqueou a sobrancelha, puxou a poltrona para perto do leito da advogada e se sentou.
"Como você tá?" Ele tirou um frasco de álcool em gel do bolso e passou nas mãos.
"Uma m***a né? Eles tão mudando você de posição de vez em quando? Ouvi dizer que faz mal ficar imóvel por um longo período de tempo. Eles devem tá fazendo isso já. Dá pra ver que aqui é muito chique. Você deve tá sendo muito bem tratada." George levantou, tirou um lenço de papel do bolso, entrou no banheiro, molhou um pouco o papel na torneira, voltou para o quarto, retornou à poltrona e passou o papel úmido com cuidado nos cantos dos olhos da ruiva.
"Tem uns resquícios de maquiagem perto dos seus olhos. Acho que foi alguma coisa a prova d'água porque tá difícil sair. Será que tem um removedor aqui?" Ele olhou em volta procurando algo para remover a maquiagem. "Vou deixar eles tirarem amanhã. Acho que não deve fazer mal ficar com isso por uma noite e nem deve te dar rugas. Sinceramente, com o tanto de produto que você passa na cara, acho difícil você ficar com muita ruga. Não me bate, mas acho que você tá começando a ter um pouquinho nos cantos dos olhos, quando você sorri dá pra ver um pouco, mas acho bonitinho.
Eu lembro de quando você chegou pela primeira vez na Selseys e você parecia que tinha acabado de sair da mamadeira. Ainda por cima era bravinha. A gente ria muito de você. Quem diria que o tempo passaria tão rápido. Agora eu já tô nos meus quarenta e você tá caminhando pra isso também." George descansou a mão na cabeça da advogada e acariciou a área dos baby hairs da ruiva com o polegar.
"Eu acho que os nossos funcionários tão sentindo sua falta. Toda hora eles me perguntam como você tá. Eles também tão me vendo menos charmoso e acham que é por sua causa. O que é parcialmente verdade, você realmente deu um susto nesse galã de meia-idade." Ele recolheu a mão e voltou a falar.
"Eu também tô preocupado com a minha ex-mulher. A doença dela se espalhou de novo e chegou no pâncreas. Ela tá péssima. O médico disse que não tem mais o que fazer e que agora é só aguardar. Como um médico diz isso? Ele espera que eu aguarde sentado sem fazer nada? Ainda por cima, com a minha ex-mulher assim, eu tô tendo que cuidar da Rose praticamente sozinho. Meus pais ajudam um pouco, mas muita coisa sou eu quem tá fazendo. Tá meio difícil conciliar minha ex-mulher, com a minha filha e com a nossa empresa. A advogada que eu contratei é muito boa e tá me ajudando a fazer o trabalho andar. Você não deve gostar muito porque ela é extremamente atraente, mas também, tem muita competência e realmente tem ajudado muito a gente.
E sobre São Paulo, não vou mais conseguir ir pra lá, tomar conta da nova filial. O Stewart me ligou esses dias pedindo o emprego de chefia. O que você acha? Eu sei que você também não é muito chegada nele como pessoa, mas agora ele seria nosso funcionário e seria obrigado a nos obedecer e a nos respeitar. Eu tô precisando tomar essa decisão logo. Não sei se você vai demorar a acordar e nem se seu marido assinaria por você. Ele não entende muito dos negócios e acho que ele pensa que eu passaria a perna em você. Loucura né?
Soube que você se mexeu esses dias então pode ser que você já acorde. Vou aguardar mais uma semana. Se você não acordar até lá, eu falo com o seu marido.
Bom, tá ficando tarde... é melhor eu ir. Espero que melhore logo. Você tá fazendo muita falta."
George se inclinou e beijou a testa da ruiva, e depois, seus lábios. Ele deu uma lambida nos próprios lábios, em seguida.
"Gosto de metal, por que será?" Ele deu uma outra lambida. "Até que é bom. Boa noite, Jessie."
O advogado não resistiu e roubou mais alguns selinhos da ruiva.
"Pronto, parei. Segredo nosso, ok? Até a próxima."
Nenhum comentário:
Postar um comentário