quinta-feira, 14 de setembro de 2023

Trabalho de estatística

Bradley entrou na sala para sua aula de estatística. No último trimestre do ano, o professor decidiu passar um mega projeto para a turma da Cheryl que valia mais da metade da média naquele bimestre. O projeto era em dupla e envolvia diversos cálculos, gráficos, tabelas e uso de softwares específicos. Cada aula do professor, eles faziam uma parte do trabalho, e seguiriam nesse ritmo até o final do ano letivo.

"Bom dia, turma! Eu vou colocar a projeção no quadro com a tabela dos valores dimensionais pra vocês darem continuidade ao trabalho. Podem ir se sentando com as duplas de vocês e preparando o material enquanto eu coloco a projeção."

Kimberley esperou a pessoa que estava sentada do lado da sua dupla se levantar, e ocupou o seu lugar.

"Oi, babe!" Cheryl abriu um sorriso quando sua amiga sentou do seu lado. Aquele sorriso arrebatador que fazia seu estômago dar cambalhotas toda vez que era receptora dele.

"Oi." Kimberley sorriu de volta, porque o sorriso da Geordie era assim tão poderoso, não tinha como não sentir vontade de sorrir de volta. 

Kimberley ansiava pelas aulas de estatística a semana inteira. Naqueles próximos dois tempos, Cheryl seria apenas sua, sem precisar ficar competindo pela sua atenção, como de costume.

"Tá ansiosa pra colocar esse lápis pra trabalhar?" Kimberley brincou.

"Não. Eu aprendi a odiar mais do que nunca as aulas de estatística." Cheryl abriu o caderno e começou a tirar o material que ia usar do estojo. 

"Ah." A decepção na voz da loira foi perceptível.

Meio que sentindo o desapontamento da amiga, a inglesa logo completou, olhando para ela. "Menos a companhia though. Você é a única coisa que faz essa aula ser tolerada."

O coração da Kimberley bateu mais forte e ela não conseguiu deixar de sorrir. "Você é tão fofa." Kimberley procurou sua mão e deu um aperto. Não resistindo, plantou também um beijo.

A loira ficou com medo da Geordie olhá-la estranho, mas ela pareceu não se importar com a demonstração de afeto repentina. 

"Então como vamos dividir hoje?" Cheryl perguntou aguardando as instruções da amiga.

Bradley já tinha colocado a tabela que a turma ia precisar para o trabalho no quadro.

"Eu posso fazer os cálculos dos valores tangíveis e você pode fazer os dos valores de exclusão." Kimberley sugeriu. 

"Ok, miss bossy!" Cheryl deu um sorriso travesso. 

"Miss o quê?" Kimberley perguntou fingindo incredulidade. 

"Bossy. Você fica toda bossy no nosso trabalho." Cheryl começou a fazer uma imitação da amiga. "Cheryl, faz isso. Cheryl, faz aquilo. Cheryl, não é assim, é assim. Cheryl, tá errado. Cheryl, isso é 55 graus pra você? Isso é um ângulo de 55 graus! Cheryl, tá torto. Cheryl, você não sabe fazer uma reta? Cheryl, é meio milímetro! Você colocou um!" 

A essa altura Kimberley estava morrendo de rir. Ela realmente era mandona no trabalho, mas isso porque ela queria tirar a nota máxima, não por ela mesma, mas por Cheryl. Ela queria que Cheryl tirasse nota máxima e se orgulhasse de si mesma. 

"Realmente eu sou um pouco mandona." Kimberley admitiu, ainda rindo da imitação da amiga. 

"Um pouco? Um pouco é um understatement, babe." Cheryl retrucou, ganhando mais alguns segundos de risada da amiga. 

"Tá bom. Eu posso admitir que eu sou meio mandona. Mas é porque eu quero que você tire uma nota boa. Pra mostrar pro Edward, lembra?" 

"Ele vai ver nosso nome junto e vai assumir que você fez tudo."

"Mas você tá fazendo também." Kimberley sabia que Cheryl era extremamente insegura em relação a sua inteligência, e era seu dever assegurá-la que era sim inteligente e capaz de fazer o trabalho tanto quanto ela. 

"Eu sei, mas ainda assim. Eu quero mostrar pra ele uma prova minha sozinha pra não ter dúvida."

"Então pode deixar que na próxima prova que a gente tiver, eu te ajudo. Aí quando você tirar dez, você dá a prova pra ele guardar na gaveta dele."

"Babe, se eu conseguir tirar dez é melhor ele f**kin pendurar na parede do quarto dele."

Kimberley riu do jeito atrevido da amiga de falar. 

Era já o segundo tempo de estatística, e Kimberley olhava, de tempos em tempos, para a Geordie ao seu lado, super concentrada nos cálculos que estava fazendo. Seu cenho estava franzido pelo esforço mental, e suas covinhas sumiam e reapareciam, sutilmente, enquanto trabalhava com a calculadora científica e quebrava a cabeça para resolver a equação. 

Aquele tipo de proximidade com a britânica fazia a loira perder o foco. Perto dela, todos os seus sentidos pareciam se aguçar justamente, para captar cada detalhe, cada traço, cada expressão, cada movimento, cada mísera partícula, enfim, cada pormenor da menina. Seu cheiro chegava às suas narinas como agradáveis ondas de conforto e prazer. Aquele era o seu aroma preferido de todos, tanto que, no último dia em que a Geordie dormiu na sua casa, Kimberley dormiu no mesmo travesseiro e no mesmo lado da cama que a menina tinha dormido, por dias, tentando absorver até o último rastro de sua essência. Não era de admirar que acabasse cometendo erros bobos nos cálculos, precisando refazer toda a sua parte do trabalho em casa, longe da Geordie e daquelas malditas covinhas. 

Cheryl olhou para o lado de relance e viu a amiga encarando-a. "Cansou, pet?" Cheryl perguntou num tom divertido, anotando o novo valor que encontrara para y'. 

"É. Tanto cálculo às vezes me dá dor de cabeça." Kimberley mentiu. 

Cheryl se virou para a amiga, preocupada com o que dissera. O olhar de preocupação da Geordie era tão terno que Kimberley lutou contra a vontade de beijar sua bochecha. 

"Você quer abaixar um pouco a cabeça? Não acho que o Bradley vá ligar." Cheryl tocou o antebraço da amiga e acariciou com o polegar. 

"Não, a dor tá bem fraquinha." Kimberley disse se sentindo mal por ter feito a inglesa ficar preocupada por uma mentira. 

"Tem certeza?" Cheryl perguntou ainda não convencida. Seus olhos escanearam o rosto da loira em busca de alguma coisa que alegasse que ela não estava bem. 

"Tenho! Você é muito fofa, sabia?" Kimberley apertou o rosto da Geordie e quando aquelas covinhas apareceram, ela beijou uma bochecha, e depois a outra. 

"Você é uma affectionate little thing, aren't ya?" A Geordie riu e afastou o cabelo que tinha caído no rosto com a explosão de afeto da amiga. 

"É, acho que eu sou mesmo." Kimberley respondeu envergonhada. 

"Eu não quero que você se esforce demais, hein? Você já tá com a parte mais difícil do trabalho."

"Tá bom. Eu prometo." Kimberley assegurou. 

"Good." Cheryl falou satisfeita. "Vou fazer o gráfico dessa primeira parte."

"Mas você não sabe fazer reta!" Kimberley protestou. 

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