sábado, 16 de setembro de 2023

Why am I feeling so wrong?

Zac chegou em casa e encontrou sua irmã Isabel no sofá assistindo desenho, junto com a sua mãe, que dormia. Ele se aproximou de Giovanna e piscou para Isabel. A menina voltou a sua atenção para a televisão, já o eterno Troy Bolton chegou perto do ouvido da mãe e gritou:

“FOGO!”

Giovanna pulou com o susto e Isabel também.

“Zachary!”, reclamou a irmã.

“Tá maluco, garoto?”, Giovanna começou a dar tapas em um Zac que ria.

“Me deu um suto!”, continuou reclamando Isabel. 

“Eu disse que daria um susto nela!”

“Não falou nada!”

“Eu pisquei pra você! Para, mãe!”

“Você sabe que eu não gosto dessa brincadeira!”, Giovanna ainda dava tapas no filho.

“Picar não é dize que vai da suto! Eu quase morri!”, ela disse, colocando o dedo na boca logo em seguida.

“Eu deveria ter te deixado no lixo em que te achei”, falou Giovanna, indo em direção ao quarto.

“Você tava dormindo. Alguém tinha que te acordar pra ir pro trabalho”.

“Mas não assim!”

“Foi mal, foi mal!”

“Tem almoço já pronto!”

“A Bel já comeu?”

“Já!”, respondeu Giovanna mal-humorada. Zac riu, saindo do cômodo, mas voltar ao escutar sua mãe suspirar. 

“Diz que você tá cansada. O hospital também é seu. Você não precisa ir pra lá todo dia”.

“Não é isso”, a mãe de Zac falou, colocando as duas mãos no rosto.

“O que foi então?”

“É que... Eu sei que eu sou médica e já sabia dessas coisas, mas acho que agora que eu to velha to ficando mais mexida com alguns casos”.

“Morrer é natural”.

“Eu sei, eu sei. Mas convença uma mãe que sofre um aborto espontâneo de que isso é natural”.

Zac congelou. 

“A mulher chorou tanto, mas tanto. Ela berrava, Zac, berrava. Eu nem dormi direito lembrando dos gritos da mulher”.

Zac continuava olhando a mãe assustado. Se dando conta da reação do filho, ela disse:

“Que isso, meu filho? Bugou? Pane no sistema?”

“Hã? Não, não. Nada a ver”, Zac saiu do quarto impressionado com o que a mãe tinha dito. Ele não falava no assunto, porque não faria sentido para os outros, mas a perda da Emma havia mexido com ele. Não o entendam mal, Zac não gostava da filha de Bradley daquela maneira, mas tinha um grande carinho pelos anos de amizade que mantiveram. Assim que ela começou a namorar Guilherme, Zac, o amigo e Emma haviam virado um trio. Essa amizade durou um tempo até que descobriram que ela tinha traído o namorado com Gosling. O namoro pouco tempo depois terminou e Emma seguiu novos caminhos, o que não significava que o sentimento de carinho de Zac por Emma tivesse se extinguido. Naquela época ele até chegou a sentir atração pela garota, mas logo, logo passou. 

Quando descobriu que ela estava grávida, ficou triste pela notícia, principalmente porque ouviu que o bebê não vingaria. Giovanna ficou grávida de Zac com idade semelhante. Miranda também de Lana.

Ele sabia o que uma mulher tinha que abdicar para cuidar de uma criança tão jovem, mas esse não seria o caso de Emma, pois ela não chegaria a ter o bebê. Jovens não deveriam sofrer traumas e para a ruiva, Zac sabia que seria pior pela religião. Ao ler a notícia do aborto, se sentiu traumatizado por entender o trauma da menina. A garota que ele conheceu, a menina estranha, mas espirituosa, com certeza tinha ido embora também. Lana, apesar do tempo, nunca mais tinha sido a mesma. 

Com Emma, provavelmente, a mesma coisa aconteceria. Tópicos proibidos, lembranças indesejadas, algum sanguessuga para se aproveitar da fragilidade e parecer o salvador da pátria... 

Zac sentiu, de repente, uma vontade de saber mais e voltou ao cômodo onde a mãe estava:

“Aborto espontâneo dói muito?”

“Depende. Alguns doem mais, outros menos”, ela falou, escolhendo a roupa em seu armário. “Mas não tem só a dor física, tem a dor emocional que a mulher lida durante e depois do aborto. Algumas sofrem mais caladas, outras são mais resignadas e outras explodem, igual a de ontem”.

“Quanto mais sangra, pior a dor?”

“Ah, com certeza! E pior o desespero!”

Zac ficou quieto.

“Você tá bem? Aconteceu alguma coisa?”

“Não. Valeu, mãe!”

Giovanna olhou o filho saindo de seu quarto mais uma vez, sem entender o porquê de o filho estar comparando um aborto espontâneo com o de Lana.

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